Partido teme que novos panelaços aqueçam a luta em
favor do impeachment e vai deixar suas duas estrelas cadentes longe da
televisão
Lula, o homem mais honesto do mundo,
segundo ele próprio, e Dilma, a governanta mais competente do mundo, segundo
ela própria, não vão aparecer nos programas políticos do PT.
É, crianças… Em
rio que tem piranha, jacaré nada de costas, como se diz lá em Dois Córregos,
não é mesmo? Ou, se quiserem que eu escreva de outro modo, escrevo: quem tem
Lula e Dilma tem medo!
Que coisa, né? Ainda me lembro de
Gilberto Carvalho, com aquela modéstia aparente de coroinha de sacristia, a
dizer que o PT era um partido privilegiado mesmo. Segundo ele, a legenda podia
contar com um Pelé no banco — o Pelé, bem entendido, era Lula. Pois é… Bastaram
cinco anos de governo Dilma para que o craque se revelasse um perna de pau.
E aqui quero que fique clara uma coisa:
a dupla Dilma-Mantega fez besteira aos montes. Ali, como é sabido, a arrogância
tornava a incompetência ousada, e a incompetência tornava a arrogância
satisfeita de si. E o país foi para o buraco. Mas não fizeram isso tudo sozinhos.
Dilma levou ao paroxismo problemas que herdou do governo Lula. Quem passou à
atual presidente o destrambelhamento fiscal, não se enganem, foi o modelo
erigido pelo Apedeuta, que não sabe se vai se candidatar a papa ou a presidente
do Íbis, o pior time do mundo.
As inserções do PT, cujo formato ainda
não foi definido, segundo a Folha, vão ao ar nos dias
2, 4, 6, 9 e 11 de fevereiro. O programa de 10 minutos está previsto para o dia
23. O conteúdo, consta, ainda vai depender dos humores do país. E por que as duas maiores estrelas vão
ficar fora da propaganda política? Bem, porque cadentes, não é? Eles caem, em
vez de subir. O temor é que novos panelaços forneçam a liga necessária para
esquentar o clima óbvio de descontentamento.
Não sei se perceberam: até agora, a
economia do país só piora. E não há sinais no horizonte de que a coisa vá ser
revertida tão cedo. Economistas os mais respeitados começam a prever para este
ano uma recessão ainda maior do que a do ano passado. Não se enganem: a
aparente calmaria que está por aí, para quem já navegou um pouco neste mundão,
é prenúncio de tempestade.
Petistas, hoje, não conseguem ir a um
restaurante, como todos sabemos. Não que eu estimule hostilidades. Muito pelo
contrário. Mas os companheiros sabem que a censura pública que lhes faz a
população tem motivos, não é mesmo? O PT traiu os compromissos que eram seus —
e aplica um estelionato eleitoral sem precedentes — e traiu os compromissos que
são da civilização: nunca se viu em ação um sistema tão organicamente corrupto
como o que aí está.
Restou a Lula o quê? Bem, meus caros,
restou a Lula conceder entrevistas para subjornalistas do nariz marrom,
proclamar a própria honestidade — uma vez que ela já não é tão facilmente
reconhecida — e sair ameaçando geral: “Olhem que eu processo…”. Nem parece
aquele antigo líder que subia no palanque, nos tempos da oposição, e vendia a
honra alheia por dez tostões. Ao Lula da era do milhão e do bilhão sobrou
acenar para os desafetos com o terror jurídico.
Mesmo os críticos mais duros do PT, e
pretendo me incluir entre eles, não anteviram um fim tão melancólico e tão patético
para o partido que pretendia ser diferente de tudo o que está aí. Em certa
medida, foi mesmo! Os “companheiros” resolveram profissionalizar as artes em
que outros, antes deles, como Paulo Maluf e Fernando Collor, se mostraram
verdadeiros amadores.
O Brasil vai, claro!, sobreviver. Mas
vamos pagar muito caro. Infelizmente.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo