“Eu
gostava muito e continuo gostando das ideias socialistas e comunistas”, reafirmou no dia 25 de janeiro o
presidente Vladimir Putin durante o 1º
Foro Inter-regional da Frente do Povo de Todas as Rússias, em Stavropol, no
sudoeste da Federação Russa, segundo a agência de Moscou Interfax.
E para
afastar qualquer dúvida, acrescentou: “Vocês
sabem que, como mais de 20 milhões de cidadãos soviéticos, eu fui membro do
Partido Comunista da URSS. E não somente fui um membro do partido, mas
trabalhei por quase 20 anos para uma organização conhecida como Comitê para a
Segurança do Estado”, o nome por extenso da KGB.
“Como vocês sabem, não fui um
membro por necessidade”, acrescentou. “Eu gostava muito
das ideias comunistas e socialistas como ainda continuo gostando”,
sublinhou. E completou afirmando que ele nunca jogou fora sua carteira de
membro do Partido Comunista da URSS. “O
Partido Comunista da União Soviética colapsou, mas minha carteirinha está bem
guardada em certo local”.
Nada
disso é novo para os leitores, seguidores e assinantes de “Flagelo Russo”. Temos descrito em dezenas de posts essa
posição ideológica de Putin, dissimulada por vezes sob um palavreado
enganador ou em manobras calculadas para despistar. Porém, a notícia chega oportunamente para
abrir os olhos de muitos espíritos pouco perspicazes ou iludidos, enganados pela guerra da informação do Kremlin.
É claro que não temos ilusão
quanto aos camuflados, mas genuínos simpatizantes do comunismo putinista, “companheiros de viagem” das manobras do líder russo. Estes não perderão ocasião para voltar a insistir nas
virtudes e utilidades do líder comunista confesso. Pensamos
especialmente nos eclesiásticos que
fingem ver nele a promessa de uma restauração dos valores cristãos.
Para
esses, Vladimir Putin enviou uma
mensagem bem dosada: “Se nós olharmos
para o Código do Construtor do Comunismo, [conjunto de regras morais
destinado a todos os membros do Partido Comunista] que foi largamente distribuído na União Soviética, ele parece muito
com a Bíblia. Não é uma brincadeira, de fato há passagens semelhantes na
Bíblia”.
A fórmula glosa aquela utilizada
há meio século por Fidel Castro, títere da URSS, para confessar sua adesão ao
comunismo: “Se eu sou comunista, Jesus Cristo foi o primeiro comunista”. Mas Putin não pronunciou em Stavropol um mero
slogan da cartilha da KGB; no fundamento doutrinário
dessa adesão ao comunismo ele apontou uma analogia com certa “teologia do povo” que fermenta no catolicismo: “O Código proclama
ideias muito boas: igualdade, fraternidade, felicidade”, explicou, passando mel nos seguidores da Teologia da
Libertação, agora tão à vontade no Vaticano. Fidel
Castro também procurou se apoiar nesses teólogos “libertadores dos pobres” quando explicou em abril de 1961
que “esta é a revolução socialista e
democrática dos humildes, com os humildes e para os humildes”.
Fidel falou com meio século de
antecedência ao pontificado de Francisco I. Putin fala no meio desse pontificado. Compreende-se que trabalhem tão intensamente juntos. Porém, o ditador do Kremlin esclareceu: seu
comunismo não teria sido posto em prática pelos “socialistas utópicos”, entre os quais incluiu Lenine, segundo a
revista Newsweek.
O modelo de seu
comunismo é o de Stalin, responsável pelo massacre de milhões de
proprietários de terra, “burgueses”, e simples cidadãos. Putin contrapôs-se a Lênin,
concentrador de poderes, e a Stalin, que teria sido o campeão do conceito de “larga autonomia” para as repúblicas
soviéticas, conceito esse que Putin deu a entender que favorecia.
Basta ver como ele esmagou a
Chechênia e o que está fazendo com a Ucrânia, sem receber crítica citável de seus
amigos teólogos dos oprimidos e dos pobres, mas apenas beijinhos e elogios em encontros públicos!
Fonte: http://flagelorusso.blogspot.com/ - Luis Dufaur
Fonte: http://flagelorusso.blogspot.com/ - Luis Dufaur