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domingo, 5 de fevereiro de 2023

A lição de Tocqueville

Por que esperar que o Estado resolva todos os nossos problemas?

“Super-ricos pedem para pagar mais imposto”, li em uma matéria. Achei que era brincadeira, mas não. Era uma carta assinada por mais de 200 endinheirados, que causou frisson nos dias festivos de Davos, na Suíça. “Vocês, nossos representantes, tributem a nós, os ricos, e agora!”, diziam nossos “milionários patriotas”, como o grupo se autodenominou, em meio àquele enorme congestionamento de jatinhos, limusines e pregações contra a desigualdade e o aquecimento global. O mais interessante foram as premissas sustentando a ideia. A primeira foi exposta por Owen Jones, um jornalista pop inglês, dizendo que, “em vez de filantropia, os ricos deveriam dar seu dinheiro ao governo, que sabe melhor o que fazer com ele”. Outra era a crença de que dar mais dinheiro ao Estado seria a melhor maneira de “diminuir a desigualdade”, como constava na carta dos bilionários.

Quando lia essas coisas, pensei no Brasil. Fiquei imaginando se vinte bilionários brasileiros (temos 56, na lista da Forbes) tivessem decidido doar 1 bi, cada um, para o governo. O pessoal lá em Miami, meio entediado, entre uma Pol Roger e outra, lendo o artigo de seus colegas globais, e, num lance de entusiasmo, manda recolher um DARF extra de 1 bi, cada um, para o Tesouro Nacional. 
Nosso sábio governo agora tem 20 bilhões a mais para reduzir a desigualdade. 
É basicamente o valor previsto para as emendas de relator, declaradas inconstitucionais pelo STF.  
Quando isso aconteceu, achei que o Congresso e o novo governo iriam abater o valor das emendas do rombo fiscal aprovado na PEC da Transição. Ledo engano. O dinheiro continuou lá, indo para a conta do déficit público. 
 
 Como resultado, cada deputado terá 32 milhões em emendas individuais para distribuir. Nossos gabinetes parlamentares funcionarão como pequenos ministérios, direcionando uma montanha de recursos públicos para os municípios de suas bases eleitorais. 
Podem ser kits de robótica, unidades de saúde, estradas asfaltadas pela metade, um ginásio de grandes proporções para uma cidade de pequeno porte, ou um show sertanejo na festa da cidade.  
Os exemplos não são inventados. Talvez eles atendam às esperanças de Owen Jones e nossos felizes bilionários de que o governo “sabe o que está fazendo”, mas desconfio que seja apenas uma ilusão.

“Por que esperar que o Estado resolva todos os nossos problemas?”

Outro ponto que me chamou a atenção na carta dos milionários foi a ideia de que, além de reduzir as desigualdades, com mais dinheiro para os governos, seria possível melhorar a “qualidade da democracia”. Novamente me lembrei do Brasil. No finalzinho do ano, nossos parlamentares decidiram não apenas se autoconceder um generoso aumento, como aumentar também o vencimento dos ministros do STF, que serve como teto salarial do funcionalismo. O valor vai a mais de 46 000 reais. A votação foi “simbólica”, isto é, sem que ninguém saiba quem votou contra ou a favor. Quanto custará? Há quem fale em 2,5 bilhões de reais. Há quem diga que tocar nesses assuntos é mesquinharia. “Tem de pagar bem mesmo”, me diz um colega. Não discordo. Só tem um detalhe: temos o Parlamento proporcionalmente mais caro do planeta, cada parlamentar custando 528 vezes a renda média do trabalhador brasileiro, como mostrou a pesquisa feita por Luciano de Castro, do IMPA, e outros pesquisadores. E somos também o país que mais põe dinheiro em partidos e campanhas eleitorais. 

Nas últimas eleições, torramos 5 bilhões de reais no fundão eleitoral. Candidatos à reeleição, em regra caciques partidários, com ampla estrutura de campanha, receberam, em média, 1,7 milhão de reais; os novatos, pouco mais de 200 000 reais, e a grande maioria, muito menos. Tudo para gerar maior “equidade” na disputa eleitoral, como por vezes escuto. Os dados são reveladores. Andamos a 1% do PIB acima da média latino-americana em desonerações fiscais. 
Coisas que vão da Zona Franca de Manaus ao subsídio à compra de caminhões, com todas as consequências sabidas, da tabela do frete à ainda recente “bolsa caminhoneiro”, a um custo de 5 bilhões de reais. Cada cifra dessas nos conta a história do “país da meia-en­trada”, na expressão de Marcos Lisboa. Tenho dúvidas sobre se nossos milionários patriotas, lendo essas coisas, perderiam seu ânimo em pedir mais impostos, ao menos no Brasil. Talvez apostassem no autoengano.
Antes de falar em dar mais dinheiro aos governos, o melhor é perguntar como os governos estão gastando o dinheiro de que dispõem. 
 
Nosso maior orçamento setorial é o da saúde, mas se você tiver um problema complicado no joelho vai levar em média quatro anos para uma avaliação cirúrgica pelo SUS. 
O segundo é o da educação, e nossos alunos da escola pública ocupam as últimas posições no PISA, a cada três anos. Então é preciso cuidado. Antes de fazer graça em Davos, seria interessante saber se a ação do governo, fora do mundo retórico, está mesmo reduzindo a desigualdade.
 
Outra questão: por que esperar que o Estado resolva todos os nossos problemas, em vez da tomada de iniciativa pelos cidadãos? 
Eduardo Lyra criou o Gerando Falcões desde o zero, e hoje tem uma capacidade ímpar de transformar comunidades pobres. 
Ele poderia ter ido reclamar do governo. Talvez tivesse virado um político. A questão vale especialmente para nossos bem-intencionados milionários. Em vez de correr atrás do governo, por que não fazer como Andrew Carnegie, no século XIX: usar o dinheiro e a inteligência para produzir mudanças. 
É o que nos diz uma das lições de Alexis Tocqueville, em sua famosa viagem à América. Ele se surpreendeu com o que chamou de “autogoverno em pequena escala”. A incrível capacidade que as pessoas tinham em se associar. “Os americanos”, ele diz, associam-se para “fundar escolas, igrejas, difundir livros, construir prisões e hospitais”.
Assistiu a milhares de americanos, preocupados com o alcoolismo, conectando-se para promover a abstinência às bebidas. 
E provocou: “Na França, eles teriam ido exigir que o governo vigiasse as tabernas”. Lá se vão 200 anos, e parecemos não ter aprendido a lição.
 
No Brasil, porém, há sinais positivos. Tempos atrás conheci o Inteli, uma faculdade de alta tecnologia, em São Paulo, sem fins lucrativos, criada pela iniciativa de dois líderes empresariais, com a maior parte de alunos bolsistas. Eles teriam feito melhor indo ao governo exigir mais impostos? Não creio. Os exemplos estão aí.  
O Museu do Ipiranga foi recuperado com mais de 180 milhões de reais oriundos do setor privado, o mesmo acontecendo com a nova fábrica de vacinas do Butantan
O valor somado das doações é menor do que o subsídio dado pelo governo estadual para sustentar pedágios no ano passado. Doações, de um lado; “racionalidade política”, de outro. Deveríamos aprender. Evitar o autoengano do Estado e as ilusões da política. 
E de quebra dar escala às iniciativas da sociedade civil. De forma que também possamos ser uma terra de doadores, na qual a “arte da associação”, como sugeria Tocqueville, em sua viagem, seja vista como uma virtude, e cultivada desde a formação que todos recebemos.

Fernando Schüler é cientista político e professor do Insper

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA,  edição nº 2826, de 1º de fevereiro de 2023


domingo, 26 de junho de 2022

Butantan suspende produção de CoronaVac


Instituto interrompeu fabricação por falta de demanda 

© Fornecido por RedeTV!

O Instituto Butantan anunciou neste sábado (25), a suspensão na produção da vacina Coronavac contra a covid-19, por falta de demanda. 

O Butantan entregou ao Ministério da Saúde, cerca de 110 milhões de doses, produzidas em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

O último lote do imunizante foi produzido em outubro, e a última entrega ocorreu em fevereiro deste ano.


sábado, 4 de setembro de 2021

Anvisa proíbe uso de doses da vacina CoronaVac envasadas em fábrica que não passou por inspeção - O Globo

Cerca de 12,1 milhões de doses já enviadas ao Programa Nacional de Imunizações tiveram parte do processo em local não autorizado; em ofício enviado à Anvisa e obtido pelo GLOBO, Butantan argumenta que doses não apresentam riscos à população

Cerca de 12 milhões de doses da vacina Coronavac produzidas na China, e já enviadas ao governo brasileiro, foram envasadas por um laboratório que não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para atuar no processo. O problema foi constatado pelo Butantan, responsável pela distribuição do produto em território nacional, e comunicado na noite desta sexta-feira à agência reguladora. Diante do fato, a Anvisa determinou, neste sábado, a interdição cautelar dos lotes da vacina, proibindo a distribuição e uso dos imunizantes que foram envasados em local não autorizado. Após ser procurada pelo GLOBO, a agência soltou uma nota à imprensa informando sobre o fato.
[é joãozinho seus ex-amigos da Covidão já estão avaliando  te convocar para depor na Covidão - governador não pode, mas se tratando de vacina envasada  ilegalmente, eles vão conseguir te convocar. tu tá ...
os três senadores que mandam na CPI já estão preparando uma notícia-crime contra você, joãozinho, que entregarão no STF dia 8 - data em que os ministros do STF pretendem retornar ao DF.]

Todos os imunizantes utilizados no país devem atender aos critérios estabelecidos pela Anvisa, sob risco de comprometimento da eficácia e segurança das doses. Essas 12,1 milhões de unidades já foram encaminhadas ao Plano Nacional de Imunização (PNI). Não se sabe, porém, quantas foram aplicadas Brasil afora.  "Nesses termos, a vacina envasada em local não aprovado na Autorização de Uso Emergencial configura-se em produto não regularizado junto à Anvisa. Desta feita, torna-se essencial a atuação da Anvisa com o intuito de mitigar um possível risco sanitário", diz nota da agência divulgada após ser questionada pela reportagem.

A agência disse ainda que avaliou a documentação apresentada pelo Butantan e "consultou as bases de dados internacionais em busca de informações acerca das condições de boas práticas de fabricação da empresa responsável pelo envase desses lotes e até o momento não localizou nenhum relatório de inspeção emitido por outras autoridades de referência".

Mais doses devem chegar com o mesmo problema, diz Butantan

O GLOBO teve acesso com exclusividade ao ofício enviado pelo presidente do Butantan, Dimas Covas, à Anvisa, na noite desta sexta-feira. Além de relatar o ocorrido, Dimas alerta que devem chegar ao Brasil em breve outras 9 milhões de vacinas na mesma situação e solicita à agência autorização para usar ambos os lotes em caráter excepcional. De acordo com o comunicado, técnicos do Butantan analisaram as informações disponíveis nos lotes e constataram que, apesar de terem sido acondicionados por uma unidade que não recebeu chancela da Anvisa, eles não apresentam riscos à população.[o Butantan entre em seara alheia = quem avalia risco sanitário de fármacos, incluindo vacinas, é a ANVISA.]  "Para dar suporte a esta solicitação de excepcionalidade, a equipe de Assuntos Regulatórios e Qualidade do Instituto avaliaram as documentações relacionadas ao produto envasado neste novo site, e entendem que os resultados são satisfatórios quanto aos aspectos de segurança e qualidade da referida vacina", diz o documento, que pede urgência por parte da Anvisa.

No documento, Dimas Covas detalha que, no dia 1º de setembro, o departamento de assuntos regulatórios do instituto identificou que o laboratório chinês Sinovac, onde é fabricada a matéria-prima da Coronavac, havia enviado lotes de vacinas envasadas em uma fábrica não aprovada pela Anvisa. Ele acrescenta ainda que comunicaria o Ministério da Saúde sobre o caso. Covas destaca, porém, que o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) usado para a fabricação foi feito em fábrica certificada pela agência. "Estamos enviando à Coordenação do Programa Nacional de Imunização (PNI do Ministério da Saúde) este mesmo comunicado, para que as devidas providências sejam tomadas em relação aos lotes envasados no novo site, que já foram distribuídos", diz um trecho do ofício.

No caso em questão, o próprio Butantan informou à Anvisa que vacinas foram envasadas numa "unidade fabril não inspecionada e aprovada pela Anvisa", ou seja, o estabelecimento responsável pela última etapa do processo nem sequer passou pelo escrutínio da agência. O ofício traz em anexo uma declaração da Sinovac afirmando que o produto biológico a granel para produção da vacina foi produzidos na fábrica Tianfu, em Pequim, que tem autorização da Anvisa, mas que o envase foi feito na planta fabril de Yongda, também em Pequim. Esta última não passou pela inspeção da agência.

Como procedimento padrão, antes de conceder registro para uma vacina a ser distribuída no Brasil, a agência reguladora envia uma missão de técnicos ao país de origem para verificar se todas as unidades que participam da escala de produção atendem às exigência a autoridade sanitária brasileira.

No ano passado, a Anvisa enviou uma comitiva à China para realizar a inspeção das plantas fabris envolvidas no processo de produção de vacina. Na missão, os técnicos da Anvisa verificaram a estrutura da área de produção, armazenamento e dos laboratórios de controle de qualidade e analisaram se a fábrica atendia aos padrões da legislação brasileira.

O fato de a Anvisa não ter inspecionado a fábrica que atuou no processo de envase  impossibilita a agência de garantir que essa parte da produção foi executada com segurança. Nesse trecho do processo, as vacinas podem ficar suscetíveis à contaminação, a erros no volume e proporções das doses, entre outros fatores.

Em nota anterior enviado ao GLOBO na manhã deste sábado, antes da decisão cautelar, a Anvisa confirmou que o tema foi tratado em reunião da agência e disse que "as equipes técnicas da Anvisa estão trabalhando na análise de todas as informações para entender o caso e as medidas a serem tomadas."

O GLOBO questionou o Butantan e o Ministério da Saúde sobre o tema, mas ainda não obteve resposta.

