De 162 países apenas 11
não estão envolvidos em guerras –
externas ou internas – políticas, raciais ou religiosas. É o que temos neste
15º ano do século XXI, dito o século da informação e do conhecimento.
Nesses números feios não estão
incluídos países de grande violência urbana, como o Brasil, por
exemplo, que registra 27 homicídios por cada 100 habitantes. Foram 200 mil de
2008 a 2011. Mais do que a guerra do Iraque que, em
10 anos, matou 174 mil pessoas. O Brasil, deste 2015, responde por 13 a cada 100 assassinatos no mundo.
Bom
não está. Nem aqui, nem acolá. Só da guerra da Síria – a mais em pauta neste setembro - sairão
quatro milhões de refugiados, estima a ONU. Em 2014, havia 59,5 milhões de deslocados no mundo, 42.500 pessoas em
média diária, 19 milhões de refugiados. A fome castiga a maioria deles.
“Deslocados” são pessoas que por conta de
guerras e conflitos tiveram de abandonar suas casas e buscar proteção em outros
lugares, dentro ou fora de seus próprios países. Refugiados são os que trocam de países. Como
os sírios agora. Como os angolanos, haitianos e outros das 81
nacionalidades dos 5, 2 mil refugiados aqui abrigados. “Nos
próximos 50 anos, a inteligência artificial, a nanotecnologia, a engenharia
genética e outras tecnologias permitirão aos seres humanos transcender as
limitações do corpo. O ciclo da vida ultrapassará um século. Nossos sentidos e
cognição serão ampliados. Ganharemos maior controle sobre nossas emoções e
memória. Nossos corpos e cérebro serão envolvidos e se fundirão com o poderio
computacional.”
A previsão é do filosofo e
futurista Max More, datada de 1994, que arrematou: “Usaremos essas tecnologias para redesenhar a nós e nossos filhos em diversas
formas de pós-humanidade”. Estamos cada vez mais perto da previsão. Grosso
modo, o pós-humanismo posto em
discussão desde Nietzsche e seu supra-humano, tem a ver com tecnologia e
conhecimento – evolução. Mas vem
convivendo com o desumanismo, a brutalidade em escala crescente, traduzida
nos números desumanos das violências – urbanas, de guerras, terrorismo,
guerrilhas.
Operamos cada vez melhor as
máquinas, armas inclusive. Padecemos muito do descontrole sobre as emoções. Não são elas que, desregradas, produzem intolerância,
preconceito, ódios, ganância e brutalidades?
Agora, somos 7,3 bilhões
de pessoas a ocupar o planeta terra, onde, estima-se há US$ 75 trilhões em circulação. 800 milhões
de almas ainda passam fome. Diz-se que os 85 mais ricos têm o mesmo dinheiro do
que os 3.5 bilhões de mais pobres.
Na última campanha eleitoral
brasileira foram gastas 5,1 bilhões de reais. O suficiente para pagar quatro meses de bolsa
família, que socorre 14 milhões de pobres. Ou
construir 20 super-hospitais. Parece
que o prejuízo causado pela corrupção na Petrobrás foi de 19 bilhões. Somália e Correa do Norte são os dois países mais corruptos
do mundo.
Dinamarca, Nova
Zelândia e Finlândia são os menos. O
Brasil tem a 69ª posição nesse ranking de surrupiação, que reúne 175 países. Divide o prêmio com
Bulgária, Grécia e Itália. Pouca vergonha. Pouca paz, pouco amor.
É o que temos pra agora, com pós-humanidade em curso e redesenhando-se para
nós, nossos filhos, nossos netos.
Fonte: Tânia Fusco – O Globo