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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Quem é o ‘oponente’?

Bebianno é lutador de jiu-jítsu, conhece e treina técnicas para golpear os ‘oponentes’

O governo Jair Bolsonaro repete os governos de Lula e Dilma Rousseff: quando alguma coisa vai mal, a culpa é da mídia. Os presidentes fazem tudo certo, os ministros são impecáveis, as coisas vão sempre às mil maravilhas e só quem não reconhece isso são tevês, rádios, jornais, revistas. Os “inimigos do Brasil”. [sem pretensões de acusar a mídia, mas, tem situações em que determinados integrantes da mídia - no mínimo um jornal e uma TV - forçam a barra para condenar o governo do presidente Jair Bolsonaro = seja fazendo reportagem considerando FATO o que não passa de especulações, conjecturas, indícios, ou  maximizando os aspectos negativos (contra o governo) e minimizando os positivos.]
É como se houvesse um complô midiático pronto a derrubar qualquer governo, coitado, tão frágil, tão desprovidos de canais de comunicação e propaganda. Mas o pior de tudo isso é que tem muita gente que acredita. Ou quer acreditar. Esse script da vitimização, usado com muito êxito por Lula nos seus oito anos, passa por jogar eleitores, eleitoras e incautos em geral contra a mídia que divulga informações – na maioria oficiais –, relata fatos muitas vezes desagradáveis sobre os poderosos, publica entrevistas de adversários e de antigos aliados cheios de mágoa.
A virulência dos bolsonaristas equivale à dos petistas e Bolsonaro repete Lula, só que não se limita a jogar sua tropa contra a mídia e usa diretamente um instrumento poderoso nessa guerra: as redes sociais, um mundo virtual com uma “verdade” própria, uma realidade paralela entre “bons” e “maus”. A novela Gustavo Bebianno tem esse script. O presidente da República grava entrevista chamando o ministro de mentiroso e dizendo que ele pode “voltar às origens”. O filho do presidente, vereador Carlos Bolsonaro, reafirma que o ministro é mentiroso e divulga o áudio de um “não” do pai para ele. E, a partir daí, Bebianno vira uma fera ferida, cheio de ameaças.
E de quem é a culpa? Do presidente? Não. Do filho? Não. Do ministro? Não. Do PSL? Não. A culpa, gente, é da imprensa, que divulgou todas essas etapas sem retoque, a verdade como ela é. Circulam textos falando que a imprensa faz uma “defesa apaixonada” de Bebianno porque tem uma ideia fixa: derrubar o presidente Bolsonaro. [parte da Imprensa não aceita Bolsonaro, não aceita que ele tenha recebido quase 60.000.000 de votos e no que depender dos seus integrantes Bolsonaro será derrubado;
 
e essa parte 'ruim' da imprensa vai mais longe em seu medo = vira terror com a possibilidade - não tão fácil, mas altamente provável - de que Bolsonaro faça um bom governo e seja reeleito.] Seria cômico, não fosse trágico, que muita gente “esclarecida” acredite e divulgue esse tipo de coisa. É jogar os fatos fora, tampar bocas, olhos e ouvidos para não enfrentar a realidade e poder engolir qualquer coisa que o “Grande Irmão” diga ou mande dizer.

Fatos são fatos e, contra fatos, não há argumentos. Bebianno era um ilustre desconhecido, virou advogado de Bolsonaro, depois presidente do PSL durante a campanha e – diferentemente do que dizem foi um dos primeiros ministros anunciado por Bolsonaro após se eleger presidente. E com gabinete no Palácio do Planalto, um dos dois únicos civis no coração do poder. Fosse o governo de A, B ou C, de direita ou esquerda, a queda e a troca de desaforos em público seriam um escândalo e ocupariam as capas dos jornais e os horários nobres, ainda mais pelas circunstâncias: é a primeira crise de um governo que só começou há um mês e meio, um dos pivôs é um amigo do presidente e outro é um dos filhos dele, em meio ao constrangimento e a uma saraivada de críticas ao excesso de poder do 01, do 02 e do 03. [fato que a imprensa não tem culpa - seja do que está ocorrendo e do que virá a ocorrer; ou Bolsonaro enquadra os três pimpolhos, mandando que vão cuidar dos seus mandatos parlamentares - quanto tiverem ideias que ajudem o governo, procurem Bolsonaro (em privado, na condição de filhos falando para o pai) apresentem as ideias e deixem que Bolsonaro - presidente - decide o que fazer;
 
e então o filho apresentador da ideia vá cuidar da sua vida e sem dar entrevistas para falar do que conversou com o pai.
Ou Bolsonaro faz isso ou seu governo vai ter muitos problemas.]
Saem os (poucos) amigos, aumentam os (muitos) militares. Quem assume a vaga do ex-amigo Bebianno é o general de divisão Floriano Peixoto, que é o oitavo militar no primeiro escalão do governo Bolsonaro e deixa o ministro Onyx Lorenzoni na incômoda posição de único civil com destaque no Planalto e adjacências. Uma ilha. Bebianno vai, mas as dúvidas ficam. Ele vai falar tudo o que sabe? Vai manter a versão de que Bolsonaro é “muito fraco”? E a investigação sobre o “laranjal” do partido do presidente, o PSL, vai evaporar?
Como lembrança, Bebianno luta jiu-jítsu, arte marcial japonesa que utiliza golpes de alavancas, torções e pressões para derrubar e dominar os oponentes. Bolsonaro passa a ser o grande oponente. Jogar a culpa na mídia não resolve nada.
 
Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado  de S. Paulo
 

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Mudar para não mudar

A linha frouxa de corte do capitão

À vontade até então entre lutadores de jiu-jítsu que disputavam uma competição no Parque Olímpico da Barra, na zona oeste do Rio de Janeiro, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) foi importunado por um repórter que lhe perguntou sobre a situação da futura ministra da Agricultura, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS). Quando foi secretária do agronegócio do Mato Grosso do Sul, a deputada concedeu incentivos fiscais ao Grupo JBS apesar de ser sua parceira em negócios de pecuária. O grupo processa Tereza por ter-se sentido lesado por ela. Quer ser ressarcido em um total de R$ 14 milhões, em valores atualizados.

A resposta de Bolsonaro: “Eu também sou réu no Supremo, e daí?”. De fato, Bolsonaro responde no Supremo Tribunal Federal a ação por incitação ao estupro. E acrescentou: “Afinal de contas sou um ser humano, posso errar, e, se qualquer ministro tiver uma acusação grave e comprovada, a gente toma uma providência. Neste momento, ela goza de toda a confiança nossa”.

Se a condição de réu na mais alta corte de justiça do país não impedirá Bolsonaro de assumir e exercer as funções do seu cargo, é legítimo supor que ele não terá motivos para afastar ministros que porventura sejam denunciados e virem réus. Assim, a regra de corte de Bolsonaro que se ofereceu para “mudar tudo o que está aí” dificilmente mudará grande coisa.  Em fevereiro do ano passado, o presidente Michel Temer anunciou que afastaria do governo qualquer ministro que fosse denunciado pela Lava Jato. O afastamento seria provisório se o ministro fosse apenas denunciado pela Procuradoria Geral da República ao Supremo. Mas se a denúncia fosse aceita, o que transformaria o ministro em réu, o afastamento seria definitivo.

Menos de sete meses depois, Temer deu o dito pelo não dito. Dois de seus ministros foram denunciados e continuaram onde estavam. Temer alegou que a denúncia se baseava em “delações fraudadas”. Por duas vezes, ele mesmo foi denunciado, virou réu e o Supremo pediu licença à Câmara dos Deputados para processá-lo. A Câmara negou sob a intensa pressão de Temer.  O presidente que se elegeu faz pouco prometendo “quebrar o sistema” acabará sendo obrigado a engolir o que dizia.

Blog do Noblat, Revista Veja