Veja o número dos lotes retidos

Lotes já distribuídos (12.113.934 doses):

• IB: 202107101H, 202107102H, 202107103H, 202107104H, 202108108H, 202108109H, 202108110H, 202108111H, 202108112H, 202108113H, 202108114H, 202108115H, 202108116H e L202106038.

• SES/SP: J202106025, J202106029, J202106030, J202106031, J202106032, J202106033, H202106042, H202106043, H202106044, J202106039, L202106048.

Lotes em tramitação de envio e liberação ao Brasil (9.000.000 doses):

• IB: 202108116H, 202108117H, 202108125H, 202108126H, 202108127H, 202108128H, 202108129H, 202108168H, 202108169H, 202108170H, 2021081701K, 202108130H, 202108131H, 202108171K, 202108132H, 202108133H, 202108134H

Saúde - Medicina - O Globo

 

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Personagens e situações obscuras - Alon Feuerwerker

Análise Política

Quando o Supremo Tribunal Federal arbitrou que governadores e prefeitos teriam autonomia para decidir sobre medidas de distanciamento e isolamento social, retirou uma parte do poder do presidente da República. Mas abriu-lhe, indiretamente, um caminho alternativo potencialmente promissor: ofereceu ao governo federal a oportunidade de concentrar-se no tema das vacinas.[enfatizando que a vacina só se tornou eficaz - mediante sua inoculação no braço das pessoas - em 8 dezembro 2020, no Reino Unido. Ainda que o Brasil se esforçasse ao máximo, não conseguiria imunizar uma única pessoa antes daquela data. 
Aliás, a desastrosa decisão do STF - tão incoerente que se fosse possível a Suprema Corte decidiria "esqueçam, o que decidimos sobre autonomia das 'autoridades locais' e todo o resto  que nos vincule ao tema". A CPI Covidão, mais dia menos dia, terá que se debruçar sobre o tema e comprometer as 'autoridades locais'  e muitas outras.
A decisão foi tão sem sentido, que ainda hoje permanece válido o enigma: ' como é possível dar autoridade total ao Poder Executivo da União para coordenar as ações de combate à covid-19,desde que respeitando o decidido pelas autoridades locais? acrescentamos: que diabo de autoridade total é esta que depende da concordância dos terceiros envolvidos?]

Pelo que se vê até o momento da Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19, o Planalto não apenas aproveitou mal a possibilidade, mas, na melhor das hipóteses, deixou florescer um ecossistema entrópico em assunto tão importante. Daí a emergência no noticiário de um amontoado de personagens obscuros apanhados em situações idem. Já se podia antever, e foi antevisto, pelo menos desde outubro do ano passado: se o governo escorregasse no assunto das vacinas cometeria um erro político de consequências potencialmente graves (“Salada indigesta”). Para quem quis enxergar, o sinal amarelo acendeu quando o presidente reagiu biliosamente ao anúncio de que o Ministério da Saúde compraria a CoronaVac.

Aliás o Brasil vive uma situação surreal: o governo federal acabou decidindo gastar bilhões com ela, que hoje está no braço de metade dos imunizados, mas quem fatura politicamente são os governadores, enquanto o entorno presidencial continua falando mal da vacina chinesa do Butantan. Mesmo que todos os estudos comprovem a eficácia dela.

E não é só com a vacina da Sinovac. Um problema menos alardeado é a inexplicável demora para a aprovação do uso maciço por aqui da russa Sputnik V. Outra bem eficaz. Neste caso, nota-se uma curiosa aliança entre a direita saudosa da guerra fria e a esquerda corporativista que, na dúvida, toma as dores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Estivesse a CPI realmente tão preocupada em salvar vidas quanto em emparedar o governo, e a Anvisa já estaria faz tempo dançando em chapa quente por causa da Sputnik V. A vacinação brasileira contra a Covid-19 vai razoavelmente, mas poderia estar indo melhor. Velocidade é fundamental, também por causa da corrida contra as novas cepas. E o Brasil tem estrutura para vacinar diariamente pelo menos o dobro do que está conseguindo imunizar hoje, inclusive pela verificada e crescente adesão popular.

Não é engenharia de obra pronta, porque vem sendo dito desde sempre: a única política razoável sobre vacinas é trazer todas, na maior quantidade possível, e no menor prazo possível. Claro que demandas assim superaquecidas ensejam risco de maus modos administrativos, e também por isso é necessário centralizar e adotar transparência máxima.

O governo federal carrega o mérito de ter buscado nacionalizar a produção da AstraZeneca na Fiocruz, mas errou em dois aspectos estratégicos: confiou na política de uma só vacina e não cuidou adequadamente de ter vacinas aqui em grande quantidade no curtíssimo prazo. Este segundo ponto foi fatal quando a segunda onda veio como um tsunami a partir de Manaus.

É a típica situação em que o acúmulo de erros acaba impedindo a capitalização política. 
Todas as pesquisas mostram que o eleitorado 1) está mais otimista quanto ao controle da epidemia e 2) credita em boa medida a vacinação ao Ministério da Saúde. 
Enquanto isso, o presidente da República vive seu momento mais crítico, na popularidade e na política. [popularidade agora é o que menos importa; o que conta mesmo é em 2022, teclar BOLSONARO e CONFIRMA - de preferência com o VOTO IMPRESSO impedindo fraudes mediante desvio de votos.]
 
Alon Feuerwerker,  jornalista e analista político 
 

 

domingo, 6 de junho de 2021

Ramos diz que Mandetta aterrorizou STF com previsão de 400 mil mortos - Blog do Josias

Ramos diz que Mandetta aterrorizou STF com previsão de 400 mil mortos ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2021/06/06/ramos-diz-que-mandetta-aterrorizou-stf-com-previsao-de-400-mil-mortos.htm?cmpid=copiaecola
Crítico das medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos, o general Luiz Eduardo Ramos, chefe da Casa Civil, acha que os ministros do Supremo Tribunal Federal estavam aterrorizados quando reconheceram os poderes de estados e municípios para agir na pandemia. Atribuiu o pânico a Henrique Mandetta. Em entrevista ao jornal O Globo, o general contou que, em reunião na Suprema Corte, Mandetta previu que a Covid-19 mataria "400 mil pessoas" no Brasil.... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2021/06/06/ramos-diz-que-mandetta-aterrorizou-stf-com-previsao-de-400-mil-mortos.htm?cmpid=copiaecola

Crítico das medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos, o general Luiz Eduardo Ramos, chefe da Casa Civil, acha que os ministros do Supremo Tribunal Federal estavam aterrorizados quando reconheceram os poderes de estados e municípios para agir na pandemia. Atribuiu o pânico a Henrique Mandetta. Em entrevista ao jornal O Globo, o general contou que, em reunião na Suprema Corte, Mandetta previu que a Covid-19 mataria "400 mil pessoas" no Brasil. [fosse Mandetta apoiador de Bolsonaro, teria sido preso por espalhar notícias aterrorizantes; Só que apesar de na época ser ministro de Bolsonaro todos o viam como um traidor do capitão.

Mandetta foi conservador em seu vaticínio. O número de mortos já ultrapassou a casa dos 470 mil. Mas Ramos parece analisar os fatos como se vivesse uma realidade paralela. "Se sou ministro do Supremo e vejo aquilo ali, fico assustado", disse o general. "Faltou um debate. Faltou a gente conversar. Não houve isso. Foi goela abaixo." Segundo o relato de Ramos, o advogado-geral da União André Mendonça testemunhou a conversa de Mandetta com os ministros do Supremo. Definiu o encontro como "uma sessão de terror." Sobre a constante ameaça de Bolsonaro de editar um decreto para suspender as restrições baixadas por governadores e prefeitos, Ramos ecoou o chefe: "É prerrogativa dele. E ele usa isso dentro das quatro linhas da Constituição, que, em seu artigo 5º, garante o direito de ir e vir."

O general desconsidera a necessidade de tomar o texto constitucional como um todo, não em fatias. Não há bem jurídico mais valioso do que a vida. E a Constituição praticamente ordena aos gestores públicos que adotem restrições contra o vírus ao informar, no artigo 196, que a saúde é "direito de todos e dever de União, estados e municípios." Instado a falar sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, Ramos Ramos declarou que "há um uso demasiado político da CPI, para atingir o presidente Bolsonaro." Acrescentou: "Não vão conseguir porque o presidente fez a coisa correta." Faltou definir o que é correto. 
A correção estaria na aposta que o presidente fez nos poderes curativos da cloroquina? 
Foi correto retardar a compra de vacinas? [não houve nenhuma ação do governo Bolsonaro buscando retardar a compra de vacinas.
Mais uma vez vamos ser recorrentes:
- o próprio Dimas disse quando depôs na CPI Covidão que na ocasião da oferta pelo Butantan ao governo Bolsonaro  de 50 milhões de doses da CoronaVac, o imunizante estava em desenvolvimento e não tinha autorização da Anvisa = quando um produto está em desenvolvimento, especialmente se tratando de medicamento, não pode ser considerado DISPONÍVEL PARA USO. Além do mais a legislação proíbe a venda em territórios nacionais de fármacos não autorizados pela Anvisa.
 
- quanto ao imunizante da Pfizer, ainda que esqueçamos as cláusulas abusivas, draconianas, que a farmacêutica tentou impor ao Brasil, aquele imunizando não estava disponível no Brasil, e por exigir, na ocasião, a temperatura de -75º C para armazenamento e transporte seguro, era o produto da Pfizer o mais inadequado  par ao Brasil, tendo em conta que temperaturas entre 30ºC a 40ºC são as predominantes no Brasil. Só este ano, em abril ou maio foi que a farmacêutica reduziu a necessidade de frio extremo para armazenar suas vacinas.
COMPRAR O QUE NÃO EXISTIA no caso da  CoronaVac - de época em que começou a fabricar o imunizante até o inicio de junho/2021 o Butantan havia produzido 47.000.000 de doses - seria, para dizer o mínimo uma irresponsabilidade do governo do capitão; 
COMPRAR O QUE NÃO EXISTIA E NÃO TINHA CONDIÇÕES DE ARMAZENAR, seria uma irresponsabilidade do governo Bolsonaro.]
Onde começa a correção e termina a negligência na na recusa em adquirir os 130 milhões de doses oferecidos pela Pfizer e pelo Butantan em agosto de 2020, com entregas a partir de dezembro? 

No país alternativo em que o general Ramos decidiu viver, o colega de farda Eduardo Pazuello fez uma boa gestão no Ministério da Saúde. "O Pazuello fez o trabalho que podia fazer dentro das condições. A gestão dos estados, o problema no oxigênio... Pergunto o seguinte: na história dessa pandemia, onde estão os prefeitos? Onde estão os governadores? Os secretários municipais de Saúde, os secretários estaduais? Foi tudo o Pazuello? É fácil culpar uma pessoa. Vários erros cometidos." De fato, o raciocínio do general comprova que é mais fácil gastar saliva e energia terceirizando culpas do que resolvendo os problemas. O chefe da Casa Civil de Bolsonaro revelou-se capaz de tudo na entrevista, só não conseguiu descer do Mundo da Lua.

O governo rendeu-se ao centrão. Mas o general rebatizou o fisiologismo. Chama a promiscuidade de alinhamento. "Não é velha política. [Antes] era toma lá, dá cá. Eu te dou um cargo, você vai fazer isso pra mim. Havia desvios de recursos. No governo Bolsonaro não foi assim. Foi um alinhamento de base para poder permitir votações. [...] Quem está alinhado ao governo tem direito a ter espaço no governo. Não foi toma lá, dá cá. Foi uma decisão do presidente, e acertada." 

A impunidade assegurada pelo Exército a Pazuello enviou para a lata do lixo as regras que proíbem militares de participar de atos políticos. Mas Ramos sustenta que Pazuello estava fantasiado de paisano quando virou um general de palanque. "O general Pazuello estava ali como civil. [...] O presidente da República é o comandante supremo das Forças Armadas. Isso tem que ficar bem claro. Ele é o comandante supremo. Trocou o ministro da Defesa, trocou os comandantes..." Então, tá!...[se o respeitável articulista ler com atenção, e imparcialidade, o Capítulo II do RDE, há de concordar que Pazuello não cometeu nenhuma transgressão disciplinar -  a aplicação do recurso JUSTIFICAÇÃO previsto no RDE - favorece o ex-ministro da Saúde.

 

Josias de Souza, jornalista - Blog do Josias - UOL

 

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Brasil, Indonésia - Alon Feuerwerker

 Análise Política 

[Notícias excelentes; maravilhosas perspectivas - o que complica é que falta a vacina.]

O Instituto Butantan completou a entrega das 46 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde (leia), correspondentes ao primeiro contrato. O desafio agora é produzir e distribuir as 56 milhões de doses relativas ao segundo contrato, para completar as 100 milhões de doses previstas para essa vacina. 

Aparentemente há atraso no embarque de insumos da China para o Brasil, e o governo de São Paulo diz que o problema é político.Já na Indonésia, um levantamento feito com profissionais de saúde imunizados com as duas doses de CoronaVac indicou que a vacina, igual à do Butantan, apresenta-se 98% eficaz para evitar mortes pela Covid-19. E 96% na prevenção de hospitalização.

Esses números têm variado bastante de estudo para estudo no caso da CoronaVac, como tb em outras vacinas. De todo modo, o índice indonésio agora divulgado é uma ótima notícia.E está em linha com estudo publicado há um mês na Lancet (leia).
 

Alon Feuerwerker, analista e jornalista político.


sábado, 8 de maio de 2021

Vacinas - A patente não é o obstáculo

Vamos supor que a Organização Mundial da Saúde, com apoio dos países ricos e poderosos, decretasse hoje a quebra de todas as patentes de vacinas contra a Covid-19. O que aconteceria? Aumentaria a produção? A resposta é não.

No curto prazo, a carência de vacinas não tem nada a ver com patentes. Simplesmente, não há capacidade de produção na escala necessária para atender ao mundo. Faltam fábricas e insumos — o que não é surpreendente. Afinal, de um momento para outro, passou a existir uma demanda global de vacinas para a qual a economia global não estava preparada.

De outro lado, e simplificando, há dois tipos de vacinas. Aquelas feitas com tecnologias conhecidas há tempos, como a CoronaVac, uma progressão em relação às vacinas contra a gripe. E há outras, de novíssima tecnologia, como aquela inventada pela alemã BioNTech, fabricada e distribuída pela Pfizer.

No caso das primeiras, já está ocorrendo uma abertura. O fabricante chinês transferiu tecnologia e licenciou o Butantan, antigo produtor de vacinas antigripais, para produzir aqui a CoronaVac. Do mesmo modo, o complexo Oxford/AstraZeneca se relacionou com a Fiocruz. Portanto, a carência dessas vacinas por aqui não decorre das patentes, mas da falta de insumos e capacidade produtiva. E por que não temos isso? É o preço de anos sem investimentos públicos e sem estímulos ao investimento privado em tecnologias de ponta.

Um dos problemas brasileiros é justamente a dificuldade de obter a patente — a proteção do direito intelectual — e mantê-la. A regra do jogo mundial na tecnologia de ponta é a proteção da invenção. Sem isso, não há investimento privado e os governos, como sabemos, são incapazes de substituí-lo. Sim, há governos que apoiam as pesquisas científicas, mas os medicamentos e vacinas revolucionários são de autoria de companhias privadas. Há dez anos, a vacina da BioNTech era apenas uma ideia de dois cientistas, donos de uma startup. Como parecia uma ideia boa, a pequena companhia recebeu seguidos aportes de capital privado e entregou a vacina no momento em que o mundo precisou.

Teve um excelente lucro no primeiro trimestre deste ano, que paga os investimentos feitos ao longo de anos. Se a patente for quebrada, isso lança um péssimo sinal para todo o setor farmacêutico. E não teremos vacinas tão boas e tão a tempo na próxima pandemia.  Além disso, se quebrada a patente das vacinas de alta tecnologia, também não acontece nada de imediato. Não existem laboratórios e pessoal capacitado para essa novidade.  Ou seja, danem-se os pobres?

Vamos falar francamente: não é isso mesmo que está acontecendo? Dito de outro modo: é um imperativo moral que os governos e as instituições internacionais se movam para prover vacinas ao mundo todo. A resposta americana suspensão provisória das patentes — parece mais uma jogada política interna e externa. Interna, porque com isso Joe Biden fala com a ala esquerda de seu Partido Democrata. E externa, para mostrar, digamos, solidariedade.[sem contar a sujeira, típica da maldita esquerda, que o presidente americano praticou = parágrafo adiante.]

Mas vários líderes europeus, como Macron e Merkel, foram direto ao ponto: os EUA só fizeram isso depois de ter garantido doses para sua população, seguindo uma política que proíbe a exportação de vacinas e insumos. Nesse caso, comportamento humanitário é o da União Europeia, que já exportou mais de 200 milhões de doses, mesmo não tendo garantido seu próprio abastecimento.  Exportar, bem entendido, não é apenas um gesto humanitário. Trata-se de uma pandemia, de modo que nenhum país estará inteiramente imune se os outros não estiverem.

Tudo considerado, é preciso, sim, uma ação concertada de governos para levar as detentoras de vacinas a licenciar o maior número possível de laboratórios, onde houver, e transferir tecnologia básica; e a negociar preços menores para os países mais pobres. Também se deveria obrigar os países que têm sobra de vacinas a exportá-las ou a doá-las aos mais pobres.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista 

Matéria publicada em O Globo

 

 

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Mais vacinas: a oferta de laboratórios ligados ao agronegócio depende da Anvisa - O Estado de S. Paulo

Indústrias que se comprometem a suspender a fabricação da sua linha regular – contra febre aftosa, por exemplo – estimam que poderiam produzir 400 milhões de doses ao longo de 90 dias

É raro ouvir alguma coisa boa a respeito de covid-19 no Brasil de hojea conversa, quase o tempo todo, é sobre recordes no número de mortos, projeções de fim do mundo em modo extremo, ameaças de “fecha tudo” cada vez mais agressivas, a inépcia dos comitês de burocratas-“cientistas” encarregados de gerir a epidemia nos governos “locais” e por aí afora. 
É um notável alívio, assim, ver que na área da vacinação as notícias são positivas. Dois meses depois de aplicada a primeira vacina, o Brasil está demonstrando, sim, que é capaz de fazer com eficiência um trabalho de vacinação em massa contra a covid.

Com as vacinas distribuídas pelo Ministério da Saúde, tanto as produzidas no Instituto Butantan de São Paulo e na Fiocruz do Rio de Janeiro, como as importadas - e todas elas aplicadas pelos serviços médicos dos Estados e municípios - o Brasil acaba de completar 9 milhões de vacinados com a segunda dose mais do que a Inglaterra, pioneira da vacinação e um dos grandes produtores mundiais do imunizante. Ao todo, somando-se os mais de 25 milhões que receberam a primeira dose, o país caminha para os 35 milhões de vacinados ou mais de 20% de toda a sua população adulta, descontados os 55 milhões de crianças e jovens até 18 anos.

A competência e a experiência das equipes de vacinadores – poucos países no mundo têm a capacidade de vacinar que foi desenvolvida ao longo dos anos pelo Brasil – garantem que o ritmo da vacinação pode passar, com consistência, de 1 milhão de doses por dia. O principal obstáculo para se fazer coisa melhor do que está sendo feita é a falta física de vacinas, não a capacidade ou organização dos técnicos que fazem a vacinação. No momento, o imunizante só é fabricado em dois lugares, o Butantan e a Fiocruz - e, além disso, depende da importação de matéria prima. Só meia dúzia de países até agora fazem o processo todo; a disponibilidade mundial, com uma população próxima aos 8 bilhões de pessoas, é forçosamente limitada.

Essa questão pode ser praticamente resolvida se for aprovada a permissão para que os laboratórios brasileiros que fornecem vacinas ao agronegócio recebam licença para fabricar e vender o imunizante da covid. Trata-se de gigantes na área da bioquímica, entre eles nomes como Merck Sharp & Dohme ou Boehringer, que há anos produzem vacinas de alta qualidade em suas fábricas no Brasil - e que poderiam multiplicar dramaticamente a oferta de doses para combater a covid.

As indústrias, que se comprometem a suspender a fabricação da sua linha regular – febre aftosa, por exemplo, praticamente extinta no Brasil com a aplicação regular e maciça de vacinas – estimam que poderiam produzir 400 milhões de doses ao longo de 90 dias; o Ministério da Saúde acha que não é tudo isso, calculando que seria preciso talvez o dobro do tempo, ou pelo menos quatro meses, para se chegar a esses volumes.

Em todo caso, é certo que a capacidade de produção existe, e está instalada. É necessário, agora, que a Anvisa aprove a vacina, com todos os requerimentos exigidos das vacinas que já vêm sendo aplicadas - e que os laboratórios recebam a licença de transferência de tecnologia para a produção do ingrediente farmacêutico ativo que está na base do imunizante.

O Brasil se juntará, então, ao fechado clube dos produtores; poderá, mesmo, tornar-se um exportador. Não é apenas uma boa notícia. É a melhor perspectiva aberta para o país desde o início desta tragédia.

J.R. Guzzo, jornalista - O Estado de S. Paulo

 

segunda-feira, 8 de março de 2021

Povão começa a reagir aos “covideiros”? - Jorge Serrão

Edição do Alerta Total

Não basta mais usar máscara. O sistema midiático de geração de amedrontamento agora recomenda que você use duas máscaras. Quem quiser vesti-las, junto com um face shield (aquele protetor de face, de plástico), melhor ainda. A ordem (ops, recomendação) vem sempre acompanhada da mensagem: “A orientação é da Organização Mundial da Saúde”.  Ou seja, quem não obedecer é transformado, automaticamente, em inimigo mortal da saúde pública. Ganha o rótulo de negacionista. A pecha simplista de fascista. Por tal lógica, precisa ser reprimido duramente pelas forças estatais de vigilância. Assim, a repressão e a supressão da liberdade ganham ares de “normalidade” e pretensa “legitimidade”. Tudo em nome de “uma boa causa humanitária”. Impossível maior cinismo pragmático...

A narrativa continua a mesma. O pandemônio, também. A maioria foi convencida a tomar vacina. O problema, previsível, acontece. Continua faltando vacina para todo mundo. A oposição perdida e sua midia abestada jogam a culpa em Odorico Paraguaçu (ops, Jair Bolsonaro).   Só que ele não é o fabricante da vacina, nem o comerciante que lucra com sua venda em massa. Os megalaboratórios priorizaram os países do Primeiro Mundo, onde vivem seus acionistas controladores, que querem dividendos, mas, antes de tudo, imunização. 
Os habitantes do Terceiro Mundo dependem do fornecimento pela China e Índia. 
Nossos laboratórios estatais Butantan e Fiocruz não têm capacidade produtiva suficiente, além de dependerem dos insumos vindos do exterior.

Sem vacina suficiente, sem leitos de UTI que nunca tivemos de sobra (nem nos hospitais particulares caríssimos), os hospitais seguem sobrecarregados. 

Assim, a narrativa volta a se concentrar no “use máscaras (agora duas)”, no “mantenha distanciamento social”, no “Fique em casa” e, na mais terrível e falsa alternativa, o tal do “Lockdown” (em livre tradução Tabajara: “fecha a porra toda, e dane-se quem precisa trabalhar, produzir, gerar emprego e pagar impostos sem fim”. Governadores e Prefeitos seguem ditando as ordens, como determina a Constituição, reforçada pela interpretação do Supremo Tribunal Federal.

O Monstro do Lockdown (já solicitamos uma entrevista oficial a ele) segue reinando. A maioria dos lojistas não teve outro jeito, senão aceitar a repressão estatal, só permitindo o regime de comércio semi-aberto para entrega (que fica mais bonito chamar de Delivery)
Até a Organização Mundial da Saúde já advertiu que o lockdown tem pouca eficácia prática, a não ser permitir um descanso dos profissionais de saúde sobrecarregados de trabalho. 
O curioso é que o lockdown vale para o comércio, porém a regra não se aplica, na prática, aos transportes públicos superlotados, sobretudo nas grandes cidades.

Por causa dessa contradição mal resolvida, os segmentos mais revoltados da população começam a reagir. Partem para protestos na porta das mansões (ops, residências) dos governadores e prefeitos. Alguns dos dirigentes reagem truculentamente. O governador de São Paulo, por exemplo, ameaça processar quem reclama dele. Parecem de guerra (ou de uma operação militar de alta envergadura) as imagens de dezenas de viaturas e motos cercando o quarteirão no qual mora João Dória, em um riquíssimo bairro de São Paulo. Até a vizinhança está bronqueada com ele. Tanto que um vizinho filmou a suposta festa dada pelo filho de Dória no fim de semana. Ele alega que foi apenas música alta. Só que ninguém acredita… A calça apertou ainda mais…


Os “covideiros” já estão com as barbas de molho. O povão começa a reagir às narrativas absolutamente falsas que não encontram respaldo na realidade prática da vida. Infelizmente, a terrível doença segue presente e deve continuar a pleno vapor, porque a vacinação ainda é lenta e seus resultados reais ainda carecem de comprovação estatística e científica, por mais que a propaganda oficial e médico-farmacêutica diga que o remédio funciona. Desta forma, a população prossegue refém do medo, da incompetência estatal e das incertezas econômicas geradas pelos “lockdowns”.

Dica segura? Beba água, tome sol (vitamina D), consuma alimentos com vitamina C, mantenha a higiene pessoal e evite, ao máximo, aglomerações, principalmente em espaços públicos lotados, sujos e inseguros.  
No mais, é torcer para o Covidão não te pegar. O Monstro do Lockdown já te pegou. Cedo ou tarde você sentirá os desastrosos efeitos econômicos. O cinismo pragmático e o medo seguem ganhando de goleada. O Bem Amado Odorico que se cuide!

No mais, vamos celebrar o Dia Internacional da Mulher - que deveria ser todo dia. Mas quem quiser comemorar o Dia Internacional do Homem (não sei que dia é) [uma colega acaba de dizer que é o 1º de abril - os fundamentos ela não apresentou...basta vestir uma máscara dark do Dart Vader. Afinal, a coisa segue preta...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Como anda a luta pelo poder - Alon Feuerwerker

 Análise Política

Os dois principais acontecimentos políticos ao longo da semana ajudaram a sedimentar a configuração de poder em Brasília a esta altura do agitado mandato presidencial. O desenho passa, naturalmente, pelo presidente da República
pela relação cada vez mais estreita dele com os oficiais-generais da reserva que as crises vão aspirando para a máquina; 
e pelo domínio que hoje se pode chamar de absoluto dos partidos do dito centrão sobre o Congresso Nacional, especialmente sobre a Câmara.

O episódio do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) vem sendo exemplar. O parlamentar entrou numa briga que não era dele, com o objetivo de catapultar musculatura política. Deu tudo errado. Acabou oferecendo ao antes acossado Supremo Tribunal Federal a oportunidade de um contra-ataque no ponto mais vulnerável do front adversário, o Legislativo. Mas isso abriu para o presidente da Câmara uma via rápida de cristalização da autoridade sobre os pares. E atraiu para ele a simpatia de um setor da opinião pública que o via com um pé atrás. Ou, pelo menos, tirou-o momentaneamente da linha de tiro.

O segundo fato, a mudança no comando da Petrobras, ainda em curso, traz ao presidente da República a brecha para, finalmente, colocar uma cunha na, lá atrás, toda poderosa equipe econômica. Erros têm consequências, e a insensibilidade da petroleira diante da possibilidade de sua política de preços provocar uma greve nacional de caminhoneiros acabou custando a cabeça do presidente da estatal. Trocado convenientemente por um general, ex-ministro da Defesa e atual presidente de Itaipu.

Uma greve de caminhoneiros em meio às seriíssimas dificuldades provocadas pela pandemia teria forte potencial de desestabilização. É natural que os adversários desejem e estimulem. E é esperado que o Planalto procure evitar. [evitar até onde for possível; não conseguindo impedir a greve, partir para o desmonte da estrutura.

