Nota
da dívida da petroleira caiu de Baa2 para Baa3, a um nível de perder o grau de
investimento
A agência de classificação de risco Moody's
rebaixou na noite
desta quinta-feira todos os ratings
da Petrobras. A decisão foi motivada por preocupações com as investigações
sobre corrupção na estatal e uma possível pressão sobre
a capacidade da companhia de pagar suas dívidas, em função de atraso na
divulgação de resultados financeiros auditados.
A ação cortou todas as notas da
petroleira de Baa2 para Baa3. Com isso, a estatal está a um degrau de perder o chamado grau de
investimento, espécie de selo de
garantia que indica que a empresa é boa pagadora. A Moody's disse ainda que os ratings permanecem em perspectiva negativa,
enquanto as investigações da Operação Lava-Jato continuam a se desenrolar. “Ações de rating adicionais vão considerar
os desdobramentos da investigação sobre corrupção em curso e a passagem de
tempo sem um claro progresso em direção a uma produção normal de comunicados
financeiros”, disse a agência, em comunicado.
Em
outubro, a nota da empresa já havia sido
rebaixada pela agência. Na ocasião, o principal motivo para o corte foi o alto nível de
endividamento da companhia. Desta
vez, pesou na avaliação a falta de
informações mais claras sobre o real impacto dos desvios de pagamentos
sobre os ativos da empresa. Na madrugada de quarta-feira, a Petrobras divulgou, com mais de dois meses de atraso, seu balanço
financeiro referente ao terceiro trimestre do ano passado. O relatório, não
auditado por empresas independentes, identificou a existência de R$ 88,6 bilhões em ativos superavaliados.
O Conselho de Administração da empresa, no entanto, entendeu que não era
possível identificar quanto desse montante era relacionado a casos de fraudes
na empresa. "A empresa reconheceu a
necessidade de fazer revisões para ajustar valores de ativos em seus relatórios
financeiros para refletir pagamentos superfaturados ligados a fraudes. No
entanto, a Petrobras falhou em informar com clareza a magnitude desses ajustes.
A falta em revelar o tamanho dos ajustes
não é um sinal encorajador para o relatório auditado do fim do ano",
acrescentou a nota da Moody's.
Em
teleconferência com analistas nesta quinta-feira, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que as perdas
causadas pelos casos de corrupção podem ser ainda maiores que o já apurado,
à medida que a Operação Lava-Jato avançar nas investigações. A declaração abalou a confiança dos
investidores, que levaram as ações da empresa na Bolsa a cair mais de 3%. Nos últimos dois dias, a Petrobras já perdeu mais de R$ 16 bilhões em
valor de mercado.
OUTRAS
AVALIAÇÕES
Em
dezembro, outra agência de risco, a Fitch, já
havia dito que os escândalos de corrupção poderiam afetar a nota da petroleira.
Na quinta-feira, a agência publicou um comentário sobre a Petrobras em que
reforça que a nota da Petrobras está estável na classificação como BBB (segundo nível do grau de investimento, ou
seja, a estatal está duas classificações acima de ser
considerada "investimento de risco") mesmo após a
divulgação do relatório do terceiro trimestre de 2014 sem as perdas por
corrupção e sem a auditoria externa. Mas a empresa volta a reforçar que a piora
no quadro pode levar a uma revisão da nota da Petrobras. "O escândalo de corrupção em torno das contratações da Petrobras
tem o potencial de afetar negativamente sua qualidade de crédito e ratings na
medida em que ela impactar as operações e a liquidez da empresa ou ela receber
penas pecuniárias associadas ao escândalo", disse a agência.
Na outra grande classificadora de risco
global, a Standard & Poor's (S&P), a nota
da Petrobras está classificada como BBB -, considerada estável desde a última avaliação, em 24 de março do ano
passado. Ou seja, nesta agência, a estatal está uma nota acima da classificação
de investimento de risco, fazendo, assim, que das três grandes empresas
classificadoras a Petrobras esteja no último degrau do "grau de investimento" na Moody's e na S&P e dois
degraus acima na Fitch.
Moody’s rebaixa Petrobras; ações da empresa voltam
a derreter; Dilma, a muda, está perplexa
Consta que a
presidente Dilma Rousseff deu os parabéns a Graça Foster por ter resistido à
pressão dos fatos e não ter incorporado uma baixa nos ativos de quase R$ 90
bilhões. Não duvido. Imagino o que nasce do encontro das duas gigantes. Os
efeitos do balanço falso, divulgado pela empresa, são mais desastrosos do que
se imaginava.
Pronto! A Petrobras está à
beira do grau especulativo. A agência de classificação de risco Moody’s
rebaixou os ratings globais da empresa. Agora a Petrobras é uma “Baa3”. É claro que tudo isso é reflexo
da Operação Lava Jato, que, por sua vez, nasce
da roubalheira. Mas não só. A Moody’s também
reage à inação da presidente Dilma, que decidiu deixar tudo como está para
ver como é que fica. Há muito deveria ter
demitido toda a diretoria, a começar de Graça. Mas quê… Dilma deu os parabéns pela divulgação de um
balanço fraudado.
A agência é explícita
e afirma que o balanço nada esclareceu e aponta “a falta de progresso na revelação de ajustes aproximados”,
afirmando não ser “um sinal encorajador
para a entrega no prazo adequado dos informes financeiros anuais auditados”. Resultado: as ações da Petrobras,
que haviam caído mais de 14% em dois dias, voltaram a despencar nesta sexta: as ON tiveram recuo de 5,55%, e as PN, de 6,4%.
A Petrobras derrete, e Dilma está apatetada, sem saber o que fazer.
Fonte: Veja On Line –
Reinaldo Azevedo