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quarta-feira, 2 de março de 2022

Por que a OTAN continuou existindo após a Guerra Fria? Gazeta do Povo

Filipe Figueiredo

Um dos motivos alegados pelo governo russo para invadir a Ucrânia seria impedir que o país vizinho se torne um integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Mesmo após a dissolução da União Soviética, a Federação Russa repetidas vezes afirmou que a OTAN é uma ameaça aos seus interesses e à sua segurança. Com o assunto ganhando ampla repercussão com o novo conflito, comentários foram feitos, inclusive por jornalistas e analistas profissionais, de que a OTAN teria perdido sua razão de existir com o fim da Guerra Fria, já que ela foi criada com a URSS como antagonista. Torna-se interessante, então, responder a pergunta: por que a OTAN continuou existindo após a Guerra Fria?


A Representante Permanente dos EUA na OTAN, Julianne Smith, participa de uma conferência de imprensa na sede da Aliança em Bruxelas, Bélgica, 15 de fevereiro de 2022.
A Representante Permanente dos EUA na OTAN, Julianne Smith, participa de uma conferência de imprensa na sede da Aliança em Bruxelas, Bélgica, 15 de fevereiro de 2022.| Foto: EFE/EPA/STEPHANIE LECOCQ

Antes disso, é essencial frisar que a argumentação de que a OTAN deveria ter deixado de existir após a Guerra Fria pode, em última instância, ser um apoio indireto à invasão de um país soberano, a Ucrânia, por outro, a Rússia, a potência agressora. Podem existir também pessoas que genuinamente pensem dessa maneira, que a organização teria cumprido sua missão durante a Guerra Fria e, ao ser mantida após 1991, contribuiu para tensões posteriores, como a sua expansão ao leste. Devido a essa linha tênue entre apologia de uma guerra e um debate intelectual válido, é importante deixar claro que entender ou explicar a OTAN não implica em legitimar todas suas ações e a atual ação russa. [somos contra as guerras, mas temos que reconhecer que a situação de conflito militar entre Rússia x Ucrânia tem vários motivos,com predominância de dois: 
- a necessidade da OTAN demonstrar que ainda tem alguma importância - apesar da razão principal, quiçá, única - a Guerra Fria - ter acabado:; e,
- a falta de escrúpulos do presidente da Ucrânia em criar uma guerra para os outros países guerrearem.]

Veja Também: O que é a Otan e por que a Rússia ameaça quem pretende entrar?
Chernobyl e o ataque de decapitação contra a Ucrânia

 Premissa falsa
O problema do argumento de que a OTAN teria perdido sua razão de ser com o fim da Guerra Fria é o de que ele parte de uma premissa comum, mas falsa, de que a Guerra Fria foi um fenômeno próprio. Não, a Guerra Fria é um capítulo, é um trecho, de um conflito mais amplo, interpretado pelas teorias clássicas da geopolítica. Em suma, dentre as grandes potências, duas seriam protagonistas. A que tiver o domínio do poder naval e a que tiver a hegemonia da vastidão terrestre Eurasiana. No século XIX, após a consolidação de uma ordem internacional centrada em potências, com o Congresso de Viena de 1815, essas potências eram, respectivamente, o Reino Unido e o Império Russo.

Naquele momento, os Estados americanos ainda se estabeleciam. Na Europa, a Espanha estava decadente em seu poder internacional, a França enfraquecida após as Guerras Napoleônicas e Áustria e Prússia disputavam a primazia no mundo alemão. A África estava fragmentada em uma miríade de reinos e, na Ásia, a postura era de isolamento total no Japão, de isolamento político na China, grande centro comercial, e a Índia e o sudeste asiático eram progressivamente subordinados aos europeus. Finalmente, o vasto, multicontinental e multinacional império Otomano passava por repetidas crises, com uma estrutura que não conseguia modernizar a economia do império.

Enquanto isso, o Reino Unido se isolava dos distúrbios continentais em sua política de “Isolamento Esplêndido” e tornava-se a potência hegemônica dos mares e do comércio mundial. Um enorme império colonial foi conquistado e o Reino Unido vitoriano era a “Oficina do Mundo”, um centro comercial e industrial. A Rússia, por sua vez, continuava sua expansão territorial no Cáucaso, na Ásia Central e no Extremo Oriente, além de expandir sua influência política sobre os povos eslavos do Cáucaso. Lembremos também que, naquele momento, o Império Russo incluía os atuais países bálticos, a Finlândia, Moldova e partes da Polônia.

