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sábado, 26 de janeiro de 2019

Apesar da crise, STF eleva gastos aéreos de ministros

Supremo Tribunal Federal aumentou em 24,4% despesas com passagens em 2018; Corte diz que mudanças nas regras das companhias aéreas afetaram custos

Em tempos de ajuste fiscal e corte de gastos, o Supremo Tribunal Federal (STF) elevou em 24,4% as despesas com passagens aéreas de ministros, considerando a emissão de bilhetes nos últimos dois anos, segundo levantamento feito pelo Estado. Além das passagens dos ministros do tribunal, a Corte também custeia bilhetes de auxiliares, juízes e até mesmo de colaboradores eventuais. As despesas do STF com passagens aéreas do universo total de beneficiados cresceram 49% no mesmo período, chegando a R$ 1,2 milhão.  

Como o STF ainda não tornou disponíveis as informações de dezembro de 2018, o Estado considerou o intervalo de janeiro a novembro dos últimos dois anos. Os gastos envolvem voos realizados, bilhetes cancelados e remarcados e multas. O custo com as viagens (nacionais e internacionais) dos magistrados saltou de R$ 272.979,18 para R$ 339.637,24 comparando os dados de 2018 (de janeiro a novembro) com os números do mesmo período do ano anterior. De acordo com o IBGE, de janeiro a novembro de 2018, o preço das passagens aéreas teve uma redução de 9,45%. Por uma determinação interna de 2015, todos os ministros da Corte viajam de primeira classe em voos internacionais. 

Os bilhetes foram custeados com recursos públicos do próprio Supremo – no caso dos ministros, eles dispõem de uma cota anual, reajustada este ano para R$ 53.835,56, que serve para bancar apenas deslocamentos dentro do Brasil. Entre os destinos mais visitados aos fins de semana estão Rio e São Paulo, onde alguns ministros possuem residência, lecionam, participam de palestras ou comparecem a outros eventos. De acordo com a Corte, os ministros têm jurisdição em todo o território nacional e praticam atos judiciais independentemente de a viagem ser oficial ou não”. 

Dos 11 ministros do Supremo, apenas Celso de Mello e Marco Aurélio Mello abriram mão de recursos públicos para custear viagens nos últimos dois anos – Marco Aurélio paga do próprio bolso seus bilhetes. A ministra Cármen Lúcia usou dinheiro do Supremo apenas uma vez, ao participar de uma conferência judicial das Supremas Cortes do G-20, em Buenos Aires, ao custo de R$ 2,5 mil. 

Na outra ponta do levantamento feito pelo Estado, os líderes nos gastos com bilhetes no ano passado foram o presidente do STF, ministro Dias Toffoli (R$ 97,4 mil), seguido pelo vice-presidente da Corte, Luiz Fux (R$ 50,8 mil), e os ministros Alexandre de Moraes (R$ 48,4 mil) e Ricardo Lewandowski (R$ 41,2 mil), de acordo com o levantamento.  Em maio do ano passado, uma viagem de Toffoli, então vice-presidente do STF, para São Petersburgo, na Rússia, com um juiz auxiliar e um assessor de assuntos internacionais, custou R$ 102 mil, apenas em passagens. O bilhete de Toffoli saiu por R$ 48,2 mil. A de outubro, para a da 116.ª Sessão Plenária da Comissão Europeia para a Democracia pelo Direito (Comissão de Veneza), em que foi acompanhado de juiz auxiliar e assessor de assuntos internacionais, saiu, apenas em passagens, por R$ 88,1 mil. A de Toffoli custou R$ 41,5 mil. [até aceitável - até por se tratar de  aceitar ou aceitar -  que tendo jurisdição em todo o território nacional, os ministros do STF possam praticar atos judiciais, nos finais de semana, até mesmo durante uma viagem de lazer - mas, na Rússia???] 
 
As viagens internacionais de Toffoli e Cármen Lúcia não entraram na cota anual por envolverem deslocamentos para outros países, mas também foram custeadas com recursos públicos do Supremo por envolverem “representação institucional”.
Além da cota, os ministros do Supremo possuem à sua disposição uma sala VIP no aeroporto de Brasília para aguardar o embarque. O aluguel do espaço custa R$ 29,5 mil por mês. 

Em fevereiro do ano passado, a Corte desembolsou R$ 53,3 mil em passagens para que o fotógrafo Sebastião Salgado e sua mulher participassem da abertura da exposição “Amazônia”, que conta com 16 painéis de Salgado na sede do tribunal, em Brasília. O casal, responsável pela curadoria, vive em Paris. 

Tribunais vão gastar até R$ 4,18 milhões com viagens em 2019
Os ministros do Supremo e de três tribunais superioresSuperior Tribunal de Justiça (STJ), Superior Tribunal Militar (STM) e Tribunal Superior do Trabalho (TST) vão ter à disposição R$ 4,18 milhões ao longo de 2019 para custear despesas com passagens aéreas em viagens feitas dentro do território nacional.
A menor cota do “auxílio-avião” desses tribunais é a do STM, que reserva R$ 25 mil por ano para os deslocamentos de seus ministros. Já o benefício mais robusto é conferido aos ministros do Supremo, onde o valor chega a R$ 53.835,56. Dos tribunais superiores, o TSE é o único que não reserva uma cota anual para seus ministros viajarem pelo País. Na corte eleitoral, as passagens dependem de autorização da presidente, ministra Rosa Weber. No período, caíram 40,2%. [oportuno ter em conta que a maior parte da composição do TSE é formada por ministros de outros tribunais superiores e do STF, que já possuem suas próprias cotas.]

Os gastos do TST com passagens aéreas para seus ministros cresceram 25,2% no ano passado.[o TST possui 27 ministros, o que é mais um fatos a que se leve a sério a apresentação de PEC visando a extinção da Justiça do Trabalho.]
 O STJ também elevou suas despesas com “passagens e despesas com locomoção” de ministros e servidores no mesmo período. Ao contrário do STF, os gastos do STM com passagens aéreas a seus ministros recuaram 65% em 2018. 

Alteração nas regras das companhias afetou custo, diz STF
Os ministros citados pelo Estado foram procurados via assessoria do Supremo Tribunal Federal ou pelo gabinete. A Secretaria de Comunicação Social da Corte afirmou que as despesas com passagens aéreas “são impactadas por diversos fatores” e que no ano passado “houve alterações de regras das companhias aéreas que elevaram o custo total” dos bilhetes. 

A Corte publicou uma resolução em 2015 segundo a qual os pedidos de compra devem ser encaminhados “com a máxima antecedência e devem ser adquiridos os bilhetes com o menor custo, considerando o horário do evento a ser realizado”.
A resolução fixa até uma “categoria de transporte aéreo” nas viagens ao exterior, dependendo da função desempenhada na Corte. No caso dos ministros, eles devem viajar de primeira classe, enquanto juízes auxiliares vão de executiva e servidores, de econômica. O STF também pode bancar a primeira classe para cônjuges ou companheiros dos ministros, “quando indispensável sua presença”.
“Quanto às despesas de passagens internacionais, são emitidas exclusivamente para representação institucional, conforme divulgado pelo tribunal na página de transparência. Os valores são compatíveis com o encargo de representação institucional”, diz a nota. 

Sobre as despesas com a exposição de fotografias no STF, a Corte informou que o fotógrafo Sebastião Salgado “é reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho” e que o deslocamento em classe executiva “observou os atos normativos do tribunal”, sendo “compatível com a doação realizada por ele correspondente a mais de US$ 1 milhão”. A respeito da sala vip do aeroporto, disse que o espaço é exclusivo para os ministros da Corte e visa à “segurança nos embarques e desembarques”.
O gabinete de Alexandre de Moraes informou que ele assumiu a função em março de 2017 e o “gasto proporcional por mês de 2018 foi 11% menor que o de 2017”. Os ministros Luiz Fux e Ricardo Lewandowski não se manifestaram.

O Estado de S.Paulo
 

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Qual a ameaça real do 'torpedo do juízo final', a arma nuclear da Rússia que preocupa os EUA

Sigiloso, implacável e devastador.

