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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Tudo pronto para a Nova Ordem Mundial. E o culpado será o Irã - Gazeta do Povo

Vozes - Daniel Lopez

Geopolítica maquiavélica - A justificativa para trazer o Irã para o conflito em Israel parece já estar montada, e poderá trazer fim à ordem mundial vigente.

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi.

 O presidente do Irã, Ebrahim Raisi.| Foto: Ernesto Mastrascusa/EFE

Quem estuda as entranhas do poder mundial sabe que o general quatro estrelas dos Estados Unidos, Wesley Clark, antigo comandante de forças da OTAN na Europa, revelou ao mundo o plano de Washington para o Oriente Médio após o 11 de setembro de 2001: derrubar o regime de sete países em cinco anos
Começando com o Iraque, o plano seguiria com Síria, Líbano, Líbia, Somália e, finalmente, o Irã.  
A informação foi revelada na página 130 do seu livro “Winning Modern Wars: Iraq, Terrorism, and the American Empire, lançado em 2003.  
O que está acontecendo em Israel hoje possui direta relação com esse plano. 
E não entender essa conexão significa deixar de possuir o algoritmo de interpretação sobre a realidade que nos cerca, não entender para onde o mundo está indo e não conseguir se preparar.
Você sabe muito bem o que aconteceu com o regime iraquiano, culminando na morte de Saddam Hussein. 
Provavelmente você se lembra que em 2013 quase teve início a terceira guerra mundial quando os EUA enviaram navios e homens para a Síria com o intuito de derrubar Bashar al-Assad, após um suposto ataque com armas químicas que teria vitimado crianças. Talvez mais uma bandeira falsa.

    Tudo parece indicar que Washington está determinado a derrubar o regime iraniano e colocar no poder um amigo do ocidente.

Hoje, parece que os Estados Unidos estão determinados a encontrar uma maneira de convencer a opinião pública norte-americana e mundial de que o regime iraniano deve ser derrubado
O caminho mais óbvio para essa estratégia de operação psicológica é “provar” que os inomináveis atos do último dia 7 de outubro em Israel foram diretamente patrocinados e planejados pelo regime de Teerã. 
 Porém, um segundo caminho que parece estar sendo criado é culpar os iranianos por um ataque hacker global de grandes proporções. 
Mas, para você entender o tamanho deste problema, terei de contar algumas histórias aqui.
 
Primeiro, na última sexta-feira (3), os maiores bancos dos Estados Unidos tiveram seus sistemas travados, incluindo Bank of America, JPMorgan Chase e Wells Fargo. Alguns bancos ainda experimentam problemas nesta quarta-feira (7). Depois de muita especulação sobre a possibilidade de se tratar de um ataque hacker proveniente do Irã, os bancos informaram que a causa teria sido um erro humano de uma empresa chamada The Clearing House, uma firma de pagamentos que opera o único sistema de compensação automatizada do setor privado nos EUA. 
Vejam a fragilidade do sistema. Inacreditável.


    A total digitalização do mundo coloca a humanidade numa situação muito frágil, uma vez que um ataque hacker global poderia levar os humanos de volta à idade da pedra.

No outro lado do mundo, nesta quarta-feira (8), milhões de australianos acordaram sem internet e telefone, após a maior operadora do país, que detém 40% do mercado, sofrer um enorme apagão. 
Serviços como viagens, consultas médicas e realização de pagamentos ficaram completamente bloqueados. 
Pessoas não conseguiram nem mesmo entrar nos seus trabalhos, uma vez que boa parte das portarias de prédios australianos já são completamente automatizados.
 
Isso mostrou como a total digitalização do mundo coloca a humanidade numa situação muito frágil, uma vez que um ataque hacker em nível global poderia levar os humanos de volta à idade da pedra em poucos minutos. 
Na verdade, esse parece ser exatamente o plano, conforme o próprio fórum econômico mundial vem alertando desde 2020, quando começaram a realizar o evento Cyber Polygon, que já abordei em algumas colunas aqui na Gazeta do Povo.
 
Meses após o início da pandemia, Klaus Schwab, fundador do Fórum, começou a alertar o mundo sobre o risco de uma pandemia ainda pior e mais mortífera: uma pandemia cibernética
Segundo ele, esta seria muito mais letal do que a primeira, uma vez que se espalharia com uma velocidade infinitamente maior, e traria o caos completo para a sociedade. 
Sem internet e eletricidade, hospitais deixariam de funcionar, os postos de gasolina não conseguiriam bombear os combustíveis para os carros e um mundo estilo Mad Max seria implementado. 
Parece que este cenário está mais próximo do que nunca.
 
Não podemos esquecer que, recentemente, surgiu um boato nas redes de que a NASA estaria alertando o mundo sobre um possível “apocalipse da internet”, principalmente após o jornal britânico Mirror ter publicado uma matéria sobre este tema no início de junho deste ano, inspirado num estudo da Universidade da Califórnia em 2021. 
O início do problema seria nos cabos submarinos de internet, altamente vulneráveis a uma radiação emitida por tempestades solares. 
Eventos como este já aconteceram. Em 1859 (o “Evento Carrington), uma tempestade solar interrompeu linhas de telégrafos, tendo até mesmo eletrocutado funcionários desses serviços. 
Em 1989, foi a vez do Canadá, quando a região de Quebec ficou sem luz por horas.

    Uma queda da internet em nível global, colocando os hackers iranianos como culpados, justificaria o estabelecimento de uma obrigatoriedade de uma identidade única digital global.

Não podemos esquecer que o navio espião russo Yantar já foi identificado fazendo operações em cabos submarinos mundo afora, inclusive na costa brasileira. Caso esses cabos de internet submarina sejam cortados, o mundo pode rapidamente voltar ao velho Oeste.

Minha suspeita é que, se algo dessa natureza ocorrer, mesmo sendo por causas naturais (tempestade solar) ou sabotagens deliberadas, a culpa será colocada nos hackers iranianos, para justificar uma ofensiva direta contra o regime de Teerã, que desde 1979, após a Revolução Iraniana, tornou-se inimigo declarado dos Estados Unidos e do Ocidente.

Tudo parece indicar que Washington está determinado a derrubar o regime iraniano e colocar no poder um amigo do ocidente. Fazendo isso, conquistaria um novo aliado na região, enfraqueceria a aliança do Irã com Pequim e teria acesso à reserva de gás natural do país, que é a 2ª maior do mundo.

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Sabemos que, com a invasão da Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022, os russos “perderam o alvará” de maiores fornecedores de gás natural para a Europa, uma mercado trilionário. 
Também sabemos que no dia 15 de junho de 2022 houve um acordo entre Tel Aviv, Cairo e União Europeia para que ninguém menos que Israel se transformasse no novo fornecedor de gás para a Europa. 
Parece que os russos não ficaram nada contestes com isso, principalmente após a destruição de seus gasodutos Nord Stream 1 e 2, gerando prejuízos bilionários.
Isso tudo, sem falar nas enormes reservas de ouro iranianas – lembrando que desde 2016 os principais bancos centrais do mundo, com incentivo do BIS (o banco central dos bancos centrais) estão estocando ouro, provavelmente já se preparando para o Grande Reset, quando o dólar deixará de ser oficialmente a reserva de valor global e a nova ordem mundial multipolar será oficialmente instaurada.
 
Finalmente, uma queda da internet em nível global, colocando os hackers iranianos como culpados, justificaria o estabelecimento de uma obrigatoriedade de uma identidade única digital global. 
Sem ela, ninguém poderia usar a internet. 
A regra seria não apenas para garantir que hackers sejam identificados, mas também para separar usuários humanos de inteligências artificiais, algo que a Open AI, criadora do ChatGPT, está fazendo com sua nova empresa, a Worldcoin, um sistema de renda básica universal. 
Mas somente poderá sacar o valor quem se submeter a uma biometria de retina e criar sua World ID, sua identidade única global. 
Parece coisa de ficção científica, mas já é totalmente real, inclusive no Brasil.
 
Parece que o cenário de caos que justificará a ordem internacional nova, o Grande Reset e o Novo Acordo Verde já está montado. 
E o culpado provavelmente será o Irã. 
Você acha este cenário possível?

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

Daniel Lopez, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sábado, 14 de janeiro de 2023

Cavando umas receitas - Carlos Alberto Sardenberg

O sistema tributário brasileiro não é apenas ruim. É o pior do mundo – e não se trata de modo de dizer. Foi medido.

         O Banco Mundial produziu até 2021 a pesquisa Fazendo Negócios, com o objetivo de avaliar o ambiente de negócios para uma empresa privada média. Ou, saber se esse ambiente é favorável ou desfavorável ao empreendedor que quer ganhar dinheiro honestamente.

         A pesquisa está interrompida para avaliação de métodos, mas a análise dos sistemas tributários em geral, e do brasileiro em especial, apresentou resultados importantes

         Aqui, não medem o tamanho da carga, mas o sistema. Basicamente: qual o custo (contadores, advogados, funcionários) de manter as obrigações tributárias em dia; com quantas órgãos uma empresa tem que lidar; quantas operações, ou seja, quantos DARFs a empresa tem que emitir.

         E assim vai. Em 189 países pesquisados, o sistema tributário brasileiro ficou na 184ª. posição. Dirão: então não é pior do mundo. Mas considerando que os quatro piores que a gente são República do Congo, Somália, Venezuela e Bolívia …

         Para quem lida com empresas por aqui, nem precisaria de pesquisa. Tem as Receitas Federal, Estaduais (27) e Municipais (5.568), cada uma com seus códigos. São milhares e milhares de normas que vão saindo diariamente.  Não estaria errado dizer que praticamente toda empresa brasileira tem alguma pendência tributária.

         Tudo isso para dizer que um competente Secretário da Receita, de qualquer instância, consegue cavar uns bons trocados a qualquer momento.Em geral, impostos não podem ser aplicados de imediato.
A norma criada só entra em vigor depois de algum tempo, justamente para dar tempo ao contribuinte. 
Mas esse período tem sido encurtado por aqui e, além do mais, há regras pelas quais um imposto ou taxa pode ser cobrado com alíquota variando, por exemplo, de zero a 10%.

         Por outro lado, num sistema complicado como esse, é óbvio que existem inúmeras pendências entre contribuintes e administrações – situação que abre espaço para a concessão de anistias. Assim: o governo precisa de uma grana para ontem, como é o caso; aí oferece descontos e perdões para quem desistir da disputa judiciária e pagar.

         Foi manejando todas essas práticas que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiu juntar R$ 192 bilhões em ganhos de receita para este ano. (Contra apenas R$ 50 bilhões de promessas de corte de gastos).

         Considerando que o déficit previsto no orçamento é de R$ 231,5 bilhões, o pacote de Haddad resolve o problema para 2023. Ou, resolveria. Como se baseia, por exemplo, na expectativa de que contribuintes vão aceitar anistias ou na esperança de que o governo Lula vai topar um aumento de impostos na gasolina ou na dúvida sobre o que o Congresso pode aprovar, o próprio Haddad acha que já estará de bom tamanho se reduzir o déficit para algo em torno dos R$ 100 bilhões.

         De fato, seria um bom resultado para as circunstâncias. Mas não deixa de ser um baita quebra-galho, provisório e baseado numa tomada de impostos sobre atividades econômicas já muito tributadas.  

         Continuam faltando duas peças essenciais para colocar a economia no caminho: a reforma tributária de verdade – não manipulação de anistias e alíquotas – e uma regra crível de controle das contas públicas a longo prazo.

         Há dúvidas aqui. Há boas propostas para a reforma tributária e Haddad levou para o governo nosso melhor economista nesse departamento, o incansável Bernard Appy. Se dependesse só dele, estaria resolvido. Mas sendo uma reforma que mexe nas relações entre as três instâncias, a coisa só anda com liderança política do presidente Lula, na busca de apoios dentro e fora do Congresso. Tem essa disposição.

         E a regra fiscal? Haddad diz que está trabalhando nisso. Simone Tebet também. Mas tudo que se ouve dos outros membros do governo, incluindo o chefe, é que isso de controle do gasto público é bobagem de mercado.

         A ver.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

 Coluna publicada em O Globo / Economia / Política

 

segunda-feira, 7 de março de 2022

Todo sangue é vermelho - O que diferencia o tratamento dado a ucranianos e o que foi dado aos sírios? [Boa pergunta.]n

Folha de S. Paulo - Ana Cristina Rosa

A guerra da Rússia contra a Ucrânia expôs o eurocentrismo vigenteHá conflitos armados em quase 30 países
Populações na Síria, no Afeganistão, na Nigéria, em Mianmar, no Congo, no Iraque, na Somália, no Paquistão vivem em clima de constante instabilidade, rodeadas pelo medo, pela destruição e pela morte. [com a agravante de que na maior parte dos países citados a fome também impera - Somália, Iêmen, Nigéria, Iêmen, e outros não citados, aos mortos nas guerras  se somam milhares de crianças (adultos também) que morrem vitimadas pela fome.
Chega a ser dificil de entender que um afrodescendente que  teve seu embarque dificultado, na Ucrânia,  pela confusão sempre presente no salve-se quem puder que caracteriza a fuga de refugiados, protestou alegando racismo e mereceu uma pronta resposta de apoio do governo da Nigéria, seu país de origem.  Enquanto os mortos nas guerras daquele país, em seu solo, são ignorados. ]
 
Somália

No Iêmen, onde segundo a ONU está instalada a mais grave crise humanitária do planeta, mais de 10 mil crianças foram mortas ou mutiladas num conflito que se arrasta há sete anos. Ainda assim, nunca se viu tamanha comoção ou mobilização como a causada pela "operação militar especial" na Ucrânia, uma guerra que conta com transmissão simultânea e já levou mais de um milhão de pessoas a cruzar fronteiras.

 Iêmen

Me solidarizo com os ucranianos. A essa altura da civilização, povo algum deveria enfrentar a barbárie da guerra, que jamais será justa sob a ótica humanitária. Porém a humanidade demonstra sua dificuldade de aprender com os próprios erros.

Mas a Europa respondeu ao sofrimento e ao êxodo dos ucranianos de maneira muito distinta ou "com dignidade humana", como definiu o jornal espanhol El País. "A União Europeia tem agora a oportunidade de corrigir os erros cometidos na crise dos refugiados de 2015 (...) uma vez que não foram aplicadas as normas vigentes e não foi possível chegar a acordo sobre um novo sistema comum de asilo", dizia trecho de editorial da semana passada.

