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sábado, 13 de maio de 2023

O Chile caminha entre a decadência e a esperança - Revista Oeste

Cristyan Costa

Vitória da direita na Constituinte dá confiança ao país, que hoje sofre com a crise econômica e o aumento da violência, sob a incompetência do governo de esquerda de Gabriel Boric

Gabriel Boric | Foto: Claudio Abarca Sandoval/NurPhoto/Shutterstock
 
Em outubro de 2019, multidões insufladas por estudantes raivosos do ensino médio foram às ruas de Santiago para se manifestar contra o aumento do preço da passagem de metrô. O então presidente do Chile, Sebastián Piñera, recuou, mas os protestos continuaram. Enxergando uma boa oportunidade eleitoral, partidos de esquerda juntaram-se à trincheira dos insatisfeitos, e, em poucos dias, as mobilizações partiram para a violência e o vandalismo contra o patrimônio público-privado. A cada recuo do governo, as reivindicações aumentavam. A mais ambiciosa foi exigir uma nova Constituição. Acuado, o Executivo convocou um plebiscito em dezembro. Um ano depois do início dos atos, 80% da população quis outra Carta Magna.

Nesse período, o líder estudantil Gabriel Boric, então com 35 anos, se destacou em meio às manifestações de esquerda. Em 2021, venceu a eleição para presidente, com a promessa de “justiça social” e de liderar os trabalhos pela nova Constituição. Meses depois, o povo escolheu os constituintes, em sua maioria, de esquerda, para a assembleia responsável por redigir a Carta. O primeiro rascunho assustou a população, por aumentar a presença do Estado na vida das pessoas, propor um modelo social-democrata de economia e tratar de termos vagos, a exemplo de “dissidências sexogenéricas”, “integridade afetiva” e “igualdade substantiva”. Não demorou para a população rejeitar amplamente o texto na primeira votação.publicidade
 
O presidente do Chile, Gabriel Boric, discursa para apoiadores na capital do país, pouco depois de ser empossado no cargo – 11/3/2022 | Foto: Reprodução/Redes sociais

Depois de oito meses de debates, nesta semana, os chilenos voltaram às urnas para mudar a composição do Conselho Constitucional. Desta vez, os ventos sopraram para o lado oposto, e partidos de direita garantiram maioria, com 33 assentos de um total de 50. Só o Partido Republicano (PR) obteve 22. A legenda é comandada pelo ex-deputado José Antonio Kast, líder da oposição que perdeu para Boric em 2021, mas que vem ganhando musculatura até mesmo em redutos de eleitores de centro. Um membro do PR disse que a oposição promete manter o máximo de dispositivos possível previstos na atual Carta Magna, feita no regime de Augusto Pinochet e alvo de ataques nas manifestações realizadas em 2019.

Vitoriosa na disputa pelas cadeiras do conselho que vai redigir a nova Carta Magna, a direita chilena tem uma série de desafios. Um deles é preservar da Constituição passada elementos que deram certo, como o modelo de economia liberal

Não foi só o primeiro rascunho da Constituição que motivou esse paradoxo. A população está insatisfeita com uma série de problemas sociais graves. O governo Boric tem sido incapaz de lidar com a inflação anual de 13% (a maior em 30 anos), os 2 milhões de desempregados e o aumento da criminalidade — hoje o maior problema do país. Em 2022, os homicídios cresceram 35% em relação ao ano anterior. O número representa a segunda maior variação na América Latina, perdendo apenas para o Equador. Os roubos violentos aumentaram 65% em 2022 e os de automóveis, 40%. Esse cenário desesperador é a realidade de quase todas as cidades chilenas, sobretudo da capital, que abriga quase 6 milhões de pessoas, a maior parte da população do país, estimada em 20 milhões de habitantes. 
O líder da direita chilena, José Antonio Kast, vota para eleger os constituintes da Assembleia (8/5/2023) | Foto: Reprodução/José Antonio Kast/Twitter
 
A degradação de Santiago
“Limpa, bem cuidada e muito segura.” Essa é a Santiago que o motorista particular Jorge Pinto, 50 anos, guarda na memória desde a infância, quando saía com os pais para passear nos parques arborizados do centro. Nascido e criado na capital, hoje, ao dirigir pelas ruas transportando turistas, lamenta o descaso do poder público com a cidade. “Na minha juventude, as pessoas não andavam com bolsas na frente do corpo, com medo de um criminoso praticar um furto”, disse, ao apontar para uma mulher de cerca de 20 anos caminhando apressada enquanto olha para os lados. “Agora, tornou-se algo comum. Esse comportamento é o sintoma de uma cidade muito adoecida.”Mirante do Cerro Santa Lucía vandalizado no centro de Santiago (26/4/2023) | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste

Ao chegar ao centro de Santiago, no bairro nobre Paris-Londres, Pinto critica as várias pichações que se alastram pelos prédios de arquitetura europeia, muitos dos quais abrigam o comércio local. “Fico com vergonha quando estrangeiros vêm para cá”, desabafou o homem de baixa estatura e rechonchudo, que fala bem o português. “O processo de degradação começou em 2017, ainda no governo Piñera, e foi piorando a partir de 2019, quando iniciaram aqueles protestos. E não é só no centro. O ódio à ordem e ao belo está espalhado por toda a cidade. Em praticamente todos os cantos, há vandalismo, e não se faz nada. A prefeita, Irací Hassler, que é comunista como o nosso presidente, é omissa quanto à zeladoria de Santiago.”