Assim é descrito o Sistema Oceânico Multipropósito Status-6, uma arma nuclear russa que está em fase de desenvolvimento e que tem preocupado os Estados Unidos. Em sua Revisão de Postura Nuclear (NPR, da sigla em Inglês) divulgada em 2 de fevereiro, o Departamento de Defesa americano incluiu a arma como uma das ameaças que justificam os EUA modernizarem seu arsenal atômico. 
Submarino russo Yuri Dolgoruky: O sistema nuclear da Rússia deve ser lançado a partir de submarinos adaptados 

O presidente dos EUA, Donald Trump, acredita que o país está sendo alcançado por seus grandes concorrentes - Rússia e China - por causa do que considera "anos de abandono da era Obama".  A NPR, que dita o plano de atuação do governo em relação às armas de dissuasão, caracteriza o Status-6 como "um novo torpedo intercontinental autônomo e submarino, de combustível e armamento nuclear".

Já a Rossikaya Gazeta, o jornal oficial do governo russo, o batizou como o "artefato do dia do juízo final". 


Capaz de atravessar o oceano
O Status-6 foi projetado como um veículo autônomo capaz de atravessar o Oceano Pacífico e lançar um ataque radioativo mortal sobre a costa oeste dos Estados Unidos. Ele é adaptado para mergulhos tão profundos que se tornaria invisível a sistemas de detecção. Sua carga incluiria ogivas nucleares de alta potência. "Sua detonação provocaria uma enorme nuvem radioativa", explica à BBC Mundo, o serviço em espanhol a BBC, Pavel Podvig, autor do blog Russian Forces, que divulga informações sobre armas nucleares, controle de armas e desarmamento na Rússia, baseadas em análises científicas. 

O plano russo é contar com o que os especialistas chamam de "arma de terceira onda" definitiva.
Caso tanto os mísseis balísticos terrestres como submarinos fossem neutralizados por um hipotético ataque inimigo, leia-se americano, o Status-6 teria a capacidade de lançar uma resposta atômica em terreno adversário.
Ele seria lançado a partir de um submarino adaptado para isso.


Explosão nuclear: O Pentágono garante que a Rússia desenvolve ao menos outros dois sistemas de alcance intercontinental | Foto: US Navy 

'Danos enormes'
Hans Kristensen, da Federação de Cientistas Americanos, destaca que os "Estados Unidos têm capacidade para perseguir os submersíveis inimigos, mas, uma vez que se lança um torpedo, a história é diferente".
"Se essa arma fosse concluída, certamente causaria danos enormes", diz Podvig.
Mas a dúvida é justamente essa, se o Status-6 será realidade algum dia.
Apesar de ter sido oficialmente reconhecido como uma ameaça pelo Pentágono, os especialistas encontram muitas razões para ceticismo.
"Não está claro que ele vá ficar operacional", diz Podvig. 

Os Estados Unidos e seus aliados souberam dos planos de desenvolvimento dessa arma durante um encontro do presidente russo Vladimir Putin com seus generais na cidade de Sochi, na Rússia.  Em imagens divulgadas por canais controlados pelo Kremlin, é possível ver rapidamente um dos militares mostrando um documento confidencial a Putin. 

A folha continha desenhos e detalhes do Status-6, desenhado pela Rubin, uma fabricante de submarinos nucleares de São Petersburgo. Logo surgiram especulações sobre se a divulgação das imagens foi acidental ou estratégia para intimidar potenciais adversários.

Kristensen lembra que "os russos fazem frequentemente essas coisas, de manter, durante anos, programas dos quais posteriormente não sai nada".
"Eu não acho que vai ser operacional da maneira como foi descrito", reforçou Podvig.
Então, por que os estrategistas do Pentágono o incluíram em um documento oficial como uma ameaça real para a segurança nacional?
"O Status-6 é tecnicamente possível e, na comunidade de inteligência, eles acham melhor estarem preparados para algo assim", ressalta Podvig.
Kristensen descarta que esse sistema de armas em desenvolvimento tenha sido uma das razões para a revisão da política nuclear de Washington. "Eles o usaram como um dos exemplos assustadores de que os russos são maus e podem obter suas próprias armas para respaldar o argumento de que os Estados Unidos precisam melhorar suas armas nucleares."

De acordo com informações recentes divulgadas pela agência de notícias Bloomberg, Trump espera que o Congresso aprove um aumento de 7,2% no orçamento da Defesa para o próximo ano. Em seu discurso sobre o Estado da União, relatório que os presidentes americanos apresentam anualmente aos parlamentares, ele pediu a construção de um arsenal nuclear "tão forte e poderoso que possa impedir qualquer tentativa de agressão de outro país".


