A estupidez que toma conta do debate
político impressiona. E a boçalidade não é exclusividade de um bolsão
ideológico. É bem verdade que, quando Dilma Rousseff está na área,
ninguém consegue lhe tomar das mãos palma e galardão. Em matéria de
bobagem, ela estará sempre muitos tons acima de quaisquer concorrentes. A impichada foi convidada a falar nesta
segunda na Comissão Extraordinária de Mulheres da Assembleia Legislativa
de Minas. Mero pretexto para o proselitismo político. Do lado de fora,
extremistas da goela de direita trocavam insultos com extremistas da
goela de esquerda para saber quem esgoelava mais sandices. Consta que
houve empate. Voltemos àquela senhora.
Segundo Dilma, o que ela chamou de
“destruição do PSDB” foi uma consequência do “golpe” de que ela teria
sido vítima. O outro efeito teria sido o surgimento da extrema-direita.
Naquela sua glossolalia muito característica, afirmou, informa a Folha: “Subestimaram
a crise política que eles mesmos tinham gerado. Subestimaram o conflito
entre Poderes. Subestimaram todas as consequências que um golpe produz
sobre o resto das instituições. Se é possível tirar uma presidente da
República, tudo é possível”.
Bem, em primeiro lugar, em todas as
democracias presidencialistas do mundo, é possível tirar um presidente
da República, e nem por isso deus está morto, não é mesmo? No caso do
Brasil, a lei do impedimento, a 1.079, é de 1950. Antes de Dilma, Collor
já havia experimentado seus efeitos. Depois dele, o Brasil avançou
bastante. Alias, a economia do país já melhorou consideravelmente depois
da queda da petista. E nunca será demais lembrar que ela só caiu porque
cometeu crime de responsabilidade. Dilma achou que poderia dar uma
pedalada nas instituições, seguindo tradição de seu partido. E quebrou a
cara.
Se existe extrema-direita no Brasil,
está onde sempre esteve. A diagnóstico da petista, para não variar, é
estupidamente errado. Ao contrário do que ela sugere, o PSDB hesitou
muito em aderir ao impeachment. Na verdade, foi uma força retardatária e
chegou a ser hostilizado nas ruas. Dona Doida se mostra, o que não é
surpresa, uma péssima leitora da realidade. Quem quebrou as asas dos tucanos, da
política, do centro político, do bom senso, da institucionalidade, da
legalidade, do Estado de Direito… Quem fez essa miséria toda foi, com
efeito, um “golpe”, mas não o da sua deposição e sim aquele orquestrado
pelo Ministério Público Federal, com braços hoje atuantes no STF. E tais
braços, diga-se, pertencem a ministros indicados pela própria Dilma. A
baixa qualidade de seu governo — em qualquer aspecto que se queira — se
refletiu também no Supremo. Suas indicações compõem o roteiro do
desastre: Rosa Weber, Luiz Fux, Roberto Barroso e Edson Fachin.
Vale dizer: uma das áreas devastadas pela ruindade do governo Dilma não se recupera tão cedo.
Blog do Reinaldo Azevedo