O diagnóstico do motorista particular pode ser notado em pontos turísticos famosos de Santiago, como o Cerro Santa Lucía, onde o conquistador Pedro de Valdívia anunciou a fundação de Santiago, em 12 de fevereiro de 1541. As paredes do mirante, que atrai turistas, usado como fortaleza pelos espanhóis em confronto com índios mapuches nativos no passado, estão descascadas e com pichações. Pela dimensão do estrago, percebe-se que ele se mantém há bastante tempo. Os jardins onde soldados passavam as horas vagas com a família estão tomados por jovens que consomem drogas.Moradora de rua pede dinheiro a transeuntes nas adjacências do Cerro Santa Lucía (26/4/2023) | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste

Tampouco a Igreja São Francisco Borja, a poucos metros dali, fundada em 1876 e destruída pela esquerda em 2020, foi restaurada. Naquele ano, as imagens nas redes sociais impressionaram o mundo, em razão da violência com o que o local sagrado foi profanado. O templo continua fechado e em ruínas. Não há previsão para qualquer ato do Executivo no sentido de reerguer o edifício multicentenário.Extremistas de esquerda incendeiam a Igreja São Francisco Borja, no centro de Santiago – (19/10/2020) | Foto: Divulgação/Vatican News

Os calçadões do centro estão ocupados por moradores de rua pedindo dinheiro aos transeuntes. O forte odor de urina e fezes está presente em vários pontos — tampouco os arredores do efervescente Mercadão Municipal são poupados. Quem saca o celular naquela região, mesmo para ver a hora, é rapidamente advertido por um carabinero (polícial local) para guardar o aparelho, em virtude da grande quantidade de furtos que ocorrem em qualquer horário do dia. Um policial contou que a maioria dos crimes acontece quando a pessoa está com o celular na mão, enquanto aguarda o semáforo ficar vermelho. Isso porque delinquentes têm usado bicicletas para pegar o smartphonede alguém desavisado e sair em disparada. A sensação de insegurança, sobretudo na Rua Puente, é semelhante à experimentada por quem caminha pelo centro de São Paulo.Moradora de rua com criança de colo pede dinheiro a transeuntes nas adjacências do Cerro Santa Lucía (26/4/2023) | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste

A jornalista Pauli Suazo, 39 anos, mora em Huechuraba, bairro da região metropolitana de Santiago. Ela tem assistido impotente à degradação da capital do vinho. “Em um passado recente, conseguia andar tranquilamente pelo bairro onde moro, perto do centro da cidade, às 21 horas”, contou a mulher de estatura baixa, cabelos castanhos cacheados e dentes grandes. “Hoje, isso não é mais possível.” Sempre que um familiar avisa que vai sair, ela fica temerosa, sobretudo porque a escalada de violência aumentou também no transporte público e em aplicativos como Uber e Cabify. A sensação é a mesma de Carla Molina, 32 anos, 29 deles vividos no bairro Estação Central, no centro. “Sinto medo constantemente”, disse. “Por isso, tento não sair de casa sozinha, apesar de o bairro ser muito mais seguro do que outros. Evito ainda não sair muito tarde, nem muito cedo.”

Um dos poucos locais onde se pode ter relativa tranquilidade é a “Esplanada dos Ministérios” chilena, no entorno do Palácio de la Moneda, sede do governo federal. O imponente edifício branco acinzentado de estilo greco-romano, projetado pelo arquiteto Joaquin Toesca, não tem sinais de vandalismo nem lixo nas proximidades. Os vidros das janelas emolduradas de carvalho são tão limpos que é possível ver da rua contornos de grandes salas em estilo neoclássico. Centenas de carabineros fazem a guarda do local, andando de um lado para o outro, em meio aos espelhos d’água e dos chafarizes localizados em cada extremidade do prédio. A região é uma das mais bem preservadas e seguras da cidade. Essa atmosfera pode ser vivenciada também no bairro Providencia, onde fica o famoso Shopping Costanera. Alamedas arborizadas, sem lixo na rua e sinal de vandalismo nas paredes das casas são o desenho da região.O Palácio de la Moneda, no centro de Santiago – 26/04/2023 | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste
 
Direita, volver

Vitoriosa na disputa pelas cadeiras do conselho que vai redigir a nova Carta Magna, a direita chilena tem uma série de desafios. Um deles é preservar da Constituição passada elementos que deram certo, como o modelo de economia liberal, ameaçado pelo primeiro rascunho feito por radicais ligados a Boric. O outro é manter o Estado fora de questões que não lhe dizem respeito, como a família, e concentrar esforços em lidar com mecanismos relacionados à segurança pública e à imigração ilegal, que se tornaram as maiores preocupações dos chilenos.