 Míssil balístico de fabricação russa, em Moscou: Especialistas asseguram que as armas americanas não perderam vantagem

Outras ameaças
Embora o NPR tenha citado, além do Status-6, "pelo menos dois outros sistemas de alcance intercontinental", os especialistas fizeram ponderações em relação à fala de Trump sobre uma deterioração das capacidades dos EUA. "O fato de que a Rússia estava há algum tempo modernizando seus equipamentos não significa que os EUA não o fizeram também, mas que isso aconteceu muitos anos antes", diz Povdig. 

Agora, depois de anos de política de não proliferação de armas nucleares em Washington, essa corrida parece prestes a recomeçar. "Já na época da Guerra Fria sempre se citava as armas da grande potência alheias como justificativa para as próprias. É assim que sempre funciona."

BBC Brasil


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Brasil agoniza na jaula ao relento

Supremo só decide o que mandam fazer os que indicam e avalizam seus 11 ministros

Nos dias anteriores à votação pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) da necessidade de aval do Legislativo para a aplicação de sanções em medidas cautelares a seus cada vez menos nobres membros, o Brasil viveu uma crise institucional tão falsa quanto uma cédula de três reais entre dois Poderes da República, em conflito de meras aparências. Vendeu-se à sociedade a ilusão de que o Judiciário violaria a autonomia do Legislativo caso não submetesse a decisão da Primeira Turma do STF ao veredicto dos senadores, que exigem tratamento de varões de Plutarco, embora grande parte deles se comporte com a sordidez própria dos escroques. [decisão proferida por maioria na Primeira Turma, dos cinco componentes apenas três concordaram com a agressão ao Senado da República - uma das duas casas do Poder Legislativo.
Uma decisão para representar o órgão máximo do Poder Judiciário deve ser avalizada por no mínimo seis ministros - maioria do Plenário do STF.] 

De fato, tudo não passou de uma farsa, na qual se inverteu a célebre máxima de Karl Marx parodiando o conceito de Hegel de que a História sempre se repete. Na abertura de O 18 Brumário de Luis Bonaparte, o filósofo asseverou que ela acontece como tragédia e se repete em tom de farsa. Cá entre nós, a comédia precedeu a bufonaria, que pode descambar numa tragédia institucional: a perda pelo Congresso Nacional da condição de verdadeiro representante da cidadania. Tal como ocorre aqui, sob o cínico controle dos hierarcas partidários, o Parlamento representa somente essa elite política dirigente e marcha rumo à subserviência a seus chefes.

O que viu a Nação, bestializada, para repetir a dura expressão usada pelo historiador e acadêmico José Murilo de Carvalho sobre o ato criador da própria República, foi a sessão de uma Suprema Corte transformada em mera sucursal das cumbucas no centro da Praça dos Três Poderes. Consagrou o privilégio de casta de alguns tranchãs sobre a plebe. O tema específico do julgamento não podia ser mais simbólico: o que o placar de 6 a 5, com o voto de Minerva (embora nada sábio) da presidente Cármen Lúcia, assegurou foi o direito do presidente nacional “afastado” do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, à farra ampla, geral e irrestrita, “diuturna e noturnamente” (apud Dilma).

Trata-se de um vício de origem. Os membros da grei que se julga suprema agem como avalistas jurídicos de trapaças e trampolinagens do chefe do Executivo, que indica seus 11 membros conforme as próprias conveniências, e do Legislativo, que finge sabatiná-los antes de avalizá-los. O STF de hoje resulta do projeto de demolição do Estado burguês empreendido pelo líder máximo da socialização da gatunagem, Luiz Inácio Lula da Silva, e por sua sequaz Dilma Rousseff. O primeiro nomeou um reprovado serial em concursos para o exercício da magistratura. E a segunda, uma protégée do ex-marido. Não inovaram: Fernando Collor promoveu o primo e José Sarney, o então jejuno cumpridor de tarefas de seu advogado do peito.

