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terça-feira, 20 de julho de 2021

Censura no bom sentido - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

Era preciso organizar esse caos pra vocês aprenderem que a função da mente humana é repetir o que uma mente superior mandou

Como você sabe, a imprensa tradicional, as plataformas de rede social, as agências de checagem e todo o gabinete do amor estão cortando cabeças para o seu bem. Essa gente empática e democrática está purificando a atmosfera intelectual permitindo só a circulação das palavras certas, das ideias certas e das opiniões certas. A última notícia de um esforço de purificação tão resoluto na história da humanidade se deu quase um século atrás na Europa — quando um purificador abnegado colocou o mundo no caminho da 2ª Guerra Mundial.

O grande purificador acabou perdendo a guerra — e aí sobreveio um mundo cheio de contrastes, complexidades, convivência múltipla de ideias, enfim, uma bagunça. Nenhum purificador de verdade tolera viver num ambiente tão volúvel, em que cada um se expressa de um jeito. Não dá. Era preciso organizar esse caos pra vocês pararem de graça e aprenderem de uma vez por todas que a função da mente humana é repetir o que uma mente superior mandou. Que mente superior? Cala a boca que ninguém te perguntou nada.

Chega de controvérsia. Chega de sofrimento. A partir de agora vamos falar e escrever só as coisas certas, para não dar trabalho aos purificadores — que já estão exaustos de tanto banir, ceifar, suprimir, apagar, apagar de novo (essa gente impura é insistente), suspender, advertir, ameaçar, embargar e censurar (no bom sentido). Segue então uma lista de verdades universais que você pode usar sem medo na internet, no trabalho, na escola, na rua, na praia ou preferencialmente em casa, se todos esses outros lugares estiverem proibidos para você.

Chega de polêmica, falsidade e ódio. Vamos ser felizes repetindo só as coisas certas:

  1. As vacinas são ótimas;
  2. As vacinas são seguras e eficazes, graças aos vários anos de estudos que couberam em poucos meses porque o tempo é uma ilusão;
  3. O fato de não haver estudos conclusivos sobre substâncias experimentais não tem o menor problema, porque eu vi na televisão que tá tudo bem, então é porque tá tudo bem;
  4. Ninguém sabe os porcentuais de efeitos adversos das vacinas porque elas estão sendo testadas na população, em massa, e não há controle sobre o universo total de vacinados. Mas isso não tem o menor problema, porque vacina boa é vacina no braço;
  5. A imprensa escreve que “fulano pegou covid depois de imunizado” porque esse é um novo conceito de imunização, segundo o qual o que realmente imuniza não é o que sai da agulha, mas o que sai do teclado;
  6. As autoridades de São Paulo e do Rio estão disputando para ver quem começa primeiro a vacinar adolescentes, porque o risco que a covid representa para os adolescentes é muito menor do que a vontade desses heróis de aparecer na TV anunciando vacina para adolescentes;
  7. Os estudos inconclusos de miocardite em jovens e adolescentes após a vacinação não são problema das autoridades vacineiras, porque o importante, como já explicado, é aparecer na TV dizendo que está vacinando geral e correr pro abraço;
  8. O que vai acontecer no curto, médio e longo prazo com o sistema cardiovascular desses adolescentes é problema deles. Adolescente já é cheio de problema mesmo, então não muda nada;
  9. Você pode ter uma trombose, uma neuropatia ou uma doença autoimune atravessando a rua, então não tem por que não se vacinar com vacinas experimentais;
  10. As vacinas estão livrando a humanidade da pandemia. O fato de que os primeiros seis meses de vacinação coincidiram com um agravamento da pandemia é um detalhe. As pessoas que negam a ciência têm mania de se prender em questões impertinentes e enjoativas porque não têm empatia, nem lugar de fala, nem lugar na fila, nem nunca estiveram no pombal do Zoom com um monte de cabecinhas repetindo o que é certo repetir.

Pronto. Está feito o bem. Só afirmamos coisas que os purificadores dizem que são certas. E liberamos as patrulhas e guilhotinas para ceifar outros pecadores. Viva a pureza.

Leia também “Crachá de cobaia”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste