Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador israelenses e palestinos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador israelenses e palestinos. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Por que transferir a embaixada dos EUA a Jerusalém é tão controverso?



 Entenda a importância da cidade sagrada para israelenses e palestinos


Embaixada polêmica 
 Soldados israelenses passam por lojas na Cidade Velha de Jerusalém diante de inscrições em árabes e imagem de Trump como judeu ortodoxo - AHMAD GHARABLI / AFP


Em seu próprio nome, Jerusalém carrega a ideia de "terra de paz", mas historicamente a realidade é bem menos pacífica. Uma das cidades mais antigas do mundo carrega ainda a importância de ser local sagrado para as três grandes religiões monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Se a milenar Jerusalém foi colonizada em diferentes momentos por diferentes povos, ela é hoje a principal frente de atrito entre israelenses e palestinos — com ambos reivindicando o status de capital definitiva de suas populações. A religião, o orgulho étnico e os nacionalismos, ao longo do tempo, geraram conflitos violentos que até hoje não foram resolvidos. No primeiro ano do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ressurge o debate sobre a transferência da embaixada americana de Tel Aviv, sede de órgaos diplomáticos no país, para a Jerusalém — um tema delicado em meio às questões territoriais que envolvem as diferentes religiões que compartilham a região. Entenda neste especial por que esta cidade é tão importante para os povos que a dividem.
  • Embaixada polêmica
  • Milênios de História
  • Religião no centro da questão
  • Nacionalismos nos locais sagrados 



Sendo Jerusalém Oriental considerada território ocupado pela ONU e a comunidade internacional, esforços israelenses de legalizar toda a cidade, indivisível, enquanto capital do país não tiveram sucesso mundo afora. Hoje, todas as embaixadas estrangeiras em Israel ficam na costeira Tel Aviv. Nas negociações de paz em Camp David (mediadas pelos EUA), em 2000, sugeriram-se critérios complexos de soberania e autoridade para alocar as autoridades religiosas e políticas em Jerusalém e permitir que ela fosse capital conjunta de israelenses e palestinos. Hoje, no entanto, o governo israelense rejeita partilhar a cidade com um Estado palestino, preferindo agregar a população árabe a seu território.

Ao longo das últimas décadas, os EUA se posicionam como a primeira força a querer romper com a política internacional de veto ao status de Jerusalém como capital "eterna e indivisível" de Israel. Em 1995, o Congresso americano adotou uma lei que insta o governo a levar a embaixada de Tel Aviv para lá — mas, por razões declaradas de segurança nacional, os governos de Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama aplicaram uma cláusula que permite o veto à aplicação da lei.

Com a ameaça do presidente Donald Trump de romper com seus antecessores e decidir trasladar sua representação diplomática, Israel (maior aliado político dos EUA no Oriente Médio) pode ganhar seu maior respaldo para garantir reconhecimento internacional a Jerusalém como capital única de seu Estado, ignorando as demandas dos palestinos e dos países vizinhos.

A Autoridade Nacional Palestina (ANP), que representa o Executivo do que os palestinos ainda esperam construir um Estado, adverte que a decisão de levar a embaixada acabaria de vez com as conversas de paz israelo-palestinas, congeladas há tempos. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP, entidade que originou a ANP) afirma que tal decisão desqualificaria o papel dos EUA na mediação do antigo conflito. E a Liga Árabe afirma que o gesto "alimentaria o fanatismo e a violência".

O gesto, segundo especialistas, isolaria Israel ainda mais da comunidade internacional, após ter se retirado da Unesco e acusar a ONU de ser enviesada contra o país.
O atual primeiro-ministro de Israel chefia o país desde 2009, sempre amparado em coalizões de centro-direita. Sob seu governo, o país endureceu em seus conflitos militares com os vizinhos, como a guerra de 2014 em Gaza, na qual morreram 2.200 palestinos e 71 israelenses. A ONU pede que ele negocie apaz.

MATÉRIA COMPLETA em O Globo


 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Verdades sobre israelenses e palestinos

Muitos nos EUA acreditam que há uma possibilidade de se ter um Estado palestino genuinamente independente

Foi emocionante ouvir o discurso do secretário de Estado americano, John Kerry, no dia 28 de dezembro, quando ele disse muitas verdades sobre a necessidade de uma solução de dois Estados para o problema palestino-israelense. Apesar da incapacidade da administração de Barack Obama de recomeçar as negociações de paz entre os dois lados, foi muito bom saber que muitos nos EUA ainda acreditam que haja uma possibilidade de se ter um Estado palestino genuinamente independente e em paz com Israel.

Infelizmente, não posso dizer a mesma coisa de Israel, onde os da direita e extrema-direita estão no comando do governo de Benjamin Netanyahu. Para eles, os territórios ocupados da Cisjordânia e Gaza são territórios judeus que nunca serão dos palestinos. Esse roubo de terras palestinas, metaforicamente e na vida real com os assentamentos judaicos, não é nada novo. Somente tirou a possibilidade de termos dois Estados independentes um a Palestina; o outro, Israel. Israelenses parecem aceitar este meio-termo de serem ocupantes da Cisjordânia, com seus colonos desfrutando de rodovias excelentes somente para seu uso, e barreiras de separação para deixar os palestinos longe do seu dia a dia.

Israelenses mais moderados e de esquerda têm se preocupado por anos com o que a ocupação e subjugação dos palestinos poderia fazer para a democracia israelense. E eles estão vendo os resultados por décadas: manifestantes palestinos mortos ou presos por soldados israelenses; pontos de verificação militares onde palestinos são obrigados a esperar em filas horas a fio, e são humilhados pelos soldados israelenses, somente para entrar em Israel para trabalhar ou voltar para a Cisjordânia. Isso sem falar nos ataques frustrados de palestinos contra soldados israelenses.

É claro que israelenses têm o direito de se defender de ataques vindos de palestinos. O problema não é esse. O problema é que, quase 69 anos depois da formação de Israel, os palestinos continuam sem ter um país próprio e são maltratados e mortos pelos israelenses. Parece-me que palestinos são vistos como uma fonte de mão de obra barata pelos israelenses, da mesma forma que os latinos são explorados nos EUA. Só que com uma diferença muito grande: os latinos têm uma chance grande de se tornarem cidadãos americanos, enquanto os palestinos nunca vão ser israelenses. Não sei como israelenses em sã consciência podem justificar uma ocupação do território palestino por quase 70 anos.

E a desgastada justificativa para continuar a ocupação — de que Israel está rodeada de inimigos árabes hoje soa mais fraca do que nunca. Israel já tem acordos de paz com o Egito e a Jordânia. E tem relações camufladas com quase todos os países do Golfo. 

Em julho do ano passado, uma delegação não oficial saudita de empresários e acadêmicos visitou Israel pela primeira vez, liderada pelo ex-general saudita Anwar Eshki. O grupo se encontrou com membros do Knesset e visitou o presidente palestino Mahmoud Abbas em Ramallah. Israel e os países do Golfo têm achado muitos pontos em comum, especialmente em resistir e tentar reverter a expansão da influência iraniana no mundo árabe.

Os países árabes lançaram a Iniciativa de Paz Árabe em 2002, em que todos reconheceriam o Estado de Israel, mas somente se os israelenses se retirassem de todos os territórios ocupados e de Jerusalém Oriental, e aceitassem um acordo justo para o problema de refugiados palestinos. O governo de Ariel Sharon rejeitou a ideia, mas políticos israelenses como Ehud Olmert e até Netanhayu disseram que, em linhas gerais, apoiavam a iniciativa.

Um dos maiores opositores de um Estado palestino na Cisjordânia e Gaza é o atual ministro da Educação israelense, Naftali Bennett, líder do partido ultranacionalista Bait Yahudi. [ultranacionalismo que defende a nação que está instalada em território roubado dos legítimos donos: os palestinos. Que ultranacionalismo é este, cuja nação se beneficia do produto de um roubo?]  Ele disse numa entrevista recente ao jornal “Washington Post” que quer um Estado palestino na pequena Faixa de Gaza, e somente autonomia para a maior parte dos palestinos que vivem na Cisjordânia. E quer efetivamente anexar os assentamentos israelenses na Cisjordânia, um ato que transgrediria várias resoluções das Nações Unidas. Isso para mim somente manteria a ocupação, porque a Faixa de Gaza é muito pequena e não poderia sobreviver sozinha.

Um Estado palestino independente na Cisjordânia e em Gaza, com Jerusalém Oriental como a sua capital, é o que todos os palestinos e árabes querem. Se tivessem isso, e os palestinos não vivessem embaixo da opressão israelita, os ataques contra israelenses cairiam dramaticamente. Talvez a ênfase nas negociações de paz entre Israel e os palestinos tenha sido demasiadamente centrada nos governantes dos dois lados, e não nos povos em si.

 Infelizmente, são as declarações bombásticas destes governantes que ganham as manchetes e envenenam a atmosfera de todos. O presidente eleito Donald Trump disse que vai nomear o linha-dura David Friedman para embaixador americano em Israel. Friedman já disse que Jerusalém é a capital indivisa de Israel para sempre, e classificou os judeus americanos progressistas como piores que os nazistas por defenderem uma solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino.

Não podemos esperar mais 70 anos para termos uma Palestina livre e independente. E israelenses não podem continuar uma ocupação brutal, que põe em xeque o caráter democrata e progressista da nação, que foi o ideal dos seus fundadores.


Por: Rasheed Abou-Alsamh,  jornalista - O Globo