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quinta-feira, 27 de abril de 2023

A volta do trapalhão - Percival Puggina

A ONU era tão forte que em 1948 ela conseguiu criar o Estado de Israel, em 2023 ela não consegue criar o Estado Palestino (Lula).

        “Sem apresentar provas” (valho-me do bordão da Rede Globo), a bobagem acima, com intuito recriminatório, foi proferida pelo presidente do Brasil no dia do aniversário da Independência de Israel.  
Seguiram-se imediatos protestos e contestação da Embaixada de Israel no Brasil... Lula falava em Madrid no mesmo tom habitual de reitor de mesa de boteco com que sugeriu à Ucrânia entregar a Crimeia à Rússia.  

Cada vez que põe os pés fora do Brasil, vestindo a fantasia de “líder dos povos” que pediu emprestada a Stálin, Lula me faz lembrar o comediante britânico Peter Sellers pegando um copo e derrubando a cristaleira, ou acendendo um cigarro e explodindo a casa do vizinho.  

Lula atravessou a vida no desempenho da miserável tarefa de falar mal dos outrosde tudo e de todos como forma de afirmar sua suposta superioridade. Isso não é incomum. 
Há muitas pessoas assim e a política as atrai porque os ingênuos caem nessa como peixinhos que vão parar no aquário comendo ração.
 
Contudo, não é graças a esse longo treinamento em destruição de reputações que Lula e seus consectários estão sempre atacando algo ou alguém. Não!  
É que simplesmente nunca aprenderam a falar de modo positivo, sustentável, nem mesmo sobre o conjunto sistematizado de suas crenças e afirmações. 
isso, elas nunca passam de um amontoado de contradições em que os fins com que se embalam as promessas são antagônicos aos meios utilizados.

Assim como o presidente da APEX-Brasil vai à China e critica o agronegócio brasileiro, Lula vai à Espanha e diz, em encontro com empresários, que é impossível investir no Brasil. Tal conduta eleva o petismo a seu estado de bem-aventurança e é o motivo pelo qual a atual diplomacia brasileira quer dar lições ao mundo e não perde oportunidade de criticar o próprio país.

Atribuem a Juca Chaves a frase: “Quando a esquerda perde uma eleição, ela tenta destruir o país. Quando ganha, consegue”. 
Está sendo escrito o quinto volume desse curso de estupidez política. 
É óbvio que um governo com essa mentalidade, com o passado que tem e o futuro que prenuncia, precisa submeter sua oposição à mordaça da censura.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


terça-feira, 16 de outubro de 2018

Uma agenda de confusões

Como a perspectiva do poder embriaga, Bolsonaro já aumenta os custos políticos do eventual governo 

Jair Bolsonaro se consolida como favorito. Além de manter a vantagem obtida no primeiro turno, com 18 pontos à frente, conseguiu inverter o fluxo da rejeição eleitoral, agora liderada por Fernando Haddad. Como a perspectiva do poder embriaga, Bolsonaro já aumenta os custos políticos do eventual governo. Semana passada, no Rio, celebrou com aliados políticos e religiosos a vitória no primeiro turno, com 49 milhões de votos. “Depois de Israel, o próximo país que vou visitar é os Estados Unidos, ok?”, avisou.


Na plateia, muitos perceberam nesse aviso de viagem o eco de uma promessa de Bolsonaro a sionistas cristãos feita em outubro do ano passado, na Nova Inglaterra (EUA): se eleito, vai transferir a embaixada do Brasil em Israel, de Tel-Aviv para Jerusalém, cidade sagrada para judeus. [Bolsonaro não está impedido de visitar Israel e sim deve dar as relações com aquele país a prioridade que tal relacionamento merecer  em função dos interesses comerciais, o que o coloca depois dos Estados Unidos e mais algumas dezenas de países.
E, certamente, a promessa de mudança da embaixada brasileira não será efetuada - vai contra a política de contenção de gastos que o capitão deve estabelecer.
Antes de tudo, o compromisso de Bolsonaro é com o Brasil, com os brasileiros, com a recuperação da economia, não havendo compromisso com sionistas cristãos.]


Significaria uma reversão em meio século de política externa do Brasil, com alinhamento às prioridades do governo Donald Trump e, também, ao governo conservador de Israel. Desde 1967, o Brasil vincula o status de Jerusalém ao reconhecimento das fronteiras de duas nações, Israel e o Estado palestino. A reação à promessa de Bolsonaro já é perceptível entre diplomatas de nações islâmicas. Consideram provável uma revisão do comércio do Brasil com 57 países, entre eles 22 árabes — destino de 25% das exportações brasileiras de carne. O China, ao anunciar mudanças no rumo da privatização do grupo Eletrobras: “Você vai deixar nossa energia na mão do chinês?”, argumentou em entrevista à Band. [qualquer medida que Bolsonaro adotar será, obviamente, analisada em todos os aspectos, especialmente o da SOBERANIA NACIONAL; 
óbvio que a grande imprensa, infelizmente, maximiza qualquer interpretação negativa  que qualquer comentário de Bolsonaro suscite.
Fico a imaginar a quantidade imensa de digestivos que  grande parte dos cardeais da grande imprensa terão que ingerir para engolir a vitória de Bolsonaro a partir do próximo dia 28.
Sempre que encontram algum espaço eles insistem que pode, apesar de reconhecerem ser dificil, uma reversão e Haddad ganhar; esquecem que além de necessitar de milhões de votos para ultrapassar Bolsonaro, os fanáticos do poste petista esquecem que Bolsonaro também vai subir - pode perder votos mas ganhará também.]

A China comprou 21 empresas brasileiras, investindo US$ 21 bilhões nos últimos três anos. Mas o candidato acha que as relações com os chineses devem passar pelo prisma do alinhamento com Washington, em guerra comercial com Pequim. Em uma semana, Bolsonaro abriu focos de potencial conflito com países cujas populações, somadas, representam metade dos habitantes do planeta. E ainda nem foi eleito. [eleito Bolsonaro adotará medidas mais de acordo com os interesses do Brasil e certamente perceberá que é conveniente um bom relacionamento com o Estado hebreu, mas, sem desprestigiar as Nações árabes.
Agora piada é a do site 247, petistas fanáticos, que chamam de provisória a vantagem de Bolsonaro sobre o poste petista - vantagem que supera os 20.000.000 de votos. ]

José Casado, jornalista - O Globo  

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Por que transferir a embaixada dos EUA a Jerusalém é tão controverso?



 Entenda a importância da cidade sagrada para israelenses e palestinos


Embaixada polêmica 
 Soldados israelenses passam por lojas na Cidade Velha de Jerusalém diante de inscrições em árabes e imagem de Trump como judeu ortodoxo - AHMAD GHARABLI / AFP


Em seu próprio nome, Jerusalém carrega a ideia de "terra de paz", mas historicamente a realidade é bem menos pacífica. Uma das cidades mais antigas do mundo carrega ainda a importância de ser local sagrado para as três grandes religiões monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Se a milenar Jerusalém foi colonizada em diferentes momentos por diferentes povos, ela é hoje a principal frente de atrito entre israelenses e palestinos — com ambos reivindicando o status de capital definitiva de suas populações. A religião, o orgulho étnico e os nacionalismos, ao longo do tempo, geraram conflitos violentos que até hoje não foram resolvidos. No primeiro ano do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ressurge o debate sobre a transferência da embaixada americana de Tel Aviv, sede de órgaos diplomáticos no país, para a Jerusalém — um tema delicado em meio às questões territoriais que envolvem as diferentes religiões que compartilham a região. Entenda neste especial por que esta cidade é tão importante para os povos que a dividem.
  • Embaixada polêmica
  • Milênios de História
  • Religião no centro da questão
  • Nacionalismos nos locais sagrados 



Sendo Jerusalém Oriental considerada território ocupado pela ONU e a comunidade internacional, esforços israelenses de legalizar toda a cidade, indivisível, enquanto capital do país não tiveram sucesso mundo afora. Hoje, todas as embaixadas estrangeiras em Israel ficam na costeira Tel Aviv. Nas negociações de paz em Camp David (mediadas pelos EUA), em 2000, sugeriram-se critérios complexos de soberania e autoridade para alocar as autoridades religiosas e políticas em Jerusalém e permitir que ela fosse capital conjunta de israelenses e palestinos. Hoje, no entanto, o governo israelense rejeita partilhar a cidade com um Estado palestino, preferindo agregar a população árabe a seu território.

Ao longo das últimas décadas, os EUA se posicionam como a primeira força a querer romper com a política internacional de veto ao status de Jerusalém como capital "eterna e indivisível" de Israel. Em 1995, o Congresso americano adotou uma lei que insta o governo a levar a embaixada de Tel Aviv para lá — mas, por razões declaradas de segurança nacional, os governos de Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama aplicaram uma cláusula que permite o veto à aplicação da lei.

Com a ameaça do presidente Donald Trump de romper com seus antecessores e decidir trasladar sua representação diplomática, Israel (maior aliado político dos EUA no Oriente Médio) pode ganhar seu maior respaldo para garantir reconhecimento internacional a Jerusalém como capital única de seu Estado, ignorando as demandas dos palestinos e dos países vizinhos.

A Autoridade Nacional Palestina (ANP), que representa o Executivo do que os palestinos ainda esperam construir um Estado, adverte que a decisão de levar a embaixada acabaria de vez com as conversas de paz israelo-palestinas, congeladas há tempos. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP, entidade que originou a ANP) afirma que tal decisão desqualificaria o papel dos EUA na mediação do antigo conflito. E a Liga Árabe afirma que o gesto "alimentaria o fanatismo e a violência".

O gesto, segundo especialistas, isolaria Israel ainda mais da comunidade internacional, após ter se retirado da Unesco e acusar a ONU de ser enviesada contra o país.
O atual primeiro-ministro de Israel chefia o país desde 2009, sempre amparado em coalizões de centro-direita. Sob seu governo, o país endureceu em seus conflitos militares com os vizinhos, como a guerra de 2014 em Gaza, na qual morreram 2.200 palestinos e 71 israelenses. A ONU pede que ele negocie apaz.

MATÉRIA COMPLETA em O Globo