A situação é paradoxal em vários aspectos. Em primeiro lugar, justamente o partido que se opôs à possibilidade de elaboração de uma nova Constituição terá a missão de liderar o processo que substituirá o atual texto constitucional. Não há mais tempo para equívocos. O recado que o presidente Boric deu a Kast não pode ser desprezado: “Não cometam o mesmo erro que nós”.Repartição pública na Rua de la Moneda, a poucos metros do palácio presidencial (26/4/2023) | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste

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Cristyan Costa, colunista - Revista Oeste

 


sábado, 10 de setembro de 2022

O risco de erosão democrática por meio da cúpula do Judiciário - Gazeta do Povo

Andre Uliano - VOZES

Rupturas não são atos, mas processos. Isso sempre foi assim. Na Roma antiga a passagem da República para o Império durou décadas, sendo inclusive difícil dizer o momento exato da transição. 
No Brasil, a derrubada do Império foi precedida por anos de agressiva propaganda contra a Coroa; 
Getúlio, por sua vez, deu o golpe diante de um forte clima polarização, medo, radicalização e decadência das democracias mundo afora; os regimes militares e o fim da eleição presidencial direta ocorreu após mais de uma década que envolvera um suicídio presidencial, tentativas de mudança de sistema de governo, paralisia legislativa e Guerra Fria.

Hoje não é diferente.

Recentemente, surgiu toda uma imensa e inesgotável bibliografia que tem se dedicado ao tema.

Contudo, em geral, o que se percebe é que parte dos autores dedicados ao tema sofrem de um forte enviesamento e consequente blindspot ideológico
Por isso, medidas de desgaste da democracia adotadas por setores de centro-esquerda são simplesmente ignoradas. 
Só para ficar num exemplo, logo após assumir a Presidência, Joe Biden fez uma das mais clássicas e patentes medidas de erosão democrática: uma tentativa do que se intitula "empacotamento da Suprema Corte". Isto é, a aprovação de uma reforma legislativa que amplie o número de membros, permitindo a nomeação de juízes alinhados ao governo, forçando uma reorientação jurisprudencial. 
O fato foi acompanhado do mais ensurdecedor silêncio pela maior parte do grupo de estudiosos do tema.  
Apenas o jurista conservador Keith Whittington, do Departamente de Ciência Política da Universidade de Princeton, publicou acertado artigo no Wall Street Journal, criticando a proposta e apontando o risco de erosão constitucional e democrática que ela comportava.

De todo modo, o conteúdo teórico dessas obras é muito bom. Utilizando a teoria exposta por esses autores é possível realizar nossa própria análise dos fatos e examinar uma ameaça específica à democracia: a captura das Cortes de Justiça.

Com efeito, a democracia é, basicamente, um procedimento pacífico, regrado, institucionalizado e razoavelmente competitivo para formação de governo.O que a literatura tem percebido com cada vez mais vigor e clareza é que há medidas que, embora não representem uma quebra súbita da ordem democrática, levam a uma perda de vitalidade e qualidade da democracia. A esse processo se costuma dar o nome de erosão democrática.

Esse processo, basicamente, atinge mecanismos de accountibility. Um termo em inglês que fundamentalmente indica um conjunto de práticas de governança, visando à prestação de contas, ao controle e à responsabilização dos atores institucionais. Com isso, o processo leva a uma consolidação do poder em um grupo e consequente perda do caráter competitivo dos processos eleitorais e de formação governamental.
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Um dos instrumentos que podem ser utilizados para promover esse processo de erosão e redução da accountibility é exatamente a captura política das Cortes Superiores. E esse é um risco que me parece que deve ser examinado com maior atenção no Brasil.

Em artigo que trata de espécies de falhas de processo político, o prof. da Universidade da Califórnia Stephen Garbaum aponta que um deles ocorre exatamente quando grupos políticos “miram e capturam instituições projetadas para serem independentes do controle político (…), como tribunais, promotores e comissões”. Esse foi um procedimento fartamente utilizado por governos chavistas na América Latina.

Continuando na exposição das lições do autor mencionado, essa espécie de captura tende a reduzir o nível de accountibility do grupo que obtém sucesso na cooptação e como isso tende a consolidar poder em suas mãos, o que “mina a estrutura constitucional da democracia representativa”. Segundo ele, “o novo e corrompido processo político resultante é qualitativamente diferente e muito menos ‘confiável’ do que um baseado em uma maior dispersão de poder e instituições mais robustas de prestação de contas.” Ele faz uma interessante comparação com o mercado: se a democracia é um mercado de vários players buscando ampliar sua autoridade política por meio da obtenção de apoio (uma espécie de conquista de mercado pela adesão de clientes), a captura de instituições independentes funciona como a implementação de um monopólio de poder pela manipulação das ações do órgão antitruste.

Os mecanismos de accountibility pode ser organizados em três grupos:

 -   accountibility horizontal: exercida pelo Parlamento, bem como pelos demais poderes e órgãos independentes como o Ministério Público;
-     accountibility diagonal: efetuada pela media e sociedade civil organizada;
-     accountibility vertical: realizada pela competição eleitoral e partidária.

Quanto às duas primeiras formas de accountibility (horizontal e diagonal), é viável a leitura de que várias medidas adotadas pelo STF tem o potencial de enfraquecê-las.

Primeiramente, quanto à accountibility horizontal, percebe-se que por meio do ativismo judicial, o STF constantemente esvazia ou invade atribuições do Legislativo e do Executivo, muitas vezes manipulando a jurisdição constitucional para impor pautas e agendas de grupos políticos vistos como alinhados com parcela majoritária dos ministros.

Isso, por óbvio, concentra poderes nas forças ideológicas que dominam a cúpula do Judiciário, impedindo a dinâmica desembaraçada da democracia, na qual há alternância e experimentalismo. Tais medidas ainda reduzem a capacidade dos demais poderes de realizar suas funções constitucionais de opor freios e contrapesos ao ramo judicial do Estado.

Também temos presenciado a interferência constante na Polícia Federal, com a distribuição de inquéritos sem a observância dos critérios objetivos e pré-definidos, além dos recentes atos de assédio contra o Ministério Público, buscando minar-lhe a autonomia quando o órgão por razões jurídicas não concorda com as medidas de perseguição ao presidente da República ou a grupos de seus apoiadores. Ao mesmo tempo, a Corte tem politizado perseguições criminais, impondo medidas cautelares gravíssimas a partir de pleitos de parlamentares de oposição e valendo-se exclusivamente de notícias de jornalistas igualmente opositores, os quais além da parcialidade inerente à sua condição falecem de legitimidade processual, segundo a lei processual penal.

Quanto ao segundo ponto, da accountibility diagonal, inúmeros inquéritos e medidas penais do STF têm deteriorado a liberdade de expressão e de prática jornalística de grupos críticos à atuação do Tribunal.  
O TSE também se destacou negativamente no tocante, em decisão com fundamentação insuficiente e que determinou o confisco das verbas oriundas de monetização de canais atuantes nas redes sociais, como nítida forma de censura. 
O STF, ainda, atribuindo, sem provas suficientes ou mediante generalizações infundadas, a pecha de atos antidemocráticos a manifestações populares, tem efetivamente enfraquecido a atuação de grupos da sociedade civil organizada.

Tudo isso se revela bastante preocupante, em especial em vista do contexto da América Latina. Saliente-se que não é necessário que haja a intenção de juízes destinada deliberadamente a deteriorar a democracia. A simples ocorrência factual de fenômenos dessa espécie e mesmo a mera percepção de setores da sociedade nesse sentido é o suficiente para desgastar os níveis de confiança nas instituições e na capacidade do Poder Judiciário de atuar de modo imparcial e independente. Várias pesquisas mostram que isso já vem ocorrendo no Brasil.

Daí a relevância de a sociedade discutir mecanismos para preservar ou restabelecer a independência judicial. 
Outrossim, pelas mesmas razões percebe-se a importância de os membros que atuam no aparelho de Estado transmitirem para a população a percepção de respeitabilidade e de tratamento equitativo, imparcial e baseado na reciprocidade.

André Uliano - Procurador da República. Mestre em Direito e em Economia.- Coluna Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 7 de abril de 2022

Decadência - Militância delirante quer incluir crianças em bares proibidos para menores de 18 - Madeleine Lacsko

Gazeta do Povo

Reflexões sobre princípios e cidadania

Madeleine Lacsko

A sensacional história do bar Miúda, que falou todEs até dizer chega mas foi cancelado até pelos grandes veículos de imprensa quando agiu certo.

Sim, o bar é isso mesmo. Um estacionamento com chão de brita com umas cadeiras de praia.

Sim, o bar é isso mesmo. Um estacionamento com chão de brita com umas cadeiras de praia. -  Foto: Instagram

"Eu só consegui me dar conta da violência que tinha sofrido quando entrei no carro e pude chorar à vontade". Essa frase faz parte de reportagens publicadas na imprensa nacional. Lendo isso, que história você imagina? Vou adiante com mais uma pista. "A cena do meu filho segurando a minha mão, com olho lacrimejando, na porta do Miúda, não foi fácil de elaborar". Que coisa terrível teria ocorrido com a criança de 5 anos?

Antes de tudo é necessário um esclarecimento: o que é o Miúda? É uma das maiores provas de que, enquanto houver otário, malandro não morre de fome. Pegaram um estacionamento, espalharam cadeira de praia e luz de neon num piso de brita, improvisaram mesa com caixote de supermercado e cobram R$ 90 por uma cachaça e duas cervejas long neck.

A foto que ilustra esta coluna é do Miúda. O bar exige comprovante de vacina para entrar e também o RG. Menor de idade não entra de jeito nenhum porque os donos do estabelecimento sabem que não é ambiente seguro para criança.  
Se você vê a foto e lê as declarações da mãe, já sente aquele aperto no coração. Será que alguém escapou daí de dentro e atacou a criança? 
Não, a mãe é que queria enfiar a criança aí. 
Não conseguiu e agora o jornalismo kamikaze diz que é discriminação. 
O parque de areia antialérgica está em polvorosa.

Quantas pessoas realmente morreram de Covid-19 na China? Expondo as mentiras do Partido Comunista

O “direito processual penal criativo” do STF

A história saiu primeiro no Universa, do UOL, depois no Nexo e então se espalhou para G1, Metrópoles e Veja São Paulo. Quando saiu na revista especializada Pais & Filhos, considerei prova científica da imbecilização do jornalismo tupiniquim.  

Todas as publicações partem de uma mentira, um erro factual que compromete a conclusão. A informação de que o estabelecimento "não aceita crianças" é diferente da realidade. Ele só aceita pessoas comprovadamente maiores de idade. Isso não é um detalhe.

A partir de uma distorção proposital, as publicações entrevistam especialistas induzidos a erro. 
A situação apresentada a eles é como se fosse, por exemplo, um restaurante ou um bar com ambiente familiar que decidiu não receber crianças. 
Muitos estabelecimentos fazem isso no mundo todo, tem até hotel que não aceita crianças. E realmente existe uma discussão sobre essa prática. Ocorre que não é esta a situação.

Suponha que você queira levar seu filho de 5 anos ao Café Photo, ao Bahamas, a um motel ou a um clube de swing
Não vai entrar, são estabelecimentos proibidos para menores de idade. Aliás, não precisa nem ir tão longe. Tente levar seu filho de 5 anos à área de musculação de uma academia de ginástica. Não vai entrar também, é perigoso para criança. 
Essa era a situação e não foi essa a exposição feita pelos jornalistas aos entrevistados.
É assim que chegamos a pérolas em defesa da presença de crianças nos ambientes proibidos para menores. "O artigo 5º da Constituição Federal aponta que todos são iguais perante a lei, além disso, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) também determina que é direito das crianças o convívio comunitário", disse um especialista consultado. Seria essa a fala dele caso fosse informado que o local exige comprovação de maioridade para entrar? 
Não sabemos. Só sabemos que isso chama jornalismo kamikaze.

Há uma diferença importante entre colunistas e repórteres. Colunistas, como eu, expõem sua opinião e têm princípios e métodos diferentes. Alguns nem jornalistas são. Repórteres não, eles reportam fatos. 

Quando grandes veículos têm repórteres que pensam ser colunistas numa jihad pela inclusão, o jornalismo comete suicídio. Se não é possível confiar na apuração dos fatos, as pessoas passam simplesmente a ouvir as opiniões de que mais gostam e ponto final, adeus realidade objetiva.

E há também um componente preocupante de infantilidade e total incapacidade de avaliar a diferença entre violência e regra. Dizer não é sempre uma violência. Não importa o que a pessoa faça, ela vai sacar da manga uma carta qualquer de minoria oprimida que lhe dará o free pass de fazer o que quiser. A tendência do público nesse caso será de crucificar a mãe. Só de olhar a foto do lugar a gente já quase pega micose, avalia enfiar uma criança ali. Mas é o jeito dela de viver e quem já teve filho dessa idade sabe como a gente fica cansada e às vezes julga mal.

Não dá para levar criança num lugar sem antes se informar como o lugar recebe crianças.
Mas eu já fiz isso, você provavelmente também, quem nunca? Ela pensou que ia ter um momento de diversão com os amigos, preparou tudo na gambiarra e ficou frustrada porque não deu certo. Talvez tenha ficado irritada, postou na rede social, tudo bem.

Suponhamos que tenha amigas jornalistas, ficou revoltada porque ainda não se acostumou à vida de mãe, queria muito ir ao pé sujo da moda, resolveu desabafar com uma delas. Vai que ela pega pilha e a chata do bar recebe o que merece. "Mãe solo vive sendo discriminada, nem isso eu posso". Como desabafo de uma amiga frustrada, normal. Mas quem é a mente genial que resolve fazer disso uma reportagem?  

Não falo aqui de opinião, coluna, blog, mas de reportagem nos principais jornalísticos do país. É a falência intelectual completa.

O labirinto mental do identitarismo (ou wokeísmo)
Entender o sistema de crenças que nos leva a esse nível de imbecilização é fundamental para que nós possamos reverter esse processo. Um dos pontos mais importantes é nunca ceder a nenhum capricho do identitarismo por mais besta e inofensivo que ele pareça. Pedir desculpas pelo que não fez, por exemplo, não adianta e não pacifica nenhuma situação.

