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domingo, 7 de maio de 2023

Métodos medievais do MST

É inaceitável a violação de direitos de propriedade

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) viola descaradamente direitos de propriedade garantidos pela Constituição. 
 
mst
 MST (MST/Reprodução)


 
Ao invadir imóveis rurais, o que configura crime inequívoco, promove ação típica de reis medievais, os quais podiam privar indivíduos da posse de seus bens. 
O movimento se investe, além disso, de prerrogativas do Judiciário. 
Na ocupação de terras da Suzano, disse que as invadiu porque a fazenda não cumpria sua função social”. Como assim? Somente um juiz ou um tribunal poderiam (1) decidir que essa obrigação não era cumprida; (2) obrigar o MST a desocupar o imóvel.
 
Líderes do PT têm afirmado que o MST não invade terras produtivas (o que está longe da verdade).
Isso implica dizer que o movimento pode invadir imóveis improdutivos. 
O artigo 170 da Constituição, que garante o direito de propriedade, não faz tal distinção. Em países institucionalmente avançados, o proprietário pode usar o imóvel como bem lhe aprouver, não necessariamente para produzir. Ele pode utilizá-­lo para pescar, caçar, contemplar a natureza e assim por diante. A ideia da “função social” é discutível e pouco adotada em países bem-sucedidos.

O direito de propriedade é talvez a instituição mais estudada por economistas. Assim afirmam Mark Koyama e Jared Rubin no livro How the World Became Rich: the Historical Origins of Economic Growth. Indivíduos e empresas auferem renda de seus bens e aplicações financeiras sem risco de expropriação. Podem recorrer ao Judiciário para a reintegração da posse.

“O movimento promove ação típica de reis e se investe de prerrogativas do Judiciário”

O Banco Mundial criou um sistema de Indicadores de Governança (WGI, na sigla em inglês), muito utilizados para medir a segurança jurídica associada aos direitos de propriedade. Para tanto, avalia fatores relacionados ao Estado de Direito, à qualidade da gestão do governo e à regulação do país. A decisão atesta a relevância do direito de propriedade para o desenvolvimento.

A Inglaterra foi a primeira nação a criar as condições institucionais que contribuiriam para o crescimento econômico continuado, cuja principal consequência foi a Revolução Industrial. Instituição fundamental desse processo foi a criação de um fórum do Parlamento que podia, quando demandado, adjudicar direitos de propriedade a seus legítimos donos.

Ao consagrar e proteger direitos de propriedade, o direito consuetudinário inglês da Idade Média lançou as bases da futura prosperidade do país nos séculos seguintes. Ao mesmo tempo, os princípios do direito romano forjaram o sistema jurídico da Alemanha e da França, nele incluída a preservação daqueles mesmos direitos.

Como resultado dessa evolução, o sistema jurídico europeu preparou-se para assegurar direitos de propriedade, assim promovendo o desenvolvimento. Diante disso, ao violar tais direitos via invasão de imóveis, o MST se situa em tempos característicos da Idade Média. Custa crer que o líder dessas invasões tenha integrado a comitiva de Lula na viagem oficial à China e que o MST seja agora membro do Conselhão, ora restabelecido pelo governo. [mais complicado, dificil, é crer que o Brasil é presidido por um ex-presidiário e que todo o pensamento do atual governo é arcaico, vencido e antecede o medieval. O buraco no qual mergulharam o Brasil é uma prova do atraso, que tenta nos governar, e que mais visível se torna a cada dia.]

Publicado em VEJA, ou   edição nº 2840, de 10 de maio de 2023


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Seu dinheiro vai pagar gasoduto na Argentina e discordar é “ignorância” - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo - VOZES

Está proibido, positivamente, discordar do presidente Lula e de qualquer medida do seu governo. Quer dizer que não pode, então, haver dois ou mais pontos de vista diferentes sobre a mesma coisa? Não pode. Se o presidente disse que é assim ou assado, tem de ser assim ou assado – e quem tiver outra opinião sobre o assunto está automaticamente errado.   
Acaba de acontecer, agora, com essa prodigiosa história do financiamento do BNDES ao gasoduto argentino de Vaca Muerta – isso mesmo, Vaca Muerta, que não se perca pelo nome. O dinheiro a ser emprestado pertence ao pagador de impostos brasileiro
- os cidadãos deveriam, portanto, ter o direito de dizer o que acham dessa história toda. 
Não têm, segundo Lula. A única coisa que podem fazer é concordar.
 
Quem não está de acordo com o projeto é “ignorante”, disse Lula. Fim da conversa.  
O presidente não conseguiu, em sua recente viagem à Argentina, dar uma explicação coerente para o projeto que ele quer socar no BNDES; fez mais um daqueles discursos constipados nos quais tenta posar como “homem preparado”, mas não deu para entender nada, como costuma acontecer quando ele fala de qualquer coisa que requeira um mínimo de conhecimento objetivo para ser abordada.
Seu ministro da Fazenda, que também discursou, foi igualmente incompreensível – a impressão é que não sabia sobre o que estava falando. Fica assim, então: eles não explicam como poderia ser um bom negócio para o Brasil emprestar dinheiro a um país que não paga os credores, não tem crédito no mercado internacional e vive com uma inflação de 100% ao ano, mas não admitem perguntas.  
Quem questionar é “ignorante” o que coloca o infeliz, possivelmente, a um centímetro de ser acusado de “golpista”, “direitista”, “fascista” “bolsonarista” e sabe lá quantos outros pecados mortais.


    O dinheiro a ser emprestado pertence ao pagador de impostos brasileiro; os cidadãos deveriam, portanto, ter o direito de dizer o que acham dessa história toda. Não têm, segundo Lula

Lula tem certeza, cada vez mais, que se transformou numa entidade sobrenatural à qual se deve apenas obediência.  
Como na Igreja Católica da Idade Média, o homem não está neste mundo para entender, e sim para se submeter ao plano de Deus. Se Deus lhe diz: ”Pague a Vaca Muerta”, você vai lá e paga a Vaca Muerta”
Ninguém está lhe perguntando nada; sua função é receber o boleto e pagar quando lhe cobrarem.  
De fato: se a Argentina não paga ninguém, está devendo mais de 40 bilhões de dólares ao FMI e ainda fica brava com os credores, por que iria pagar ao BNDES? 
Não interessa. Lula quer assim, e um monte de gente que vai ganhar fortunas com esse negócio quer assim. Você é apenas um “ignorante”. Cuidado, aliás, para não ficar perguntando muito – quem faz pergunta demais pode acabar acusado de praticar “atos antidemocráticos”.
 
