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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Arquivamento de pedido de investigação contra Cunha obedeceu a critério técnico

Aliado arquiva pedido de investigação contra Cunha

'Não há como a Casa ter o mesmo processo de investigação no Conselho de Ética e na Corregedoria', disse Beto Mansur ao site de VEJA

Após duas semanas de análise, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) decidiu arquivar o processo de investigação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aberto na Corregedoria da Casa. Mansur é 1º secretário da Mesa Diretora e aliado do peemedebista.

O parecer dado por Mansur trata da validade da representação encaminhada por um grupo de trinta deputados pedindo a cassação do presidente da Casa. Nesta fase, foi analisada apenas a admissibilidade da ação - ou seja, os requisitos mínimos de materialidade e consistência das acusações contra Eduardo Cunha. Se fosse aceito, o caso passaria a ser investigado e poderia gerar uma punição administrativa ou ser encaminhado ao Conselho de Ética - que tem o poder de cassação. Tradicionalmente, caberia ao próprio presidente essa decisão, mas ele se declarou impedido já que a ação o envolvia, e repassou o caso ao vice-presidente, Waldir Maranhão (PP-MA). Como o vice também é investigado na Lava Jato, a representação acabou nas mãos de Beto Mansur, 1º secretário.

Na representação, os deputados pediam a investigação por quebra de decoro alegando que Cunha se contradisse nas declarações dadas à CPI da Petrobras, em março, quando afirmou que não tinha contas no exterior. O Ministério Público da Suíça contrariou a versão do peemedebista e comprovou a existência de contas ligadas a ele. De acordo com o relator, a representação na Corregedoria era igual à apresentada ao Conselho de Ética pela Rede e pelo PSOL. "Ninguém pode ser condenado pelo mesmo crime com duas penas. É uma decisão técnica. Não há como a Casa ter o mesmo processo de investigação no Conselho de Ética e na Corregedoria", disse Beto Mansur ao site de VEJA. O deputado justificou que o limite da pena no Conselho é o da cassação, enquanto que na Corregedoria é uma punição por escrito. "Seriam penas diferentes e ficaria juridicamente confuso", continuou.

Cunha também era alvo de um outro processo na Corregedoria: o que trazia o pedido de investigação de 22 deputados citados na Lava Jato, entre eles o dele. A admissibilidade da ação estava sob a relatoria do deputado Giacobo (PR-PR), 2º vice-presidente, que também pediu o arquivamento.

Giacobo justificou que a representação era a cópia do processo encaminhado ao Supremo Tribunal Federal pelo Ministério Público. "Não havia nenhum fato novo. Vou processá-lo duas vezes pela mesma coisa? Isso causaria conflito de interesse", explicou à reportagem. "A Corregedoria não tem o poder de ação criminal, mas sim de corrigir atos administrativos. Ou iria contratar a polícia para apurar se ele cometeu um delito?", continuou o deputado.
O processo contra o presidente da Câmara no Conselho de Ética, no entanto, segue em tramitação. O colegiado tem até o dia 24 deste mês para decidir se dá andamento à investigação ou arquiva o caso de ofício, tal como fizeram na Mesa Diretora.

Aliado de presidente da Câmara toma a decisão, mas era a única coisa a fazer; afinal, já existe o processo no Conselho de Ética

O deputado Beto Mansur (PRB-SP), 1º secretário da Mesa Diretora da Câmara, decidiu arquivar um pedido de investigação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado por um grupo de deputados de mentir à CPI do Petrolão, quando negou que tivesse contas na Suíça.


Notem: Mansur é, sim, aliado de Cunha. Mas a decisão de mandar arquivar está certa. Ele apenas se expressou sobre a admissibilidade, sem entrar no mérito. Admitida, far-se-ia uma investigação, que poderia resultar em nada ou, na hipótese mais extrema, numa representação ao Conselho de Ética, que poderia resultar até na cassação de Cunha.


Ocorre que o processo já está aberto em razão de uma representação apresentada pelo PSOL e pela Rede. De fato, abrir a investigação agora seria ocioso porque se trata do mesmo caso: a versão que Cunha contou à CPI, que não bate com os fatos.


“Ninguém pode ser condenado pelo mesmo crime com duas penas. É uma decisão técnica. Não há como a Casa ter o mesmo processo de investigação no Conselho de Ética e na Corregedoria”, disse Mansur.


Bem, ainda que o deputado esteja aliviado em não ter de eventualmente se posicionar contra o aliado, o fato é que, nesse particular, ele está certo. Tecnicamente, não havia como dar sequência à investigação pedida.

Fonte: Revista VEJA

 

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

PT se acovarda e após parecer por impeachment, decide que não irá 'prejulgar' Cunha



Conselho de Ética da Câmara recebe representação contra Cunha

Com isso, o Conselho poderá começar os trabalhos em torno do processo que pede a cassação de Cunha
A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados devolveu ao Conselho de Ética da Casa, no início da tarde desta quarta-feira (28/10) representação protocolada pelo PSOL e Rede contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por quebra de decoro parlamentar. Segundo o colegiado, o pedido foi devolvido às 13h13 - o prazo final para a devolução se encerrava às 19 horas de hoje. Com isso, o Conselho poderá começar os trabalhos em torno do processo que pede a cassação de Cunha.

A previsão do presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), é de que a primeira reunião do colegiado ocorra na próxima terça-feira (3/11) às 14h30. Na ocasião, haverá sorteio de três deputados, dos quais um será escolhido por Araújo como relator do processo. Dos 21 membros do Conselho, pelo menos quatro não deverão participar do sorteio dos três possíveis relatores.

Além do presidente do colegiado, os deputados Mauro Lopes (PMDB-MG) e Washington Reis (PMDB-RJ) não poderão se inscrever no sorteio, por serem do mesmo partido ou Estado de Cunha. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também deverá ser excluído do processo, por ter disputado a Presidência da Câmara com Cunha. "Depois do sorteio, vou conversar com os três e até quarta-feira anuncio o escolhido", disse Araújo.

Escolhido o relator, o Conselho de Ética deverá concluir os trabalhos em até 90 dias. Durante esse período, o colegiado não tem o poder de pedir o afastamento do presidente da Câmara. Até então defendendo que o colegiado poderia terminar a análise do processo contra Cunha até o fim deste ano, Araújo mudou o tom do discurso. Em entrevista hoje, afirmou que "tudo dependerá da celeridade do relator".

Fonte: Correio Braziliense