Esse grupo vê tudo no mundo a partir da perspectiva de um grupo de opressores e outro de oprimidos, que muda conforme a situação. Não existe exatamente uma lógica. Preconceitos que realmente existem, como o racismo, serão submetidos a uma distorção completa. De repente, não dizer publicamente que uma frase de alguém é racista passa a ser racismo. Mesmo se a frase não for racista.
É um sistema de poder e controle por meio do bullying e do ataque em massa. O identitarismo é uma crença que cobre pessoas más com o manto da superioridade moral. Assim, elas podem cometer todas as perversidades com as quais sentem prazer sem peso na consciência e sem ônus social.

No caso específico, qual é o raciocínio? Uma pessoa que provavelmente não aprendeu a respeitar regras ou a ouvir não tentou uma gambiarra parental. Não deu certo, ela fica frustrada. E agora? Ali é praticamente um santuário do identitarismo, com linguagem neutra em todos os cantos, conversinha mole sobre inclusão entre drinks de R$ 90 e adoção completa da fluidez de gênero até para pets.

Não importa o quanto você ceda ao identitarismo, sempre poderá ser um alvo. E isso ocorre porque a sua adesão não modifica a realidade, apenas serve para assegurar a você que você tem superioridade moral. O Miúda é inclusivo ou não? Ninguém sabe porque a avaliação não depende de dados objetivos, como incluir pessoas ou não. Depende de usar gênero neutro, gostar de bicicleta, ter cabelo colorido, essas coisas.

Barrada na porta com o filho de 5 anos, a moça pensou qual minoria ela poderia representar. É a chave para virar notícia hoje, em que o moralismo de quinta categoria e a dramatização transformam qualquer regra em violência. 
Bom, ela é mãe solo. Basta lançar a carta que as mães solos são excluídas pelo bar que se diz tão inclusivo. Pronto, ninguém vê mais nada. É praticamente a reencarnação do Hitler.

Um grupo de pessoas pode escolher viver assim. O direito à alienação e à imbecilidade é universal e irrevogável. O problema é quando essa começa a ser a pauta do noticiário de grandes veículos nacionais. Esqueçam os fatos, vamos olhar quem é a minoria e contar a história de um jeito em que negar qualquer capricho da pessoa seja um ato de violência.

O mais curioso é que não estamos falando nem de violência nem de minoria oprimida mas este é o coração de todas as reportagens sobre o assunto: discrimina mães solo. 
Se a pessoa faz parte da seita do identitarismo, será praticamente obrigada a endossar essa insanidade nas redes sociais. Caso não faça, será xingada do mesmo jeito que o Miúda está sendo xingado agora. Mas isso não impede que ela seja xingada amanhã.
 
As redações dos principais veículos brasileiros estão coalhadas de adeptos da seita do identitarismo.  
São pessoas que dão como fatos coisas como racismo estrutural, cultura do estupro e necessidade de descolonização da cultura. 
Eu não vejo problema em estarem nas redações nem em escreverem colunas. 
É como se eu escrevesse colunas sobre a fé cristã relatando minhas experiências de fé. 
Para mim, elas são reais: encontros inesperados, revelações impossíveis, salvações de último minuto, coincidências que parecem de filme.
 
Mas seria diferente eu me meter a fazer uma reportagem, por exemplo, sobre um sequestro. 
Lá pelas tantas eu digo que Nossa Senhora Desatadora dos Nós intercedeu pela vítima e revelou a um investigador a localização do cativeiro. 
Não teria revelado ao delegado, que estava até mais perto, porque ele é ateu. Essas reportagens do bar foram feitas exatamente dessa forma.

Quando vão chamar os adultos de volta para o jornalismo? Termino com uma frase de um anônimo que vi ontem no Twitter: "se 10 pessoas estão sentadas numa mesa de bar, chega uma criança e ninguém se levanta, há 11 crianças sentadas numa mesa de bar".

Madeleine Lacsko, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Dá para comparar as futricas dos filhos de Bolsonaro com o Mensalão e o Petrolão de Lula?

[o velho jornal está em fase terminal - no campo financeiro e mais ainda no moral - e espera que veiculando absurdos, que só ampliam a visão da sua decadência, sairá do buraco.

Mais um engano que comete na inútil tentativa de sair do abismo.]

O candidato a presidente da República Jair Bolsonaro passou a campanha inteira pregando a moralização da coisa pública, a partir de reformas, como a da Previdência, e de medidas que reduzam o alto índice de crimes, a corrupção e a impunidade no país.  Eleito, Bolsonaro anuncia que os projetos que podem e devem mudar os destinos do Brasil chegam ao Congresso Nacional nesta semana.

As manchetes dos jornais deveriam contemplar as reformas, mesmo com eventuais críticas para o aperfeiçoamento das propostas. Pelo menos, é o que se poderia esperar de uma imprensa séria, isenta, preocupada com o Brasil, após a trágica gestão do luloptismo e da tragédia ética e moral dos governos Lula-Dilma.

