O tripé que dá respeitabilidade e equilíbrio político continua intacto. Os ministérios da Economia, da Justiça e àqueles sob responsabilidade dos militares não produziram nenhum curto-circuito. Organizaram boas equipes e estão preparando medidas que serão apresentadas, em fevereiro, ao novo Congresso. Este tripé é que pode determinar o sucesso do governo. Contudo, poderão ser afetados por um outro tripé, estridente, incapaz, irresponsável, e que está próximo do Palácio do Planalto.
A primeira perna do tripé é formada por parte da prole do presidente. Ter três de seus filhos na política não é um bônus, mas um ônus. Qualquer ação de um deles acaba respingando em Bolsonaro pai. Carlos não recebeu a notícia que a campanha eleitoral acabou. O que deu certo em outubro – e ele foi o principal articular da estratégia nas redes sociais – não dá mais conta da complexidade representada por um governo que tem tarefas hercúleas, sob risco de, no primeiro ano de mandato, inviabilizar o quadriênio presidencial. Já Eduardo delira e imagina que é o verdadeiro ministro das Relações Exteriores – mesmo que mal consiga identificar os continentes no planisfério. Flávio se meteu numa enrascada que piora a cada dia e que vai chegar até o pai, conturbando o clima político num momento absolutamente inadequado.
A segunda perna é o PSL e tudo que gira em torno dele. O episódio da viagem à China é exemplar. O partido é um ajuntamento de pessoas sem nenhuma consciência política, que desconhecem o que é a atividade parlamentar. O PSL deveria ser a principal base de sustentação do governo – mas não será. Será fonte de problemas.
A terceira perna é representada pelos cruzadistas, aqueles que permaneceram no século XI, quando do início da Primeira Cruzada. São toscos, fanáticos e perigosos. Geram crises a todo momento. Seu principal representante é o chanceler Ernesto Araújo. Caberá ao presidente escolher com qual tripé pretende governar. Com os dois será impossível.
O governo precisa escolher em qual tripé se apoiar. Paulo Guedes, Moro e militares? Ou os filhos do presidente, PSL e Ernesto Araújo?
Marco Antonio Villa, IstoÉ