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segunda-feira, 16 de maio de 2016

A crise estrutural do PT

O problema do PT não é apenas o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. As dificuldades da legenda são mais graves, mais profundas e mais duradouras que o afastamento de Dilma do cargo de presidente. Quem faz essa afirmação não é a oposição. A deplorável situação do partido foi detectada por pesquisa realizada no final de 2015 pela Fundação Perseu Abramo, entidade criada pelo PT como espaço de reflexão política e ideológica. Os resultados do estudo foram tão negativos que o seu acesso foi proibido até mesmo a alguns integrantes da executiva nacional do partido. Só agora, a partir de reportagem do Estado, os dados vieram a público.

Feita apenas com eleitores que votaram em Dilma Rousseff em 2014, a parte qualitativa da pesquisa apontou uma enorme disparidade entre a anterior imagem do partido e a atual. Os entrevistados pela Fundação Perseu Abramo referiram-se ao PT antes do governo como “progressista, convincente, esperançoso, promissor, de futuro, realizador, forte, evolutivo, em ascensão, limpo, ótimo, sólido e do povo”. Hoje, veem o PT como um partido “de direita, desacreditado, decepção, fracassado, sem expectativa, quebrado, deprimente, massacrado, desmoralizado, corrupção, ruim, dividido e traidor”.

Os resultados da pesquisa quantitativa, feita com eleitores de todas as tendências, são igualmente ruins para a legenda. No ranking de preferência partidária, o PT passou de 28% em maio de 2014 para 14% em novembro de 2015. E a rejeição do PT aumentou de 18% para 32%. Se, em março de 2013, 52% dos eleitores diziam que o PT era o partido que defendia os brasileiros, agora são apenas 14%.

Tendo em vista o discurso de transformação apregoado pelo PT desde sua criação, é mais que significativo o dado revelado na pesquisa da Fundação Perseu Abramo: o porcentual de pessoas que veem o PT como o partido das reformas caiu de 43% para 9%. Ou seja, a imensa maioria da população detecta uma profunda incoerência entre o que o partido diz e aquilo que o partido faz.

Outro dado que mostra como a população brasileira não é indiferente aos males causados pelo PT é a defesa da extinção do partido por quase metade (46%) das pessoas ouvidas na pesquisa. Os entrevistados também não manifestaram muita confiança na honestidade dos membros do partido, quesito que desperta em 72% das pessoas um sentimento negativo. Apenas 13% afirmaram ter um sentimento positivo em relação à integridade dos petistas.

O estudo é incisivo sobre as causas da crise petista: “À corrupção se atribui a origem de toda crise ora vivenciada. De modo difuso entende-se que o partido foi se perdendo ao longo do tempo. Fez alianças que contrariam seus princípios de origem e ‘entregou-se à ganância’, colocando interesses pessoais leia-se enriquecimento ilícito – acima dos interesses do povo e, consequentemente, traindo o ideário do próprio partido. Tornou-se um partido igual a todos os outros. E, nesse processo, perdeu sua identidade e a confiança dos brasileiros”.

Para sair da profunda crise, alguns dirigentes do partido veem a necessidade de uma volta às origens, o que envolveria uma reconexão com movimentos sociais, além da depuração dos quadros partidários e do abandono de práticas ilegais. Isso, no entanto, parece estar ainda no plano da reflexão teórica. A depender de Lula, tudo fica como está – apenas muda a retórica. Como afirmou o ex-presidente numa reunião do partido em abril, “a elite nos empurrou de volta à luta de classes. Não fomos nós que pedimos”.

Aos olhos de Lula, tudo o que o PT sofre é obra dos outros. Manifesta assim uma absoluta incapacidade de enxergar a realidade – foi ele quem empurrou o partido para a profunda crise na qual se encontra. É certo que Dilma Rousseff contribuiu eficazmente para o aumento da rejeição ao PT. Mas não resta dúvida de que o condutor do partido nessa trajetória de incoerência, corrupção e decepção foi Luiz Inácio Lula da Silva.


Fonte: Editorial - O Estadão



sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

PT pode ser extinto por receber recursos estrangeiros

PT reage a pedido do PSDB para extinção da legenda

Ação foi apresentada por tucanos na Procuradoria-Geral Eleitoral

Os petistas reagiram com ironia à representação feita pelo PSDB à Procuradoria-Geral Eleitoral pedindo investigação sobre o suposto recebimento, pelo PT, de recursos de origem estrangeira, e a extinção do partido, caso fique comprovada a prática. A representação tomou por base informações prestadas pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró sobre recursos de empresa de Angola na eleição de 2006. Além de classificar a atitude como antidemocrática e mais um factoide, os petistas partiram para o ataque e afirmaram também pedirão que as denúncias feitas por Cerveró contra os tucanos sejam apuradas. 
 A ação foi apresentada pelo vice-presidente jurídico do PSDB e líder da bancada na Câmara, Carlos Sampaio (SP) na última quarta-feira. De acordo com as informações prestadas por Cerveró, a campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 teria recebido R$ 50 milhões em propina, provenientes de uma negociação para a compra de US$ 300 milhões em blocos de petróleo na África em 2005. Segundo Cerveró, o dinheiro seria originário da estatal petrolífera angolana Sonangol.
— É absolutamente uma medida com falta de seriedade. O (Carlos) Sampaio, que viu naufragar a tentativa de impeachment em aliança que estabeleceu com Eduardo Cunha, e após inúmeras tentativas para não reconhecer o resultado final das eleições, tenta como cartada final o fim do PT. Revela desespero, uma visão autoritária e reacionária que a cada dia se consolida no PSDB — criticou o vice-líder do PT, deputado Paulo Pimenta (RS), destacando que o governo FHC, o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra e atual presidente, Aécio Neves, também foram citados por delatores.

Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), Sampaio tenta partir para a ofensiva e criar uma cortina de fumaça porque sabe que o PT cobrará do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a abertura de investigação contra os tucanos citados na delação. — Querem criar uma cortina de fumaça para proteger o Aécio, citado pela segunda vez nas delações, e tentar diminuir o peso dos R$ 100 milhões de propina recebidos no governo FHC. Sabem que vamos cobrar que Janot investigue isso também, que a investigação não pode ser seletiva — disse Lindbergh. [esse estulto do Lindbergh ainda não descobriu que os BRASILEIROS DO BEM, os que vão escarrar o PT e a petralhada, incluindo o próprio Lindbergh que em 1990 enganou os jovens posando de cara pintada, não querem o Aécio presidente da República.
Aécio não é confiável nem corajoso o bastante para enfrentar a corja petralha. 
Votamos nele em 2014 por ser, naquela ocasião,  a única opção para nos livrarmos da corja petralha.
O Aécio naquela ocasião era o que de melhor estava disponível.
Agora os BRASILEIROS DO BEM, possuem dois nomes, dois que tem coragem de trombar com a petralhada e se preciso passar por cima é JAIR BOLSONARO ou o RONALDO CAIADO do DEM.]

CONSTITUIÇÃO IMPEDE RECURSOS ESTRANGEIROS
A Constituição Federal e a Lei dos Partidos vedam que partidos políticos recebam recursos de entidades ou governos estrangeiros. Se comprovada a prática, após trânsito em julgado de decisão, as legislações estabelecem o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido que tenha infringido a norma.

No documento entregue à PGE o tucano cita a reportagem veiculada pelo jornal “Valor Econômico” sobre o fato. Na reportagem, Cerveró atribuiu a informação a Manuel Domingos Vicente, que presidiu o Conselho de Administração da Sonangol, estatal petrolífera angolana. De acordo com o delator, a negociação foi conduzida "pelos altos escalões do governo brasileiro e angolano" sendo o representante brasileiro o ministro da Fazenda Antonio Palocci.


Em nota, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, classificou a decisão de Sampaio de pedir a extinção do PT como "factoide" e "atitude antidemocrática daquele que não aceitam as sucessivas derrotas eleitorais". Na nota, Falcão reforma que as contas de campanha de 2006 foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. “As contas de 2006 a que o PSDB se refere na ação foram aprovadas pelo TSE. Assim, o que o jurídico dos tucanos faz agora é mais um factoide. Mais uma atitude antidemocrática daqueles que não aceitam as sucessivas derrotas eleitorais. O Partido dos Trabalhadores é maior do que tudo isso. Seguiremos em frente. Eles não passarão!”

O secretário nacional de Comunicação e vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, disse que as declarações de Cerveró não preocupam o partido: — Não temos nenhuma informação sobre isso. As contas foram aprovadas. Não nos preocupa absolutamente. Como diz a nota, é um factoide e a velha cantilena do PSDB que não se conforma com a derrota de 2014.

Fonte: O Globo