Até recentemente se discutia à boca pequena nos meios forenses qual o prazo médio da gratidão dos membros do colegiado ao dono da caneta que lhes deu o poder. Na República dos compadrinhos, onde os votos do nobre instituto do habeas corpus são discutidos em convescotes à beira do lago, essa é uma questão da velha ordem. E são dados de acordo com interesses negociais de garantistas que só zelam pela boa saúde financeira de seus estabelecimentos privados ou de seus partidos, que fazem de campanhas perdulárias fonte bilionária de furtos e doações.

Ao desmascarar o enriquecimento geral dos chefes de bando do Planalto e da planície, a Lava Jato provocou os acordões suprapartidários como o que antes engaiolou o carta fora do baralho Eduardo Cunha e agora o que liberou o garoto dourado Aécio Neves para pecar na “naite” sem punição. Os tucanos Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes foram acompanhados pelos petistas Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, com a adesão de Marco Aurélio Mello, um espalha-brasas fiel às origens. O voto, não de Minerva, mas de misericórdia, de Cármen Lúcia acabou com a batalha judicial de Itararé, a que não houve.

A nova ordem resume-se ao voto lotérico na coluna do meio, inventado pela presidente do STF: mandato de senador suspeito não pode ser interrompido, pois não pertence ao parlamentar, mas ao cidadão, condenado à pena perpétua por ter votado mal. Atingimos a perfeição da condição revolucionária celebrada por Che Guevara, morto há meio século num 9 de outubro: “Podemos ser gatunos, mas nunca perder a pose”. Nem as posses!

O sinal de que a zelite previu o recado a ser dado por seus supremos garantistas foi o tríduo em que comemoraram o máximo despudor. De quarta 4 a sexta 6 de outubro, eles passaram por cima de toda a vergonha e de todos os princípios, assegurando a corrupção na próxima eleição e o perdão de suas dívidas com a União, ou seja, com o populacho que os elegeu. Numa evidência de que perderam de vez o pudor, aprovaram um fundo de campanha com piso, mas sem teto, a ser debitado ao erário em bilhões. E, depois, cancelaram as próprias dívidas, assim como seus eleitores são incomodados dia e noite pelo Fisco inclemente, que não dá a mínima folga à plebe ordinária.

A farra dos privilégios continua à tripa forra. A Lava Jato é sabotada ferozmente pelo delatado Michel Temer e seu anspeçada Torquato Jardim, à sombra da procuradora-geral Raquel Dodge, abençoada por deus Michel e pelo espírito santo de orelha Gilmar. Sobre a primeira instância, que condenou 116 réus e mantém 27 deles presos em Curitiba, pende a espada de Dâmocles da Suprema Tolerância Federal, que ocupa o topo do castelo judiciário com condenação zero. E sigilo para senadores liberarem as baladas de Aecim sem serem vigiados pela opinião pública contra, que vai ao Hermitage, em São Petersburgo, vaiar acusados de furtar a previdência de servidores sob sua chefia. No país do bebê fuzilado no ventre da mãe e do comerciante que agonizou em jaula ao relento, quem sai aos seus não regenera, quem pode se sacode e quem não pode vai pro diabo que o carregue.

Fonte: O Estado de S. Paulo - José Nêumanne - Jornalista, poeta e escritor


domingo, 1 de outubro de 2017

NKVD: Assassinos chefiados por Stalin têm seus nomes divulgados


A partir de 1993, Andrei Zhukov percorreu, pelo menos três dias por semana durante duas décadas, os arquivos de Moscou, vasculhando hora após hora as pilhas de ordens emanadas pela NKVD, a polícia secreta de Joseph Stalin, continuada pela KGB onde se formou Vladimir Putin. Ele procurou e encontrou muitos nomes de oficiais e seus respectivos cargos hierárquicos na organização.


 Grupo de agentes da NKVD.

Foi a primeira pesquisa metódica sobre os homens que executaram oGrande Terror” de Stalin entre 1937 e 1938. Nesse período da ditadura socialista foram presas pelos menos 1,5 milhão de pessoas, 700 mil das quais foram friamente fuziladas.  Na verdade, não foi o primeiro estudo sobre os líderes da NKVD e seus monstruosos crimes. Mas sim o primeiro a identificar os investigadores e os algozes que cumpriram a sádica missão.
E na lista há mais de 40 mil nomes!