Pois, a Folha de São Paulo desta segunda-feira traz em manchete que as reformas protagonizadas por Paulo Guedes, Economia, e Sergio Moro, Justiça, têm a intenção única de desviar a atenção da crise no governo.  Dá para acreditar?

Pode-se comparar as futricas dos filhos de Bolsonaro com a bandalheira simbolizada pelos escândalos do Mensalão e do Petrolão? [claro que não; impossível comparar os arroubos, inconvenientes, de parlamentares que em função de empolgação temporária, pensam estar em uma monarquia e que são príncipes no reino que tem como monarca o pai deles.

A empolgação passará, logo cada um deles irá cuidar do mandato parlamentar que o povo lhes outorgou e assunto encerrado.] 

Bem, não deveria gerar surpresa o comportamento do jornal dos Frias.

A decadência moral do velho jornal se acelera a cada edição. 

[todos lembram que as vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, com a vitória de JAIR BOLSONARO já reconhecida pela maior parte da imprensa, aquele velho jornal publicou como fato, uma matéria que apresentava suposições do que estava sendo feito em termos de disparo de fake news para mudar o resultado favorável ao atual presidente.
O escarcéu esperado ocorreu com os latidos de alguns cães e umas poucas galinhas lulopetistas e foi sepultado por falta de pés e cabeça.

Temos também o caso Queiroz -  em que 'movimentações atípicas' foram maximizadas, apresentadas como fato criminoso (contando o 'endosso' de uma emissora de TV) e depois de andar em círculos parou de ser citado.

Só os idiotas lulopetistas é que ainda não se convenceram de que aqueles latidos foram mais  uma tentativa contra o presidente Jair Bolsonara e que logo tudo está sepultado por falta de pés e cabeça.

Ou alguém acha que tivesse fundamento o MP estaria silencioso, inerte? - há quase 20 dias o assunto foi enviado pelo STF ao MP-RJ e caiu em silêncio.

Temos a convicção que Bolsonaro vai enquadrar seus pimpolhos e eles aprenderão a se portar como filhos do 'presidente da República' e deixar o comportamento que tantos dissabores tem causado e até certo ponto cômico de príncipes em uma monarquia que não existe.]

Transcrito Blog Rota 2014 - José Tomaz

 

domingo, 2 de outubro de 2016

A decadência que Dilma legou

Os relatórios dos últimos cinco anos sobre a competitividade global preparados pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) mostram de maneira evidente a rápida decadência do Brasil no cenário internacional. São, por isso, um retrato em números da desgraça que, de maneira sistemática e eficaz, a gestão Dilma Rousseff impôs à economia brasileira com suas irresponsáveis políticas fiscais e supostamente desenvolvimentistas. Embora tradicionalmente pouco competitivo em razão de problemas estruturais há muito conhecidos, o Brasil vinha recuperando posições na classificação mundial até o primeiro ano do governo Dilma. Desde então, porém, vem despencando. Perdeu 33 posições entre 2012 e 2016, ano em que ficou em 81.º lugar entre 138 países. É o pior desempenho do País desde 2007, quando a pesquisa foi iniciada.

Ao desastre que a gestão dilmista foi para a economia brasileira e para as finanças públicas somou-se, nos últimos anos, a revelação do imenso esquema de pilhagem de recursos que o governo do PT instalou na Petrobrás e em outras empresas controladas pelo Estado, para financiar o projeto do partido de manter-se indefinidamente no poder. O bilionário desvio de dinheiro beneficiou o principal partido do governo e seus aliados, além de dirigentes partidários, funcionários públicos e empresas que prestaram serviços ao governo federal.

Desse modo, aos problemas tradicionalmente enfrentados pelos investidores para atuar na economia brasileira a gestão lulopetista, sobretudo durante o governo Dilma, acrescentou outros, citados com destaque no relatório de competitividade de 2016 entre os fatores negativos que fizeram cair a classificação do Brasil, como a deterioração da qualidade da administração do setor público. Obviamente, quanto mais corrupto o governo, menos confiança ele inspira nas pessoas que precisam tomar decisões sobre projetos de longo prazo. Assim, no quesito instituições, um dos utilizados na pesquisa do WEF, o Brasil ocupa apenas a 120.ª posição entre os países relacionados.

O fracasso da política econômica do governo Dilma, expresso de maneira óbvia na longa e intensa recessão em que o País continua mergulhado, igualmente afetou, e muito, a classificação brasileira no ranking mundial de competitividade. A retração dos mercados de trabalho (com o desemprego atingindo atualmente mais de 12 milhões de trabalhadores), de bens e serviços e financeiro tornou pior a avaliação do Brasil em vários itens utilizados pelo WEF. Quanto ao ambiente de negócios, um dos principais itens para se avaliar a competitividade de uma economia, o Brasil é apenas o 128.º colocado. Em eficiência do mercado de trabalho, ocupa o 117.º lugar. Esta última classificação é mais um fator a demonstrar a urgência da reforma da legislação trabalhista, para torná-la mais adequada às profundas transformações por que passou e vem passando o mercado de trabalho em todo o mundo.