Os refugiados da vez não precisam vagar por praças ou ruas de países estrangeiros como ocorreu com os sírios. Felizmente estão sendo acolhidos por Estados vizinhos e seus cidadãos. A questão é por quê?

A mudança de atitude seguramente foi motivada pelo identitarismo entre demandantes e demandados, num evidente contraste com a xenofobia e o racismo verificados antes em casos similares e na decisão de dificultar a ultrapassagem de fronteiras por negros atualmente. Embora nem todos os olhos sejam azuis, todo sangue é vermelho.

Ana Cristina Rosa, colunista - Folha de S.Paulo


quarta-feira, 17 de julho de 2019

O racista e as mentirosas: todos só estão pensando naquilo - Veja

Blog Mundialista - Veja

Trump solta as feras, mas fazer carinha de santas ofendidas como Ilhan Omar e colegas de 'Esquadrão' não elimina o fato de que têm culpa no cartório


Não interrompa o inimigo quando ele estiver cometendo um erro. Donald Trump não é de ouvir conselhos sábios, nem que sejam de Napoleão. Aliás, todo mundo sabe que não é nenhum Napoleão.  Mas certamente segue a estratégia da audácia, mesmo que pareça autodestrutiva. As duas correntes do Partido Democrata, a velha guarda e a nova, estavam se canibalizando em praça pública. Alexandria Ocasio-Cortez, a rainha das redes sociais, atrás apenas do próprio Trump no uso sagaz do Twitter, reagiu com mordidas virtuais às críticas da veterana Nancy Pelosi, a poderosa presidente da Câmara dos Representantes.

Cinquenta anos as separam: Nancy tem 79 anos e Alexandria, 29. Nancy sabe tudo dos bastidores do poder. Contra um bocado de resistências internas,, conseguiu voltar ao terceiro cargo mais importante do país articulando como profissional requintada e implacável, depois que o Partido Democrata recuperou a maioria na Câmara. Com tanta bagagem, perdeu a posição de representante da “esquerda de São Francisco” para a jovem guarda. Em termos americanos, Alexandria e sua turma, as quatro deputadas que formam o “Esquadrão” estão à esquerda de Pol Pot.

Duas delas, Ilham Omar, emigrante da Somália, e Rachida Tllaibi, de uma família de palestinos de Gaza, reúnem uma combinação sinistra: esquerdismo e islamismo.
A quarta é Ayanna Presley, da ala militância negra, esquerdista mais tradicional.
Qualquer crítica, por mais indireta que seja, como fez Nancy Pelosi ao comentar que quem ganha voto na Câmara não é o Twitter, e todas se fazem de ofendidas. Mulheres fortes e modernas, treinadas para fazer política, ótimas de comunicação, revertem para a posição de vítimas. Tudo, tudo, choramigam, é porque são “mulheres de cor”.
Esta expressão antiga (usada como em “person of colour”, não “coloured”, pelo amor dos céus) foi ressuscitada como um guarda-chuva sob o qual se abrigam indianos espetacularmente bem sucedidos, sul-coreanos que enfrentam discriminação reversa nas universidades para não ganharem todas as vagas e assim vai.

‘Corruptos, ineptos’
Tão rápidas em ocupar o papel de vítima quando é conveniente, imaginem o escândalo que as deputadas do “Esquadrão” fizeram quando Trump teve um surto de tuítes perigosos e discriminatórios.  Como tudo, hoje, é racismo, eles foram enquadrados nessa categoria. O mais correto seria discriminação por origem nacional, mas ninguém vai ter sutileza numa hora dessas. O primeiro: “É tão interessante ver as deputadas democratas ‘progressistas’ que originalmente vieram de países cujos governos são um desastre total e completo, os piores, mais corruptos e ineptos de qualquer lugar do mundo (isso se tiverem um governo com alguma funcionalidade), agora estrondosamente…
“… e perversamente dizer ao povo dos Estados Unidos, a maior e mais poderosa nação da terra, como nosso governo deve ser tocado. Por que não voltam e ajudam a consertar os lugares completamente falidos e infestados pelo crime dos quais elas vieram. Depois, voltam para cá e nos mostram…”
“… como fazer. Estes lugares precisam muito da ajuda de vocês, não dá para ser suficientemente rápido para ir embora. Tenho certeza que Nancy Pelosi ficaria muito feliz em arranjar rapidamente a viagem grátis.”

Um resumo dos significados problemáticos: Trump insinua que elas não são americanas de verdade e , em seus termos, prega o slogan “Estados Unidos, amem-nos ou deixem-os”.  Tudo errado, claro. Como o Brasil, os Estados Unidos são um país de imigração, com a nacionalidade definida pelo nascimento em solo pátrio, via paternal ou naturalização (outros países são diferentes).  A ideia de que a bandeira estrelada unifica a formidável variedade étnica é um princípio fundamental, muito importante inclusive nas Forças Armadas, a porta de entrada para a cidadania e melhores oportunidades para muitos não nacionais.

Trump foi chicoteado e condenado numa moção da Câmara. Nancy Pelosi surtou e fez a amiguinha para as quatro inimiguinhas do “Esquadrão”. Pela milionésima vez, pediram o impeachment dele.  Quem continua a achar que Trump é bobo, maluco, supremacista branco etc etc, não vai mudar de opinião. Só para dar uma ideia de oposição que ele encontra: em dez dias, desde o primeiro tuíte, no domingo retrasado, dia 7, a palavra “racista” foi usada 1 100 vezes nos dois canais a cabo onde o antitrumpismo virou militância oficial, a CNN e o MSNBC.

Trump é tão imprevisível e anárquico que algumas cabeças frias viram por trás da saraivada de tuítes uma estratégia calculada: obrigar o Partido Democrata a cerrar fileiras com as deputadas do “Esquadrão”, apoiando indiretamente plataformas que a maioria dos americanos detesta.  Desse ponto de vista, não falta o que detestar nas quatro deputadas. AOC, a mais popular delas, com seu nome de DJ, defende o socialismo, recusa-se a criticar o pavoroso regime venezuelano e tem um “plano” para arruinar a economia americana em questão de décadas, com maluquices pseudoecológicas.  Com a beleza delicada dos povos nilóticos, Ilham Omar é um espanto. Fugiu com a família quando a Somália vivia situações surreais: um golpe marxista-leninista seguido do assassinato de dois autoproclamados presidentes, a instauração de um Supremo Conselho Revolucionário, uma guerra de agressão contra a Etiópia, guerra civil e fragmentação entre facções armadas.

Foi para tentar conter o desastre humanitário e o alto risco político que os Estados Unidos na época do governo de Bush pai, com mandato da ONU, mandaram tropas para o país. Uma ideia infeliz. Proteger a distribuição equânime de comida significava enfrentar os “senhores da guerra”, os chefes de milícias locais. Acabou no episódio retratado no espetacular filme Black Hawk Down, a parte mais conhecida da Batalha de Mogadishu (dois helicópteros derrubados, 18 mortos, 73 feridos do lado dos americanos; um número vagamente calculados em mil somalianos mortos, dos quais uns 200 civis).