Zhukov disse que não agiu por motivações políticas: “Eu sempre fiquei interessado em coisas secretas ou difíceis de achar.”  “Comecei isto apenas com um instinto de colecionador”, disse, segundo o jornal  The Guardian, de Londres.”
Mas os historiadores perceberam a importância de seu trabalho. A organização Memorial, a mais importante em recuperar a lembrança das vítimas chacinadas e dos locais de horror onde passaram seus últimos dias, publicou um CD com o banco de dados dos nomes e o postou na Internet.  Foram anos de meticuloso trabalho porque a polícia secreta tinha uma ampla faixa de atividades além das prisões e execuções.
“Não todos na lista foram açougueiros, até alguns foram assassinados por não executarem os crimes ordenados.  “Mas a vasta maioria estava ligada ao terror”, comentou Yan Rachinsky, co-presidente de Memorial.


Vala comum de vítimas de Stalin em Levashovo, São Petersburgo.
Muitos russos querem saber o destino final de seus antepassados.

Nikita Petrov, outro historiador de Memorial, sublinhou que “trabalhar na NKVD era prestigioso.  “Nos inícios dos anos 1930, marcados pela pobreza e pela fome, recebia-se para comer bem e ganhava-se um belo uniforme.
“Aqueles que entravam não sabiam que dentro de cinco anos estariam sentenciando milhares de pessoas à morte”, acrescentou.

O banco de dados de Memorial sobre as vítimas da repressão socialista soviética contém por volta de 2.700.000 nomes e mais 600 mil devem ser acrescentados ao longo de 2017.
Rachinsky acha que uma lista completa somaria aproximadamente 12 milhões de nomes, incluindo os deportados ou sentenciados por razões políticas. Acrescenta-se que em algumas regiões os algozes locais nunca confeccionaram listagens das vítimas, enquanto em outras os arquivos permanecem fechados.
 Cenotáfio aos religiosos assassinados em Levashovo.

O jornalista Sergey Parkhomenko lançou a campanha Endereço Final, instalando alguns milhares de placas onde morreram vítimas do socialismo stalinista para lhes render uma derradeira homenagem. Dos 40 mil agentes registrados por Zhukov, cerca de 10% acabaram sendo executados, encarcerados ou enviados aos campos de concentração.
Alguns voltaram quando Stalin precisou de homens para combater na II Guerra Mundial. Até ganharam medalhas ou se dedicaram a cometer mais homicídios.

http://flagelorusso.blogspot.com

 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

O centenário da Rússia de 1917

Em 2017 o episódio a respeito do qual construíram-se tantas lendas heroicas merece um olhar mais equilibrado

Em outubro de 1917, os bolcheviques (maioria, em russo) lideraram uma revolução, invadiram o palácio do czar, subiram pelas escadarias  e derrubaram séculos de absolutismo, instalando um governo de operários e camponeses.
Tudo mentira. Os bolcheviques não eram maioria, o czar não morava no palácio de inverno (ele abdicara em março e estava preso a quilômetros de distância). Em outubro de 1917 não havia mais monarquia, e a Rússia era uma república mambembe. Os poucos revoltosos entraram no palácio por janelas laterais, e o prédio não estava guarnecido por tropa capaz de defendê-lo. A cena da tomada do palácio, com uma heroica multidão subindo sua escadaria foi um invenção do cineasta Sergei Eisenstein. Ele teve a ajuda de cinco mil figurantes, e a filmagem, em 1928, causou mais danos ao palácio que a sua tomada em 1917. (A grandiosidade de Eisenstein fez com que suas cenografias engolissem a realidade. O massacre da escadaria de Odessa, do “Encouraçado Potemkin”, também não aconteceu.) 

Multidão no palácio só houve no dia seguinte, quando saquearam, e beberam, a adega real.  O ano do centenário da Revolução de 1917 será boa oportunidade para que os acontecimentos daquele ano sejam revisitados, com menos influência da propaganda. As revoluções foram duas; a primeira deu-se em fevereiro, em Petrogrado (depois Leningrado, hoje São Petersburgo). Nela misturaram-se as ansiedades de uma guerra na qual 1,5 milhão de soldados já haviam desertado, um inverno brabo que afetou o abastecimento, mais uma onda de greves e protestos. Contra essa revolta, estava Nicolau II, um autocrata medíocre metido numa corte de intrigantes. (O monge Rasputin, guru e marqueteiro da família real, havia sido assassinado em dezembro.)

No dia de hoje, há cem anos, Petrogrado parecia em paz. Estava na Rússia o príncipe herdeiro Carol da Rumânia, e a czarina Alexandra aproveitara um jantar em sua homenagem para apresentar à nobreza sua filha de 17 anos, a grã-duquesa Maria. Lênin estava em Zurique e admitia que a revolução poderia ficar para a próxima geração. (Outro hóspede da cidade era o escritor James Joyce.) Trotski estava encantando socialistas em Nova York. Stalin estava exilado no Círculo Ártico. Ele só pensava na revolução, mas nos próximos meses teria um problema: nasceria o filho de sua namorada adolescente. (Alexandre morreu em 1987. Seu filho, a quem revelara a identidade do avô, comprovou-a com um teste de DNA.)

Quando Petrogrado estava com as ruas tomadas, a czarina Alexandra acreditava que, com alguns dias de frio, as pessoas voltariam para casa, e um dos líderes bolcheviques na cidade duvidava do futuro da revolta. Ele achava que a coisa se acalmaria se os trabalhadores recebessem algum pão.  Pode-se discutir até onde a revolução de Petrogrado foi um movimento operário ou derivou de um motim da soldadesca. Como a efeméride será lembrada até o fim do ano, seria injusto que tudo parecesse ter começado com o golpe de outubro de Lênin e dos comunistas. Em março nasceu a República Russa. Podia ter dado certo mas, tendo tudo para dar errado, durou oito meses. Em outubro nasceu o que parecia ser uma aventura, sem a menor possibilidade de dar certo. Durou 74 anos.

Fonte: O Globo - Elio Gaspari, jornalista

terça-feira, 28 de junho de 2016

Rússia: a nova guarda pretoriana de Vladimir Putin


Viktor Zolotov, chefe dos guarda-costas de Putin, será chefe da nova corporação.
Vladimir Putin está cimentando seu poder ditatorial com uma “Guarda Pretoriana” composta por centenas de milhares de homens, informaram diversos órgãos da mídia, entre eles o “Financial Times”.  A criação da Guarda Nacional constituiu um passo histórico na constituição de um corpo de segurança interno destinado a reprimir os descontentamentos sociais derivados do mal-estar econômico. Ela poderá reunir entre 350.000 e 400.000 homens.
 Viktor Zolotov, chefe dos guarda-costas de Putin, será chefe da nova corporação.

Putin disse que o novo corpo está destinado a “combater o terrorismo e o crime organizado”. Mas, com uma ordem presidencial (ukaze), acrescentou que também deve proteger a ordem pública, reprimir o extremismo, garantir as instalações do Estado, cuidar das fronteiras e controlar o comércio de armas.

Segundo os analistas, a Guarda Nacional absorverá diversos corpos de segurança doméstica sob um comando único submetido ao controle direto e único do presidente. Ela parece destinada a reprimir as dissidências internas.  Nela ficarão englobadas as unidades especiais paramilitares da polícia conhecidas como OMON e SOBR e o serviço de segurança interdepartamental do governo (Vnevedomstvenaya Okhrana). Todas as forças policiais da Rússia serão reformadas e seus chefes trocados para se encaixarem na nova estrutura informou o jornal russo Kommersant, 05.04.16, acrescentou a Jamestown Foundation.

A nova guarda será armada com novos tanques, helicópteros e artilharia pesada. Na era soviética, as tropas do Ministério do Interior encarregadas das missões mais sujas tinham privilégios e armamento análogos.  Pela lei que institui a Guarda Nacional, essa poderá abrir fogo sem perguntar se há riscos para a vida dos cidadãos ou até de outras forças policiais. “Não há uma razão real para criar mais uma guarda nacional, além das tropas do Ministério do Interior e outras forças, a menos que haja sérios temores de agitações públicas”, disse Mark Galeotti, especialista em serviços de segurança russos da New York University.

Dmitry Oreshkin, analista político russo, concordou: Putinestá cada vez mais preocupado com sua segurança pessoal como resultado da deterioração do governo do país. Essa não é uma guarda nacional, é a Guarda de Putin, no sentido de que ninguém pode comandá-la senão ele próprio”.  Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, reconheceu que a nova guarda nacional “evidentemente” participará na supressão de protestos não autorizados.

Segundo a rádio Free Europa, jornalistas, analistas e muitos cidadãos acham que a primeira tarefa da nova guarda será pairar sobre as próximas eleições parlamentares de setembro e a eleição presidencial de 2018. Putin acredita que a ameaça interna está crescendo rapidamente, embora os índices de aprovação do presidente russo seguem acima dos 80%. Nem Putin parece acreditar neles.

O general de exército Viktor Zolotov foi designado para chefiar o novo corpo. Colega de longa data de Putin e ex-membro da unidade de guarda-costas da KGB, ele foi durante 13 anos chefe de segurança do atual dono do Kremlin e é considerado seu incondicional fiel. Para Yevgenia Albats, editora chefe da revista “New Times”, a criação da “Guarda Pretoriana” deve ser entendida no contexto da ideia obsessiva do Kremlin de estar rodeado de inimigos.

“A retórica dos últimos dias é ‘Putincêntrica’. Acha que tudo o que acontece no mundo está direcionado contra Vladimir Vladimirovich Putin”, disse Albats. Ela acrescentou que “Vladimir Putin teme mais do que tudo o círculo dos mais próximos. Ele precisa de gente preparada sobretudo para defendê-lo” e por isso escolheu Zolotov.

Em agosto de 1991, Zolotov foi fotografado protegendo as costas de Boris Yeltsin sobre um tanque em Moscou. Nos anos 1990, Zolotov aparecia escoltando o prefeito de São Petersburgo, que acobertou a ascensão de Putin.

Por: Luis Dufaur
http://flagelorusso.blogspot.com


terça-feira, 3 de novembro de 2015

Diretor da Metrojet fala sobre queda de avião no Sinai: "impacto externo"



Alexander Smirnov, da Metrojet, descarta falha técnica ou erro de piloto em tragédia com que matou 224
As buscas por evidências que ajudem a explicar o que provocou a queda do Airbus 321 na Península do Sinai, no Egito, no sábado (31), continuam a mobilizar autoridades egípcias e russas. Mesmo com a investigação em fase inicial, nesta segunda-feira (2), Alexander Smirnov, diretor da companhia aérea russa Metrojet, dona da aeronave, afirmou que somente um impacto externo pode ter causado a tragédia que matou todos os 224 ocupantes da aeronave. "Nós excluímos totalmente uma falha técnica  do avião e excluímos totalmente um erro do piloto ou fator humano", disse, em entrevista coletiva, acrescentando que a queda pode ter sido ocasionada por "um impacto externo no avião"

O executivo, que é ex-piloto, não deu declarações, entretanto, que corroborem com a tese de terrorismo. Disse que as investigações determinarão a causa do desastre, de acordo com o The New York Times. Smirnov afirmou também que a tripulação não fez contato com a torre de comando alertando sobre problemas técnicos na aeronave após a decolagem e uma tentativa de pouso de emergência, como fora divulgado.

As afirmações de Smirnov, descartando problemas na aeronave ou falha da tripulação, foram prontamente negadas pelo governo russo. "Essas declarações são prematuras e não são baseadas em nenhum fato concreto", disse Alexander Neradko, diretor da Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia, em entrevista ao canal Rossiya-24. De acordo com Neradko, as autoridades egípcias estão controlando todas as informações sobre a investigação e não vazaram gravações ou transcrições da caixa-preta ou da torre de controle que pudessem confirmar as afirmações do executivo da Metrojet.

Os destroços da aeronave estão espalhados por uma grande área, indicando que o avião se despedaçou no ar, quando ainda estava em alta altitude.  Na madrugada desta segunda-feira (2), 144 corpos foram levados do Cairo para São Petersburgo. Outros estavam previstos para serem levados na noite desta segunda. Peritos começaram a trabalhar na identificação das vítimas, por meio de amostras de DNA.

No aeroporto de São Petersburgo, destino do avião da Metrojet que partiu do resort egípcio de Sharm El-Sheikh, centenas de pessoas levam flores, bichos de pelúcia, fotos das vítimas e outros objetos para homenagear os mortos na tragédia, desde sábado. Outro ponto da cidade que se tornou um memorial às vítimas é a Praça do Palácio.

Fonte: Revista Época