Lula já disse que os empresários brasileiros não trabalham; quem trabalha, e os deixa ricos, são os trabalhadores de suas empresas
O agronegócio tem muita gente “fascista”. As Forças Armadas não merecem mais “confiança”. 
O mercado financeiro não gosta dos “pobres” e age “contra o país”.  
Quem se manifesta contra o governo na rua é “terrorista”. Quem fala nas redes sociais é agente da “desinformação”.  
Em apenas 30 dias de governo já há um belo gasoduto para o cidadão pagar - e nenhuma possibilidade de salvação fora de Lula. Ele é a luz, a verdade e a vida. Você entra com a parte em dinheiro.

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

O milagre do lúpulo, o tempero da cerveja - Evaristo de Miranda

Revista Oeste

Além da picanha, graças ao agronegócio, a bebida não faltará [lembrete: a picanha também é bebida = é suco de picanha moída, vem naqueles envelopes de refresco de antigamente, diluído em água. O eleito encomendou 2.000.000 de envelopes com 20g cada.]

Cervejas de várias partes do mundo | Foto: Shutterstock

Cervejas de várias partes do mundo -  Foto: Shutterstock 
 
“Lobos não perdem o sono

com a opinião das ovelhas.”

De alegria ou desgosto, pessoas tomaram muita cerveja nos últimos dias no Brasil. Com a Copa do Mundo e a chegada do verão aumentará ainda mais o seu consumo
Além da picanha, graças ao agronegócio, a bebida não faltará. 
O Brasil é o terceiro produtor mundial de cerveja, atrás de China e EUA. Os ingredientes básicos de todas as cervejas são água, malte de cereais, leveduras e lúpulo. Até poucos anos atrás, o Brasil não o produzia, apesar de tentativas por um século e meio. Agora, o lúpulo começa a figurar como mais uma conquista dos agricultores, da pesquisa e do agronegócio brasileiro.

O lúpulo (Humulus lupulus L.) é uma liana, uma trepadeira perene da família Cannabaceae, a mesma da maconha e do cânhamo. Lupulus, em latim, significa lobinho, pequeno lobo (lupus). Plínio, o Velho, escritor e naturalista romano, morto ao tentar observar a erupção do Vesúvio, devastadora de Pompéia no ano 79 d.C., referiu-se ao lúpulo como condimento. Ele chamou a planta de Lupus Salictarius (hoje nome de uma bela cerveja). E assim a descreveu: “Quando a planta se desenvolve entre os salgueiros, ela os estrangula, envolvendo-os com seus abraços, como faz o lobo a uma ovelha…”. Daí o nome popular e o dos botânicos: lobinho.

Cerveja Lupus Salictarius | Foto: Reprodução

A história da cerveja, et pour cause do lúpulo, está intimamente ligada aos mosteiros católicos, desde a Idade Média. Até hoje, os monges trapistas belgas mantêm essa tradição. No ano 822, o abade Adelardo de Corbia, neto de Carlos Martel, mencionou o uso do lúpulo em um de seus escritos. É uma das mais antigas menções de lúpulo na cerveja.

Em 1067, a monja beneditina Hildegarda Von Bingen, santa e doutora da Igreja, médica, mística e naturalista, entre seus muitos títulos, descreveu as qualidades do lúpulo na fabricação de cervejas. Santa Hildegarda identificou e difundiu as propriedades antissépticas e de agente de conservação do lúpulo. Estudou-o meticulosamente e o utilizou na fabricação de suas cervejas. Em Physica Sacra, de 1150, ela teceu considerações sobre o lúpulo e sua adição ou não nas cervejas: “…em razão de seu amargor, ele (o lúpulo) protege de certas putrefações as bebidas, às quais ele deve ser adicionado afim de que possam durar muito mais tempo”. Ou ainda, “Se vós desejais preparar cervejas com aveia sem lúpulo… deveis agregar uma grande quantidade de folhas de freixo”.

Em todo o planeta, variações em ingredientes e processos de fabricação deram origem a uma grande diversidade de cervejas. Nessa diferenciação, o lúpulo tem um papel central. Nas duas últimas décadas houve um aumento significativo na oferta dos tipos de cervejas no Brasil. Como se diz: quem não gosta de cerveja, ainda não encontrou o tipo certo.

Retrato de Hildegarda Von Bingen, monja beneditina alemã | Foto: Wikimedia Commons

Leia também “Mais boi, menos pasto e mais picanha”

 Revista Oeste


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

7 de Setembro: o aríete - Gilberto Simões Pires

MOBILIZAÇÃO GIGANTESCA

Na próxima 4ª feira as ruas, parques e avenidas de todo o País vão se transformar em grandes e importantes PALCOS DE MANIFESTAÇÃO DO CADA DIA MAIS AMORDAÇADO POVO BRASILEIRO. Se para os -sofredores- este 7 DE SETEMBRO só ganhou relevância porque marca a passagem do BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA, o fato é que a GIGANTESCA MOBILIZAÇÃO tem um grande motivo: apoiar, como nunca, o presidente Jair Bolsonaro. 

ARÍETE

Metaforicamente, esta MOBILIZAÇÃO GIGANTESCA se identifica com um ARÍETE, a velha máquina de guerra usada na Antiguidade e na Idade Média para -ABRIR BRECHAS EM MURALHAS OU PORTÕES DE CASTELOS E POVOAÇÕES FORTICIFACADAS-. Os assírios empregaram-no com muita perícia. 

ALEXANDRE

Se no passado, segundo os historiadores, quem melhor fez uso do ARÍETE para obter conquistas foi o ex-rei da Macedônia -Alexandre, o Grande-, aqui no Brasil, neste 7 DE SETEMBRO, quem promete usar -com maestria- a velha máquina de guerra é o POVO BRASILEIRO. Detalhe curioso: a grande coincidência, entre passado e presente, é que nas duas situações há a presença de alguém que leva o nome ALEXANDRE. Que tal?

DEFESA DA LIBERDADE

Pois, pelas incessantes, provocativas e ilegais decisões -tirânicas- que são tomadas a todo momento pelo ALEXANDRE DO STF E DO TSE, a impressão que se tem (dedução simplista) é que o POVO BRASILEIRO cansou de esperar pelas devidas ações que supostamente deveriam ser tomadas em nome da decantada DEMOCRACIA E/OU O CUMPRIMENTO DA CONSTITUIÇÃO. Como o STF, na figura principal (não única) do ALEXANDRE, insiste em CALAR O POVO assim como o candidato JAIR BOLSONARO e seus apoiadores, a figura do ARÍETE cai como uma luva nesta luta pela LIBERDADE. Ao fim e ao cabo, o uso -simbólico- do ARÍETE tem como propósito a DEFESA DA LIBERDADE. LIBERDADE DE OPINIÃO, DE IR E VIR, DO ESCAMBAU...

