Governo avalia que decisão da S&P pode ajudar na aprovação do ajuste no Congresso
Segundo técnicos, perda do grau de investimento será quase certa se parlamentares não apoiarem medidas
A equipe econômica avalia que a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor´s (S&P) de colocar a nota do Brasil em perspectiva negativa pode
ajudar a pressionar o Congresso Nacional a votar logo o ajuste fiscal.
Segundo técnicos da área econômica, se os parlamentares não trabalharem
em conjunto com o governo, a perda do grau de investimento será quase
certa. Em conversas com a Fazenda, a própria analista responsável pela
avaliação do Brasil na S&P, Lisa Schineller, já disse isso às
autoridades brasileiras. — Isso acaba ajudando o governo de alguma forma. Sem o Congresso
aprovando o ajuste e alinhando o entendimento com o governo, o risco de
perda de grau de investimento é alto — disse uma fonte do governo.
Ainda segundo os técnicos, embora a redução da meta de superávit
primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) de 2015
tenha contribuído para a decisão de reduzir o viés da nota do país, o
que orientou a agência foi o baixo crescimento e as incertezas políticas
que cercam o governo. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ainda não se pronunciou
oficialmente sobre a S&P. Ele chegou a cancelar sua participação
numa entrevista que estava marcada para comentar a retomada dos
trabalhos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
A
S&P mencionou em nota que a série de investigações de corrupção
entre determinadas empresas e políticos pesa, cada vez mais, sobre a
perspectiva econômica e fiscal do Brasil, colocando risco na
implementação de políticas efetivas, particularmente no Congresso. A agência informou, ainda, que o país enfrenta circunstâncias
políticas e econômicas desafiadoras. Em sua nota explicativa, a S&P
destaca, entretanto, que houve uma correção política significativa
durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
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Fonte: O Globo