Presidente Bolsonaro, sabemos que na greve passada várias empresas foram multadas, só que as multas não foram pagas. Cobre as multas, seja duro com os empresários e será mais um ponto contra a greve. 
E encontre uma forma de responsabilizar qualquer inimigo do Brasil,que a pretexto de fazer oposição ao seu governo - legítima desde que limpa, sem jogo sujo - tente atrapalhar seu governo.
E adote o mais rápido possível, providências para começar o processo (longo, por isso um segundo mandato para o presidente que adote as medidas iniciais,se torna necessário) de priorização para ao transporte ferroviário. Transporte  rodoviário só o de distribuição nas cidades.]
 
Vida que segue. Se tudo se passar como habitual no Brasil, haverá ainda alguma turbulência nos dois casos, mas rapidamente o mundo político-jornalístico retornará para o infindável debate sobre as vacinas da Covid-19 e sobre o novo auxílio emergencial, com que nome for. E o Congresso, agora mais arrumado politicamente, não deixará fechar a janela das reformas. 
Que precisarão ser negociadas, claro, mas cuja esperança de aprovação é o respirador a manter acesas duas luzes: a tranquilidade do Legislativo e o protagonismo do ministro da Economia.

Tudo pode desandar, dar errado para o Planalto? Sempre pode, mas a impressão de momento é as melancias continuarem se ajeitando na carroceria do caminhão conforme os solavancos da estrada. Um problema é o encolhimento da popularidade presidencial, causado pela atitude diante da pandemia e pela parada nas medidas de apoio emergencial. Mas em alguns meses estão previstas vacinas abundantes, da Fiocruz e do Butantan. E o Congresso vai acabar dando um jeito no socorro econômico. 

E quedas de popularidade, algo sempre arriscado no Brasil, podem ser mais confortavelmente administradas quando há aliados comandando as casas congressuais. Para o projeto de Bolsonaro, o prestígio dele só precisa estar tinindo daqui a um ano e meio. O risco da popularidade baixa no meio do mandato é atiçar os apetites pelo impeachment. Isso está, no momento, muito distante depois das eleições no Legislativo.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Falta de vacina agrava a crise - Nas entrelinhas

No Senado, Pazuello prometeu que 50% da população estará vacinada até junho e mais 50% até dezembro, mas não disse como. O depoimento do general foi sofrível

A campanha nacional de vacinação deveria se chamar operação vaga-lume, porque não tem vacinas suficientes para imunizar a população de forma contínua, no ritmo necessário para conter a segunda onda da pandemia. Há três semanas, ultrapassamos mais de mil mortes por dia; nos últimos sete dias, em média, foram 1.050 mortos. Entre eles, o senador José Maranhão (MDB-PB), de 87 anos, que estava internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, e lutou 71 dias contra a doença. O Brasil já ultrapassa a marca dos 9,6 milhões de casos e 235 mil mortes por covid-19. [placar sinistro e que cabe um destaque: São Paulo é o estado que mais tem mortos por milhões de habitantes. Se os casos e mortes ocorridos em São Paulo fossem retirados da contagem do Brasil, a média brasileira cairia substancialmente.
São Paulo tem 1.137 mortes por cada milhão de habitantes.
O Brasil tem, incluindo São Paulo,  1.007 mortes por milhão. Excluindo São Paulo, o número cairia para 973  mortes por milhão de habitantes. 
A quantidade total de vítimas seria cerca de 190 mil, bem abaixo das 236 mil atuais.]

Ontem, registramos 1.452 mortes em 24 horas, nível equivalente ao auge da crise no ano passado, em julho. Foi nesse contexto que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, prestou depoimento ao Senado, tentando se explicar sobre suas trapalhadas à frente da pasta, principalmente no caso do colapso do Sistema Único de Saúde (SUS) em Manaus, por falta de oxigênio, e do atraso na aquisição de vacinas, que, agora, estão fazendo falta na campanha de vacinação. [A União Europeia também atrasou na aquisição de vacinas???
 A chefona da UE ameaçou até bloquear o envio de vacinas fabricadas na Bélgica - integrante da UE - para o Reino Unido.] O SUS tem condições de vacinar até 10 milhões de pessoas por dia, por meio de uma grande rede de postos de vacinação e equipes veteranas em campanhas de imunização.

Apenas 4,3 milhões de brasileiros foram vacinados até agora, a maioria, o pessoal da linha de frente do combate ao novo coronavírus e os mais idosos, sendo que 80 mil já receberam a segunda dose. Isso representa apenas 2,4% da população, muito pouco diante da necessidade de vacinar até 70% dos brasileiros para conseguir eliminar a propagação do vírus, o que corresponderia a 146 milhões de pessoas. Por falta de insumos, a produção de vacinas pelo Butantan e pela Fiocruz está numa escala muito baixa e até intermitente, o que acaba desorganizando a vacinação que já estava programada em diversos municípios, por falta de imunizantes. A importação de vacinas prontas e a liberação do imunizante russo Sputnik V, produzido aqui no Brasil por um laboratório privado, continuam a mesma novela.

No Senado, Pazuello prometeu que 50% da população estará vacinada até junho e mais 50% até dezembro, mas não disse como. O depoimento do general foi sofrível, com informações erradas, afirmações não comprovadas e promessas sem amparo objetivo. O esforço dos aliados do governo no Senado para evitar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde pode fracassar por causa do desempenho de Pazuello. Por mais boa vontade que tenha o novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), será muito difícil não instalar a comissão, a não ser que o governo consiga convencer pelo menos quatro dos 31 senadores que assinaram o requerimento a desistirem da CPI.

A CPI da Saúde é uma saia justa para o senador Rodrigo Pacheco. O líder da bancada do MDB, Eduardo Braga (AM), que foi governador do Amazonas, fez duros questionamentos a Pazuello. Disse que alertou o ministro da Saúde pessoalmente, em dezembro, sobre o risco de colapso em Manaus. A morte de senador José Maranhão, que tinha amplo trânsito entre os colegas, aumentou ainda mais o trauma. Pacheco tenta evitar a CPI, mas é cobrado pela oposição, que também o apoiou na eleição, como é o caso do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento de CPI. [o senador do Amapá é um ZERO  À ESQUERDA em termos de liderança política. Sua única atuação é apresentar denúncias, especialmente contra o governo, e que somem = não se sustentam.]

Auxílio
Diante da crise sanitária, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, ontem, que pretende prorrogar o auxílio emergencial por mais três ou quatro meses, para mitigar o impacto da pandemia. A falta de vacinas fará com que a crise sanitária se arraste o ano todo, com forte impacto nas atividades econômicas, em decorrência do desemprego e da recessão. Por essa razão, Bolsonaro deseja conceder o abono. Ao contrário do que aconteceu no ano passado, quando sua aprovação popular aumentou, por causa do abono, em janeiro, com o fim do auxílio emergencial, a popularidade dele decaiu.

