No Senado, Pazuello prometeu que 50% da população
estará vacinada até junho e mais 50% até dezembro, mas não disse como. O
depoimento do general foi sofrível
A campanha nacional de vacinação deveria se chamar operação
vaga-lume, porque não tem vacinas suficientes para imunizar a população
de forma contínua, no ritmo necessário para conter a segunda onda da
pandemia. Há três semanas, ultrapassamos mais de mil mortes por dia; nos
últimos sete dias, em média, foram 1.050 mortos. Entre eles, o senador
José Maranhão (MDB-PB), de 87 anos, que estava internado no Hospital
Vila Nova Star, em São Paulo, e lutou 71 dias contra a doença. O Brasil
já ultrapassa a marca dos 9,6 milhões de casos e 235 mil mortes por
covid-19. [placar sinistro e que cabe um destaque: São Paulo é o estado que mais tem mortos por milhões de habitantes. Se os casos e mortes ocorridos em São Paulo fossem retirados da contagem do Brasil, a média brasileira cairia substancialmente.
São Paulo tem 1.137 mortes por cada milhão de habitantes.
O Brasil tem, incluindo São Paulo, 1.007 mortes por milhão. Excluindo São Paulo, o número cairia para 973 mortes por milhão de habitantes.
A quantidade total de vítimas seria cerca de 190 mil, bem abaixo das 236 mil atuais.]
Ontem, registramos 1.452 mortes em 24 horas, nível equivalente ao
auge da crise no ano passado, em julho. Foi nesse contexto que o
ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, prestou depoimento ao
Senado, tentando se explicar sobre suas trapalhadas à frente da pasta,
principalmente no caso do colapso do Sistema Único de Saúde (SUS) em
Manaus, por falta de oxigênio, e do atraso na aquisição de vacinas, que,
agora, estão fazendo falta na campanha de vacinação. [A União Europeia também atrasou na aquisição de vacinas???
A chefona da UE ameaçou até bloquear o envio de vacinas fabricadas na Bélgica - integrante da UE - para o Reino Unido.] O SUS tem
condições de vacinar até 10 milhões de pessoas por dia, por meio de uma
grande rede de postos de vacinação e equipes veteranas em campanhas de
imunização.
Apenas 4,3 milhões de brasileiros foram vacinados até agora, a
maioria, o pessoal da linha de frente do combate ao novo coronavírus e
os mais idosos, sendo que 80 mil já receberam a segunda dose. Isso
representa apenas 2,4% da população, muito pouco diante da necessidade
de vacinar até 70% dos brasileiros para conseguir eliminar a propagação
do vírus, o que corresponderia a 146 milhões de pessoas. Por falta de
insumos, a produção de vacinas pelo Butantan e pela Fiocruz está numa
escala muito baixa e até intermitente, o que acaba desorganizando a
vacinação que já estava programada em diversos municípios, por falta de
imunizantes. A importação de vacinas prontas e a liberação do imunizante
russo Sputnik V, produzido aqui no Brasil por um laboratório privado,
continuam a mesma novela.
No Senado, Pazuello prometeu que 50% da população estará vacinada até
junho e mais 50% até dezembro, mas não disse como. O depoimento do
general foi sofrível, com informações erradas, afirmações não
comprovadas e promessas sem amparo objetivo. O esforço dos aliados do
governo no Senado para evitar a instalação de uma Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) da Saúde pode fracassar por causa do desempenho de
Pazuello. Por mais boa vontade que tenha o novo presidente do Senado,
Rodrigo Pacheco (DEM-MG), será muito difícil não instalar a comissão, a
não ser que o governo consiga convencer pelo menos quatro dos 31
senadores que assinaram o requerimento a desistirem da CPI.
A CPI da Saúde é uma saia justa para o senador Rodrigo Pacheco. O
líder da bancada do MDB, Eduardo Braga (AM), que foi governador do
Amazonas, fez duros questionamentos a Pazuello. Disse que alertou o
ministro da Saúde pessoalmente, em dezembro, sobre o risco de colapso em
Manaus. A morte de senador José Maranhão, que tinha amplo trânsito
entre os colegas, aumentou ainda mais o trauma. Pacheco tenta evitar a
CPI, mas é cobrado pela oposição, que também o apoiou na eleição, como é
o caso do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento
de CPI. [o senador do Amapá é um ZERO À ESQUERDA em termos de liderança política. Sua única atuação é apresentar denúncias, especialmente contra o governo, e que somem = não se sustentam.]
Auxílio
Diante da crise sanitária, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, ontem,
que pretende prorrogar o auxílio emergencial por mais três ou quatro
meses, para mitigar o impacto da pandemia. A falta de vacinas fará com
que a crise sanitária se arraste o ano todo, com forte impacto nas
atividades econômicas, em decorrência do desemprego e da recessão. Por
essa razão, Bolsonaro deseja conceder o abono. Ao contrário do que
aconteceu no ano passado, quando sua aprovação popular aumentou, por
causa do abono, em janeiro, com o fim do auxílio emergencial, a
popularidade dele decaiu.
Ontem, o presidente da República anunciou que pretende prorrogá-lo,
provavelmente, com parcelas de R$ 200, mas precisa encontrar uma fonte
de receita para não estourar o teto de gastos. Por ora, não há recursos
no Orçamento. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já cobrou uma
definição do governo. O Centrão e a oposição querem aprovar o abono,
mas não a criação de um imposto. Preferem, se for o caso, furar o teto
de gastos, porém, a equipe econômica não aceita. [na conjuntura atual a aceitação da equipe econômica ou não, em nada influi.
Se auxiliar milhões de brasileiros a sobreviverem, com o mínimo possível, aos malefícios da pandemia, não justificar furar o teto de gastos.
Gastar milhões para enterrá-los, justifica?
É preciso que os inimigos do presidente Bolsonaro, assumidamente, inimigos do Brasil, aceitem que o Brasil enfrenta uma pandemia e certas prioridades, válidas em tempos não pandêmicos, não se justificam.
Quando tais pessoas aceitarem que os tempos não são para fazer oposição gratuita e burra ao governo do capitão, e sim formar ao lado para reerguer o Brasil possibilitando uma melhora da situação - especialmente para os milhões de brasileiros e brasileiras = crianças, adultos e idosos, homens e mulheres - que se alimentam de cascas de bananas catadas em lixeiras, podemos pensar em um Brasil melhor para todos.] O governo também não
enxuga seus gastos na Esplanada dos Ministérios.