Análise Política
A primeira semana de trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito
da Covid-19 terminou como começou.
[digamos que o nível do humor apresentado caiu um pouco em relação ao esperado = os humoristas contratados são de qualidade inferior ao prometido;
Sugerimos que nas próximas apresentações lembrem ao deputado Calheiros, o fanático por uma relatoria, que não fica bem - inclusive, para o conceito de sua notória inteligência - confundir testemunha com parecerista, com perito e por aí vai.
Se não é a resistência do ministro em entrar testemunha e sair testemunha, o relator iria lhe perguntar o que tem ouvido falar sobre a roubalheira, realizada pela maior parte das 'autoridades locais', no hipotético combate a pandemia.
Ontem ficou cômico o seu esforço, para variar, inútil em obrigar uma testemunha a 'testemunhar' sobre o que pensa do comportamento de uma autoridade.
aliás, não é novidade no Brasil o Serviço Público comprar um produto melhor e mais caro e receber um pior - temos o caso de Belém, o governador encomendou respiradores junto à adega que lhe fornece vinhos e recebeu aparelhos mais caros e sem funcionar. Recebeu apenas parte do que foi contratado.
Quanto a tentativa estúpida de tentar incriminar o presidente da República Federativa do Brasil, JAIR MESSIAS BOLSONARO, pela suposta prática de atos que não tipificados como crimes, representará o fracasso da burrice dos que estão perdendo espaço na política.]
Os oposicionistas e ditos
independentes alinhados, juntando elementos para incriminar Jair
Bolsonaro por duas ações:
1) o estímulo ao uso e, principalmente, a
fabricação de cloroquina e
2) a colocação de obstáculos desnecessários à
aquisição de vacinas na quantidade e ritmo necessários para reduzir e
no limite interromper a transmissão viral.
Já o governismo buscou
construir ao longo da semana uma barreira de contenção, argumentando não
haver irregularidade no uso dos medicamentos preconizados no chamado
tratamento precoce, ou inicial. [sendo recorrente: qualquer cidadão, seja alguém em situação de rua ou um ministro do STF, tem o direito de ter opinião sobre o uso de determinado medicamento para o trato eficaz de uma doença e expressar essa opinião, defender tal entendimento não é crime.
Quanto ao ritmo da vacinação no Brasil, vai bem, especialmente se considerarmos que a União Europeia, mais organizada e endinheirada que o Brasil sofre limitações na aquisição de vacinas. Dados que mostram o afirmado:
- afinal, combatemos entre outras maldições, as cobras, o que torna necessário esmagá-las e mostrar o pau: "
Jamais será
reconhecido no foro da comissão e pela mídia militante que (dados de 5
de maio) o Brasil é o 9º país em número de mortes por milhão, o 9º em
novas mortes por milhão.
E é o 11º no quesito percentagem da população
que recebeu apenas uma dose.
Tem 2,7% da população mundial e aplicou
4,2% das vacinas disponibilizadas.
É o quinto que mais vacinas aplicou.
Jamais destacarão o fato de que este último dado o situa atrás, apenas,
dos quatro países que as produzem em seus grandes laboratórios – EUA,
China, Índia e Reino Unido." E trazendo dados para tentar provar que o
ritmo da vacinação aqui no Brasil sofre das mesmas limitações que em
outros países não produtores soberanos de vacinas. E que nesse universo
até que estamos bastante bem, proporcionalmente à população e em número
de doses aplicadas.
Uma variante, para usar a palavra em voga, foi
o movimento com o objetivo de evidenciar as contradições entre as
atitudes e orientações do atual ministro da Saúde e as do presidente da
República. O primeiro buscou ontem reafirmar as próprias convicções sem
entretanto chocar-se com as conhecidas opiniões e manifestações do
chefe. Ou ao menos sem desautorizar. Aparentemente teve algum sucesso,
pois colheu certas simpatias da bancada antibolsonarista e não forneceu
nenhum lide explosivo. [apesar de enrolado nas promessas sobre prazos de vacinas, o atual ministro demonstrou que não cultiva o micróbio da traição - especialidade de um dos seus antecessores no cargo.
Os traidores são covardes, repugnantes, vis e nojentos.]
Mas estamos apenas na fase de aquecimento.
Os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich já deram seus
depoimentos, sem que tenha aparecido a chamada "bala de prata".
Na CPI,
os caçadores preparam-se agora para explorar algumas veredas: 1) quem
foi responsável pela crise de Manaus,
2) quem criou dificuldades para a
aquisição de vacinas e
3) no que o comportamento presidencial deve arcar
com a trágica contabilidade de casos e, principalmente, mortes. [lembrando o óbvio; tudo que porventura for apresentado pelos caçados como resultado de sua busca, precisa ser provado = se ocorreu, se houve dolo, negligência ou opção errada diante do desconhecido.]
Se
formos comparar com o boxe, dá para dizer que nestes primeiros rounds a
oposição está ganhando por pontos. Mas isso não basta a ela.
O objetivo
do governo é não ser nocauteado.
Pois se terminar esta CPI em pé sempre
terá a possibilidade de dizer na campanha eleitoral que sobreviveu a
uma CPI, além de ter atravessado uma pandemia a a grave crise econômica
trazida por ela. Mas ainda estamos no começo. E vêm aí os próximos
capítulos. Com personagens potencialmente bem mais complicados. [depois que criaram a CPI, os inimigos do Brasil descobriram que vão sair menores do que entraram e estão propiciando ao presidente Bolsonaro um jogo em que só Bolsonaro e o Brasil ganham.
A intenção era demonstrar interesse em uma CPI e alegar que o presidente do Senado não deixava, só que não contavam com o 'aliado' ministro Barroso.]
Recomendamos: Reabertura europeia.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político