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quinta-feira, 2 de maio de 2019

“Quem ganha, quem perde” e outras notas de Carlos Brickmann

Quem se diz aliado nem sempre o é. Na Venezuela, é melhor esperar mais para errar menos


Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

Guaidó, apoiado por Brasil, Estados Unidos e todos os países próximos, ou Maduro, apoiado por Cuba, Rússia e Bolívia? Para os venezuelanos, neste momento, tanto faz: se Maduro continua, mantém sua política maluca, que conseguiu a façanha de transformar um dos maiores produtores mundiais de petróleo num país onde falta tudo; se Guaidó o derruba, mesmo que melhore dramaticamente o desempenho do Governo, levará bom tempo para reerguer a economia, e nesse tempo terá de enfrentar a desconfiança da população, na qual despertou esperanças que em curto prazo não serão satisfeitas.

E o confronto, quem ganha? Este colunista não se atreve a fazer qualquer previsão: se Maduro se manteve até agora no poder, apesar da calamitosa administração, é porque tem apoiadores fiéis; se Guaidó está solto, embora se tenha proclamado presidente da República, é porque tem apoio suficiente para que Maduro não consiga prendê-lo. A qualquer momento pode ocorrer um desfecho (ou não); não adiantaria sequer consultar uma lista de chefes militares, porque, conforme evolui a situação, muda a posição de cada chefe. Em 1964, o presidente João Goulart tinha a lealdade pétrea do general Amaury Kruel, seu amigo de longa data; e foi Kruel, em decisão de última hora, quem derrubou seu Governo (a notícia era tão improvável que os jornais a confirmaram várias vezes antes de publicá-la). Quem se diz aliado nem sempre o é. Na Venezuela, é melhor esperar mais para errar menos.

Um dia de sossego
O fim de semana marcou, no Brasil, um raro momento de trégua entre os aliados do presidente Bolsonaro. Embora Rodrigo Maia tenha falado mal do 02 e 03 ─ chamou Eduardo 03 de deslumbrado e Carlos 02 de radical ─ ele e Bolsonaro estão de bem. Segundo Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, “daqui para a frente é vida nova, os dois reabriram um canal direto”. Bolsonaro disse que respeita Maia, os dois almoçaram juntos no sábado, e o presidente, além de chamar a conversa de “maravilhosa”, garantiu que está namorando o presidente da Câmara. Com o namoro, a reforma da Previdência se acelera.

(...)

O caminho das pedras
Quanto mais se acelerar a reforma melhor é para o Governo. O peculiar ritmo de andamento dos projetos na Câmara exige alguém experiente e com poder, como Rodrigo Maia, para buscar os atalhos. Um exemplo: a partir de ontem, começa a correr o prazo de 40 sessões da Câmara para a entrega do relatório da comissão especial. Mas ontem não é ontem: é terça que vem, dia 7, porque, graças ao Dia do Trabalho, a primeira sessão da Câmara ocorre só naquele dia. Seria possível, mesmo assim, votar a reforma da Previdência até 15 de julho, antes do recesso do meio do ano, mas junho é um mês ruim: um grande número de parlamentares volta para seus Estados para participar das festas juninas. Se a reforma ficar para depois das férias, vai levar mais uns dois meses ─ e se aproximar das festas de fim de ano, quando para tudo. [sendo otimista, sem torcer contra: que tal pensar em uma reforma bem desidratada, para depois do Carnaval 2020 - todos olham para o conjunto das reformas e esquecem os detalhes. 
Se a redação não for cuidadosamente conferida, lida e relida, tem muita coisa que,  se e quando aprovada, vai causar repercussões em outras já aprovadas.
E, no momento, em que surgirem dúvidas sobre o que está escrito quer realmente dizer, chega o momento da judicialização e o protagonismo passa para o Supremo e se até lá a Suprema Corte do Brasil não tiver contido seu ímpeto intervencionista, não ter optado em ser o MODERADOR e não o IMPOSITOR, a coisa pode desandar.
Anotem e confiram.]

(...)
Exemplo de cima
O país enfrentava um gigantesco buraco nas contas públicas? 
O Supremo se deu um bom aumento, que repercute em todo o funcionalismo.
O Supremo vem sendo criticado?  
Pois abriu concorrência para banquetes de luxo, com medalhões de lagosta na manteiga queimada, vinhos com tipo seleto de uva, envelhecidos em barris de carvalho francês ou americano, que tenham ganho ao menos quatro prêmios internacionais, espumantes também premiados e elaborados pelo método “champenois”; o mesmo desenvolvido há uns três séculos pelo abade D. Pérignon.
Método Charmat, outra possibilidade?
Nem pensar! E pratos como arroz de pato, moqueca de camarão, baiana ou capixaba, pato assado, salada Waldorf com camarão, tudo de bom. Preço máximo, R$ 1,1 milhão, conforme o número de banquetes ofertado pelo STF.
Exemplo? 
E quem está disposto a dar um exemplo de economia?


Coluna do Carlos Brickmann - Blog do Augusto Nunes