O general Paulo Sérgio Nogueira é incansável. A cada semana, inventa
uma nova forma de questionar o sistema eleitoral. Na quinta-feira, ele
surpreendeu pela ousadia. Propôs uma votação paralela, em cédulas de
papel, a pretexto de testar a segurança da urna eletrônica. O ministro da Defesa lançou o despautério em audiência pública no
Senado. Pelas companhias, parecia se sentir em casa. A sessão foi
presidida pelo bolsonarista Eduardo Girão, que se notabilizou por fazer
propaganda da cloroquina na CPI da Covid. O plenário foi tomado por
governistas associados à defesa do voto impresso.
Sem contraditório, o general falou o que quis. Definiu a própria
atuação como “eminentemente técnica” e se declarou interessado em
“fortalecer a democracia”, apesar do endosso à pregação golpista do
chefe. Ele também disse adotar um “espírito colaborativo” em relação ao
TSE, a despeito das tentativas de enquadrar e constranger ministros da
Corte..[COMENTÁRIO: O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira - desde que as FF
AA foram convidadas pelo ex-presidente do TSE para participar da
Comissão de Transparência, ao nosso ver sem grande transparência,
aceitaram o convite, apresentaram sugestões que foram ignoradas - tenta um encontro com a presidência do TSE, insiste em que as sugestões
apresentadas sejam, antes de serem sumariamente descartadas, analisadas
em conjunto, é ignorado.
Buscando uma solução que diminua as dúvidas
sobre a segurança do sistema eleitoral brasileiro - validado por
Bangladesh e Butão - tem tentado soluções:
- a via auditável = registro
impresso do voto = foi descartada pelo Congresso (embora nada impeça sua
implantação via mudança de legislação = não pode ser olvidado que a PEC
dos beneficios, essencial para reduzir a fome de milhões de
brasileiros, foi aprovada em tempo recorde); outras alternativas
apresentadas foram rejeitadas sem análise.
Ele agora tenta uma que pode
ser por amostragem e que talvez seja aceita. É apenas questão de boa
vontade do ministro da Defesa em obter provas incontestáveis da
segurança das urnas.]
Os discursos da audiência pública percorreram outros itens da
cartilha golpista. Quatro parlamentares defenderam a destituição de
ministros do Supremo. O senador Girão esbravejou contra uma suposta
“ditadura da toga”. O ministro, que se diz legalista, não deu uma só
palavra em defesa do Judiciário. E chamou de “amigo” o deputado Filipe
Barros, investigado no inquérito que apura vazamento de dados sigilosos
sobre as urnas.
No mês passado, Nogueira afirmou que as Forças Armadas não se sentiam
“devidamente prestigiadas” pelo TSE. Na quinta, disse estar “muito
chateado” com quem compreende suas ações como ameaças à democracia. “O
que a gente deseja neste momento é paz social”, discursou. Em nome da
paz, o general incita a tropa para a guerra. [chega a despertar compaixão o esforço do jornalista em fazer uma narrativa para cumprir uma pauta.]
Conclusão a jato
A polícia do Paraná mostrou pressa incomum para concluir o inquérito sobre a morte do petista Marcelo Arruda. A julgar pela fala da delegada Camila Cecconello, o assassino invadiu a festa por razões políticas, sacou a arma por razões políticas, mas puxou o gatilho por razões pessoais. [é imperioso ter em conta que a morte ocorrida foi consequência de um desentendimento entre duas pessoas. É lamentável, mas ocorrem milhares de mortes com tal motivação, muitas delas causadas por embriaguez. Um aspecto que não foi lembrado na presente narrativa foi a não abertura de inquérito para identificar os abutres que, covardemente, tal qual hienas e chacais chutaram o policial penal Jorge Guaranho, já caído ao chão e gravemente ferido.]Leia também: Ministro da Defesa vira cabo eleitoral de Bolsonaro