As
propostas econômicas dos candidatos ainda estão muito embrionárias, mas tanto
Marina Silva quanto Geraldo Alckmin e Ciro Gomes defendem a taxação de
dividendos, com redução dos tributos sobre as empresas. Na semana de
entrevistas com cinco dos candidatos na Globonews, foi possível ver
convergências e muita imprecisão ainda sobre o que está sendo proposto na
economia. O candidato Jair Bolsonaro falou em privatizar a Petrobras, mas por
um motivo conjuntural: o preço do diesel.
A
privatização da empresa ícone do Estado brasileiro não pode ser decidida assim
por esse motivo. Segundo o candidato, já que o preço dos combustíveis está
alto, é melhor privatizar a companhia. Disse e repetiu. Bom, ela ser vendida
como está só transformará um monopólio estatal em privado. E quebrar o
monopólio no refino, com venda de algumas das refinarias, pode ser o caminho
mais seguro para quem quer competição nos preços. Isso foi defendido por
Geraldo Alckmin.
O mais
importante que fica da série de entrevistas em que, pela ordem, Álvaro Dias, do
Podemos, Marina Silva, da Rede, Ciro Gomes, do PDT, Geraldo Alckmin, do PSDB, e
Jair Bolsonaro, do PSL, falaram à Globonews é que ficou claro que alguns têm
propostas econômicas mais definidas, mas há quem tenha apenas ideias
desconexas. O
candidato Jair Bolsonaro teve que parar de se esconder atrás do economista
Paulo Guedes e não soube muito bem explicar por onde vai nesse tema. Ninguém
tem que ser economista, mas pessoas que se dispõem a governar o Brasil tem que
saber o que estão oferecendo aos eleitores como projeto para tirar o país da
bomba fiscal em que está. Eles é que tomarão as decisões.
Ciro
Gomes tem propostas que no tempo da entrevista, duas horas, não conseguiu
explicar muito bem, mas que embute riscos. Para o discurso político ele acusa
“meia duzia de plutocratas banqueiros” de receberem os juros da dívida. Se
fosse simples assim, bastava então não pagar. Mas a dívida é, como ele sabe,
carregada por milhões de brasileiros e 25% dela está na mão de fundos de
pensão. Acusar os banqueiros é fácil e soa bem na retórica eleitoral, porque há
um consenso de que os spreads brasileiros são altos demais, e os lucros,
exagerados. Mas decidir não pagá-la ou estabelecer teto para o pagamento é o
caminho mais curto para o desastre.
Marina
Silva repete o que já disse em outras campanhas, mas agora de forma muito mais
segura, que o ajuste fiscal terá que ser feito e através do controle estrito
das contas públicas, mas precisará detalhar mais, como todos os outros, o
caminho do equilíbrio. Geraldo Alckmin e Ciro Gomes prometem zerar o enorme
déficit público brasileiro em dois anos. Hoje, o déficit primário está em R$
150 bilhões e o ano que vem, primeiro do próximo governo, será o sexto ano no
vermelho no qual a presidente Dilma levou o país e do qual ainda não se sabe
como sair. O rombo tem que ser enfrentado. Mas como? Ainda não ficou claro. A
maioria fala em cortar incentivos e subsídios. Esse é de fato um dos caminhos,
o de reduzir as transferências para o capital, mas ninguém diz que interesse
vai contrariar. Ciro Gomes afirmou ao fim da entrevista que será um corte
linear de 15% em todos os programas, mas ao mesmo tempo defendeu durante a
entrevista a permanência e até o crescimento dos subsídios à indústria, o que é
uma contradição.
O país
está diante da mais difícil das suas eleições. A economia é um dos dilemas. Não
é o único. É preciso saber como garantir a governabilidade, após as eleições.
Geraldo Alckmin montou uma grande coalizão eleitoral, mas com partidos
envolvidos no que houve de pior nos últimos anos. Marina Silva, Jair Bolsonaro,
Ciro Gomes e Álvaro Dias estão em partidos pequenos. O PDT de Ciro é um pouco
maior, claro. Mas nenhum deles tem dimensão para começar a organizar uma
coalizão de governo. Ciro chegou à entrevista no dia em que o PT armara o plano
de tirar dele o apoio do PSB, assunto que ainda provoca tremores no PT. Em
Pernambuco, Marília Arraes mantém a candidatura ao governo pelo partido, e em
Minas Gerais Márcio Lacerda se insurgiu contra a decisão do PSB. [por isso defendemos algo que não sabemos como fazer - atualmente só pode ser imposto e para isto tem que ser um regime forte - seria um governo que tivesse para a área que vamos chamar de moralização = ORDEM - as ideias de Bolsonaro e para a área de recuperação da economia = passo inicial para o PROGRESSO - as ideias de Alckmin.
E óbvio sem um Janot para atrapalhar, trabalhando contra o Brasil.]
Muito
perto da eleição, sabemos pouco dos caminhos. Mas se Ciro ataca seres sem rosto
como “o baronato” e os “plutocratas”, Jair Bolsonaro faz ofensas e ameaças
diretas a parcelas do eleitorado: negros, mulheres, indígenas. Esta é a eleição
que enfrentaremos.