Bernardo Mello Franco
No “Almanaque do Exército”, ele era o coronel Jonas Madureira da Silva Filho. Na intimidade matrimonial, apenas Madu. O personagem do livro de Marques Rebelo passava os dias de pijama, no conforto da reserva remunerada. Depois do golpe, foi convocado para uma tarefa patriótica: assumir um cargo de chefia no Segal, o Serviço Geral de Abastecimento e Lubrificantes.
.“O simples coronel Madureira” se passa no início da ditadura de 1964, quando os militares se apinharam na burocracia federal. Junto com os postos, veio uma penca de diárias, gratificações e mordomias. A mulher de Madu ficou eufórica: sobraria dinheiro para comprar o sonhado faqueiro de prata.
A festa da farda se repete no governo de Jair Bolsonaro. Desde a posse do capitão, o número de militares em cargos civis mais que dobrou. Saltou de 2.765 para 6.157, segundo dados do Tribunal de Contas da União.
Além de estender o cabide, o presidente engordou os contracheques. Em dezembro, o oficialato se esbaldou numa reforma da Previdência bem particular. [a reforma da previdência dos militares não poderia ser realizada dentro da Previdência visto que a sistema de previdência dos militares não está inserido naquela - a Consituição vigente, portanto bem antes do governo do presidente Bolsonaro, já diferenciava os dois sistemas.
O que deve ser considerado, até mesmo para o BEM do Brasil, é a competência dos que estão assumindo cargos - vale sempre lembrar que um dos melhores ministros da Saúde foi o José Serra, que não é médico = economista e político,
Algumas das medidas por ele adotadas foram excelentes, até hoje perduram.]
A generosidade é tanta que transborda para os herdeiros. A filha do general Villas Bôas, ex-comandante do Exército, já ganhou dois cargos no ministério da pastora Damares. [A nomeação para o segundo cargo ocorreu em novembro. Adriana é formada em direito e estuda psicologia.
Todos os cargos são de livre nomeação e exoneração - ad nutum -"remédio" bem mais eficiente para correção de eventual incompetência do que a sabatina no Senado.]
Bernardo M. Franco, colunista - O Globo