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terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Três enigmas para a largada de Lula - Alon Feuerwerker

Análise Política

No contexto da festa dos vitoriosos, e enquanto não esfria a cabeça dos removidos do poder, vale olhar os primeiros desafios do novo governo. Os principais são três.

1) A assimetria entre a composição do governo e a do Congresso. A governabilidade, neologismo que veio para ficar, será função da dança coordenada entre um Executivo inclinado para a esquerda e um Legislativo muito pendente para a direita. Na teoria, isso pode ser bem resolvido com a concessão de espaços de poder, especialmente orçamentário, em troca de apoio.

Mas há dois potenciais complicadores: a) o peso inédito de um certo “liberal-progressismo” nas pastas ministeriais voltadas aos temas correspondentes; e b) o relativo conforto orçamentário proporcionado aos parlamentares pela conjugação das decisões do Supremo Tribunal Federal sobre as emendas de relator e do Congresso Nacional sobre a PEC dos gastos excedentes.

Se o parlamentar conservador precisar votar quatro anos contra o governo de esquerda, tem um colchão de emendas de execução obrigatória que lhe oferecem uma boia para atravessar a correnteza.

Uma variável a observar é quanto o STF vai ajudar o Planalto a enquadrar o Congresso.

2) O risco de piora macroeconômica no curto prazo. [desejada, inevitável e necessária para a purificação do Brasil - a melhor reforma é aquela em que se demole tudo e recomeça do zero.] A dupla Paulo Guedes/Jair Bolsonaro deixa a economia com o PIB em recuperação, a inflação razoavelmente contida, a dívida pública estabilizada e o desemprego em queda. Claro que prosseguirá, até o fim dos dias, o bate-boca sobre a sustentabilidade ou artificialidade da melhora neste pós-pandemia, mas, objetivamente, o novo governo não está pegando um caminhão na banguela ladeira abaixo.

O problema são certos mata-burros no curto prazo, como as pressões inflacionárias decorrentes de uma possível elevação nos preços dos combustíveis, entre outros fatores. Se a inflação der uma rugida, é pule de dez que o Banco Central autônomo vai cuidar mais da própria reputação que da popularidade da dupla Luiz Inácio Lula da Silva/Fernando Haddad.

Claro que todo novo governo tem a saída de colocar a culpa no anterior, mas sempre é útil lembrar-se da historinha das três cartas (*).

3) Bolsonaro não sai destruído do governo, e o núcleo de sua base está preservado. O Datafolha da transição mostra um presidente que sai com 39% de ótimo+bom e 37% de ruim+péssimo. Mostra também que 23% consideram-no o melhor presidente que o Brasil já teve (Lula tem 37%). Nas circunstâncias, é um desempenho bastante razoável. Uma fatia de mercado político-eleitoral consistente como plataforma para oposição.

É bem possível que o novo governo receba um período de graça importante, dada a rejeição que o anterior construiu junto a setores sociais influentes. É um capital político que precisa ser bem administrado, de olho na possibilidade de atrair a simpatia, ou ao menos diminuir a resistência, na turma entrincheirada do lado de lá. Será inteligente usar bem o período das vacas gordas. Pois a única certeza na política é que alguma hora a hora das vacas magras chega.

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(*) O governante assume após uma crise política e o antecessor entrega-lhe três cartas, numeradas. “Abra a primeira na primeira crise, a segunda na segunda e a terceira na terceira.” Na primeira crise, ele abre a primeira carta e nela está escrito “culpe o governo anterior”. Na segunda crise, abre a segunda e nela está recomendado fazer uma reforma ministerial. Na terceira crise, ele abre a terceira carta e lê: “Escreva três cartas”.[a terceira crise chega antes de junho 2023.]

Alon Feuerwerker,  jornalista e analista político

 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

"Deputéricas" [cuidai-vos] : Bancada feminina da Câmara prepara representação contra deputado

Menos de 10 minutos após o pronunciamento, as parlamentares revezaram-se, na tribuna, criticando a fala de Bibo e avisaram que irão ao Conselho de Ética

 A bancada feminina prepara uma representação contra o deputado Bibo Nunes (PSL-RS) que, ontem, ao discursar no final do manhã, avisou que, a partir daquele momento, chamaria as deputadas de “deputéricas”, segundo ele “deputadas histéricas que não respeitam minimamente o presidente da República”. Ele repetiu várias vezes que as mulheres “criticam, criticam” e são “histéricas”. Além disso, vangloriou-se de criar um neologismo.

“Quando eu falar ‘deputérica’, estarei me dirigindo a uma deputada histérica, que não tem posicionamento, que não tem bom senso e que não se enquadra dentro do decoro parlamentar”, anunciou.

A resposta não demorou. Menos de 10 minutos após o pronunciamento, as parlamentares revezaram-se, na tribuna, criticando a fala de Bibo e avisaram que irão ao Conselho de Ética. “É um apelido ridículo, indecoroso e machista”, definiu a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que ainda avisou ao bolsonarista: “Não vamos parar de nos posicionar. Vai ter que nos ouvir ainda que não goste”.

A reclamação foi suprapartidária. Do Distrito Federal, Flávia Arruda (PL) e Érika Kokay (PT), de campos opostos da política, uniram-se no discurso. “Não vamos aceitar nenhum tipo de machismo. Já temos que conviver com isso na rua, nas campanhas. Não é possível que tenhamos que conviver, também, no Parlamento”, protestou Flávia. “Todas as vezes que mulheres se colocam e dizem que lugar de mulher é onde ela quiser, e ocupam espaços que a lógica sexista, machista, reserva para os homens, elas são atacadas. Tentam caracterizar a firmeza da posição das mulheres como histeria. Os homens, quando são firmes, são chamados de convictos, combativos”, afirmou Érika.

[deputada Flávia Arruda, apesar da razão lhe assistir, sugerimos que evite certas companhias, especialmente desse pessoal da esquerda.

Quanto a um deputada - ou deputéricas - estar sendo apontada como autora de uma descompostura no deputado Marcel Van Hatten, que presidia a sessão é mais um caso que deve ser apreciado pelo Conselho de Ética.]

Joenia Wapichana (Rede-RR), Sâmia Bonfim (PSol-SP), Fernanda Melchionna (PSol-RS), Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e tantas outras fizeram coro. “Quando um deputado vai à tribuna ofender as parlamentares, está ofendendo as mulheres do Brasil”, apontou Perpétua. Fernanda ainda passou uma descompostura no deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS), que presidia a sessão no momento e não fez qualquer reparo ao pronunciamento de Bibo Nunes.

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA