O Presidente Jair Bolsonaro vai
precisar de muita serenidade para lidar com o tsunami de tretas
maquiavelicamente montadas para criar cisões irreparáveis entre os principais
membros do governo. Bolsonaro corre grave risco de isolamento. Nem dá para
imaginar o impacto de uma baixa na equipe ministerial, seja de Sérgio Moro ou
até da polêmica Damares Alves, passando até pelo Paulo Guedes. A divisão burra
e inútil criada pela família Bolsonaro contra o vice Antônio Hamilton Mourão
também tem a dimensão de um harakiri político.
Tudo piora com os efeitos da
persistente crise econômica. Todo mundo sabe que ela é uma herança maldita da
Era PT/PMDB, com muitos ingredientes estruturais da Era FHC. É uma crise
resultante da desmoralização e esgotamento da Nova República de 1985. Acontece
que Bolsonaro já entra no quinto mês de governo. As cobranças começam a
acontecer. O Presidente falha porque não apresenta uma agenda positiva clara e
objetivo. Fica refém da promessa inconsistente de que “tudo se revolverá e
acontecerá de bom após a reforma da Previdência. Muitas medidas sábias e
urgentes só dependem da vontade política do Presidente e da competência de
gestão da equipe dele.
O tempo joga contra Bolsonaro. A
impressão é que o Presidente enfrenta a crise com lentidão, ou velocidade aquém
da necessária. A extrema mídia é impiedosa. Sorte dele que a oposição é
incompetente. No entanto, o Bolsonaro cai facilmente nas armadilhas do
Presidencialismo de Coalizão (que mais parece de colisão). Parece refém de
Rodrigo Maia e do “centrão” na Câmara dos Deputados. O Presidente até consegue
esboçar sua agenda conservadora. Encara seus inimigos ideológicos. No entanto,
na hora de focar na solução da crise não demonstra a mesma clareza,
objetividade, perseverança e assertividade. Parece claudicar como gestor e
líder de um Projeto Estratégico de Nação que até agora não formulou claramente.
O governo fracassa se a economia não
volta a crescer. E a economia, que parece parada, na verdade, passa a impressão
de que retrocede para algo pior. Bolsonaro não pode delegar apenas a Paulo
Guedes o papel de destravar a economia para retomar um crescimento que seja
capaz de recriar oportunidades de emprego e apontar o caminho do
desenvolvimento. Por isso, o Presidente tem de liderar. Não pode se isolar.
Precisa parar de brigar inutilmente contra aliados (mesmo que inconfiáveis) e
contra inimigos reais. O eleitorado espera dele atitudes equilibradas, e não discursos
vazios ou promessas irrealizáveis.
Mais ainda: Bolsonaro não pode
permitir que os bandidos organizados retomem a hegemonia. O Mecanismo sofreu
baques com a Lava Jato e afins, porém segue operando e se reinventando. A
perdulária e corrupta máquina pública segue aparelhada nos três poderes. Os
militares que sustentaram a eleição de Bolsonaro começam a dar sinais, nos
bastidores, de que estão desgastados. Foram escalados e aceitaram encarar uma
missão que não conseguem cumprir, porque o Presidente tem dado ouvidos a muitos
dos notáveis bandidos da República que continuam ocupando espaços estratégicos
de poder.
É concreta a ameaça de futuras baixas
entre os militares. Se perder o apoio dos generais e coronéis (da ativa ou na
reserva) – e se Guedes ou Moro forem irremediavelmente desgastados a ponto de
jogarem a toalha -, o governo acaba antes de ter chance de deslanchar. Neste
caso, basta a agora moribunda oposição inventar um motivo qualquer de
impeachment e detonar o Presidente – tal qual se fez com a incompetanta
Dilma.
Bolsonaro precisa parar de se
emprenhar pelos ouvidos. A agenda positiva precisa ser concreta, facilmente
entendida, aceita e apoiada pela sociedade. Não bastam meras jogadas de
comunicação e marketing. São necessárias e imprescindíveis atitudes, exemplos
e, sobretudo, sinais concretos de harmonia interna no governo (principalmente
com os militares e seu vice Mourão) e pacificação política com os adversários
(e até com os fragilizados inimigos, doidos para renascerem das cinzas).
É hora de parar de perder tempo com
crises da Argentina, Venezuela, e focar toda atenção na solução para o Brasil,
atendendo ao ultimato das urnas: Segurança, Emprego, combate real à corrupção,
além da estratégia “Mais Brasil e menos Brasília” (com algumas medidas que
desconcentram o abusivo poder estatal sobre o cidadão e o empreendedor).
Resumindo: Bolsonaro tem de enterrar o
personagem “Capitão”. Também precisa sepultar o personagem “parlamentar Dom
Quixote, estereotipado de radical. Ele precisa incorporar o papel de
Presidente, Líder, Realizador, Pacificador. Não deve ter vergonha nem receio de
recorrer a estrategistas, sobretudo os militares que, apesar do desgaste
pessoal, lhe dão sustentação e assessoramento.
Vale insistir: Presidente Bolsonaro,
pare de fazer oposição a si mesmo. Pare de jogar contra seu próprio time. Abra
os olhos contra os verdadeiros inimigos que só esperam uma brecha para acabar
com você. Jamais se isole! Governe! Lidere! Cobre! Realize! Fale menos e faça
mais! Não tenha medo de críticas – inclusive as destrutivas. Conserte erros
imperdoáveis o mais depressa que puder! Seja Águia, e não Pombo! Seja Samurai,
e não gueixa! Seja sábio, tolerante e harmonizador – e não uma figura
impulsiva, claudicante e simplória.
Enfim: Não seja uma Dilma com culhões,
Presidente Bolsonaro! Lembre-se de Jânio Quadros e Fernando Collor – agindo ao
contrário deles. Detone FHC – que hoje é seu inimigo mais consistente, perigoso
e inteligente.
Seja um Lula às avessas – um líder popular, sem ser demagogo populista.
Neutralize os bandidos, ou eles vão destruí-lo. Fuja das malditas intrigas
palacianas. De novo: ouça seus Generais, ou vai perder a guerra de goleada!