Disputa por influência
Reino Unido e Rússia inclusive buscavam um deter a influência do outro. O apoio britânico aos otomanos, cujo grande exemplo é a Guerra da Crimeia, e a disputa pela Ásia Central no Grande Jogo são talvez os exemplos mais conhecidos. Outro, menos conhecido e ainda mais importante, é o fato de que a primeira aliança militar assinada pelos britânicos em quase cem anos foi “mirando” a Rússia, a aliança com o Japão, em 1902. Caso a Rússia atacasse um dos dois, o outro viria em defesa, colocando os russos em uma guerra em duas frentes. O Japão, aproveitando essa vantagem, derrotou a Rússia na guerra Russo-Japonesa de 1905, que projetou o país asiático como uma nova potência.

Na véspera da Grande Guerra, o Reino Unido dominava um quarto do território mundial, de forma não contínua. A Rússia dominava outros 17%, no maior império contínuo e centralizado da História. O cenário naquele momento, entretanto, era outro. Via Relação Especial, o Reino Unido começava a "passar o bastão” de potência marítima para os EUA, também “insulado” dos conflitos europeus em seu próprio continente. A unificação alemã criou uma potência econômica e militar no centro da Europa, cuja hegemonia industrial se projetava sobre fatia considerável do continente. A diplomacia britânica, temendo uma aproximação entre Alemanha e Rússia, o que criaria um titã territorial e econômico, se movimentou.

Em 1904, a criação da Entente Cordial aproximou britânicos e franceses, inimigos históricos, em uma aliança contra a Alemanha. Via França, foi construída a Tríplice Entente com a Rússia, uma aliança de ocasião. O objetivo britânico era impedir a aproximação entre Rússia e Alemanha. Depois da Grande Guerra, essa aproximação voltou a ocorrer, entre a República de Weimar e a URSS, dois países então excluídos da ordem internacional da Liga das Nações, aproximação que é encerrada pela Segunda Guerra Mundial e os planos nazistas de tomar os territórios soviéticos, além do antagonismo ideológico com o comunismo internacional e o Pacto Anticomintern.

Guerra Fria
Vem a destruição da Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria,
um conflito geopolítico por influência entre EUA, potência marítima, e a URSS, a potência territorial. Agora com um toque ideológico, em que cada superpotência tinha um alinhamento ideológico claro, cobrado de seus aliados. Ou seja, a Guerra Fria foi apenas um capítulo ideológico dentro de uma disputa mais ampla e mais longeva, que remetia ao início do século XIX. Com a Guerra Fria, veio a criação da OTAN, cuja semente inicial foi o quê? O Tratado de Dunquerque, de 1947, que basicamente foi uma renovação da Entente Cordial, a aliança entre Reino Unido e França, criada décadas antes da Guerra Fria.

Essa aliança foi expandida para incluir o Benelux, no Pacto de Bruxelas e, em 1949, é assinado o Tratado do Atlântico Norte, que adiciona Itália, Portugal, Dinamarca, Canadá e, principalmente, os EUA à defesa coletiva da Europa ocidental. Naquele momento, apenas duas potências tinham armas nucleares, URSS e EUA. Em 1952, Grécia e Turquia entram na aliança e, em 1955, a Alemanha ocidental. Esse processo de expansão foi conduzido por Lorde Hastings Ismay, primeiro Secretário-geral da organização. Ele é autor de uma célebre frase para definir a OTAN, lembrada por um amigo diplomata da coluna em meio ao conflito na Ucrânia. Segundo ele, a aliança foi criada para "para manter os russos fora, os americanos dentro e os alemães abaixo".

A preocupação quando da criação do pacto de defesa coletiva não era necessariamente a URSS, era a Rússia, em qualquer encarnação, modelo de Estado ou ideologia que fosse, e seus objetivos são atrelar a defesa da Europa ocidental ao poderio dos EUA, independentemente de inimigo, e impedir que a Alemanha possa tornar-se, novamente, um pólo próprio que represente um desafio dentro da ordem internacional. 
Seja na década de 1950, na década de 2000 ou na década de 2050. 
Os propósitos da OTAN não se limitavam à Guerra Fria, assim como o fim da Guerra Fria não encerrou a disputa geopolítica, foi apenas o fim de um capítulo ideológico. O fim da Guerra Fria, ao contrário do que ingenuamente dito por Francis Fukuyama, não foi o “fim da História”.

Ascensão da China
É justo pelo caráter ideológico da Guerra Fria que é tentador achar que ela foi um processo próprio, e seu fim representou uma euforia com a possível “nova era”, de otimismo, ambientalismo e defesa dos Direitos Humanos. Oras, até hoje existem pessoas que automaticamente ligam a Rússia ao comunismo, mesmo no governo Putin. Lembremos, entretanto, que a Guerra Fria durou apenas pouco mais de quarenta anos, o que historicamente significa muito pouco. O fim da Guerra Fria, não sendo o fim de uma disputa mais ampla, foi apenas a transformação dessa disputa.

Em uma ordem multipolar, estamos vendo a ascensão de novas potências, como a Índia. Um mundo economicamente mais interligado. A expansão da OTAN para o leste, com países antigamente na esfera de influência russa. [aí é que mora o perigo - gostem ou desgostem, uma potência nuclear tem o poder de destruir o planeta - sabemos que não existe nenhuma segurança contra uma guerra nuclear, ainda que pretensamente localizada. O resultado é único: hecatombe, podendo ser total ou  parcial e progressiva. A própria radiação, inevitável, é mais mortífera, apenas mais lenta, que o potencial explosivo, imediato.]Também há uma maior integração em defesa dentro da Europa e, como consequência da invasão da Ucrânia, o governo alemão anunciou maior orçamento militar. Inclusive, é interessante lembrar que a aproximação entre Alemanha e Rússia nas últimas décadas, com projetos de energia, por exemplo, não agradava Washington.

Se cem anos atrás o Reino Unido passou o bastão de potência marítima para os EUA, hoje é a Rússia que transfere o posto de potência territorial para a China. 
Não por acaso, em agosto de 2019, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, afirmou que a aliança precisa se adaptar para conter a influência chinesa. 
Acreditar que a OTAN deveria ter acabado junto com a Guerra Fria é ingenuamente comprar um discurso ideológico de achar que o mundo realmente se tratava apenas de uma disputa entre capitalismo e comunismo. É ignorar que, no cenário internacional, vivemos uma realidade cuja origem está, em boa parte, no século XIX. Passando por transformações e capítulos específicos, mas, ainda assim, marcada por bandeiras originadas naquele período. Principalmente, por disputas e interesses de longo prazo. A OTAN é apenas uma encarnação desses interesses.
Filipe Figueiredo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

O crepúsculo da União Soviética - Dagomir Marquezi

Em dezembro de 1991, a mais poderosa ditadura do mundo começou a se desmanchar de vez. E caiu sem praticamente nenhum tiro 

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) surgiu em outubro de 1917, a partir da implantação pioneira de uma ideologia — o comunismo. Fundada por Vladimir Ilich Lenin no fim da Primeira Guerra Mundial, cresceu até somar uma centena de nacionalidades vivendo em 15 repúblicas. Ocupava as terras do Leste Europeu até o Oceano Pacífico e do Círculo Polar Ártico até os desertos do sul da Ásia, cobrindo 22,4 milhões de quilômetros quadrados — o equivalente a 2,6 vezes o tamanho do Brasil.
                  Mapa político da URSS -  Foto: Shutterstock

A União Soviética ocupava um sexto da superfície terrestre. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o poder da URSS cresceu ainda mais. Sete países da Europa Oriental foram transformados em seus satélites no bloco comunista — Albânia, Hungria, Bulgária, Checoslováquia, Alemanha Oriental, Polônia e Romênia (a Albânia se descolou do grupo em 1968).

Uma máquina poderosa de propaganda internacional transformou esse bloco soviético no “paraíso do proletariado”. Lá, todos teriam os mesmos direitos, garantidos pelo sistema socialista. Os êxitos da URSS eram divulgados com orgulho por seus seguidores mundo afora — as conquistas esportivas, a bomba nuclear mais devastadora de todos os tempos, o primeiro satélite artificial, o primeiro astronauta em órbita, etc. Tudo indicava que o domínio do resto do mundo pelo comunismo soviético era apenas questão de tempo.

E, no entanto, o paraíso não era tão perfeito quanto os militantes da causa declaravam. O primeiro-ministro Nikita Khrushchev (entre 1958 e 1964) foi quem denunciou os crimes cometidos por seu antecessor, Josef Stalin, que deixou um rastro de 20 milhões de mortes.

O paraíso dos trabalhadores era na verdade um inferno de incompetência e repressão. Quem reclamasse era mandado para os campos de concentração da Sibéria, chamados gulags. A KGB, polícia de Estado comandada pelo Partido Comunista, dominava cada detalhe da vida. Os desfiles militares e as medalhas olímpicas escondiam a realidade de um império paralisado pela própria inépcia. Pior: não havia esperança. A população vivia num estado de penúria e medo permanentes. E os figurões do PC tinham direito a uma vida de luxo e poderes absolutos.a

Glasnost & perestroika
Khrushchev foi substituído por outros burocratas carrancudos. Mas nada funcionava, a não ser para os altos funcionários do PCUS. Nos anos 1980, a URSS estava paralisada. O modelo centralizador comunista não conseguia tirar o império do ponto morto. Para piorar as coisas, seu grande rival, os EUA, vivia um momento econômico especialmente exuberante. Desde 1981, era presidido por um republicano convicto, o ex-ator Ronald Reagan.
                          Ronald Reagan -  Foto: Divulgação

Reagan percebeu que a URSS estava desabando. E resolveu acelerar o processo. Apostou numa série de avanços no campo do armamento nuclear e num improvável projeto de mísseis no espaço que ficou conhecido como Star Wars. A União Soviética não tinha fôlego para responder a mais esse desafio estratégico.

A catástrofe da usina nuclear de Chernobyl, em 1986, havia mostrado quanto o regime estava apodrecido em todos os detalhes. O próprio Partido Comunista parecia ter reconhecido isso e permitiu que, em 1990, o reformista Mikhail Gorbachev virasse o líder máximo do império. Gorbachev, que sempre foi um comunista convicto, implantou no esclerosado aparelho de Estado duas palavras russas que logo se tornariam conhecidas no resto do mundo: glasnost e perestroika.

Glasnost quer dizer “abertura” e representava uma tentativa de dar um fôlego de liberdade de expressão e informação ao regime. Perestroika (“reestruturação”) ofereceu aos cidadãos alguma liberdade política, além de traços de livre mercado. Eram mudanças ousadas, mas limitadas. Mesmo assim foram boicotadas pelos burocratas do Partido Comunista, que temiam perder seus privilégios estatais.

Mikhail Gorbachev -  Foto: Reprodução/Facebook

A coragem de Gorbachev possibilitou que, em 1989, os países-satélites da Europa Oriental derrubassem suas ditaduras comunistas, uma após a outra. Sem sua visão de estadista, o Muro de Berlim não seria derrubado em 9 de novembro de 1989. Em 1990, Gorbachev não só aceitou que as Alemanhas Oriental e Ocidental se reunissem num só país como não se opôs a que a Alemanha reunida fizesse parte da organização militar antissoviética, a Otan. Propôs a extinção das armas nucleares até 2000 e anunciou profundos cortes na máquina militar soviética. Seus atos foram tão ousados que Gorbachev recebeu o Prêmio Nobel da Paz.


Dezembro de 1991
As repúblicas que formavam a URSS também começaram a se revoltar. A ordem rígida implantada por Lenin se diluía. E, quanto mais a realidade ficava exposta, mais os comunistas temiam perder o poder. Bateu o desespero.

Durante três dias de agosto de 1991, Gorbachev e sua família foram aprisionados por golpistas da linha dura do PC em sua “dacha” (casa de veraneio) na Crimeia. O império soviético havia se transformado numa república das bananas. O golpe, patético em sua execução, saiu pela culatra. Uma sensação surda de “basta” se espalhou pela maior nação do mundo. O comunismo estava sendo derrotado em seu berço.

A essa altura, o presidente da Rússia já era Boris Yeltsin (Gorbachev teoricamente tinha mais poder, pois era o presidente de toda a União Soviética). Yeltsin, rompido com o PC, era um político conhecido por: 1) não acreditar em nenhuma tentativa de ressuscitar o Partido Comunista; 2) ser corajoso o suficiente para criticar os privilégios da elite do partido; e 3) beber além da conta, mesmo para os padrões russos. Criou uma cena histórica ao enfrentar tanques nas ruas de Moscou e libertar Gorbachev.

Ao enfrentar os golpistas, Yeltsin ficou mais forte. Passou, na prática, a dividir o poder com Gorbachev, que se aferrou em sua concepção de que a URSS poderia viver para sempre, com alguns ajustes. A derrubada de um sistema político encastelado no poder do maior país do mundo havia sete décadas já seria difícil e perigosa. Mas havia um fator complicador: 27 mil armas nucleares prontas para lançamento. E ninguém sabia exatamente quem estava controlando o arsenal.

Esse xadrez se resolveu no mês em que o mundo virou de cabeça para baixo. Em dezembro de 1991, a mais poderosa ditadura do mundo começou a se desmanchar de vez. E caiu sem praticamente nenhum tiro. O mundo viveu durante um mês a sensação de que tudo era possível — o desastre e o sonho. Entre o caos e a possibilidade de uma convivência pacífica, livre, construtiva entre as maiores potências do mundo na época. Assim foi o mês mágico de dezembro de 1991, no distante mundo de 30 anos atrás:

(...)

4 dezembro 1991
Mikhail Gorbachev alerta: com a partida da Ucrânia, “a pátria (URSS) está ameaçada e o maior perigo é a crise de Estado”. O que ele diz já não importa muito.

6 dezembro 1991
O Pentágono declara que as 27 mil ogivas nucleares soviéticas aparentemente estão em mãos do governo central (chefiado por Mikhail Gorbachev). Mas a situação não está tão clara na recém-independente Ucrânia, que armazena 4 mil ogivas da URSS em seu território. O governo americano teme que, com o aparente caos político, armas soviéticas possam cair em mãos de “terroristas, ladrões ou países em guerra”.

9 dezembro 1991
Os governos da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia declaram o fim oficial da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. E o nascimento de uma nova “Comunidade de Estados Independentes”, mantendo ação coordenada em assuntos de defesa, relações internacionais e economia. “A URSS, como sujeito do direito internacional e da realidade geopolítica, está deixando de existir”, declaram os três governos nacionais. Mikhail Gorbachev afirma em entrevista a uma TV francesa que as consequências do desmantelamento da União Soviética vão fazer a sangrenta guerra civil na Iugoslávia parecer uma “piada”. “Neste fim de semana”, notou Celestine Bohlen, comentarista do New York Times, “três das repúblicas da União Soviética provaram que, ao contrário das repúblicas da Iugoslávia, estão dispostas e podem se encontrar e negociar sobre o futuro comum”.

(...)

18 dezembro 1991
Yeltsin declara ao jornal italiano Repubblica que espera a renúncia de Gorbachev do cargo de presidente da URSS. O Parlamento Soviético, já sem poder, se “reúne” com um único orador presente, um comunista linha-dura chamado Viktor Alksnis. E existe uma única pessoa ouvindo seu discurso: ele mesmo. Os comunistas passaram o dia bravos com o fato de Gorbachev ter arrumado tempo para tirar fotos com a banda de rock alemã Scorpions, e não para ressuscitar o comunismo.

19 dezembro 1991
Boris Yeltsin faz todos os gestos para evitar uma dualidade de poder na nova Rússia. Toma o controle do Ministério das Relações Exteriores, do Parlamento e até do escritório presidencial, ocupado por Mikhail Gorbachev. Com um decreto, institui a MSB, nova sigla que substitui a velha e temida KGB. E levanta a possibilidade impensável até então: que a Federação Russa aderisse à Otan. Justamente a organização militar criada para combater a União Soviética. Outros países, especialmente a Hungria e a Checoslováquia, querem seguir o mesmo caminho.

Bandeira da Federação Russa | Foto: Vyacheslav 
Evstifeev/Shutterstock

25 dezembro 1991
No Kremlin, às 19h32, a bandeira vermelha com a foice e o martelo da URSS é recolhida pela última vez. Mikhail Gorbachev renuncia a seu posto de presidente da URSS. Entrega os códigos de disparo dos mísseis nucleares a Boris Yeltsin. Gorbachev deixa o governo aos 60 anos, com direito a uma aposentadoria de 48 mil rublos por ano. Ironicamente, por causa do fracasso econômico de seu próprio governo, esse dinheiro equivale a meros US$ 40 mensais. Recebe também um apartamento em Moscou, uma dacha de férias, dois carros, 20 guarda-costas e acesso gratuito à rede de saúde.

A bandeira da União Soviética (URSS) com a estátua de Lenin ao fundo | Foto: Alek Seenko/Shutterstock

26 dezembro 1991
No Kremlin, é hasteada pela primeira vez a bandeira branca, azul e vermelha da nova Federação Russa. Gorbachev sugere que vai descansar um tempo e ressurgir para a vida pública por meio de uma ONG, a Green Cross, fundada dois anos depois.

(....)

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Dagomir Marquezi, colunista - Revista Oeste


domingo, 27 de setembro de 2020

Todos os homens de Bolsonaro - Nas entrelinhas

 O presidente só pensa na reeleição, que parece ao alcance das mãos. O que acontecerá com a democracia brasileira se controlar o Judiciário e passar o rodo no Congresso, em 2022?

[A reeleição está ao alcance das mãos do presidente Bolsonaro, apoiado pelos verdadeiros patriotas.

A pandemia está indo embora - graças a DEUS - e os inimigos do presidente = inimigos do Brasil, da liberdade e da democracia =  perdem força e espaço, consequentemente, a capacidade de atrapalhar a recuperação econômica da nossa Pátria Amada.

Curioso é que quando a ditadura é da minoria, não é uma ditadura; quando a maioria assume o governo, exercendo um dos princípios básicos da democracia - a vontade soberana do povo - passa a ser chamada de ditadura da maioria.]

Para quem leu Todos os Homens do Kremlin (Editora Vestígio), de Mikhail Zygar, ex-editor-chefe da única emissora de TV independente da Rússia, a TV Rain (Dozhd), o paralelo com o presidente Jair Bolsonaro e sua atuação no poder é inevitável, resguardadas, é óbvio, as diferenças de contexto histórico e nacional. Como Vladimir Putin, Bolsonaro tornou-se presidente porque soube aproveitar a oportunidade, bafejado pela sorte. Diferentemente do presidente russo, porém, não era um candidato do sistema: o homem certo na hora certa para o então presidente Boris Yeltsin, o político carismático, beberrão e imprevisível, que implodiu a antiga União Soviética, destronando Mikhail Gorbatchev, e liderou a transição selvagem para o capitalismo na Federação Russa. Bolsonaro foi um candidato antisistema, que surfou o tsunami eleitoral de 2018, na onda de insatisfação popular com os políticos gerada pela Operação Lava-Jato.

As semelhanças são maiores quando levamos em conta que Putin não tinha uma estratégia de poder –– foi administrando as circunstâncias para mantê-lo. Ex-chefe da FSB, usou a força do Estado para afastar aliados indesejáveis, proteger os amigos de São Petersburgo e da antiga KGB, seduzir os militares e liquidar os adversários. Os instrumentos de coerção do Estado –– os serviços de inteligência, a polícia, o Ministério Público e o Judiciário –– foram fundamentais para a consolidação de sua longa permanência no poder, depenando oligarcas que se apoderaram das estatais russas, favorecendo os empresários amigos e eliminando possíveis concorrentes eleitorais. Putin acreditou que seria bem recebido pelos líderes das grandes potências ocidentais, mas logo se viu frustrado por Angela Merkel, a primeira-ministra alemã; Nicolas Sarkozy, o presidente francês; e, principalmente, Barack Obama, o presidente negro dos Estados Unidos. [convenhamos que a rejeição dos líderes citados, teve influência zero nos planos de Putin;

a cada dia que passa o regime de Putin mais torna improvável qualquer recaída comunista.

Aliás, o comunismo só dá certo - caso da China e processo promissor na Rússia - quando se afasta do comunismo.]

Arreganhou os dentes quando chegou à conclusão de que todos queriam enfraquecer a Federação Russa e afastá-la das antigas repúblicas soviéticas. E de que o menosprezavam, tratando-o como um personagem menor na cena internacional. Esse sentimento de rejeição somente aumentou ao longo dos anos, mas teve como resposta o endurecimento da política externa russa em relação às ex-repúblicas soviéticas da Geórgia e da Ucrânia, e ao Oriente Médio. A decisão estratégica de manter o ditador da Síria, Bashar al-Assad, no poder a qualquer preço, e assim preservar sua base naval no Mediterrâneo, foi uma demonstração de força. Da mesma forma, a divisão da Ucrânia, com a anexação da Criméia como uma república autônoma da Federação Russa, com o propósito de manter a grande base naval da frota do Mar Negro. Por último, o apoio econômico e militar a Nicolás Maduro, na Venezuela.

Reeleição
No terceiro mandato de presidente, a relação de Putin com o ex-presidente liberal Dmitri Medvedev, com quem também se revezou no cargo de primeiro-ministro, hoje é de estranhamento. Na verdade, sempre foi tensa, como a de Bolsonaro com o vice-presidente Hamilton Mourão, um general de quatro estrelas. Putin afastou todos os aliados com política própria ou a lhe fazer sombra. Bolsonaro fez a mesma coisa. Começou com o general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, hoje ocupada pelo general Luiz Ramos, principal articulador político do governo, e o advogado Gustavo Bebiano, secretário-geral da Presidência, já falecido, defenestrado para dar lugar a um ex-assessor parlamentar de inteira confiança, Jorge Oliveira. O ex-deputado Onyx Lorenzoni foi deslocado da Casa Civil para o Ministério da Cidadania, para dar lugar ao general Braga Netto. Os ministros da Justiça, Sergio Moro, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no auge do prestígio, também foram defenestrados, sendo substituídos pelo advogado da União André Mendonça e outro general, Eduardo Pazuello, respectivamente, dois bem-mandados. [com as vênias indispensáveis, não resistimos apresentar um comentário: a menção ao ortopedista e ao ex-juiz, só reduz o brilho de mais uma brilhante matéria do ilustre articulista.]

Deputado ligado ao baixo clero durante toda a sua trajetória, para neutralizar qualquer tentativa de impeachment, Bolsonaro montou uma base parlamentar com os partidos do Centrão, cujos líderes — Gilberto Kassab (PSD-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI) — apoiam qualquer governo. Trocou os desastrados deputados de extrema direita, que defendiam o seu governo no Congresso, por raposas moderadas do Parlamento: Ricardo Barros (PP-PR), na Câmara, Fernando Bezerra (MDB-PE), no Senado, e Eduardo Gomes (MDB-TO), no Congresso. E está fritando o ministro da Economia, Paulo Guedes, um economista ultraliberal, cada vez mais isolado no governo.

Qual foi a estratégia de Putin para manter sua popularidade ao longo de duas décadas? Domar o Parlamento, controlar o Judiciário, estreitar a aliança com a Igreja Ortodoxa, estimular o nacionalismo russo e o conservadorismo machista e homofóbico. Putin transformou a jovem democracia russa numa ditadura da maioria, no qual assume um papel cada vez mais autocrático. Mais populista do que nunca, Bolsonaro recuperou a popularidade, apesar da pandemia, e só pensa na reeleição, que parece ao alcance das mãos. O que acontecerá com a democracia brasileira se Bolsonaro controlar o Judiciário e passar o rodo no Congresso, em 2022, como deseja? [a democracia brasileira é sólida o bastante para sustentar uma 'ditadura' da maioria;

muitos a consideram tão frágil, que levantam dúvidas sobre ser nossa democracia um bom regime de governo? o que está sempre prestes a cair, é por ser ruim.]

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


quarta-feira, 2 de março de 2016

Putin confessa: "sou comunista"



“Eu gostava muito e continuo gostando das ideias socialistas e comunistas”, reafirmou no dia 25 de janeiro o presidente Vladimir Putin durante o 1º Foro Inter-regional da Frente do Povo de Todas as Rússias, em Stavropol, no sudoeste da Federação Russa, segundo a agência de Moscou Interfax.

E para afastar qualquer dúvida, acrescentou: “Vocês sabem que, como mais de 20 milhões de cidadãos soviéticos, eu fui membro do Partido Comunista da URSS. E não somente fui um membro do partido, mas trabalhei por quase 20 anos para uma organização conhecida como Comitê para a Segurança do Estado”, o nome por extenso da KGB.

“Como vocês sabem, não fui um membro por necessidade”, acrescentou. “Eu gostava muito das ideias comunistas e socialistas como ainda continuo gostando”, sublinhou. E completou afirmando que ele nunca jogou fora sua carteira de membro do Partido Comunista da URSS. “O Partido Comunista da União Soviética colapsou, mas minha carteirinha está bem guardada em certo local”.

Nada disso é novo para os leitores, seguidores e assinantes de “Flagelo Russo”. Temos descrito em dezenas de posts essa posição ideológica de Putin, dissimulada por vezes sob um palavreado enganador ou em manobras calculadas para despistar.  Porém, a notícia chega oportunamente para abrir os olhos de muitos espíritos pouco perspicazes ou iludidos, enganados pela guerra da informação do Kremlin.

É claro que não temos ilusão quanto aos camuflados, mas genuínos simpatizantes do comunismo putinista, “companheiros de viagem” das manobras do líder russo. Estes não perderão ocasião para voltar a insistir nas virtudes e utilidades do líder comunista confesso. Pensamos especialmente nos eclesiásticos que fingem ver nele a promessa de uma restauração dos valores cristãos.

Para esses, Vladimir Putin enviou uma mensagem bem dosada: “Se nós olharmos para o Código do Construtor do Comunismo, [conjunto de regras morais destinado a todos os membros do Partido Comunista] que foi largamente distribuído na União Soviética, ele parece muito com a Bíblia. Não é uma brincadeira, de fato há passagens semelhantes na Bíblia”.

A fórmula glosa aquela utilizada há meio século por Fidel Castro, títere da URSS, para confessar sua adesão ao comunismo: “Se eu sou comunista, Jesus Cristo foi o primeiro comunista”.  Mas Putin não pronunciou em Stavropol um mero slogan da cartilha da KGB; no fundamento doutrinário dessa adesão ao comunismo ele apontou uma analogia com certa “teologia do povo” que fermenta no catolicismo: “O Código proclama ideias muito boas: igualdade, fraternidade, felicidade”, explicou, passando mel nos seguidores da Teologia da Libertação, agora tão à vontade no Vaticano.  Fidel Castro também procurou se apoiar nesses teólogos “libertadores dos pobres” quando explicou em abril de 1961 que “esta é a revolução socialista e democrática dos humildes, com os humildes e para os humildes”.

Fidel falou com meio século de antecedência ao pontificado de Francisco I. Putin fala no meio desse pontificado. Compreende-se que trabalhem tão intensamente juntos.  Porém, o ditador do Kremlin esclareceu: seu comunismo não teria sido posto em prática pelos “socialistas utópicos”, entre os quais incluiu Lenine, segundo a revista Newsweek.

O modelo de seu comunismo é o de Stalin, responsável pelo massacre de milhões de proprietários de terra, “burgueses”, e simples cidadãos. Putin contrapôs-se a Lênin, concentrador de poderes, e a Stalin, que teria sido o campeão do conceito de “larga autonomia” para as repúblicas soviéticas, conceito esse que Putin deu a entender que favorecia.

Basta ver como ele esmagou a Chechênia e o que está fazendo com a Ucrânia, sem receber crítica citável de seus amigos teólogos dos oprimidos e dos pobres, mas apenas beijinhos e elogios em encontros públicos!

Fonte:
http://flagelorusso.blogspot.com/ - Luis Dufaur

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Assassinatos de mulheres negras no Brasil avançam 54% em dez anos, aponta estudo


No total, em 2013, 4.762 mulheres foram assassinadas no País, posicionando-o no quinto lugar no mundo
Em um ano, morreram assassinadas 66,7% mais mulheres negras do que brancas no Brasil. Essa é uma das conclusões do Mapa da Violência 2015, que será divulgado nesta segunda-feira pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), e que, nesta edição, foca na violência de gênero no País.

O estudo foi considerado inovador pela representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, ao revelar a "combinação cruel" que se estabelece entre racismo e sexismo: em uma década (a pesquisa abarca o período de 2003 a 2013), os feminicídios contra negras aumentaram 54%, ao passo que o índice de mortes violentas de mulheres brancas diminuiu 9,8%.

No total, em 2013, 4.762 mulheres foram assassinadas no País, posicionando-o no quinto lugar no mundo - só está melhor que El Salvador, Colômbia, Guatemala e Federação Russa. Foram 13 homicídios femininos por dia: uma mulher morta a cada 1h50min. É o equivalente a exterminar todas as mulheres em 12 municípios do porte de Borá (SP) ou Serra da Saudade (MG), que têm menos de 400 habitantes do sexo feminino.  "As mulheres negras estão expostas à violência direta, que lhes vitima fatalmente nas relações afetivas, e indireta, àquela que atinge seus filhos e pessoas próximas. É uma realidade diária, marcada por trajetórias e situações muito duras e que elas enfrentam, na maioria das vezes, sozinhas", diz Nadine.

Os dados, julga ela, denunciam uma "bárbara faceta do racismo", sendo urgente acelerar respostas institucionais concretas em favor das mulheres negras. O Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20, motivou a escolha do mês de lançamento da pesquisa. O Mapa da Violência conclui que a população negra é vítima prioritária da violência homicida no Brasil, enquanto as taxas de feminicídio contra a população branca tendem, historicamente, a cair. Em uma década, o índice de vitimização das negras - cálculo que resulta da relação entre as taxas de mortalidade de ambas as raças - cresceu 190,9% em todo o País, número que ultrapassa os 300% em alguns Estados, como Amapá, Pará e Pernambuco.

Diferenças entre Estados
Os Estados com maiores taxas de feminicídio de negras são Espírito Santo, Acre e Goiás. O número de mulheres negras assassinadas só diminuiu em Rondônia e em São Paulo. Nem a Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em 2006, foi capaz de encolher a estatística. Depois da promulgação da lei, apenas cinco Estados registraram queda nas taxas. A vitimização das mulheres negras veio em uma escalada íngreme entre 2003 e 2012, mas sofreu queda em 2013. Ainda é cedo para comemorar, no entanto. Conforme os procedimentos metodológicos do Mapa da Violência, esse aspecto só se configura como real tendência se houver três anos consecutivos de diminuição.

Servidora pública e membro do coletivo Pretas Candangas, de Brasília, Daniela Luciana ressalta que há um tipo de violência contra a mulher negra que não pode ser mensurada em números: a simbólica.  "Somos violentadas desde a hora em que acordamos até a hora de dormir, por conta do estereótipo, da invisibilidade e da pouca presença em espaços de poder", afirma Daniela. O grupo organiza para o dia 18, na capital federal, a Marcha das Mulheres Negras, pelo fim da violência contra a mulher.

Ambiente doméstico
O Mapa da Violência revela, ainda, que 55% dos crimes de violência de gênero no Brasil foram cometidos no ambiente doméstico - e que 33,2% dos homicidas eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas. Isso significa que, a cada 10 mulheres com mais de 18 anos, quatro foram mortas pelos companheiros ou ex-companheiros, que usaram, com maior prevalência, força física ou objeto cortante. As armas de fogo são mais comuns nos assassinatos de homens.  "A violência contra a mulher é um problema de saúde pública, que ocorre em diversas regiões do País e do mundo. Divulgar dados e estudos sobre esse tema ajuda a compreender a dimensão do problema e pôr fim a esta prática", afirma o representante da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) no Brasil, Joaquín Molina.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.