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domingo, 18 de junho de 2017

Um país perdido

Já não há mais possibilidade de um debate racional sobre a situação do país. Quando jornalistas são constrangidos dentro de aviões por militantes políticos que querem calá-los, como aconteceu com Miriam Leitão e Alexandre Garcia, um após a outra, para demolir as tentativas de desmentido orquestrado;  

Quando procuram explicações conspiratórias para a denúncia jornalística de uma gravação do diálogo entre o presidente da República e um empresário, onde diversos crimes são descritos e abordados; é que a surdez deliberada de setores políticos e empresariais, por razões que vão da manutenção do poder ao interesse financeiro, domina o quadro político da mesma maneira que aconteceu quando o ex-presidente Lula ou a ex-presidente Dilma foram denunciados por crimes variados.

Cada grupo político vê os acontecimentos da maneira que lhe convém, e o debate vai para o brejo. Agora disputa-se qual é a maior quadrilha em ação nesse país abandonado por Deus, que, diziam, era brasileiro. Só que não. O PT e o PMDB são acusados de terem organizado quadrilhas para manipular o governo, e existem fatos que demonstram que aos dois cabe o epíteto.

O dono da JBS, empresário Joesley Batista, na entrevista que deu à revista Época, avalia que a quadrilha do PMDB é a mais perigosa em ação, e enumera seus membros, todos presos ou assessores do Planalto. Mas diz que a corrupção institucionalizada, organizada por núcleos sob a supervisão de ministros e outras autoridades, começou com o governo Lula do PT.

Para quem era acusado de ter dado uma sociedade oculta a um dos filhos do ex-presidente, parece pouco o que diz sobre Lula, e a teoria da conspiração dita que ele se voltou contra Temer, orientado pelo Procurador-Geral da República, para proteger Lula e tirá-lo da presidência.  O próprio presidente Michel Temer sugere isso na nota oficial em que rebate as acusações de Joesley Batista. O empresário livra a cara de Lula diretamente, quando afirma que nunca tratou com ele da corrupção, mas joga para o ex-ministro Guido Mantega a responsabilidade por todas as vantagens que recebeu de órgãos governamentais como BNDES e Caixa.

É o mesmo que disse outro ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que atribui a Mantega as ordens para pagamento de propina de interesse do PT. Mas a acusação é direta:"Foi no governo do PT para frente. O Lula e o PT institucionalizaram a corrupção. Houve essa criação de núcleos, com divisão de tarefas entre os integrantes, em estados, ministérios, fundos de pensão, bancos, BNDES. O resultado é que hoje o Estado brasileiro está dominado por organizações criminosas. O modelo do PT foi reproduzido por outros partidos".

Não me parece, portanto, que Lula esteja a salvo das delações de Joesley, até mesmo devido à conta na Suíça de U$ 150 milhões que, ele garante, financiava as campanhas políticas do PT nos governos Lula e Dilma, e mesmo gastos pessoais, até de Mantega. Mas acho natural que o foco da vez esteja voltado para o presidente Temer, assim como já esteve prioritariamente voltado para o ex-presidente Lula.  Os processos contra ele já estão na fase final, e brevemente as primeiras sentenças judiciais serão anunciadas. Quando isso acontecer, e a primeira deve vir a público até o final do mês, novamente surgirão as acusações de que Lula e o PT estão sendo perseguidos, os organismos internacionais serão acionados. [Lula condenado e encarcerado não provocará reação de organismos internacionais  - pelo menos os com alguma moral e que prezem o nome - haja vista que o mundo inteiro já comprovou que Lula é o chefe de todos os chefes de todas as organizações criminosas e tudo com abundância de provas.
O fato do delator marchante Joesley voltar sua artilharia contra Temer não surpreende; o autor de mais de 200 crimes - cujas penas, por baixo, ultrapassam 2.000 anos, isto se fosse condenado mas o MP com o aval de Fachin já cuidou para que o açougueiro tenha perdoado seus crimes passados, presentes e futuros - começou a perceber que a revolta dos brasileiros contra sua impunidade,  por oferecer uma delação vazia, sem credibilidade, sem provas, pode levar a ter seus benefícios cancelados e só lhe resta centrar sua artilharia em Temer: afinal acusar sem provas é fácil., apesar de muitas vezes levar o acusador a ser punido e o acusado ter mias um caminha para provar a inocência.]

É surpreendente que uma entrevista claramente de interesse público, já que o empresário que gravou o presidente da República não falara ainda para um órgão jornalístico, seja considerada estranha, ou parte de uma conspiração para a sua derrubada.
Se não houvesse nada a ser delatado, Joesley Batista não teria importância para as investigações da Procuradoria-Geral da República. A conversa, em tom de sussurros, mesmo àquela hora da noite no subsolo do Palácio Jaburu, revelou os bastidores do submundo político e só pode ser considerada uma banalidade num país que já se perdeu.

Fonte: Merval Pereira - O Globo