 

EU VOU! EU VOU!

 PONTO CRITICO - Gilberto Simões Pires


domingo, 24 de julho de 2022

A VERDADE "DIVINA" DAS URNAS ELETRÔNICAS - Sérgio Alves de Oliveira

A fé "compulsória"exigida pelas autoridades judiciais "supremas" sobre  a validade "inquestionável"do processo eleitoral brasileiro, sujeitando à prisão imediata, fora do processo legal, todos os que levantarem qualquer dúvida ou suspeita sobre a lisura das eleições, nos força a pedir auxílio  à  São Tomás  de Aquino, que ao lado de Santo Agostinho, são considerados os mais sábios filósofos do cristianismo.
 
Tomás de Aquino foi o grande construtor do maior sistema teológico-flosófico a partir da Idade Média. Estruturou toda  a sua filosofia partindo da premissa que tanto as verdades divinas "acessíveis" à razão, quanto as verdades divinas  "inacessíveis" à razão, seriam propostas â pessoa como objetos da FÉ.             
A fé seria obrigatória,segundo o filósofo, porque a imensa maioria das pessoas não teria condições de chegar ao conhecimento de Deus pelas vias da razão, mesmo sem que descartasse essa possibilidade  aos mais inteligentes. Os impeditivos para uso correto da razão  seriam as más disposições do temperamento que desviam do saber
os afazeres dos que se ocupam com a administração  e posse dos bens materiais,que não encontrariam tempo para a contemplação na busca do conhecimento de Deus; a preguiça para essa contemplação
o longo tempo e as condições intelectuais necessárias para essa busca; 
o fato de que na  juventude a alma fica agitada pelos diversos movimentos das paixões, e por isso não ter aptidões para conhecer verdades tão profundas, uma vez que o homem se torna prudente e sábio somente na medida que as suas paixões se acalmam e, por último, a fragilidade da inteligência humana frequentemente eivada de erros.
 
Portanto, assim como Santo Tomás de Aquino concluiu que tanto as verdades divinas acessíveis à razão, quanto às não acessíveis, teriam que ser aceitas  pela FÉ, mesmo que não explicadas pela razão, do mesmo modo os "supremos" juízes brasileiros estão coagindo o povo brasileiro a aceitar sem protestos um sistema  eleitoral que à toda evidência está sujeito à fraudes, e sobre o qual radicalmente se negam a adotar medidas para maior transparência eleitoral. [PARABÉNS ao ilustre Sérgio por todo o artigo, com destaque especial para os dois parágrafos que encimam este comentário - descrevem com clareza e precisão o sentido de 'dogma', citados em comentário de nossa lavra em matéria também excelente do Percival Puggina,  sobre o caráter dogmático conferido pelo JE à crença na inviolabilidade das urnas eletrônicas.
O ilustre Sérgio é mais um brasileiro, junto a milhões, que não acusa o sistema eleitoral implantado em 1996 de fraude, mas clama por mais transparência, dentro do famoso axioma ' quem não deve, não teme'.]
 
Na verdade de nada vale o argumento dos "supremos" ministros de que a lisura do sistema eleitoral estaria  "provada", porque jamais foi demonstrado  ter havido qualquer irregularidade nas eleições anteriores, desde quando  as urnas eletrônicas foram implantadas em caráter geral, em 1996. 
Mas a adoção desse tipo de urna  deve-se ao então Juiz Eleitoral de Brusque/SC,Dr. Carlos Prudêncio, que apesar da proibição do TRE/SC, implantou a primeira votação eletrônica,nas eleições municipais de 1989.  Homem de extrema  coragem e sabedoria , que tive o  grande o prazer de conhecer pessoalmente.
Pois bem, é verdade essa alegação. Mas também é verdade que jamais foi provado por "eles" não ter havido adulteração de resultados, e que não haverá na próxima eleição.
 
Os que alegam a possibilidade de fraude eleitoral na verdade não conseguem provar nada, mesmo porque eles não têm em mãos as informações que seriam necessários para provar essa irregularidade. As "chaves do cofre". Mas o "outro" lado também não consegue provar a lisura do processo. Portanto é palavra contra palavra. E palavra por palavra, a de um juiz, mesmo que "supremo", não vale nada mais que a de qualquer  outro.
 
Mas as suspeitas dos inconformados com o sistema eleitoral vigente, dentre os quais o atual Presidente Jair Bolsonaro, parecem ter fundamento pela simples razão da recusa radical das autoridades "eleitorais" de possibilitar uma conferência  em paralelo dos resultados  apontados pelos computadores do TSE, uma auditoria para "valer", que confirme à plenitude os resultados oficiais.  
É como se diz na minha terra: deve ter "boi nessa linha"!!!
 
Essa acusação de tentativa de golpe sobre os que suspeitam de fraude nas eleições de outubro próximo,por manipulação humana dos resultados  nos computadores, faz lembrar  a célebre frase de Vladimir Lenin, comandante "bolchevique" da Revolução Russa de 1917: "Acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é".
Sem dúvida trata-se de  uma inescondível coincidência "vermelha".
 
Em   suma: os resultados eleitorais de outubro de 2022  serão alguma verdade "divina"? Acessível,ou não acessível , à razão? 
Deve ser aceita a vitória de Lula da Silva,a única admissível pelas autoridades eleitorais, simplesmente por  uma questão de "fé"? Imposta pelo STF e TSE?
 
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
 

sábado, 19 de fevereiro de 2022

A cura da velhice - Dagomir Marquezi

Revista Oeste 

Paul McCartney, num show em Nova Iorque | Foto: Debby Wong/Shutterstock
Paul McCartney, num show em Nova Iorque | Foto: Debby Wong/Shutterstock

“Eu poderia ser útil, consertando um fusível / Quando suas luzes apagarem / Você pode tricotar um suéter ao lado da lareira / As manhãs de domingo são reservadas para um passeio / Cuidando do jardim, arrancando as ervas daninhas / Quem poderia pedir por mais?”

Dia 18 de junho, Paul vai completar 80 anos. E ele não para: compõe, grava discos, protagoniza clipes, produz um filme de animação para a Netflix e prepara novas versões de seus discos Flaming Pie e McCartney. E agora vai voltar à rotina maluca de shows pelo mundo com o tour Got Back, que começa nos Estados Unidos em abril. 

O ex-Beatle é o símbolo do novo “velho”; 80 anos não é mais obrigatoriamente a idade para se mudar para uma casa de repouso. Tem gente, claro, que junta dinheiro para se aposentar aos 60 e passar o resto de seus dias sem fazer nada. Mas essa não é mais a regra. Já não existe mais um limite para a produtividade do ser humano. 

Ter 100 anos já não é tão raro. Kane Tanaka, a pessoa mais velha do mundo, chegou aos 119. Ela quer comemorar seus 120 (em 2 de janeiro de 2023). Credita sua longevidade a alguns fatores: “fé em Deus, família, sono, esperança, boa comida e à prática da matemática”. Imagine que no Império Romano e na Idade Média as pessoas morriam de velhas entre 20 e 30 anos.

Kane Tanaka, a pessoa mais velha do mundo | Foto: Reprodução
O copo cheio
Estamos nos movendo para viver cada vez mais. E até mesmo viver para sempre. Poderá chegar o momento em que a velhice seja considerada uma doença. E, como as outras doenças, se tornar evitável e reversível. Podemos chegar a um ponto em que as pessoas não morram mais. Mas isso ainda é uma ideia distante. E eticamente discutível.

O objetivo por enquanto não é a vida eterna. É a chamada healthspan”. Ou seja: o número de anos que as pessoas podem viver bem, sem doenças. Pesquisas estão buscando esse aumento de tempo em que o ser humano não envelheça, ou envelheça o mínimo possível. 

A revista britânica Science Focus, da BBC, dedicou uma capa a essa possibilidade com a chamada “Por que não temos mais que envelhecer”. Segundo a reportagem da BBC, 80% da população mundial acima dos 65 anos de idade possui algum tipo de doença crônica; 68% dessa população possui duas ou mais doenças crônicas. 

Nos próximos 30 anos, calcula-se que o número de pessoas acima de 65 anos vai duplicar e chegar a 1,5 bilhão. Ou seja: pelas atuais condições, 1,2 bilhão de pessoas vão ter uma doença crônica. Pouco mais de 1 bilhão terá duas ou mais. Podemos ver esses números do jeito “copo meio vazio”: vamos precisar de muito dinheiro para aposentadorias e serviços médicos especializados para idosos. 

Ou, como Jim Mellon, presidente da empresa Juvenescence, enxergar o “copo meio cheio”: “Se nós tivermos uma droga que some mais um ou dois anos à duração da vida, teremos trilhões de dólares a mais na economia mundial, porque as pessoas serão produtivas por mais tempo e não teriam todas essas morbidades que custam tanto aos nossos sistemas de saúde”.

Os nove passos para o envelhecimento
O envelhecimento é o maior fator de risco para o câncer e para doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. A reportagem da Science Focus lista nove passos que fazem a velhice se tornar um gatilho para doenças:
  1. o DNA se torna instável, possibilitando a ocorrência de mutações;
  2. as células têm mais dificuldade para se comunicar umas com as outras;
  3. as pontas dos cromossomos, conhecidas como telômeros, começam a se desfazer;
  4. células velhas e desgastadas se acumulam e causam danos;
  5. pequenas “baterias” celulares, chamadas mitocôndrias, tornam-se defeituosas;
  6. células-tronco, que podem ajudar a reparar o tecido, ficam esgotadas;
  7. ocorrem mudanças epigenéticas — alterações químicas que não afetam a sequência de DNA, mas afetam a atividade do gene;
  8. as células se tornam menos capazes de produzir e manter proteínas-chave;
  9. a detecção de nutrientes torna-se falha.

A teoria em desenvolvimento parte de um princípio simples: se você corrigir esses nove problemas, poderá prevenir ou adiar muitas das doenças associadas com a velhice. Pesquisadores estão procurando o caminho para essa nova era.

Ressacas e telefonemas de gente chata
A Universidade de Connecticut tem um Centro de Estudos sobre Envelhecimento. Células envelhecidas foram transplantadas para ratos — e a saúde deles decaiu. Em seguida, os pesquisadores usaram nas cobaias um coquetel de duas drogas senolíticas: quercitin e desatinib. As células “rebeldes” foram destruídas. Os ratos se tornaram mais robustos. Desenvolveram músculos mais fortes, tornaram-se mais ativos e viveram mais.

Esses ratos receberam as drogas com dois anos de idade. Em termos de idade humana, segundo o doutor Ming Xu, da Universidade de Connecticut, “é o equivalente a uma pessoa iniciar seu tratamento com 70 ou 80 anos e ter sua vida estendida por cinco ou seis anos”. Segundo a Science Focus, os medicamentos usados na experiência são baseados em pigmentos achados em plantas e vegetais e perfeitamente seguros para humanos. Quercitin já é usado como suplemento dietético e o desatinib, como remédio para leucemia.

Outros estudos mostram que drogas senolíticas podem “adiar, prevenir ou amenizar” mais de 40 doenças, incluindo câncer e várias moléstias do coração, fígado, rim, pulmão, olhos e cérebro. Outras consequências positivas estão sob estudos em casos de diabetes, artrite e doença de Alzheimer. Drogas senolíticas, por definição, retardam o envelhecimento das células.

O maior problema de desenvolver esse projeto com rapidez é o fato óbvio de que o envelhecimento humano é lento. E os estudos devem seguir o ritmo desse envelhecimento para chegar a conclusões seguras. Uma saída encontrada para acelerar esses estudos é o Dog Aging Project (Projeto Envelhecimento de Cães), que está sendo desenvolvido nos EUA. Cães envelhecem sete vezes mais rápido que os humanos, o que pode acelerar os resultados. 

O Dog Aging Project acompanha 500 cães em suas casas tomando um remédio chamado rapamycin, que pode esticar suas vidas, com qualidade, por quatro anos “humanos” — que equivalem a 28 anos “caninos”. A experiência, além dos possíveis resultados, inova pelo método: os animais são estudados com maior precisão em seus lares, longe da crueldade e do artificialismo dos laboratórios.

O paradigma médico hoje, segundo a reportagem da Science Focus, é que o envelhecimento ainda é visto como uma inevitabilidade desagradável da vida, “como ressacas e telefonemas de gente chata”. Para que a indústria farmacêutica gere novos medicamentos e tratamentos, é preciso mudar esse paradigma. 

Um grão de sal
Enquanto esse reconhecimento não vem, o jeito é pegar um atalho. O doutor Nur Barzilai, do Instituto de Envelhecimento do Albert Einstein College of Medicine, em New Iorque, deu um jeito de avançar nas pesquisas sem quebrar o velho paradigma. Ele está explorando um remédio para diabéticos chamado metformin. Barzilai se apoia num estudo britânico de 2014 que mostra que, entre 150 mil pessoas estudadas, os diabéticos que tomavam metformin viviam mais tempo que os não diabéticos que não o tomavam.

Barzilai hoje faz parte de um projeto chamado Tame, que quer dizer Targeting Aging with Metformin (algo como “Atirando no Envelhecimento com Metformin”). Durante quatro anos, 3 mil adultos entre 65 e 80 anos que não possuem diabetes vão receber metformin. O objetivo é observar a capacidade da droga em adiar doenças relacionadas com a velhice. Ou seja, conferir se a metformin é capaz de prolongar nossas vidas. Os usuários de Viagra sabem que essa não seria a primeira vez que um remédio para uma causa acaba resolvendo outro problema.

Teremos mais chances de realizar nossos sonhos levando uma vida saudável e produtiva

Não são apenas drogas genéricas como o metformin que poderão nos fazer viver mais e melhor. A medicina está numa fase de profunda revolução tecnológica que tende a mudar radicalmente as regras do jogo. Veja o exemplo da câmera do tamanho de um grão de sal criada por pesquisadores da Universidade Princeton e da Universidade de Washington. Sua qualidade de imagem equivale a câmeras 500 mil vezes maiores. 

Sua primeira perspectiva de uso era tornar a endoscopia mais simples e menos invasiva. Basta engolir o “grão de sal”. Mas continuando nesse ritmo podemos pensar numa câmera capaz de entrar na nossa corrente sanguínea e registrar o estado de nossas veias e artérias nos mínimos detalhes, como nos filmes Viagem Fantástica e Viagem Insólita.

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Leia também “A morte lenta da noite”

Dagomir Marquezi, colunista - Revista Oeste

 

sábado, 8 de janeiro de 2022

O triunfo da mentira - J. R. Guzzo

Máquina agrícola fazendo a colheita em campo de soja, no Estado do Mato Grosso | Foto: Sergio Sallovitz/Shutterstock
Máquina agrícola fazendo a colheita em campo de soja, no Estado do Mato Grosso | Foto: Sergio Sallovitz/Shutterstock

A dúvida é saber onde se mente mais, se no Brasil ou lá fora. Deve ser no Brasil: aqui, além da produção própria, importamos com paixão as mentiras manufaturadas na Universidade Harvard, ou no governo da Alemanha, ou no Le Monde. Qual a novidade? País subdesenvolvido é assim mesmo: copia tudo o que ouve ou que lhe mostram, e considera como verdade matemática tudo o que vem embalado em inglês, francês ou outra língua civilizada. Isso complica consideravelmente a questão. 

Qualquer alucinação originada nos centros mundiais da sabedoria, da democracia e do politicamente correto entra no Brasil com a facilidade e a rapidez com que entra por aqui a cocaína da Bolívia. 
Entra e cai direto no ouvido dos que mandam, influem e controlam — eis aí todo o problema. A partir daí, as mais espetaculares criações da estupidez mundial viram lei neste país, ou algo tão parecido que não se percebe a diferença.

O agronegócio brasileiro, de acordo com os militantes ambientais [em sua maioria, comprados por interesses estrangeiros] causa terremotos, erosão do solo e incêndios

De todas as mentiras de primeira grandeza que estão hoje em circulação no Brasil e no mundo, provavelmente nenhuma se compara ao complexo de falsificações montado para sustentar que o agronegócio brasileiro, e em especial a pecuária, está ameaçando a sobrevivência “do planeta”. Segundo o rei da Noruega, o diretor de marketing da multinacional high tech (e mesmo low tech) ou o cientista ambiental de Oxford, nossa soja e o nosso boi, que têm um papel cada vez mais fundamental na alimentação de talvez 1 bilhão de pessoas, ou mais gente ainda, são um terror. Juntos, destroem florestas, envenenam o mundo com “carbono” e provocam todo tipo de desastre natural — das enchentes às secas, dos incêndios à erupção dos vulcões. Não se deve discutir mais nada do ponto de vista científico, técnico ou da mera observação dos fatos — todos os que estão “conscientes” da necessidade de “salvar o planeta” concordam que a “humanidade” tem de “agir já” se quiser “sobreviver” à “crise climática”.

Imagens de bois brasileiros no pasto, ou colheitadeiras trabalhando na safra de grãos, são diretamente associadas, nos comerciais de grandes empresas, órgãos internacionais e ONGs milionárias, a tsunamis na Ásia, a inundações na Austrália ou a seca no sul do Sudão. O agronegócio brasileiro, de acordo com os militantes ambientais, causa terremotos, erosão do solo e incêndios — mesmo os incêndios da Califórnia ou do Canadá. É responsável pela fome na África. (Não tente entender: o Brasil está produzindo neste ano quase 300 milhões de toneladas de alimentos, mas o cientista político da Sorbonne garante que agricultura e pecuária modernas são geradoras de miséria.)

Nem é preciso falar, é claro, da Amazônia. Os cientistas, especialistas, ambientalistas etc. do mundo inteiro dão como indiscutível, há anos, que o trabalho rural está destruindo, ou já destruiu, a Floresta Amazônica
A Amazônia está lá, visível para todos — continua sendo, disparado, a maior reserva florestal do mundo. Praticamente a totalidade dos grãos brasileiros é produzida em Mato Grosso, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e áreas desenvolvidas do Nordeste — que diabo esses lugares teriam a ver com a Amazônia? 
 
O produtor rural no Brasil é o único no mundo obrigado a reservar 20% de suas propriedades, nem 1 metro quadrado a menos, para áreas de mata; não recebe um tostão furado por isso. (O que aconteceria se os agricultores americanos ou europeus tivessem de fazer a mesma coisa?) Mas nada disso importa; ninguém levanta essas questões, ou se permite alguma dúvida. A agropecuária está destruindo a Amazônia, o Brasil e o mundo, dizem eles. É proibido apresentar fatos desmentindo isso, ou simplesmente discutir o assunto.
Toda essa mentira poderia fazer parte, apenas, de um mundo que não está aqui, ou de realidades que não são as nossas — como o ski nos Alpes suíços ou o Carnaval de Veneza.  
Querem achar que o zebu está causando poluição em Berlim, ou que a soja destrói “a floresta”? 
Pois que achem. O que se vai fazer? Mas as contrafações produzidas no exterior não ficam no exterior. São metabolizadas imediatamente pela mídia, o mundo político e as classes intelectuais do Brasil, e passam a fazer parte da nossa realidade formal e imediata. São mentiras ativas. Determinam quais as decisões que devem ser tomadas, a começar pelas sentenças da Justiça. Estabelecem quem está com a razão. Definem como o país tem de ser governado. São as mentiras mais potentes em circulação hoje em dia. Mentira brasileira pega ou não pega; muitas não pegam. Mentira construída na Europa ou nos Estados Unidos pega sempre.

As exportações não sofrem absolutamente nada com a “imagem” do Brasil no exterior; ao contrário, acabam de bater um recorde histórico

Os meios de comunicação são uma peça-chave nesse embuste todo. Uma mentira não deixa de ser mentira por ter sido dita, por exemplo, pelo presidente Macron — por sinal ele já mentiu pesado, tempos atrás, exibindo fotos falsas de um incêndio “na Amazônia”. Mas quem liga para isso? Se é Macron quem diz, a imprensa brasileira passa a ter certeza instantânea de que é verdade. É por isso que você poderá ler, a qualquer momento, uma manchete assim: “Bois brasileiros estão comendo as árvores da Amazônia, denuncia Macron”
Ou: “Macron revela que bois brasileiros estão soltando carbono demais na atmosfera, incentivados por Bolsonaro”. 
Tire Macron e ponha algum outro, uma Merkel ou um Leonardo DiCaprio da vida, ou um El País qualquer. Vai dar exatamente na mesma — seja lá o que digam, a mídia brasileira vai transformar em verdade indiscutível.
As áreas de vegetação preservadas pelos agricultores brasileiros
equivalem à superfície de 14 países europeus
Foto: Divulgação Embrapa
 
O problema não está nas pretensas “implicações econômicas” que as mentiras estrangeiras podem causar, porque não há implicação nenhuma: o Brasil exporta mais para a Tailândia do que para a França, ou mais para a Malásia do que para a Inglaterra, ou mais para a Índia do que para a Itália. As exportações brasileiras não sofrem absolutamente nada com a “imagem” do Brasil no exterior; ao contrário, acabam de bater um recorde histórico, com US$ 280 bilhões (e um superávit superior a US$ 60 bi) em 2021. Que raio de “impacto negativo” é esse?  
 
Como seria possível estar em crise comercial externa com números assim?
Mais: o Brasil é o país ocidental que tem o maior saldo comercial com a China; exporta para lá mais do que para os Estados Unidos, a União Europeia e o Mercosul juntos. 
Como a China dá importância zero para o que dizem sobre o meio ambiente os professores de Princeton ou os comunicadores da Suécia e menos ainda para os jornalistas e militantes ambientais brasileiros —, toda essa mentirada não dói no bolso do agronegócio brasileiro, nem afeta o seu crescimento cada vez maior. 
Mas constrói-se assim uma história de falsificação. Desmoralizam a ciência. Proíbem a verificação dos fatos mais simples. Enganam os jovens. Intoxicam os currículos das escolas. A soma disso tudo é muito ruim.

A pecuária, neste momento, é onde se concentra o grosso das calúnias contra o agronegócio brasileiro. Até o Bradesco entrou nesse linchamento; a exemplo de tantas outras grandes empresas brasileiras fanatizadas pelas causas “identitárias”, “progressistas” e socialisteiras, colocou no ar uma campanha publicitária pelo “carbono neutro” na qual denunciava a pecuária brasileira pela “crise” ambiental e convocava a população a comer menos carne
É um despropósito completo, do ponto de vista dos fatos. 
A pecuária, segundo a comprovação científica mais séria, neutra e fundamentada na experiência, gera efeitos exatamente contrários ao que a militância ecológica espalha pelo mundo afora. 
A criação de bois, em qualquer escala, faz o solo absorver carbono, e não espalhar veneno na atmosfera, como acreditam nove entre dez “influenciadores” de opinião. É fundamental para preservar a boa qualidade do solo — e para combater a expansão de desertos
É o que mais se recomenda para salvar as terras secas da África, melhorar o ambiente natural e prover o sustento de populações inteiras sem agredir a natureza nem a vegetação nativa.  
Não há miséria, nem solo devastado, onde há pecuária. 
Da mesma forma, é evidente que não há criação de gado na Floresta Amazônica. 
Como poderia haver? Não faz sentido nenhum: quem iria criar boi no meio do mato?

O Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo, com cerca de 220 milhões de cabeças. É o maior exportador mundial de carne, com US$ 8 bilhões em 2021. A maior empresa brasileira do setor, a JBS, fatura perto de R$ 350 bilhões mais do que todas as montadoras de automóveis, caminhões e demais veículos somadas
Como seria possível um país sair praticamente do zero e tornar-se o número 1 do mundo na exportação de carne com métodos primitivos de criação, tal como dizem os militantes do antiagronegócio? 
O Brasil só tem os números apresentados acima por força do avanço tecnológico e da competência dos pecuaristas, pelo investimento e pela excelência da terra ocupada pelas pastagens, ou das técnicas de confinamento — não porque está cortando árvores para ocupar o terreno com gado, ou por estar destruindo a natureza. 
Não é possível, simplesmente, um país ter o maior rebanho de bois do mundo e, ao mesmo tempo, comportar-se de maneira selvagem na sua pecuária.
 
Mas qual a honestidade do atual debate ambientalista? A verdade é o que menos interessa; só vale a fé nos próprios desejos, ideias e interesses. 
A ciência, no mundo de hoje, passou a ser uma questão de crença e, como crença, transformou-se em religião. 
Não se trata mais de questionar, investigar nem observar fatos; trata-se de decretar que a realidade é como querem os proprietários da virtude. Estamos em plena Era da Mentira Universal.

Leia também A negação do jornalismo

J.  R. Guzzo, colunista - Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA e  vídeo do Bradesco

sábado, 25 de setembro de 2021

Afeganistão: Talibã vai retomar as amputações e execuções de condenados

Os Estados Unidos reagiram com indignação às declarações do mulá Turabi

Antes de 2001, os afegãos condenados por assassinato eram executados por um único tiro disparado contra a cabeçacabia a um familiar da vítima apertar o gatilho. As execuções costumavam ocorrer em praça pública ou em estádios lotados — um espetáculo dantesco para incutir o medo na população e funcionar como exemplo. 
Aqueles suspeitos de roubo tinham uma das mãos amputadas. 
Quem respondia por assaltos em rodovias acabava com um pé e uma mão extraídos do corpo. 
As cenas, dignas da Idade Média, tornarão a ser comuns no Afeganistão comandado pelo Talibã. O mulá Nooruddin Turabi, ministro das Prisões e um dos fundadores da milícia fundamentalista islâmica, admitiu à agência Associated Press que as amputações e as execuções serão retomadas.

“Cortar as mãos é muito necessário para a segurança”, declarou à agência Associated Press o mulá Nooruddin Turabi, ministro das Prisões e um dos fundadores da milícia fundamentalista islâmica. Ele explicou que o regime formulará uma política específica sobre como as execuções serão realizadas. Turabi rejeita qualquer ingerência externa no sistema judicial imposto pelo Talibã. “Ninguém nos dirá o que nossas leis deveriam ser. Nós seguiremos o islã e faremos nossas leis com base no Corão.”

Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, disse ao Correio, por meio do aplicativo Viber, que o governo do Emirado Islâmico do Afeganistão decidirá sobre esse tema posteriormente. “No entanto, em nosso país, todas as leis obrigatoriamente estarão de acordo com a sharia (lei islâmica). As preocupações internacionais também serão levadas em conta”, assegurou. [entendemos que sentenças, desde que proferidas com base na legislação vigente (sem interpretações/adaptações criativas) devem ser cumpridas - assuntos internos de uma nação soberana devem ser resolvidos internamente.
A Indonésia -  escolhida como exemplo por ter executado brasileiros condenados por tráfico de drogas - tem obtido êxito no combate àquela prática criminosa.
Outro ponto  que deveria ser cogitado pelas autoridades brasileiras seria o aumento das penas por receptação de produtos roubados e consumo de drogas - na prática porte/consumo de drogas deixaram de ser punidos e a receptação de produtos roubados tem pena ínfima. 
Muitos 'candidatos' a se tornarem usuários de drogas, cientes que serão punidos  com o mesmo rigor aplicado ao traficante, vão pensar cuidadosamente no assunto e, da mesma forma agirão os interessados em obter lucros comprando produtos roubados.]

Os Estados Unidos reagiram com indignação às declarações do mulá Turabi. “(As amputações e execuções) Constituiriam claros e indecentes abusos dos direitos humanos. (…) Permanecemos firmes com a comunidade internacional para responsabilizar os perpetradores desses abusos”, afirmou Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano. [lembramos que apesar da 'humanidade' transmitida pelo norte-americano, as penas de morte e/ou  prisão perpétua, são aplicadas na maior parte dos estados que formam os EUA.]

Diretor executivo da Human Rights Watch (HRW), Kenneth Roth afirmou ao Correio que, apesar de se apresentar como um “novo e melhorado” grupo, “o velho brutal Talibã continua emergindo”. “Desde que ascenderam ao poder, eles negaram às meninas acesso ao ensino médio e impuseram severas restrições à presença delas nas universidades e ao código de vestimentas”, observou. Segundo Roth, o Afeganistão tem sido palco de execuções sumárias, desaparecimentos e detenções arbitrárias de pessoas associadas ao antigo governo. “O Talibã também prendeu e espancou jornalistas por cobrirem protestos. Muitos deles agora se autocensuram”, lamentou.

Roth instou o Conselho de Direitos Humanos da ONU a deter as atrocidades cometidas pelo Talibã e a estabelecer um mecanismo de monitoramento de coletas das evidências de abusos. “A União Europeia também propõe criar uma relatoria especial para supervisionar o Afeganistão.”

Mundo - Correio Braziliense


quinta-feira, 22 de julho de 2021

SOBREVIVERÁ A LIBERDADE AOS GOVERNANTES DO SÉCULO XXI? - Luiz Guedes da Luz Neto

Acesso, em meados de julho de 2021, a internet e vejo nas redes sociais notícias de que alguns governantes na Europa avisam que implementarão condições especiais para circulação de pessoas em seus territórios e, quem não se enquadrar em tais condições, ficará impedido de livre circulação, de acesso a lojas, supermercados etc. Parece que há ainda a possibilidade de criação de espaços para essas pessoas que não se enquadram em tais exigências, como uma espécie de Gueto de Varsóvia.

Pensei que tivesse ingressado em uma máquina do tempo e desembarcado na Europa de 1942, governada em grande parte pelo ditador Hitler. Mas não, o ano é mesmo 2021 e o continente que se orgulha de ter sido o berço de vários movimentos em prol da liberdade está ameaçando entrar em novo período de perseguição aos direitos fundamentais dos indivíduos. Desta vez não é contra judeus, ciganos, deficientes físicos e mentais, mas sim contra as pessoas que ousam exercer a liberdade.

Entre os governantes europeus, estão o presidente da França, Macron, e a primeira ministra da Alemanha, Angela Merkel. Felizmente, uma grande parte da população da França, da Alemanha, da Inglaterra e da Grécia está se levantando contra a violência da implantação do denominado “passaporte sanitário”, que, na prática, caso seja implantado, aniquilará a liberdade de tal forma que dificilmente será possível restabelecê-la ainda no Século XXI, que ficará conhecido, no futuro, como o Século da Escuridão Pseudo-científica e da Perda da Liberdade.

A Idade Média verdadeiramente iniciará no Século XXI se os propósitos totalitários de vários governantes forem alcançados, com a anuência (intencional ou não) das classes médica e política, com o suporte midiático. Um exemplo evidente de que as escolas realmente não prepararam as pessoas para a vida é o fato de você encontrar várias pessoas, algumas com curso superior completo, repetirem, como papagaios, que a única saída é através da Ciência (coloquei a primeira letra em maiúsculo para sinalizar que se trata de um deus para muitos) e que quem questiona a Ciência é um negacionista.

Está provado, com esse tipo de comportamento, que as escolas ensinam apenas a decorar o conteúdo para as provas e não a analisar a realidade e a buscar uma solução através da pesquisa honesta e criteriosa, aprendendo a usar a lógica. Quem quiser ser uma pessoa realmente pensante, precisa ir além do conteúdo exposto nas escolas, complementando a sua formação, em especial lendo os clássicos.

Não adianta o debate com essas pessoas, pois elas não sabem sequer o conceito de ciência e que, na ciência, ao contrário do que elas acreditam, o que menos existe é consenso e permanência das verdades, que são sempre transitórias. A única coisa permanente na ciência é a dúvida. Antes que algum mentecapto[1] pergunte se eu sou contra vacina, respondo logo. Não sou contra vacina. Sou contrário à violência estatal e privada exercida contra as pessoas que querem exercer o direito à liberdade de escolha. Simples assim.

Para evitar a repetição dos horrores[2] perpetrados pelos cientistas do 3º Reich, alguns documentos internacionais foram elaborados após a II Grande Guerra. Entre eles podemos mencionar o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, de 1966, que no art. 7º, assegura que ninguém poderá ser submetido a tortura, nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido, sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas ou científicas.

É proibido submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas ou científicas. Para o exercício do livre consentimento é necessário que o paciente seja informado de forma honesta e precisa sobre todos os riscos, dos menores aos maiores. Porém, infelizmente, no caso das vacinas contra a COVID-19, não há nenhuma informação nos postos de vacinação (no Brasil não vi nenhuma informação, apenas pessoas da área da saúde perguntando se o vacinado queria tirar uma foto para postar nas redes sociais).

Somente há a veiculação de que as vacinas seriam seguras e eficazes, apesar de elaboradas em tempo recorde, pois, segundo os noticiantes, a Ciência teria evoluído bastante nos últimos anos. Desta forma, milhões de pessoas foram vacinadas no Brasil sem ter acesso à informação clara e precisa. Ao contrário do noticiado nos canais de rádio e de televisão, os próprios fabricantes, em suas bulas, afirmam que ainda não há dados mais sólidos sobre eficácia e segurança, necessitando ainda de mais estudos e de mais tempo para a coleta de dados. Basta ler as bulas que estão disponíveis nos sites dos fabricantes.

Para o livre consentimento, além da informação correta, clara e precisa sobre os riscos e benefícios da vacinação no estágio atual das pesquisas, as pessoas não podem ser submetidas a qualquer intervenção de elementos de força, fraude, mentira, coação e/ou astúcia de ente estatal ou privado. Dessa forma, não basta afirmar que a vacinação é facultativa, precisa garantir o livre consentimento informado das pessoas e o direito de vacinar-se ou não. Condutas como a adoção de “passaporte sanitário”, de exigir a vacinação de determinadas categorias profissionais sob pena de demissão, entre outras violências, são contrárias à liberdade das pessoas, não permitindo que essas exerçam o direito ao livre consentimento informado sem sofrer qualquer penalidade por parte do Estado ou de particulares.

O Tribunal de Nuremberg, instalado após a Segunda Guerra Mundial para o julgamento dos crimes cometidos nos anos de 1939 a 1945, condenou 20 médicos por crimes de guerra por terem submetido prisioneiros a experimentos científicos. Desse julgamento resultou um documento com recomendações sobre aspectos éticos envolvidos na pesquisa científica em seres humanos. Vale a pena a leitura desse documento (clique aqui,português).

Declaração de Helsinque, firmada em junho de 1964 com alterações posteriores, afirma, no item 17, que os pesquisadores devem interromper qualquer pesquisa se a relação risco/benefício tornar-se desfavorável ou se não houver provas conclusivas de resultado positivos e benéficos. No item 20 afirma que os sujeitos devem ser voluntários e participantes informados do projeto de pesquisa. O item 22 fala sobre o direito à informação sobre o estudo para que a pessoa possa decidir de forma consciente se participa ou não da pesquisa científica na qualidade de cobaia (consentimento informado). A Declaração Universal do Genoma Humano e dos Direitos Humanos, no art. 5, alíneas “a” a “e”, afirma que as pessoas têm direito à informação necessária para o exercício do direito de livre consentimento informado. 

Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, de 2005, no art. 6, fala que qualquer intervenção médica preventiva, diagnóstica e terapêutica, só deve ser realizada com o consentimento prévio, livre e esclarecido do indivíduo envolvido, baseado em informação adequada. O Art. 8 abarca o respeito pela vulnerabilidade humana e pela integridade individual, devendo os indivíduos e grupos vulneráveis ser protegidos e a integridade individual de cada um deve ser respeitada. Constata-se que o ponto em comum de todos os documentos internacionais acima mencionados é o respeito à integridade individual e ao direito ao livre consentimento informado. Isso deve ser buscado por todos os indivíduos e respeitado pelos governos, posto que direitos inalienáveis.

Se os eventuais efeitos danosos das recentes vacinas contra a COVID-19 ainda não são plenamente conhecidos, pois há a necessidade de mais estudos, conforme reconhecido pelos fabricantes das vacinas, por questão de cautela e de honestidade científica, ainda devem ser encaradas como experimentais e, em razão disso, as ações humanas de vacinação devem ser exercidas com todo o cuidado necessário, em especial informando as pessoas dos riscos e benefícios (eventuais efeitos colaterais; que por serem ainda novas, não há o conhecimento amplo de efeitos adversos de curto, médio e longo prazos; etc.), bem como que não há ainda conhecimento pleno do comportamento da substância no corpo humano, por ser um fármaco recente, em observância ao Código de Nuremberg, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, à Constituição Federal Brasileira (que assegura o direito à saúde, à dignidade da pessoa, à liberdade), entre outros documentos.

Um exemplo próximo do público brasileiro em questão de vacina que aparentava ser extremamente benéfica, porém que se provou o contrário, é a vacina contra a dengue, que foi suspensa a sua aplicação após se verificar que causava mais danos (e danos graves) do que benefícios aos seres humanos. Desta forma, o direito do indivíduo à integridade física, à liberdade e ao consentimento informado deve ser garantido pelos Estados, e não violado por estes, como parece pretender os protoditadores da França, da Alemanha e da Inglaterra, entre outros que esperam a reação da população daqueles países para se manifestar de forma favorável à violência do “passaporte sanitário”.

É defeso aos Estados, aos governantes, à imprensa, aos entes privados, entre outros, de contribuir, de qualquer forma, para a supressão do direito ao livre consentimento informado do indivíduo e à liberdade de escolha de injetar, em seu corpo, qualquer tipo de substância.Há documentos internacionais que respaldam, juridicamente, a liberdade do indivíduo de decidir se toma ou não a vacina contra a SARS-COV-2, ou qualquer outra. A manutenção da liberdade é responsabilidade dos indivíduos (de todos), que devem cobrar dos governantes o respeito a esse direito fundamental, sem o qual as pessoas deixam de ser cidadãos para se tornar escravos dos Estados e dos seus governantes.

Mentecapto: que ou quem é mentalmente desordenado; que ou quem perdeu o juízo, o uso da razão; alienado, louco; que ou quem é destituído de inteligência, de bom senso; tolo, néscio, idiota. ()

Experimentos com gêmeos, experimentos sobre congelamento, sobre malária, sobre gás mostarda, sobre Sulfonamida, sobre a água do mar, sobre esterilização, com tifóide, com venenos, com bombas incendiárias, experimentos de altas atitudes.

Publicado originalmente no blog Guedes & Braga.

Luiz Guedes da Luz Neto é advogado no escritório de advocacia Guedes & Braga, em João Pessoa/PB.