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sábado, 25 de setembro de 2021

Afeganistão: Talibã vai retomar as amputações e execuções de condenados

Os Estados Unidos reagiram com indignação às declarações do mulá Turabi

Antes de 2001, os afegãos condenados por assassinato eram executados por um único tiro disparado contra a cabeçacabia a um familiar da vítima apertar o gatilho. As execuções costumavam ocorrer em praça pública ou em estádios lotados — um espetáculo dantesco para incutir o medo na população e funcionar como exemplo. 
Aqueles suspeitos de roubo tinham uma das mãos amputadas. 
Quem respondia por assaltos em rodovias acabava com um pé e uma mão extraídos do corpo. 
As cenas, dignas da Idade Média, tornarão a ser comuns no Afeganistão comandado pelo Talibã. O mulá Nooruddin Turabi, ministro das Prisões e um dos fundadores da milícia fundamentalista islâmica, admitiu à agência Associated Press que as amputações e as execuções serão retomadas.

“Cortar as mãos é muito necessário para a segurança”, declarou à agência Associated Press o mulá Nooruddin Turabi, ministro das Prisões e um dos fundadores da milícia fundamentalista islâmica. Ele explicou que o regime formulará uma política específica sobre como as execuções serão realizadas. Turabi rejeita qualquer ingerência externa no sistema judicial imposto pelo Talibã. “Ninguém nos dirá o que nossas leis deveriam ser. Nós seguiremos o islã e faremos nossas leis com base no Corão.”

Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, disse ao Correio, por meio do aplicativo Viber, que o governo do Emirado Islâmico do Afeganistão decidirá sobre esse tema posteriormente. “No entanto, em nosso país, todas as leis obrigatoriamente estarão de acordo com a sharia (lei islâmica). As preocupações internacionais também serão levadas em conta”, assegurou. [entendemos que sentenças, desde que proferidas com base na legislação vigente (sem interpretações/adaptações criativas) devem ser cumpridas - assuntos internos de uma nação soberana devem ser resolvidos internamente.
A Indonésia -  escolhida como exemplo por ter executado brasileiros condenados por tráfico de drogas - tem obtido êxito no combate àquela prática criminosa.
Outro ponto  que deveria ser cogitado pelas autoridades brasileiras seria o aumento das penas por receptação de produtos roubados e consumo de drogas - na prática porte/consumo de drogas deixaram de ser punidos e a receptação de produtos roubados tem pena ínfima. 
Muitos 'candidatos' a se tornarem usuários de drogas, cientes que serão punidos  com o mesmo rigor aplicado ao traficante, vão pensar cuidadosamente no assunto e, da mesma forma agirão os interessados em obter lucros comprando produtos roubados.]

Os Estados Unidos reagiram com indignação às declarações do mulá Turabi. “(As amputações e execuções) Constituiriam claros e indecentes abusos dos direitos humanos. (…) Permanecemos firmes com a comunidade internacional para responsabilizar os perpetradores desses abusos”, afirmou Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano. [lembramos que apesar da 'humanidade' transmitida pelo norte-americano, as penas de morte e/ou  prisão perpétua, são aplicadas na maior parte dos estados que formam os EUA.]

Diretor executivo da Human Rights Watch (HRW), Kenneth Roth afirmou ao Correio que, apesar de se apresentar como um “novo e melhorado” grupo, “o velho brutal Talibã continua emergindo”. “Desde que ascenderam ao poder, eles negaram às meninas acesso ao ensino médio e impuseram severas restrições à presença delas nas universidades e ao código de vestimentas”, observou. Segundo Roth, o Afeganistão tem sido palco de execuções sumárias, desaparecimentos e detenções arbitrárias de pessoas associadas ao antigo governo. “O Talibã também prendeu e espancou jornalistas por cobrirem protestos. Muitos deles agora se autocensuram”, lamentou.

Roth instou o Conselho de Direitos Humanos da ONU a deter as atrocidades cometidas pelo Talibã e a estabelecer um mecanismo de monitoramento de coletas das evidências de abusos. “A União Europeia também propõe criar uma relatoria especial para supervisionar o Afeganistão.”

Mundo - Correio Braziliense