J. R. Guzzo
É proibido tocar no potássio brasileiro, um produto essencial para os interesses do País
A invasão da Ucrânia pela Rússia
e o imediato travamento que se seguiu na economia russa deixaram o
Brasil a pé numa questão estratégica – a dependência quase total que o
agronegócio brasileiro tem hoje dos fertilizantes importados.
Uma parte
importante deles vem da Rússia, e com a guerra o fornecimento foi
interrompido; o esforço, agora, é para encontrar outros vendedores no
mercado internacional. É vital que isso aconteça. Sem fertilizante não
há safra, e sem safra a economia do Brasil sofre um enfarte –
agricultura, pecuária e todo o mundo de serviços que atende à atividade
rural são hoje o centro da atividade econômica neste país.
O valor bruto
da produção no campo, em 2021, foi de R$ 1 trilhão e as exportações
chegaram a US$ 100 bilhões – dinheiro que mantém o Brasil solvente em
divisas e sem o qual a economia simplesmente entra em colapso. A isso se
soma a imensa vantagem da segurança alimentar.
O Brasil tem o que
precisa para si e ainda alimenta 1 bilhão de pessoas no resto do mundo.
O Brasil é dependente de
muita importação, da área de tecnologia a peças para a indústria de
automóveis, mas, no caso dos fertilizantes, o País vive uma aberração de
primeiro grau. Importa do exterior 95% dos seus adubos minerais – só
que tem, aqui mesmo, as minas que dariam de sobra para suprir todas as
necessidades no País pelos próximos 200 anos. Só em potássio, um
elemento essencial nessa equação, as reservas conhecidas do Amazonas e
do Pará somam 3 bilhões de toneladas. Está tudo embaixo da terra.
É
proibido tocar no potássio brasileiro, um produto essencial para os
interesses do País; a agropecuária tem de comprar na Rússia, no Canadá
ou onde encontrar, ao preço que encontrar – e, como se vê agora, com a
guerra, há horas em que não encontra.
O caso do potássio é um escândalo em estado puro. Desde 2010 a iniciativa privada tenta explorar as jazidas de Autazes, no Amazonas, onde se estima reserva de 800 milhões de toneladas.
A combinação de uma legislação suicida, a ação destrutiva da burocracia regulatória e a militância do Ministério Público, tudo com as bênçãos do sistema judiciário, não deixam mexer em nada.
Um projeto de grande porte, que envolve não apenas mineração, mas indústria, transporte e toda uma cadeia produtiva, e já obteve as licenças estaduais necessárias, está travado desde 2016. Fica “perto” de uma área indígena – não dentro; apenas “perto” – e, por conta disso, procuradores estão bloqueando sua utilização.[a questão agora envolve segurança alimentar dos brasileiros está em risco o que4 torna assunto de SEGURANÇA NACIONAL, o que, em qualquer democracia do mundo, tem prioridade. Assim, é explorar as jazidas, se necessário, removendo os ocupantes da área indígena, até mesmo para uma área menor;
ou para defender terras ociosas os brasileiros vão ter que passar fome - sofrimento que já e comum a milhões de seres humanos.
A regra é simples: sem potássio não há fertilizantes; em fertilizantes a produção agropecuária cai mais da metade = a fome aumenta e, na mesma proporção, o de brasileiros famintos.
Isso se chama pobreza contratada. O Ministério Público e a Justiça são hoje os inimigos número 1 do progresso, da criação de empregos, de oportunidades e de renda e da possibilidade de um Brasil mais justo através do crescimento. Querem o País parado exatamente onde está.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo