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domingo, 1 de agosto de 2021

Os crimes do presidente: quem vai punir? - Carlos Alberto Sardenberg

Como lidar ou, se quiserem, como reagir ao presidente Bolsonaro? É mais fácil dizer o que não se deve fazer: bater boca com ele.  Essa é a casa dele.  Alguns sugerem não fazer nada:  deixem ele falar sozinho com a turma do cercadinho. Não é boa ideia. Afinal, o cara é presidente eleito com 57,7 milhões de votos. [vão se adaptando que o presidente Bolsonaro será reeleito com um número superior de votos - o destino dos que são contra a reeleição do capitão é seguir a máxima do grande Zagallo: "vão ter que me engolir"]  Não se pode dizer que sejam todos fiéis. Muita gente, a maioria, acredito,  votou nele considerando a opção melhor ou menos ruim, de modo que depositaram um mínimo de confiança em sua capacidade.

Neste pessoal, é possível que cole a questão do voto impresso, por exemplo. Qual o problema, dirão, de tirar um print do voto? Por isso, fez muito bem o Superior Tribunal Eleitoral ao responder, on line, em tempo real, às mentiras que Bolsonaro foi espalhando na live da última quinta-feira. O TSE ocupou espaço nas redes sociais – território bolsonarista – e deu argumentos técnicos, detalhados, contra as fake news. Mostrou por exemplo que uma urna cheia de papeizinhos impressos é mais vulnerável a roubos de toda espécie do que a urna eletrônica. [incrível ... como se deturpa uma ideia... querem, por mero capricho  (definir como ignorância é incabível,  se tratando do Sardenberg, só resta definir como capricho) deixar a impressão que os defensores do VOTO AUDITÁVEL, também chamado de voto impresso, querem o retorno do voto em cédulas de papel. 
Só nos resta provar em três minutos que a urna eletrônica vai permanecer, que o voto continuará sendo eletrônico, apenas será registrado também em papel, que não será levado para a casa do eleitor. O registro em  papel permitirá a checagem se o total de votos do candidato computados no BU - BOLETIM DE URNA = que é impresso com dados armazenados em meio digital = confere com os votos registrados em papel.]

Portanto, temos aqui uma linha de resposta. Não cair na armadilha do bate boca, mas responder com serenidade, mostrando fatos, sem exclamações.
Isso vale especialmente para a imprensa independente. E é o que temos procurado fazer aqui no Grupo Globo. Os leitores não imaginam o tempo e os recursos que utilizamos para checar e rechecar as falas do presidente e sua turma.  Lógico, há uma parte dos eleitores de Bolsonaro – os fiéis dos cercadinhos – que sequer se inteiram do que se publica na imprensa independente. Vivem, como seu chefe, no mundo das fake news da internet.

Serão quantos? 25% do eleitorado? Varia, é claro, conforme as circunstâncias. Por exemplo: economistas, cientistas políticos, políticos profissionais, de variadas tendências, acham que Bolsonaro pode ter um bom momento no ano que vem, se a vacinação estiver bem avançada e a economia em recuperação. [a sensatez do ilustre articulista se impôs no final deste parágrafo = ainda que reconhecendo o óbvio.]

Ou seja, a reação – serena, técnica – ao comportamento do presidente deve ser permanente e diária. Mas e a outra parte da história? Os danos que a gestão Bolsonaro causa ao país, às instituições e ao serviço público? Isso vai desde as ofensas e ataques ao sistema democrático (as ameaças de golpe) até o desleixo e a corrupção na compra de vacinas. [SUGESTÃO: primeiro chequem se os danos realmente ocorreram - bom lembrar que muitos desejos, devaneios, são apresentados como danos ocorridos; se realmente ocorreram se foram praticados pelo governo Bolsonaro; que as conclusões confirmando a ocorrência e responsabilidade pelos danos sejam acompanhadas de provas = a JUSTIÇA, em maiúsculas, sempre prevalece e tem o costume de exigir PROVAS de quem acusa.
Provando a ocorrência dos danos, provando que foram criminosos e provando a autoria que se aplique a lei ou leis. É assim que as coisas funcionam em uma democracia.] Pode-se incluir aqui as coisas aparentemente menores, como o incêndio na Cinemateca ou a paralisação da Plataforma Lattes, no CNPq. Nestes dois casos, é evidente a péssima administração dos órgãos federais. A Cinemateca, por exemplo, está sem gestor há meses. No dia do incêndio, o governo lançou edital para contratar. É uma confissão, não é mesmo?

Então temos: ameaças à estabilidade institucional; ataques à liberdade de imprensa; vidas perdidas por falta de vacinas e de políticas sanitárias nacionais; e desastres administrativos, com danos à população e ao interesse público. [ao comentário do parágrafo anterior se acrescente que: acusações não podem ser genéricas,vagas, imprecisas. Imagine se alguém acredita nas afirmações do deputado Miranda e seu mano = começou com a garantia que estava tudo gravado (mensagens e áudio) = foi só o negócio deixar de ser fofoca da Covidão e ir para a PF que um dos manos disse ter 'esquecido' de gravar, o celular com as mensagens foi vendido e 'esqueceram' de efetuar backup.]

Resumo da ópera: responder é bom e importante, mas não basta. Certamente, há crimes nesse desempenho presidencial. O que nos leva ao grande problema atual.  Ministério Público, Polícia Federal, Ministério da Justiça – instituições que poderiam  investigar e representar contra o presidente estão devidamente aparelhados. [sic] O Congresso está controlado pelo Centrão , que pouco se lixa para as questões da democracia e das instituições. Seus chefes só que não querem um  golpe militar, porque isso, ao menos temporariamente, tiraria poder dos políticos.

Um Bolsonaro que entrega cargos e dinheiro está mais que bom. Sobram a imprensa independente, governadores, prefeitos e parlamentares de oposição e o Supremo Tribunal Federal. Sim, sobra Lula também, mas ele quer que Bolsonaro fique assim mesmo até as eleições, para polarizar fácil. Deveria pensar mais no país do que nele, mas isso não vai acontecer.  Tem também a CPI da Covid, mas que demora e não pode chegar diretamente a Bolsonaro.[ops....uma confissão? o objetivo único é chegar ao presidente Bolsonaro? 
o chato para os inimigos do Brasil é que esqueceram de combinar com o presidente para falar menos e cometer crimes ... 
felizmente, o nosso presidente, o Presidente da República Federativa do Brasil, JAIR MESSIAS BOLSONARO, vez ou outra se excede nos comentários mas NÃO COMETE CRIME ou CRIMES.]

Então, quem vai apanhar e punir os crimes do presidente?

Carlos Alberto Sardenberg,  jornalista 

Coluna publicada em O Globo - Economia