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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Supremo Tribunal Federal determina prisão do deputado Daniel Silveira, do PSL

Alexandre de Moraes assinou a ordem; o próprio parlamentar tuitou sobre a prisão

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes expediu a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) na noite desta terça-feira (16/02). O próprio parlamentar tuitou a respeito da sua prisão em flagrante pela Polícia Federal. “A Polícia Federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes”.

Polícia federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes.

Daniel Silveira (@danielPMERJ) February 17, 2021

Vai dar "m" - Ministro do STF X Deputado Daniel Silveira
 
Moraes, do STF, manda prender deputado Daniel Silveira após ataques a ministros da corte - Decisão será submetida à Câmara, que poderá manter ou derrubar ordem; Fux deve levar caso nesta quarta, 17 a plenário. [a apreciação da matéria pelo Plenário do STF,  antes de uma decisão da Câmara, parece ser uma interpretação do ministro Fux.]
 
Silveira é um dos alvos do inquérito dos atos antidemocráticos, que investiga o financiamento e organização de manifestações que pedem o fechamento do STF e do Congresso, e também do inquérito das fake news, que apura ameaças e ataques aos magistrados do tribunal.
[a Constituição Federal estabelece:" Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.  
 § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão."
Na forma estabelecida no parágrafo 2º do mesmo artigo a Câmara dos Deputados vai apreciar a prisão e  resolver pela improcedência ou não.
Se espera que sendo a decisão da Câmara dos Deputados pela improcedência da prisão, o Supremo acate a determinação da Constituição que está sob sua guarda.]

A medida ocorre em menos de 24 horas após o parlamentar ter publicado um vídeo com discurso de ódio a respeito dos magistrados da Corte. O enfoque especial foi dado ao ministro Edson Fachin, que afirmou ontem ser “intolerável e inaceitável qualquer tipo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário”. A manifestação foi uma resposta aos posts de abril de 2018 do ex-comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, feitos no mesmo dia em que a Corte julgaria um pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fachin era relator do caso.[a manifestação efetuada como dois anos e dez meses de atraso, deixou a impressão de um caráter provocativo da mesma.]

O assunto veio à tona após o general ter publicado, na última semana, o livro General Villas Bôas: conversa com o comandante, escrito pelo pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, Celso Castro. Na obra, o general relatou que os tuítes foram discutidos com a cúpula do Exército e "teve um 'rascunho' elaborado pelo meu staff e pelos integrantes do Alto Comando residentes em Brasília" e que “tratava-se de um alerta, muito antes que uma ameaça".

Investigação
Em junho do ano passado, Silveira foi alvo de buscas e apreensões pela Polícia Federal e teve o sigilo fiscal quebrado por decisão do ministro Alexandre de Moraes em meio a investigação sobre a origem de recursos e a estrutura de financiamento de grupos suspeitos da prática de atos contra a democracia. No vídeo, o deputado afirma que os onze ministros do Supremo 'não servem pra porra nenhuma pra esse país', 'não têm caráter, nem escrúpulo nem moral' e deveriam ser destituídos para a nomeação de 'onze novos ministros'.

"Vá lá, prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Fala pro Alexandre de Moraes, o homenzão, o f****, vai lá e manda ele prender o Villas Bôas. Vai lá e prende um general do Exército", disparou.

"Eu quero ver, Fachin. Você, Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, o que solta os bandidos o tempo todo. Toda hora dá um habeas corpus, vende um habeas corpus, vende sentenças", completou.

"Fachin, um conselho pra você. Vai lá e prende o Villas Bôas, rapidão, só pra gente ver um negocinho, se tu não tem coragem. Porque tu não tem culhão pra isso, principalmente o Barroso, que não tem mesmo. Na verdade ele gosta do culhão roxo. Gilmar Mendes? Barroso, o que é que ele gosta? Culhão roxo. Mas não tem culhão roxo. Fachin, covarde. Gilmar Mendes? (o deputado faz gesto simulando dinheiro) é isso que tu gosta né, Gilmarzão? A gente sabe".

Silveira também usou palavras de baixo calão para se referir aos ministros: “O que acontece Fachin, é que todo mundo está cansado dessa sua cara de filha da p*** que tu tem, essa cara de vagabundo... várias e várias vezes já te imaginei levando uma surra, quantas vezes eu imaginei você e todos os integrantes dessa corte … quantas vezes eu imaginei você na rua levando uma surra... Que que você vai falar ? que eu to fomentando a violência ? Não... eu só imaginei... ainda que eu premeditasse, não seria crime, você sabe que não seria crime... você é um jurista pífio, mas sabe que esse mínimo é previsível.... então qualquer cidadão que conjecturar uma surra bem dada com um gato morto até ele miar, de preferência após cada refeição, não é crime”.

Ele também citou uma frase dita pelo ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub. “Vocês não tem caráter, nem escrúpulo, nem moral para poderem estar na Suprema Corte. Eu concordo completamente com o Abraham Waintraub quando ele falou ‘eu por mim colocava todos esses vagabundos todos na cadeia’, aponta para trás, começando pelo STF. Ele estava certo. Ele está certo. E com ele pelo menos uns 80 milhões de brasileiros corroboram com esse pensamento”, concluiu.

Decisão
O Correio teve acesso à Decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alex de Moraes, em que ele pede a prisão do deputado Federal em flagrante. Silveira é investigado no inquérito das fake news, e também no que apura os atos antidemocráticos do ano passado. No caso em questão, Moraes liga o deputado ao inquérito das fake news "que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares". De acordo com Moraes, "ao postar e permitir a divulgação do referido vídeo, que repiso, permanece disponível nas redes sociais, encontra-se em infração permanente e consequentemente em flagrante delito, o que permite a consumação de sua prisão em flagrante".

Moraes cita diretamente a live de Silveira publicada nesta segunda, em que o deputado profere diversas ofensas em uma live de pouco mais de 19 minutos. No vídeo, dentre outras coisas, o parlamentar chama o ministro Edson Fachin de menino chorão, por conta das manifestações do magistrado contra o tuíte do general Villas Boas. "Estou sendo duro demais? Estou sendo ogro? Estou sendo tosco? O que você espera, que eu seja o que? Que eu tenho o tipo de tratamento adequado para tratar a vossa excelência? É claro que eu não vou ter", disparou.

"Você lembra do AI-5. Eu sei que você lembra. Você era militante do PT, partido comunista, da aliança comunista do Brasil", insinuou o parlamentar. Silveira segue proferindo ofensas impublicáveis contra o ministro. Chega a dizer que já imaginou Fachin e outros integrantes da corte na rua, levando uma surra. Moraes destaca a verborragia do deputado na decisão, destacando que "além de atacar frontalmente os Ministros do Supremo Tribunal Federal, por meio de diversas ameaças e ofensas à honra, expressamente propaga a adoção de medidas antidemocráticas contra o Supremo Tribunal Federal, defendendo o AI-5; inclusive com a substituição imediata de todos os Ministros, bem como instigando a adoção de medidas violentas contra a vida e segurança dos mesmos, em clara afronta aos princípios democráticos, republicanos e da separação de poderes", segue o texto.

O ministro afirma, no texto, que as manifestações de Silveira "revelam-se gravíssimas". Para o magistrado, além de atingir a honra da suprema corte, as afirmações "constituem ameaça ilegal à segurança dos Ministros do STF, como se revestem de claro intuito visando a impedir o exercício da judicatura, notadamente a independência do Poder Judiciário e a manutenção do Estado Democrático de Direito".

"O autor das condutas é reiterante na prática criminosa, pois está sendo investigado em inquérito policial nesta CORTE, a pedido da PGR, por ter se associado com o intuito de modificar o regime vigente e o Estado de Direito, através de estruturas e financiamentos destinados à mobilização e incitação da população à subversão da ordem política e social, bem como criando animosidades entre as Forças Armadas e as instituições", destaca a decisão. Se o argumento de Moraes prevalecer, Silveira terá sido preso por crime inafiançável.

Vídeo durante a prisão
Em vídeo foi gravado às 23h19, enquanto a Polícia Federal estava em sua casa, o deputado fala diretamente com o ministro Alexandre de Moraes. "Você está entrando em uma queda de braço que você não pode vencer. Você acha que vai me assustar e calar? Só vai me motivar, isso é combustível para que eu continue a provar para o povo brasileiro quem são vocês que ocupam o cargo de ministros do STF. Tenha certeza: a partir daqui, o jogo evoluiu um pouquinho. Vou dedicar cada minuto do meu mandato a mostrar quem é Alexandre de Moraes, Fachin, Marco Aurélio Melo, Gilmar Mendes Toffoli, Lewandowski. Vou colocar um por um de vocês em seus devidos lugares. Pelo meu país estou disposto a matar, morrer ou ser preso. Você acabou de rasgar a constituição mais uma vez". Assista:

Ainda nas redes sociais após o vídeo, o deputado tuitou novamente: "Aos esquerdistas que estão comemorando, relaxem, tenho imunidade material. Só vou dormir fora de casa e provar para o Brasil quem são os ministros dessa suprema corte. Ser 'preso' sob estas circunstâncias, é motivo de orgulho".

Política - Correio Braziliense


sábado, 8 de fevereiro de 2020

Censura - O guarda da esquina - Merval Pereira


O Globo

O típico caso do guarda da esquina que acha que pode cometer abusos de autoridade

 O caso é conhecido e já entrou para a história política brasileira. Em 13 de dezembro de 1968, o governo Costa e Silva decretou o Ato Institucional 5, e na reunião ministerial, o único voto contrário foi do vice-presidente Pedro Aleixo, que alegou, premonitoriamente: “o problema de uma lei assim não é o senhor, nem os que com o senhor governam o país. O problema é o guarda da esquina”. 
 
 A censura a livros em Rondônia é o típico caso de o guarda da esquina sentir-se autorizado a cometer abusos de autoridade, não mais pelo AI-5, revogado ainda na ditadura militar com Geisel, mas pelo exemplo do ministro da Educação e do próprio presidente Jair Bolsonaro.  Não se pode dizer que há uma ordem direta deles para que atitudes desse tipo sejam tomadas, mas palavras do líder são levadas a sério pelos liderados mais afoitos ou com menos bom senso. 


 A mesma coisa aconteceu com o meio-ambiente. O ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas (INPE) Ricardo Galvão, em pleno debate sobre o aumento do desmatamento na Amazônia, disse que não tinha dúvidas de que foi a leniência do governo Bolsonaro com o desmatamento que fez com que ele crescesse no primeiro ano de governo. As críticas de Bolsonaro às ONGs que defendem a Amazônia também teriam dado respaldo aos grileiros que atuam na região.  O “guarda” no momento na Prefeitura do Rio, bispo Crivella, já censurou histórias em quadrinhos com beijo gay, alegadamente para proteger nossas crianças. [inserir um beijo gay em uma revista HQ, destinada ao público infnto juvenil, convenhamos que é algo que não traz beneficios as nossas crianças.

Nada contra que os que gostam de praticar o beijo queijo, pratiquem. Mas, pelo menos longes dos olhos das nossas crianças. O mais grave é que agora foi 'apenas' um beijo gay, nada impede que em outra 'estória' seja apresentado tenha  desenhos mostrando uma felação.] Quando ainda era próximo politicamente do governo Bolsonaro, o “guarda” governador de São Paulo João Dória mandou recolher uma cartilha com material escolar de ciências para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental da rede estadual. [idade média de 13/14 anos, pelo nosso Código Penal, menor vulnerável.]  A cartilha tratava de conceitos de sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual. Também trazia orientações sobre gravidez e doenças sexualmente transmissíveis. As duas decisões foram revogadas pela Justiça. 

 O “guarda” no governo de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (PSL), ex-chefe do Centro de Inteligência da PM do Estado e ex-secretário de Educação de Porto Velho, mandou recolher dezenas de livros das bibliotecas das escolas públicas, entre eles clássicos da literatura brasileira como “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, “Os Sertões” de Euclydes da Cunha, e “Macunaíma”, de Mario de Andrade. [os 'clássicos da literatura brasileia nem sempre são adequados para leitura por crianças. Macunaíma é um exemplo; Jorge Amado, tem vários livros inadequados. Imedir que adultos leiam o que desejarem, pode até ser um ato reprovável, mas, crianças é DEVER do Estado preservá-las, especialmente as que estão na classificação de 'menor vulnerável'.]
Também estava querendo proteger nossas crianças e adolescentes de “conteúdos inadequados”. Alegadamente, a decisão foi tomada por um técnico sem a autorização do secretário de Educação, Suamy Lacerda de Abreu. O memorando incluía 43 livros de autores brasileiros e estrangeiros, que deveriam ser devolvidos pelas escolas ao Núcleo do Livro Didático da secretaria estadual da Educação. A medida, como não poderia deixar de ser, provocou protestos de instituições regionais, como a OAB de Rondônia, [quando será que o presidente da OAB-RO terá oportunidade de aparecer outra vez no Jornal Nacional?