Ontem, o presidente da República anunciou que pretende prorrogá-lo, provavelmente, com parcelas de R$ 200, mas precisa encontrar uma fonte de receita para não estourar o teto de gastos. Por ora, não há recursos no Orçamento. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já cobrou uma definição do governo. O Centrão e a oposição querem aprovar o abono, mas não a criação de um imposto. Preferem, se for o caso, furar o teto de gastos, porém, a equipe econômica não aceita. [na conjuntura atual a aceitação da equipe econômica ou não, em nada influi.
Se auxiliar milhões de brasileiros a sobreviverem, com o mínimo possível, aos malefícios da pandemia, não justificar furar o teto de gastos. 
Gastar milhões para enterrá-los, justifica?
É preciso que os inimigos do presidente Bolsonaro, assumidamente, inimigos do Brasil, aceitem que o Brasil enfrenta uma pandemia e certas prioridades,  válidas em tempos não pandêmicos,  não se justificam.
Quando tais pessoas aceitarem que os tempos não são para fazer oposição gratuita e burra ao governo do capitão, e sim  formar ao lado para reerguer o Brasil possibilitando uma melhora da situação -  especialmente para os milhões de brasileiros e brasileiras = crianças, adultos e idosos, homens e mulheres - que se alimentam de cascas de bananas catadas em lixeiras, podemos pensar em um Brasil melhor para todos.] O governo também não enxuga seus gastos na Esplanada dos Ministérios.
 
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense 
 

 

domingo, 31 de janeiro de 2021

A saúde no centro da economia - Míriam Leitão

O Globo

O Brasil precisa garantir 400 milhões de doses de vacina, o Butantan e a Fiocruz têm de ser financiados, o Ministério da Saúde deve contratar todas as doses possíveis do Butantan, para dar previsibilidade ao instituto e ter fluxo de produto para o programa. O governo está fazendo tudo errado e tardiamente. Além de ter sido um negociador débil com grandes produtores internacionais. Essa é a visão de André Medici, especializado em economia da saúde, e que foi por muitos anos do Banco Mundial.

Medici acompanha tudo o que se passa no setor, sempre o fez, muito mais agora que o mundo vive a pior pandemia em um século. Recentemente, lançou um livro virtual sobre o desafio da cobertura universal nos Estados Unidos, de Barack Obama a Joe Biden. O interessante é a força da ampliação da cobertura de saúde, com seguros em parte subsidiados. Por mais que o ex-presidente Donald Trump tenha feito, ele não destruiu a proposta do Partido Democrata. O ex-presidente Obama conseguiu ampliar em 50 milhões de pessoas a cobertura dos seguros de saúde. Com Trump, saíram cinco milhões.

A economia da saúde com todas as suas ramificações está no centro do debate atual aqui e no mundo. No Brasil, nos últimos dias, o que se viu foi um novo absurdo do Ministério da Saúde. O governo Bolsonaro decidiu fazer mais uma guerra contra o governador João Dória usando como bucha de canhão a saúde dos brasileiros. O Butantan precisa de recursos e previsibilidade e por isso quis que o Ministério da Saúde antecipasse decisões de compra. O governo disse que só em maio responderia. [para malhar Bolsonaro vale tudo - não chega nem a ser malhação e sim calúnia, injúria e difamação - até 'manusear', adaptar, a notícia. 
O FATO É: O Ministério da Saúde firmou um contrato  com o Butantan - com certeza, apesar do petismo e do esquerdismo burros, grande parte dos brasileiros sabe que um contrato estipula obrigações para as partes que o firmam, que devem ser cumpridas sob pena de sanções pecuniárias e até penais - e, no contrato foi ajustado que o MS tinha até MAIO/2021 para decidir quanto compraria daquela farmacêutica.
Devido a situação, digamos, 'enrolada' no tocante a prazos do consórcio Sinovac x Butantan  o MS preferiu trabalhar com um prazo flexível, dando preferência ao interesse público, do Brasil e dos brasileiros, em vez do interesse dos políticos paulistas e dos comerciantes chineses.
Até a data convencionada em contrato o Butantan tinha a obrigação de manter disponível o total de doses ajustado contratualmente. 
As partes concordaram, assinaram, e o contato se tornou lei entre elas. 
Só que a incompetência, o improviso que tem caracterizado a gestão Joãozinho,  na prefeitura e no governo estadual, seguidos como lei pelo diretor do Butantan, impediu que percebessem ( ou preferiram não perceber) que estavam aceitando uma expectativa de possível compra, como compra. Quando perceberam o quanto foram incompetentes, até desidiosos na defesa dos interesses do Butantan, tentaram dar pra trás. Com a generosidade típica dos estadistas, Bolsonaro e Pazuello optaram por antecipar, de fato, a data aprazada.]

Seria mais um crime de Bolsonaro e Pazuello contra a saúde dos brasileiros. A posição ficou insustentável com a pressão da opinião pública e na sexta-feira à noite eles anunciaram a compra de mais 54 milhões de doses. Mas o fato mostra como esse governo decide. Pensa apenas na briga política.

No mundo, o mercado está intenso e nervoso. A União Europeia em disputa com a AstraZeneca aumenta a preocupação no Brasil, porque essa é a mesma vacina da qual dependemos na Fiocruz. [Na Fiocruz a dependência é entre empresas, quanto ao Butantã,  eles dependem, apenas... do governo chinês = uma ditadura em que o interesse comercial, a ganância pelo lucro, está cima de tudo e de todos.],O governo Joe Biden aumentou muito o volume de compras esta semana. — Biden já fez encomendas que podem chegar a 700 milhões de vacinas. Eu não sei por que tão grande — diz Medici.

A boa notícia, ressalta o economista, é que tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos começam a cair as taxas de novos contágios, ainda que não de mortes.  — Há uma hipótese entre especialistas que seja consequência já do começo da quebra da cadeia de transmissão pela vacinação. Os Estados Unidos vacinaram até a semana passada em torno de 25 milhões de pessoas, 7% da população. Mas Biden está acelerando. Ele começou falando em um milhão por dia, aumentou para um milhão e meio e os especialistas acham que ele tem que chegar a três milhões — diz o economista.

No mundo inteiro, a pandemia movimenta o mercado de vacinas. Além das 10 em uso, sendo duas já aprovadas e oito com autorização emergencial, há 67 em fases distintas de testes clínicos em humanos e quatro foram abandonadas após os primeiros resultados de laboratórios, segundo o “New York Times”. Um ponto importante para o Brasil refletir neste momento: é que viramos apenas licenciadores por não investirmos em biotecnologia. Coreia do Sul, Tailândia, Canadá, França, Rússia, China, Turquia, Israel e, claro, Estados Unidos e Reino Unido desenvolveram vacinas ou estão em estágios dois ou três de testes clínicos. O Brasil, tendo excelentes institutos, ficou atrasado na produção. E pior, se atrasou até nas compras. — Quando as vacinas estavam na fase dois de testes clínicos, lá para agosto, os países fizeram suas encomendas. O Brasil, que já perdeu esse momento, tem que garantir a maior quantidade possível de doses da Coronavac e da AstraZeneca. Tem que ser rápido e decisivo — diz André Medici.

Países de renda média que não se apressaram ficarão perdidos. Os ricos estão garantindo suas vacinas. Os países pobres podem ser atendidos pela iniciativa de Bill Gates com o Consórcio ACT. A iniciativa de Gates está destinando muito dinheiro para vacinas, US$ 16 bilhões, de um total de US$ 38 bilhões. E o principal objetivo é atender aos países mais pobres. Existem alguns países de renda média que se posicionaram bem. — diz Medici.

A pandemia mostrou claramente que a saúde está no centro da economia.

Míriam Leitão, colunista - O Globo - Com Alvaro Gribel, de São Paulo