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terça-feira, 28 de junho de 2016

Rússia: a nova guarda pretoriana de Vladimir Putin


Viktor Zolotov, chefe dos guarda-costas de Putin, será chefe da nova corporação.
Vladimir Putin está cimentando seu poder ditatorial com uma “Guarda Pretoriana” composta por centenas de milhares de homens, informaram diversos órgãos da mídia, entre eles o “Financial Times”.  A criação da Guarda Nacional constituiu um passo histórico na constituição de um corpo de segurança interno destinado a reprimir os descontentamentos sociais derivados do mal-estar econômico. Ela poderá reunir entre 350.000 e 400.000 homens.
 Viktor Zolotov, chefe dos guarda-costas de Putin, será chefe da nova corporação.

Putin disse que o novo corpo está destinado a “combater o terrorismo e o crime organizado”. Mas, com uma ordem presidencial (ukaze), acrescentou que também deve proteger a ordem pública, reprimir o extremismo, garantir as instalações do Estado, cuidar das fronteiras e controlar o comércio de armas.

Segundo os analistas, a Guarda Nacional absorverá diversos corpos de segurança doméstica sob um comando único submetido ao controle direto e único do presidente. Ela parece destinada a reprimir as dissidências internas.  Nela ficarão englobadas as unidades especiais paramilitares da polícia conhecidas como OMON e SOBR e o serviço de segurança interdepartamental do governo (Vnevedomstvenaya Okhrana). Todas as forças policiais da Rússia serão reformadas e seus chefes trocados para se encaixarem na nova estrutura informou o jornal russo Kommersant, 05.04.16, acrescentou a Jamestown Foundation.

A nova guarda será armada com novos tanques, helicópteros e artilharia pesada. Na era soviética, as tropas do Ministério do Interior encarregadas das missões mais sujas tinham privilégios e armamento análogos.  Pela lei que institui a Guarda Nacional, essa poderá abrir fogo sem perguntar se há riscos para a vida dos cidadãos ou até de outras forças policiais. “Não há uma razão real para criar mais uma guarda nacional, além das tropas do Ministério do Interior e outras forças, a menos que haja sérios temores de agitações públicas”, disse Mark Galeotti, especialista em serviços de segurança russos da New York University.

Dmitry Oreshkin, analista político russo, concordou: Putinestá cada vez mais preocupado com sua segurança pessoal como resultado da deterioração do governo do país. Essa não é uma guarda nacional, é a Guarda de Putin, no sentido de que ninguém pode comandá-la senão ele próprio”.  Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, reconheceu que a nova guarda nacional “evidentemente” participará na supressão de protestos não autorizados.

Segundo a rádio Free Europa, jornalistas, analistas e muitos cidadãos acham que a primeira tarefa da nova guarda será pairar sobre as próximas eleições parlamentares de setembro e a eleição presidencial de 2018. Putin acredita que a ameaça interna está crescendo rapidamente, embora os índices de aprovação do presidente russo seguem acima dos 80%. Nem Putin parece acreditar neles.

O general de exército Viktor Zolotov foi designado para chefiar o novo corpo. Colega de longa data de Putin e ex-membro da unidade de guarda-costas da KGB, ele foi durante 13 anos chefe de segurança do atual dono do Kremlin e é considerado seu incondicional fiel. Para Yevgenia Albats, editora chefe da revista “New Times”, a criação da “Guarda Pretoriana” deve ser entendida no contexto da ideia obsessiva do Kremlin de estar rodeado de inimigos.

“A retórica dos últimos dias é ‘Putincêntrica’. Acha que tudo o que acontece no mundo está direcionado contra Vladimir Vladimirovich Putin”, disse Albats. Ela acrescentou que “Vladimir Putin teme mais do que tudo o círculo dos mais próximos. Ele precisa de gente preparada sobretudo para defendê-lo” e por isso escolheu Zolotov.

Em agosto de 1991, Zolotov foi fotografado protegendo as costas de Boris Yeltsin sobre um tanque em Moscou. Nos anos 1990, Zolotov aparecia escoltando o prefeito de São Petersburgo, que acobertou a ascensão de Putin.

Por: Luis Dufaur
http://flagelorusso.blogspot.com