Ou perguntar para os amigos: 'viram a 'entrevista' que dei ao Jornal Nacional? Temos que registrar que a manifestação da ABL pelo menos está dentro das suas atribuições.] e nacionais, como a Academia Brasileira de Letras (ABL), que tem como missão a defesa da cultura nacional. Eis a nota:
 “A Academia Brasileira de Letras vem manifestar publicamente seu repúdio à censura que atinge, uma vez mais, a literatura e as artes. Trata-se de gesto  deplorável, que desrespeita a Constituição de 1988, ignora a autonomia da obra de arte e a liberdade de expressão.
 A ABL não admite o ódio à cultura, o preconceito, o autoritarismo e a autossuficiência que embasam a censura. É um despautério imaginar, em pleno século XXI, a retomada de um índice de livros proibidos. Esse descenso cultural traduz não apenas um anacronismo primário, mas um sintoma de não pequena gravidade, diante da qual não faltará a ação consciente da cidadania e das autoridades constituídas”. 

  
São tantas as críticas do governo, e do próprio Bolsonaro, à cultura, são tantas as referências ao que denominam esquerdização na literatura, no cinema, no teatro, tantas denúncias de supostas imoralidades, que os guardas da esquina estão se sentindo empoderados pelos novos tempos. [o guarda da esquina, nos tempos em que existia, prestava um excelente serviço à Segurança Pública, além de exercer policiamento preventivo, era respeitado.
Jose, para dar conta dos bandidos, teria que ser uma fração de Pelotão, em cada cruzamento.] 

Merval Pereira, colunista - O Globo


sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Bolsonarismo domina conferência de direita em São Paulo - O Estado de S. Paulo

Ricardo Galhardo

Evento conservador é financiado pelo instituto Indigo, a fundação do PSL, que recebe recursos públicos 

[uma fundação de um partido político, ainda que receba recursos públicos não está proibida de patrocinar eventos que difundam o programa do partido ao qual pertence - nenhuma lei impede tal conduta.

O uso de recursos públicos tem uma única consequência: torna mais necessária a já imprescindível transparência na prestação de contas da forma como foram utilizados tais verbas.]

O Brasil entra no circuito mundial da direita com a realização da CPAC (Conservative Political Action Conference), o maior evento conservador dos EUA, pela primeira vez no País nesta sexta-feira, 11, e sábado, 12, em São Paulo. Diferente da matriz, que abre espaço para diversos setores da direita, a versão brasileira será circunscrita ao bolsonarismo [ que agrupa os setores mais comprometidos com a direita que está crescendo em todo o mundo.]

O protagonismo será da chamada "ala ideológica" ligada ao escritor Olavo de Carvalho. Possíveis adversários do presidente Jair Bolsonaro no campo conservador, como os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), não vão participar. [Olavo de Carvalho, desde que se abstenha de dar palpites no governo do Presidente Bolsonaro e modere sua linguagem, tem seu valor como um dos líderes da direita.] A pessoas próximas, Doria chegou a demonstrar interesse, mas não foi convidado. Witzel, segundo a organização do evento, alegou dificuldades de agenda.[espertamente alegou as tais dificuldades por saber que não seria convidado.]  Ambos são vistos pelo Planalto como possíveis adversários de Bolsonaro na eleição de 2022.

O presidente é esperado na abertura do evento. Assessores dizem que ele deve usar a conferência para dialogar com seu eleitorado mais fiel e pode radicalizar o discurso. O presidente do PSL, Luciano Bivar, teve o nome excluído da lista de participantes nesta quarta, em meio à disputa com Bolsonaro pelo controle do partido.
Dos quatro ministros que vão participar das mesas, apenas Onyx Lorenzoni (Casa Civil) não foi indicado por Olavo. Os outros são Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Abraham Weintraub (Educação). [os três andaram escorregando feio,  destaque para Araújo e Weintraub, a ministra Damares se portou de forma magistral no enquadramento da tal 'comissão de anistia' e no descarte de indenizar Okamoto, anistiado político e  pagador-geral das contas do presidiário de Curitiba.] 
A realização da conferência no Brasil é parte de uma tentativa de expansão global da ação política conservadora. Antes restrita aos EUA, onde é feita desde 1973, este ano a CPAC terá versões também na Austrália, Coreia do Sul, Japão e Irlanda.
Ao todo a conferência terá 27 palestrantes, nove deles estrangeiros. Os destaques são Matt Schalpp, presidente da American Conservative Union (ACU, União Conservadora Americana em inglês); e o senador republicano Mike Lee, que já foi chamado de "o senador mais conservador dos EUA".

Cofres públicos

A expectativa dos organizadores brasileiros, liderados por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), é reunir cerca de 1.200 pessoas nos dois dias de evento. No Brasil a participação é gratuita, ao contrário dos EUA, onde os ingressos custam de US$ 55 (R$ 226) a US$ 5.750 (R$ 23,6 mil).  A organização é da ACU e da fundação Instituto de Inovação e Governança (Indigo). Vinculado ao PSL, o instituto vai arcar com todos os custos, sem patrocinadores. O Indigo é financiado com verbas do Fundo Partidário, ou seja, dos cofres públicos. No ano passado recebeu cerca de R$ 1,8 milhão. Este ano, com o crescimento do PSL, a expectativa é que o Indigo receba R$ 16 milhões.

O presidente do instituto é Sergio Bivar, filho de Luciano. Segundo a assessoria da CPAC Brasil, ele não participa da organização. Sergio foi procurado mas não respondeu. A organização não divulgou o custo do evento mas informou que "haverá transparência total tão logo finalizadas todas as despesas".

Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo
 

 

terça-feira, 2 de abril de 2019

Devastação da confiança

A confiança derrete e caem e as expectativas de crescimento, enquanto o governo tropeça e o presidente se distancia das negociações com o Congresso

A confiança derrete e caem as expectativas de crescimento, enquanto o governo tropeça e o presidente se distancia das negociações com o Congresso. O Índice de Confiança Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV) caiu em março de 96,7 para 94 pontos, o nível mais baixo desde outubro, mês das eleições. No mercado já se fala em expansão econômica abaixo de 2% neste ano, e a tendência das projeções é convergir para 1,5%, segundo o consultor e ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore. Na batalha pela reforma da Previdência, o objetivo mais urgente, o governo é representado principalmente pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, fechou questão a favor do projeto de mudança previdenciária, mas o grande aliado de Guedes no Parlamento, por enquanto, é o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, filiado ao DEM. 

Enquanto o chefe de governo dava prioridade a uma visita a Israel, sua terceira viagem ao exterior em três meses de mandato, empresários e analistas baixavam suas apostas em relação ao desempenho dos negócios. Depois de “uma onda de otimismo com o novo governo”, o recuo de agora parece estar ligado “ao desapontamento com o ritmo lento da economia e com a manutenção de níveis elevados de incerteza econômica”, disse Aloísio Campelo Jr., superintendente de Estatísticas Públicas da instituição.
 
O Índice de Confiança Empresarial da FGV sintetiza avaliações do quadro presente e expectativas em relação aos três meses seguintes. O indicador de situação atual caiu para 89,9 pontos, com redução de 1,5, e retornou ao nível de novembro. Já o índice de expectativas, com recuo de 2,9 pontos, escorregou para 98,1, o menor patamar desde 
outubro. Em março, os índices de confiança de todos os setores foram menores que no mês anterior. No trimestre, o da indústria avançou 0,5 ponto, enquanto os de serviços, comércio e construção recuaram. Todos continuaram abaixo de 100, linha divisória entre expectativas positivas e negativas. O “otimismo” abaixo de 100 corresponde a uma avaliação menos negativa de uma situação presente ou esperada.
A piora das expectativas em relação ao desempenho da economia vem sendo mostrada há semanas pelo boletim Focus, atualizado semanalmente pelo BC e baseado em consultas a cerca de cem instituições financeiras e consultorias. Em um mês caiu de 2,30% para 1,98% a mediana das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, segundo os números divulgados nesta segunda-feira. Na segunda-feira anterior, o número apresentado foi 2,01%.Na semana passada o BC e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também divulgaram suas novas projeções para este ano. Nos dois casos o crescimento estimado para a expansão do PIB caiu para 2%. 

Os números frustrantes do trimestre final de 2018 já indicaram um avanço próximo de 2% em 2019, observou o economista  Affonso Celso Pastore num evento promovido pelo Estado. Depois de um primeiro trimestre muito ruim, “com cheiro de crescimento nulo”, as projeções do mercado tendem a convergir para 1,5%, acrescentou. Qualquer otimismo gerado pela aprovação da reforma da Previdência, segundo sua avaliação, só produzirá efeitos em 2020. “Para 2019, com ou sem reforma, o quadro é de crescimento muito baixo”, concluiu. 

Os economistas consultados na pesquisa Focus também voltaram a diminuir suas projeções para o crescimento industrial. A mediana das estimativas caiu de 2,57% na semana anterior para 2,50%. Um mês antes estava em 2,90%. Baixo crescimento industrial significa expansão econômica de baixa qualidade, com menor criação de empregos formais e menor difusão de tecnologia.anhos de produtividade podem ocorrer na agropecuária, mas neste ano as perspectivas do setor também são de crescimento modesto. Concessões na área de infraestrutura poderão animar segmentos da indústria, mas a transmissão do estímulo tomará algum tempo. Se a confiança continuar escassa, nem a retomada no próximo ano estará garantida.

O Estado de S. Paulo

 

 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Bolsonaro e seus inimigos

Os maiores inimigos da presidência Jair Bolsonaro não estão na oposição, mas no próprio governo. Em menos de um mês já criaram diversos problemas. Mesmo tendo pequena importância política, essas trapalhadas acabam atingindo quem está no poder em um momento tranquilo, pois o STF e o Congresso Nacional estão em recesso, e permanece o clima de lua de mel com a nova administração federal – basta acompanhar os movimentos da bolsa e do câmbio.

O tripé que dá respeitabilidade e equilíbrio político continua intacto. Os ministérios da Economia, da Justiça e àqueles sob responsabilidade dos militares não produziram nenhum curto-circuito. Organizaram boas equipes e estão preparando medidas que serão apresentadas, em fevereiro, ao novo Congresso. Este tripé é que pode determinar o sucesso do governo. Contudo, poderão ser afetados por um outro tripé, estridente, incapaz, irresponsável, e que está próximo do Palácio do Planalto.

A primeira perna do tripé é formada por parte da prole do presidente. Ter três de seus filhos na política não é um bônus, mas um ônus. Qualquer ação de um deles acaba respingando em Bolsonaro pai. Carlos não recebeu a notícia que a campanha eleitoral acabou. O que deu certo em outubro – e ele foi o principal articular da estratégia nas redes sociais – não dá mais conta da complexidade representada por um governo que tem tarefas hercúleas, sob risco de, no primeiro ano de mandato, inviabilizar o quadriênio presidencial. Já Eduardo delira e imagina que é o verdadeiro ministro das Relações Exteriores – mesmo que mal consiga identificar os continentes no planisfério. Flávio se meteu numa enrascada que piora a cada dia e que vai chegar até o pai, conturbando o clima político num momento absolutamente inadequado.

A segunda perna é o PSL e tudo que gira em torno dele. O episódio da viagem à China é exemplar. O partido é um ajuntamento de pessoas sem nenhuma consciência política, que desconhecem o que é a atividade parlamentar. O PSL deveria ser a principal base de sustentação do governo – mas não será. Será fonte de problemas.
A terceira perna é representada pelos cruzadistas, aqueles que permaneceram no século XI, quando do início da Primeira Cruzada. São toscos, fanáticos e perigosos. Geram crises a todo momento. Seu principal representante é o chanceler Ernesto Araújo. Caberá ao presidente escolher com qual tripé pretende governar. Com os dois será impossível.

O governo precisa escolher em qual tripé se apoiar. Paulo Guedes, Moro e militares? Ou os filhos do presidente, PSL e Ernesto Araújo?

Marco Antonio Villa, IstoÉ
 

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

PSL de olho em movimentação de Wilson Witzel





Não querem qualquer aproximação com o PT

O PSL vem acompanhando com preocupação a aproximação entre governador Wilson Witzel e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano (PT).

Nesta segunda (7), durante a posse de Rodrigo Pacheco como novo defensor público do estado, Witzel afirmou que Miliciano vem fazendo um importante trabalho na Alerj. Só que deputados da poderosa bancada do PSL já disseram que não aceitam qualquer apoio ao petista em sua tentativa de reeleger-se presidente da Casa.

A ordem expressa partiu diretamente de Jair Bolsonaro