Muitos americanos que ainda se lembram do episódio ficam loucos quando Ilham Omar diz que os problemas de terrorismo são causados pelas intervenções no Oriente Médio e adjacências.
Al Qaeda e ISIS? Ah, não vai “dignificar” esses assuntos. Caindo na risada, ela lembrou uma “aula de terrorismo” que tinha na faculdade e o professor “levantava os ombros cada vez que falava Al Qaeda”. Mais risadas.
Onze de setembro? “Umas pessoas fizeram umas coisas e todos nós começamos a perder acesso às nossas liberdades públicas.”

‘Jeito estranho’
Uma mentira escandalosa: ninguém perdeu nada e episódios isolados de agressão a muçulmanos foram punidos como determina a lei; Bush filho visitou uma mesquita logo depois dos atentados que mataram 3 000 pessoas.
Além disso, Ilham Omar disse que o CAIR, o Conselho de Relações Americano-Islâmicas, existente desde 1994, foi fundado depois dos atentados de 2001 por causa dessa “perseguição”.
Outras provas da discriminação? Tem gente que olha “de jeito estranho” para ela. Ilham usa roupas modernas, mas cobrindo o corpo, e turbantes muito chiques.
Também usa as técnicas do CAIR – derivadas da Irmandade Muçulmana – de manipular habilmente os preceitos da democracia para promover a ideologia islâmica.
E o antissemitismo. Nem usa os disfarces habituais de alegar críticas legítimas a Israel ou ao sionismo. Ao entrar numa discussão justamente sobre as teorias persecutórias que embalam o antissemitismo, tuitou: Its, all about the Benjamins, baby”.

É o trecho de uma música de Puff Daddy, usando uma designação popular para dinheiro, através da nota de cem dólares, ilustrada por Benjamin Franklin.  Estaria insinuando que instituições criadas por judeus americanos compram influência no Congresso? “Aipac!”, respondeu. Uma referência a um dos lobbies mais conhecidos.
Mentir ou nem sequer entender os fundamentos do país que acolheu sua família (incluindo um irmão sobre o qual existe a desconfiança de que virou seu “marido” para facilitar o asilo), é o que Ilham Omar faz o tempo todo.

“Deixamos a Somália e viemos para e os Estados Unidos acreditando que aqui encontraríamos igualdade econômica”, já disse ela.
Além de mentiroso, errado. O contrato social americano oferece meritocracia e livre competição, pelo menos mais livre do que em qualquer outro país do mundo, como as formas mais eficazes de espalhar prosperidade pelo maior número possível de pessoas. It’s all about Thomas Jefferson, baby..  E tem uma dele também, sobre a qual Trump poderia meditar: “Discriminação é a doença da ignorância, das mentes mórbidas. A educação e a livre discussão são os antídotos.”
Se foi uma manobra para comprometer o Partido Democrata, com todas as partes já envolvidas na eleição presidencial de novembro do ano que vem, Trump pode ter sido esperto. Mas esperteza não é tudo.
Amanhã, na falta de mais tuítes, o assunto acaba.


Blog Mundialista - Vilma Gryzinski - Veja

terça-feira, 9 de julho de 2019

“Vivemos sob constante tensão”, diz cardeal sobre cristãos no Paquistão



Joseph Coutts é arcebispo de Karachi e cardeal do Paquistão, quinto país do mundo em perseguição aos seguidores do cristianismo

A cristã Asia Bibi teve de deixar o Paquistão e se refugiar no Canadá após ser condenada pela lei da blasfêmia e passar oito anos no corredor da morte. A mãe de cinco filhos é apenas uma das muitas vítimas da controversa legislação paquistanesa e da perseguição cada vez mais violenta contra os seguidores do cristianismo no país.  Segundo a organização de monitoramento e trabalho humanitário Portas Abertas, com sede na Holanda, o Paquistão é o quinto país do mundo onde os cristãos sofrem mais oposição à prática de sua fé. A nação só perde para Coreia do Norte, Afeganistão, Somália e Sudão.

Atualmente, os seguidores do cristianismo representam 1,59% da população do país, onde 96,28% de seus habitantes se declaram muçulmanos. Os cristãos compõem um grupo maior apenas que os hindus, budistas, qadianis e outros seguidores de variações do islamismo, estes também vítimas de organizações extremistas islâmicas.
O cardeal Joseph Coutts, arcebispo de Karachi, explica que a tensão contra os cristãos no país se tornou maior nas últimos 25 anos, com a ascensão da ideologia islâmica extremista em todo o Oriente Médio e em outras regiões do mundo.
“Vimos o crescimento gradual de um novo tipo de Islã, muito mais militante e pronto para usar da violência”, afirma o religioso, que visitou o Brasil e participou da Assembleia Geral da CNBB em maio. “Agora vivemos em constante tensão, sempre nos perguntando quando será o próximo ataque”.

Os atentados contra igrejas destacam a situação precária dos cristãos do Paquistão. Em setembro de 2013, um ataque suicida reivindicado pelos talibãs paquistaneses contra a Igreja de Todos os Santos, em Peshawar, matou 81 pessoas. Dois anos depois, explosões atingiram dois templos próximos em Lahore, matando 15. Em 2016, terroristas de um grupo filiado ao Talibã atacaram o parque Gulshan-e-Iqbal, também em Lahore, onde cristãos celebravam a Páscoa. No ano seguinte, jihadistas armados e homens-bomba atacaram a Igreja Metodista do Memorial Bethel na cidade de Quetta, no oeste do país, matando mais nove pessoas.

A violência não se restringe a atos terroristas contra templos. Uma média de 700 mulheres e crianças cristãs são raptadas, violentadas e convertidas ao islamismo todos os anos, segundo a Portas Abertas. Os seguidores dessa fé e outras minorias religiosas também sofrem discriminação no dia a dia e são frequentemente preteridos nas seleções para postos de trabalho e em vagas para escolas e universidades de maioria muçulmana.  Para o arcebispo da maior cidade do país, a violência se intensificou com o apoio aos terroristas do Talibã pelo governo paquistanês durante a investida soviética no Afeganistão, entre 1979 e 1989. Mais recentemente, aumentou com a invasão dos Estados Unidos ao país após os atentados de 11 de setembro de 2001. “Nunca precisamos de proteção antes, mas agora em toda missa ou encontro nas igrejas católicas do país há policiais fazendo a segurança e controlando a entrada de pessoas”, conta o cardeal Coutts. Joseph Coutts foi nomeado cardeal pelo papa Francisco durante o consistório de 28 de junho de 2018. Antes de servir como arcebispo de Karachi, o religioso foi bispo auxiliar da diocese de Hyderabad e bispo de Faisalabad. Também foi presidente da Conferência Episcopal do Paquistão e presidente do Caritas Paquistão.

Lei da Blasfêmia
O caso de Asia é só mais um lembrete da violência contra os cristãos e outras minorias religiosas do Paquistão. A mulher de 48 anos foi denunciada em 2009 por supostamente ter insultado o profeta Maomé durante uma discussão com duas mulheres em Punjab, na fronteira com a Índia.  A acusação tomou como base a lei da blasfêmia, que agrupa várias outras regras contidas no Código Penal e inspirada diretamente na Sharia, a norma religiosa muçulmana, para punir qualquer ofensa contra Alá, Maomé ou ao Corão.

A rígida legislação foi estabelecida na época em que o Paquistão era uma colônia britânica e voltou a valer no país nos anos 1980, implantada pelo ditador Mohammad Zia-ul-Haq sem aprovação parlamentar. Desde então, foram registradas mais de 1.000 acusações por blasfêmia, um crime que pode ser punido com a pena de morte, embora nenhum condenado tenha sido executado pela Justiça do país até hoje.  Ainda que a norma tenha a intenção de proteger a honra do Profeta Maomé e do Livro Sagrado, ela pode ser facilmente usada de maneira imprópria. É muito fácil para um muçulmano acusar alguém de blasfêmia, mesmo sem provas consistentes.

Nunca se soube exatamente o que aconteceu com Asia naquela discussão com as duas mulheres e muito menos se a paquistanesa, de fato, blasfemou o profeta. Após a denúncia, contudo, ela e sua família passaram a ser vítimas de forte opressão e violência. Até Salmaan Taseer, governador de Punjab, a província mais poderosa do Paquistão, foi morto como consequência da lei da blasfêmia e de sua intolerância. Ele visitou Asia na prisão e prometeu ajudá-la em seu caso. Apesar de seguir o islamismo, Taseer foi assassinado na capital paquistanesa, Islamabad, pelo seu próprio guarda-costas, incentivado por muçulmanos fanáticos.

Muitos dos envolvidos no julgamento da cristã também foram vítimas de ameaças e acabaram sendo influenciados, segundo Coutts. A decisão de libertá-la e absolvê-la da pena de morte só veio oito anos depois, quando o caso ganhou repercussão internacional e foi revisto pela Suprema Corte do país. Na última instância, constatou-se que os depoimentos das principais testemunhas ouvidas eram inconsistentes.  O caso de Asia não é o único entre a comunidade cristã e até mesmo entre muçulmanos moderados. Legisladores e membros do governo já tentaram fazer modificações na lei, mas o governo controlado por muçulmanos sunitas e as ameaças sofridas pelos grupos radicais impedem qualquer mudança.

Em 2010, a deputada Sherry Rehman, do Partido Popular do Paquistão (PPP), apresentou um projeto de lei para incluir uma emenda na lei. Seu objetivo era fazer com que todos os casos passassem obrigatoriamente pela Suprema Corte. O projeto passou por uma primeira comissão parlamentar, mas foi abandonado em 2011, após pressão de grupos religiosos. Rehman passou a receber ameaças constantes e, para protegê-la, o governo a nomeou embaixadora nos Estados Unidos. No mesmo ano, o então ministro de Minorias e único cristão no gabinete do governo, Clement Shahbaz Bhatti, foi assassinado por membros do Talibã paquistanês após protestar contra a norma. O Vaticano recebeu o pedido de sua beatificação em 2016.

Ameaças e proteção constante
O próprio cardeal Joseph Coutts já foi vítima de ameaças e recebe proteção policial 24 horas ao dia por ordem do governo paquistanês. Sua casa, localizada em um complexo da Igreja Católica, é sempre guardada por uma van e quatro agentes.
“Eles sabem que se algo acontecer comigo será um incidente internacional”, afirma Coutts. “E o Paquistão já tem uma imagem ruim no exterior.”  O arcebispo recebeu ameaças pela primeira vez quando ainda era responsável pela diocese de Faisalabad. Na época, desenvolveu laços com clérigos muçulmanos e chegou a participar de uma festa de Natal com um imã muçulmano da cidade em sua Madrasa, escola ou casa de estudos islâmicos.

Ao final do evento, em que os dois grupos religiosos falaram em esforços para consolidar a paz entre as comunidades, Coutts recebeu uma série de telefonemas intimidadores. “Recebi também uma carta assinada por ‘Tigres Islâmicos’, que ameaçaram me matar e arrancar minha língua”, conta. “Nunca descobrimos a qual grupo radical os autores pertenciam”.
 
O cardeal hoje lidera uma batalha para tentar tornar o Paquistão uma nação igualitária para todas as vertentes religiosas. Graças aos esforços de sua comunidade, os livros escolares de Karachi passaram a incluir citações do fundador do país, Muhammad Ali Jinnah, sobre a convivência pacífica dos povos. A convite da entidade ACN (Ajuda à Igreja que Sofre), Joseph Coutts esteve no Brasil entre os dias 5 e 12 de maio e participou da 57ª Assembleia Geral da CNBB em Aparecida do Norte, onde também falou sobre os desafios dos cristãos no Paquistão.
 
https://veja.abril.com.br/mundo/vivemos-sob-constante-tensao-diz-cardeal-sobre-cristaos-no-paquistao/

Revista Veja
 



quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Mutilação genital feminina e a loucura suicida do multiculturalismo

Os advogados de defesa de dois médicos de Michigan, naturais da Índia e uma de suas esposas, que foram indiciados pelo júri em 22 de abril e acusados de mutilar os órgãos genitais de duas meninas de sete anos, pretendem apresentar o argumento de liberdade religiosa na representação de seus clientes muçulmanos.

Os réus são membros da Dawoodi Bohra, uma seita islâmica de sua terra natal. Na esfera federal, sendo este o primeiro caso desde que a mutilação genital feminina (FGM em inglês) foi proibida em 1996, a defesa afirma que a prática é um ritual religioso e, portanto, deve ser protegido pela lei dos Estados Unidos.

A petição revela involuntariamente as falsas alegações feitas por proeminentes muçulmanos – como o estudioso/apresentador de TV iraniano/americano Reza Aslan e a ativista palestina/americana Linda Sarsour, que insistem que a FGM não é “uma prática islâmica”.

A mutilação genital feminina, também conhecida como circuncisão feminina, é o corte ou a remoção do clitóris e/ou da lábia, como forma de eliminar o desejo e o prazer sexual de uma menina, garantir que ela seja virgem até o casamento e permanecer fiel ao seu marido. De acordo com a Organização Mundial da Saúde:
A FGM não traz benefícios à saúde, além de causar danos às meninas e mulheres de diversas maneiras. A prática significa remover e lesar o saudável e normal tecido genital feminino, interferindo com as funções naturais dos corpos das meninas e das mulheres. De modo geral os riscos aumentam quanto maior for a severidade do procedimento.

Os procedimentos são realizados, na maioria das vezes, em meninas que estão entre a infância e a adolescência, ocasionalmente em mulheres adultas. Estima-se que haja mais de 3 milhões de meninas em risco de sofrerem a FGM por ano. Mais de 200 milhões de meninas e mulheres vivas hoje foram mutiladas em 30 países da África, Oriente Médio e Ásia, onde se concentra a FGM.

O influxo de imigrantes e refugiados dessas regiões do planeta para países ocidentais teve como consequência um aumento dramático e perigoso da FGM na Europa, Grã-Bretanha e Estados Unidos. De acordo com as estatísticas do Serviço Nacional de Saúde, pelo menos uma menina a cada hora está sujeita a este procedimento agonizante somente no Reino Unido – e já faz quase 30 anos que a prática lá é ilegal.

Concomitantemente, um Relatório da Comissão Europeia revelou que cerca de 500 mil mulheres na Europa foram submetidas à FGM, muitas outras correm o risco de serem forçadas a se submeterem a ela. Na Alemanha, por exemplo, foi inaugurada uma clínica em 2013 para fornecer tratamento físico e psicológico às vítimas do procedimento, cerca de 50 mil mulheres passaram pelo procedimento, sendo cerca de 20 mil em Berlim. Chamado de Desert Flower Center, o empreendimento foi encabeçado e financiado pela supermodelo/atriz natural da Somália Waris Dirie, proeminente ativista anti-FGM.

Em 15 de maio, na esteira do caso dos médicos da FGM em Michigan, a Câmara dos Deputados de Minnesota e o Senado de Michigan aprovaram uma legislação que estenderá aos estados as leis federais anti-FGM existentes aos pais de meninas que foram sujeitas ao ritual. Afinal de contas, são as mães e os pais que forçam as filhas a se submeterem ao ritual – como no caso da autora somali, Ayaan Hirsi Ali, foi a sua avó.

Em uma entrevista concedida ao Evening Standard, do Reino Unido em 2013, Hirsi Ali – ex-muçulmana que renegou sua fé e se tornou uma crítica que não faz rodeios quando se trata do Islã e da Lei Islâmica (Sharia), principalmente quando afeta as mulheres – explicou porque tem sido tão difícil processar membros da família envolvidos na FGM:
“Passei por isso aos cinco anos de idade e 10 anos mais tarde, mesmo 20 anos mais tarde, eu não teria testemunhado contra meus pais”, ressaltou ela. “É uma questão psicológica. As pessoas que estão fazendo isso são pais, mães, avós, tias. Nenhuma menininha vai mandá-los para a prisão. Como viver com uma culpa dessas?”

O problema maior, no entanto – que deve ser abordado juntamente com a legislação – abrange o multiculturalismo ocidental que enlouqueceu. Tomemos por exemplo a decisão por parte da editora da coluna Ciência e Saúde, Celia Dugger do New York Times, em abril, de parar de usar o termo “mutilação genital feminina”, alegando que ele está “culturalmente carregado”.
“Há um abismo entre os defensores ocidentais (e alguns africanos) que fazem campanha contra a prática e as pessoas que seguem o rito, eu senti que o linguajar utilizado ampliou ainda mais esse abismo”, salientou ela.

A FGM não é um crime menos estarrecedor do que o estupro ou a escravidão, no entanto as autoproclamadas feministas no Ocidenteincluindo muçulmanas como Linda Sarsour e ativistas não muçulmanas se engajam em uma cruzada contra a “islamofobia” – silenciam quando se trata de práticas bárbaras ou negam sua conexão com o Islã. Será que elas também apoiam a escravidão, outra prática respaldada pelo Islã, ainda praticada hoje na Arábia Saudita, Líbia, Mauritânia e Sudão, bem como pelo Estado Islâmico e pelo Boko Haram?

É por isso que a legislação anti-FGM, por mais crucial que seja, é insuficiente. Chegou a hora de estar vigilante não só contra praticantes e pais, mas também para expor e desacreditar qualquer um que tente proteger essa brutalidade.

Khadija Khan é jornalista e comentarista paquistanesa, atualmente radicada na Alemanha.
Publicado no site do Gatestone Institute https://pt.gatestoneinstitute.org
Tradução: Joseph Skilnik

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Reféns de piratas somalis ‘comeram ratos’ para sobreviver

Vinte e seis marinheiros asiáticos foram libertados no último sábado após mais de quatro anos reféns em uma vila na Somália

Vinte e seis marinheiros asiáticos foram libertados no último sábado após serem mantidos prisioneiros por mais de quatro anos por piratas em uma vila na Somália. Segundo um dos marinheiros, o grupo de reféns sobreviveu todo o tempo se alimentando de ratos.

O marinheiro filipino Arnel Balbero contou à emissora britânica BBC que durante os quatro anos em que foi mantido como refém, toda a tripulação recebia apenas pequenas quantidades de água. Segundo ele, todos se sentiam como “mortos vivos”.  “Nós comíamos ratos. Sim, nos cozinhávamos eles na floresta”, disse. “Nós comíamos qualquer coisa. Quando você sente fome, você come.”

O grupo de marinheiros foi apreendido por piratas somalis perto das Ilhas Seychelles, no Oceano indico, em março de 2012, quando ataques de piratas eram comuns na área. Entre a tripulação estavam homens da China, Filipinas, Camboja, Indonésia, Vietnã e Taiwan, que foram libertados e entregues a autoridades na cidade somali de Galkayo na manhã de sábado.

Inicialmente, 29 pessoas foram feitas reféns. Uma delas morreu durante o ataque somali ao navio dos pescadores e “duas sucumbiram a doenças” no cativeiro, segundo um comunicado divulgado pela ONG Oceanos sem Pirataria, que negociou a libertação do grupo. A tripulação agora deve ser enviada de volta para seus países de origem.

Segundo a agência de notícias somali Shabelle, os reféns foram libertados após o pagamento de um resgate. A quantia exata não foi divulgada, mas os piratas haviam exigido 3 milhões de dólares (9,3 milhões de reais) das autoridades governamentais.

Fonte: BBC  

 

terça-feira, 4 de outubro de 2016

A tragédia das crianças esqueléticas no Iêmen - em grande parte motivada pela covardia da Arábia Saudita que tem o apoio dos Estados Unidos

Milhares de iemenitas passam fome após dois anos de guerra civil

Depois de dois anos de guerra civil, cerca de 1,5 milhão de crianças passam fome no Iêmen. Desde o mês passado, imagens de bebês desnutridos explicitaram a profundidade da crise humanitária e trouxeram a lembrança das fotos feitas na Somália e em Biafra, na Nigéria, no século passado.


Salem Abdullah Musabih, 6, com grau intenso de desnutrição, no Yemen (Abduljabbar Zeyad/Reuters)

Há vários motivos para explicar a crise no Iêmen. Essa nação já era o país árabe mais pobre antes de sucumbir á guerra em março de 2015, quando os hutis expulsaram o presidente Abed Rabbo Mansour Hadi.  Além disso, organizações internacionais que tentam ajudar a população enfrentam obstáculos por vezes intransponíveis. Na semana passada, uma funcionária da Cruz Vermelha foi libertada depois de mais de dez meses sequestrada pelos hutis, nome tribal pelo qual são conhecidos os xiitas iemenitas. Em agosto, um hospital da organização Médicos Sem Fronteiras no norte do país foi bombardeado pela coalizão liderada pela Arábia Saudita, que luta contra os hutis.

O bloqueio naval e aéreo imposto pela Arábia Saudita dificulta a entrada de alimentos. “O fechamento de portos e a destruição da infraestrutura gerou escassez de combustível e aumentou a dificuldade em conseguir alimentos, que estão muito caros”, diz Hailu Eregnaw Teka, coordenador  da Oxfam para o Iêmen.

Outro fator que complicou o acesso a alimentos foi a quebra de confiança do sistema financeiro sobre o pagamento de importações, do qual o Iêmen depende para suprir 90% das necessidades. O alto preço do combustível impede que produtores agrícolas gerem alimentos e trabalho. O desemprego atinge 70% da força de trabalho e uma em cada quatro empresas foram fechadas.

Além de enfrentarem o desemprego e a escassez, o conflito entre hutis, apoiados pelo ex-presidente Ali Abdullah Saleh, deposto em 2011, e a coalizão saudita, os civis convivem com a presença da Al Qaeda para a Península Arábica, tida como uma das facções mais perigosas do grupo que atua na região desde os anos 1990, e com o avanço dos terroristas do Estado Islâmico (EI).

Cerca de 65% dos quase 28 milhões de habitantes são sunitas, enquanto 35% são xiitas. A divisão reflete uma disputa de poder que vai além das fronteiras nacionais. Os sunitas são apoiados pela vizinha Arábia Saudita, aliada aos Estados Unidos e outras potências ocidentais, enquanto xiitas são financiados pelo Irã.  “O Iêmen se tornou campo de batalha pela supremacia no Oriente Médio. A dificuldade americana em criticar os bombardeios sauditas contribui para o prolongamento da crise”, diz o cientista político Jamsheed Choksy, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.

Mais de 6,5 milhões de pessoas morreram, vítimas de bombardeios, balas de franco-atiradores ou no fogo cruzado. Cerca de três milhões de iemenitas foram internamente deslocados pelos conflitos.  Ao contrário da Síria, a localização geográfica do Iêmen dificulta que a população busque um local seguro fora das fronteiras. O país faz fronteira apenas com a Arábia Saudita e Omã e fica distante da Europa.  “É difícil exagerar no desespero que está lá. A situação humanitária vai reverberar por décadas. É importante que qualquer que seja a autoridade legítima garanta que os direitos humanos sejam respeitados para que possamos impedir que a situação piore”, diz a pesquisadora da Human Rights Watch Kristine Beckerle, que esteve no país em agosto.

Leia também:
Iêmen: O desastre humanitário que o mundo não quer ver


Fonte: Revista VEJA

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Terror islâmico, 15 anos após o 11 de Setembro

Ao se completar 15 anos dos audaciosos ataques terroristas perpetrados pela rede Al-Qaeda em 11 de setembro de 2001, nas cidades de Washington e New York, há elementos de juízo suficiente para avaliar a dinâmica do terrorismo islâmico contra os “infiéis” ocidentais e os “apóstatas” muçulmanos.

Durante este agitado lapso, não só a rede Al-Qaeda se fortaleceu, senão que surgiu de seu seio o auto-denominado Estado Islâmico (ISIS), muito mais radical e violento do que seu gestor. Hoje, este novo grupo constitui uma séria ameaça contra a liberdade humana, e por suas conotações geopolíticas e estratégicas poderia ser a chispa que inicie uma conflagração maior no sempre convulsionado Oriente Médio.

Desde o ângulo geopolítico internacional, o recrudescimento do terrorismo islâmico coincidiu com o re-assentamento político internacional da Rússia depois da desintegração da antiga União Soviética, o desdobramento econômico e militar da China, a imersão de vários países latino-americanos no socialismo pró-castrista pela mão do venezuelano Hugo Chávez, a Primavera Árabe que estremeceu a estrutura montada com governos inclinados ao ocidente, o desenvolvimento da capacidade nuclear na Coréia do Norte, 16 anos contínuos de desacertados governos nos Estados Unidos, altos e baixos da União Européia, mais atraso no continente africano e extensão das ramificações do jihadismo na Nigéria, Somália, Iêmen, Tanzânia, Quênia, Afeganistão, Paquistão e outros lugares.

As guerras no Iraque e Afeganistão encabeçadas pelos Estados Unidos para derrotar o terrorismo islâmico e a suposta existência de armas de destruição massiva no Iraque, se empantanaram em um empate estratégico de soma zero, no qual os terroristas saíram folgadamente favorecidos, que com armas de infantaria ligeira e os letais homens-bomba, ou o estalido de trampas explosivas se multiplicaram em células jihadistas e multiplicaram o recrutamento de adeptos nos cinco continentes.

No âmbito militar ficou para decantar em doutrina de guerra contra-terrorista a execução de exitosas operações aero-terrestres como a que conduziu Osama Bin Laden à morte, ou a impactante eficiência dos drones guiados por experts em inteligência eletrônica e equipes de especialistas em inteligência tática. É uma guerra de nova geração que pelas condições do problema se estenderá por várias décadas nos quatro pontos cardeais do globo terrestre.

A derrota da riqueza financeira e econômica deixada por Reagan, que começou a ser mal-gasta por Bill Clinton, encontrou em George Bush e Barack Obama dois mandatários inferiores ao desafio de manter os Estados Unidos no topo de seu outrora vertiginoso crescimento econômico.   Por razões politiqueiras, democratas e republicanos se trasladam as culpas dessa debacle sem ir ao fundo do assunto. Por isso, com um discurso agressivo Donald Trump capta adeptos frente a uma candidata que o questiona pelas saídas em falso do magnata, porém, para desgraça dos Estados Unidos e de tantos países interdependentes da grande potência, tampouco é a pessoa adequada para chegar à Casa Branca. A crise de liderança mundial também é evidente nos Estados Unidos.

De quebra, o crescimento geométrico e matemático do terrorismo internacional distribuído pelo mundo mas com epicentro no Oriente Médio, exacerbou a guerra fria entre Arábia Saudita (sunita) e Irã (shiita), a qual se materializou no envio de tropas e recursos de toda ordem para oxigenar as guerras civis na Síria e no Iêmen, o duvidoso acordo de suspensão do projeto nuclear iraniano, o incremento das relações clandestinas da Arábia Saudita com o Paquistão para islamizar a Ásia Meridional e parte da Ásia Central, com o gravíssimo risco da possessão de armas nucleares no Paquistão e Índia, cujos governantes promovem um ódio irreconciliável mútuo.

Por sua parte a Rússia, com óbvios interesses geopolíticos não só nessa região senão no mundo, aproveitou a circunstancial guerra contra a ditadura de Bashar Al Assad na Síria, para entrar no conflito e com o ímã de seu poderio militar atraiu a Turquia que pretende matar dois coelhos com uma cajadada só, tirar vantagens da guerra síria, consolidar-se como o líder muçulmano do Oriente Médio, ser potência e catalizador frente ao Ocidente e eliminar a sangue e fogo os independentistas curdos. 

O problema se agrava para a Turquia e para o resto do mundo, devido à mentalidade ditatorial de seu presidente Erdogan, o descontentamento de um amplo setor militar turco com seu governo, a presença do ISIS em seu território, a pressão dos Estados Unidos e Europa para que combata com maior eficiência toda a infra-estrutura terrorista, e a necessidade de manter boas relações com Israel.

Em síntese, à previsível e marejada dinâmica de mudanças geopolíticas deduzíveis e esperadas depois da queda do muro de Berlim, se acrescentou com força irresistível o incremento do terrorismo islâmico no mundo que, como já se disse, poderia ser a chispa que desate uma conflagração maior em um mundo no qual não há líderes com estatura similar à de Churchill, Roosevelt ou De Gaulle, porém há sim condições muito mais tensas que as que originaram a Segunda Guerra Mundial.

Essa é a mais clara herança que os ataques terroristas do 11 de setembro de 2001 deixaram nos Estados Unidos, ao coincidir com as mudanças permanentes da ordem mundial.


TraduçãoGraça Salgueiro
 

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Suécia: ataques sexuais fazem do verão um inferno



Cenas de um festival de música em Malmö no verão de 2015...
Esquerda: quatro jovens cercam e atacam sexualmente uma jovem. Direita: policiais prendem um suspeito enquanto vítimas de abuso sexual choram se lamentando em segundo plano. O fotógrafo relatou que meninas suecas foram atacadas sexualmente por grupos de jovens de "background estrangeiro".

Na esteira dos ataques na Passagem do Ano Novo em Colônia na Alemanha, um furo de reportagem na Suécia denunciou a ocorrência de um enorme número de ataques sexuais contra mulheres e meninas no festival de música "Nós Somos Sthlm" (abreviação de Estocolmo) em 2014 e 2015, mas que tinha sido acobertado tanto pela polícia quanto pela mídia. O Comissário de Polícia Nacional Dan Eliasson imediatamente lançou uma investigação para constatar a extensão do problema.

Os resultados da investigação foram apresentados em maio no relatório intitulado "a situação atual em relação aos ataques sexuais e propostas de ação" -- as conclusões são assustadoras. Quase todos os perpetradores que atacaram em grupos e que foram presos são cidadãos do Afeganistão, Eritreia ou Somália -- três dos quatro maiores grupos de imigrantes na Suécia se encaixam na categoria de "refugiados menores de idade desacompanhados".

O Departamento de Operações Nacionais da Polícia (NOA) iniciou o relatório passando por todos os ataques sexuais ocorridos em festivais de música, carnavais de rua e comemorações da Passagem do Ano Novo que foram relatados à polícia:  "As queixas registradas em 2015 e 2016 mostraram que meninas com idades entre 14 e 15 anos eram as mais vulneráveis. Os ataques têm sido compreendidos de diversas maneiras, dependendo do modus operandi (do agressor), mas informações oferecidas nas denúncias mostram claramente que muitas das meninas atacadas estão, obviamente, inconsoláveis e em estado precário. Especialmente chocante e assustador foram os ataques perpetrados por grupos em que a vítima não foi apenas imobilizada e acariciada impositivamente, mas também onde os atacantes procuravam arrancar suas vestes."

"A maioria dos ataques foi realizado isoladamente por um único indivíduo. Na maioria dos casos o ataque ocorreu em meio a grandes aglomerações, por trás o perpetrador colocava as mãos sob as calças da vítima ou enfiava as mãos dentro da blusa/malha de moletom, procurando beijá-la e imobilizá-la. Devido à tentativa de se desvencilhar ou porque o ataque ocorreu por trás, muitas vezes têm sido difícil conseguir uma descrição física confiável o suficiente do suspeito para uma posterior identificação. Muitas vezes as vítimas estavam em pé na plateia em frente a um palco, tentando se aproximar de amigos no meio de uma multidão ou simplesmente jogando conversa fora com um ou mais amigos, quando elas foram atacadas."

Pelo menos dez casos fazem parte do assim chamado taharrush gamea ("assédio coletivo em árabe") -- em que homens em grupos escolhem uma vítima e a atacam em conjunto. O relatório cita Senni Jyrkiäinen, um estudioso da Universidade de Helsinki, que estuda as relações de gênero no Egito: "taharrush significa assédio em árabe. Se você adicionar 'el-ginsy' (ou apenas ginsy) significa assédio sexual e a palavra 'gamea' significa 'grupo'."

O relatório da polícia descreve o fenômeno da seguinte maneira:  "Em dez casos pelo menos, uma menina solitária, não raramente entre 14 e 16 anos, às vezes também entre 25 e 30, era cercada por vários homens (5 a 6 no mínimo, por vezes um número bem maior). 

Ler matéria na íntegra  >>>>>


sexta-feira, 13 de maio de 2016

Há um Brasil que não se presta para otário



Ouvindo os dois pronunciamentos da presidente Dilma, tive a clara percepção de que, de fato, estávamos sendo governados por uma pessoa que derrubou limites na sua relação com a realidade. Era algo que já se identificava durante a campanha eleitoral. À época, essa conduta foi inteiramente atribuída a um esforço para esconder do eleitorado a crise já em curso. Certamente havia bastante disso, sim, na publicidade eleitoral e nas orientações que, a peso de ouro, produzia João Santana. Mas evidenciou-se nos últimos meses que algo mais grave envolvia pessoalmente a presidente. Para todos os efeitos práticos, Dilma presidia um país diferente. Exercia um outro governo.

Mesmo diante de indicadores gravíssimos, que diagnosticavam a maior crise nacional em oito décadas, a presidente jamais lhe dedicou a atenção necessária. Erro imperdoável! Quem não se acautela ante um inimigo desse porte será implacavelmente abatido por ele. Essa é uma crise cujo enfrentamento cobra ações sérias e responsáveis. Dilma desconsiderou as mais prudentes advertências, desdenhou as reações das agências de risco. Condenou os críticos da política econômica. O navio afundava e ela ouvia a orquestra dos companheiros.

A corrupção grassava no governo. Fortunas se acumulavam no seu entorno. É bom lembrar: esses escândalos não foram "descobertos" pela Lava Jato. Eles já enchiam as páginas das revistas semanais bem antes de caírem nas mãos diligentes da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba. E o que fazia a presidente? Estimulava a reação de sua militância contra as publicações, sem enfrentar os fatos escabrosos que eram denunciados.

Quantas matérias foram produzidas sobre os negócios de seu anjo da guarda, Luís Inácio Lula da Silva, com empreiteiras nacionais em arranjos bolivarianos e africanos envolvendo o BNDES? Quantas denúncias sobre o enriquecimento da família Lula da Silva? Quantas informações circularam no país, durante anos, sobre os desmandos da Petrobrás? Ela sempre ocupando postos, caneta e cadeira de mando. E quanta prosperidade ao seu redor! Não, não me impressionam as alegações da presidente afastada sobre a própria honestidade. Não há mérito em não furtar. Os crimes que se gaba de não ter praticado aconteceram com o que estava sob seu zelo! Ademais, mentir não é honesto. Ocultar a verdade, tampouco. Já a tolerância, a imprudência, a omissão, a negligência e a vista grossa compõem gravíssimos deméritos.

Nos dois pronunciamentos com que se despediu, Dilma Rousseff reincidiu nos mesmos equívocos. Buscou sacralizar um mandato conquistado no mais destapado estelionato eleitoral, tão escandaloso e tão rapidamente evidenciado que levou a nação às ruas já antes de sua posse. Atribuiu seu afastamento a um complô golpista e não a um justificado clamor popular e a um correto procedimento constitucional. Afirmou que seus adversários são inconformados com as "conquistas sociais" e com a "prosperidade dos mais pobres". Somente alguém destituído de juízo pode crer que investidores, empresários, profissionais liberais, por exemplo, se beneficiem da pobreza dos pobres.

 Fosse assim, o mundo dos negócios se mudaria para Serra Leoa e para a Somália. Quem não sabe disto? Ao contrário, o que de melhor aconteceu para a economia mundial neste século foi proporcionado por 400 milhões de chineses que começaram a produzir, consumir, e saíram da pobreza. Até o Brasil petista cresceu, mas a riqueza foi consumida pelos piores meios e fins, e seus benefícios, hoje, atendem pelo nome de desastre brasileiro. No entanto, no cérebro da presidente afastada, não há esse tipo de registro. Ali só têm lugar meia dúzia de chavões ideológicos que compõem os mandamentos de seu grupo político. Então, é melhor suportá-los na oposição do que nos submetermos por mais tempo ao desastre que foi a gestão petista.


Fonte: 
http://www.puggina.org