Problemas antigos, como excesso de burocracia, precariedade da infraestrutura, altos encargos trabalhistas, estrutura tributária complexa e baixa capacidade de inovação, também tiveram alguma influência na péssima classificação do Brasil no ranking de competitividade. Agora, o País é o pior entre os Brics (grupo que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul). Na América Latina, o Brasil está à frente apenas da Argentina (104.º colocado) e da Venezuela (130.º).

Se há um lado positivo no relatório de 2016 do WEF é o fato de que os recentes e poderosos fatores que fizeram despencar a classificação do Brasil tendem a perder força com o afastamento definitivo do PT do poder e a posse de Michel Temer na Presidência da República. Eliminou-se de imediato um forte elemento de instabilidade institucional e criou-se a expectativa de que, com a nova gestão, os graves erros do passado recente serão corrigidos e mudanças para melhorar o ambiente para a atividade econômica serão feitas.


Fonte: Editorial - ESTADÃO

 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Lula, em decadência, e Dilma, no buraco, estarão fora do programa político do PT



Partido teme que novos panelaços aqueçam a luta em favor do impeachment e vai deixar suas duas estrelas cadentes longe da televisão
Lula, o homem mais honesto do mundo, segundo ele próprio, e Dilma, a governanta mais competente do mundo, segundo ela própria, não vão aparecer nos programas políticos do PT. 

É, crianças… Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas, como se diz lá em Dois Córregos, não é mesmo? Ou, se quiserem que eu escreva de outro modo, escrevo: quem tem Lula e Dilma tem medo!

Que coisa, né? Ainda me lembro de Gilberto Carvalho, com aquela modéstia aparente de coroinha de sacristia, a dizer que o PT era um partido privilegiado mesmo. Segundo ele, a legenda podia contar com um Pelé no banco — o Pelé, bem entendido, era Lula. Pois é… Bastaram cinco anos de governo Dilma para que o craque se revelasse um perna de pau.

E aqui quero que fique clara uma coisa: a dupla Dilma-Mantega fez besteira aos montes. Ali, como é sabido, a arrogância tornava a incompetência ousada, e a incompetência tornava a arrogância satisfeita de si. E o país foi para o buraco. Mas não fizeram isso tudo sozinhos. Dilma levou ao paroxismo problemas que herdou do governo Lula. Quem passou à atual presidente o destrambelhamento fiscal, não se enganem, foi o modelo erigido pelo Apedeuta, que não sabe se vai se candidatar a papa ou a presidente do Íbis, o pior time do mundo.

As inserções do PT, cujo formato ainda não foi definido, segundo a Folha, vão ao ar nos dias 2, 4, 6, 9 e 11 de fevereiro. O programa de 10 minutos está previsto para o dia 23. O conteúdo, consta, ainda vai depender dos humores do país.  E por que as duas maiores estrelas vão ficar fora da propaganda política? Bem, porque cadentes, não é? Eles caem, em vez de subir. O temor é que novos panelaços forneçam a liga necessária para esquentar o clima óbvio de descontentamento.

Não sei se perceberam: até agora, a economia do país só piora. E não há sinais no horizonte de que a coisa vá ser revertida tão cedo. Economistas os mais respeitados começam a prever para este ano uma recessão ainda maior do que a do ano passado. Não se enganem: a aparente calmaria que está por aí, para quem já navegou um pouco neste mundão, é prenúncio de tempestade.

Petistas, hoje, não conseguem ir a um restaurante, como todos sabemos. Não que eu estimule hostilidades. Muito pelo contrário. Mas os companheiros sabem que a censura pública que lhes faz a população tem motivos, não é mesmo? O PT traiu os compromissos que eram seus e aplica um estelionato eleitoral sem precedentes e traiu os compromissos que são da civilização: nunca se viu em ação um sistema tão organicamente corrupto como o que aí está.

Restou a Lula o quê? Bem, meus caros, restou a Lula conceder entrevistas para subjornalistas do nariz marrom, proclamar a própria honestidade uma vez que ela já não é tão facilmente reconhecida — e sair ameaçando geral: “Olhem que eu processo…”. Nem parece aquele antigo líder que subia no palanque, nos tempos da oposição, e vendia a honra alheia por dez tostões. Ao Lula da era do milhão e do bilhão sobrou acenar para os desafetos com o terror jurídico.

Mesmo os críticos mais duros do PT, e pretendo me incluir entre eles, não anteviram um fim tão melancólico e tão patético para o partido que pretendia ser diferente de tudo o que está aí. Em certa medida, foi mesmo! Os “companheiros” resolveram profissionalizar as artes em que outros, antes deles, como Paulo Maluf e Fernando Collor, se mostraram verdadeiros amadores.

O Brasil vai, claro!, sobreviver. Mas vamos pagar muito caro. Infelizmente.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo