A corrupção no Brasil tem uma longa trajetória, que
aliada à impunidade nos infelicitou ao longo dos séculos. Sem me alongar sobre o
tema recordo que o Estado brasileiro teve desde seu início ação centralizadora
e tuteladora da Nação. Tudo dependia do governo e, assim, o comércio e a
indústria estavam atados às autorizações, às tarifas protecionistas, às concessões,
o que facilitava o suborno. Em essência nada mudou.
Em 2002, o PT chega à presidência da República
jactando-se de ser único partido ético que vinha para acabar com as mazelas da
política brasileira. E melhor: à frente do partido havia um “pobre operário”
capaz de salvar a pátria, um padroeiro dos pobres e oprimidos. Contudo, pode-se dizer que nunca antes nesse país
houve um partido tão corrupto quanto o PT. Os petistas institucionalizaram a
corrupção e convidaram aliados políticos e a iniciativa privada para abrir
franquias de roubalheira.
A força e a impunidade do PT se deveram basicamente
a três fatores: a ilusão gerada pela propaganda, através da qual Lula da Silva
foi endeusado. A inexistência de oposições, tanto partidárias quanto
institucionais. A falta de cultura cívica do povo sempre dependente do Estado
paternalista e indiferente aos escândalos de corrupção dos poderosos. Além da corrupção o governo petista expandiu os
males do Estado Brasileiro: o patrimonialismo, o nepotismo, a burocratização e,
sobretudo a incompetência. Tudo sob a imagem da perfeição, das maravilhas que o
magnânimo pai Lula prodigalizava aos desvalidos salvando-os da miséria.
Nos porões
do poder, porém, muito mais lucravam os que Lula, para efeitos externos, chama
de elites, várias das quais se associaram em contubérnios com a companheirada
de modo nunca visto. E, assim, roubou-se em milhões, em bilhões, em avantajadas
cifras no país do dá-se-um-jeito. Primeiro, articulou-se o mensalão ou compra de
congressistas como forma de sustentar o projeto de poder do PT.
Inabalável,
mesmo sob o efeito das condenações do STF onde se notabilizou o ministro
Joaquim Barbosa que logrou enviar para as grades maiorais do PT como José
Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, João Paulo Cunha, além dos auxiliares dos
criminosos, Lula logrou eleger uma mulher que não consegue sequer proferir um
pensamento coerente. Com ela deu-se o terceiro mandato de Lula da Silva.
Foi o tempo do descalabro com todos os possíveis erros que se pode cometer em
economia. Mesmo assim, Rousseff, com
pouca margem de votação se reelegeu montada nas mentiras e no terrorismo
politico do marqueteiro João Santana, que atribuiu ao adversário o apocalipse
brasileiro, que se vê agora é da autoria da criatura de Lula e dele próprio.
O presidente de fato seguiu inimputável, sempre a
repetir que não viu nada, não sabia de nada, não ouvia nada, enquanto a
inflação, o desemprego, a inadimplência vão infelicitando eleitores e não
eleitores do PT. O megaescândalo do petrolão estilhaçou a Petrobrás,
orgulho nacional, tomada de assalto pelo aqui citado contubérnio. Mas, assim
como o ex-ministro Joaquim Barbosa surgiu alguém que fez a diferença, o juiz
Sérgio Moro, destacando-se também o trabalho da Polícia Federal e de
procuradores na 0peração Lava Jato. Nesta ação inédita no Brasil estão indo
para cadeia não só doleiros e auxiliares da rapina chamados de operadores, mas
também presidentes das maiores empreiteiras, seus diretores e ocupantes de
altos cargos na Petrobras.
Possivelmente, o povo tomaria conhecimento desses
fatos com indiferença se não fosse o esboroar da economia, pois é certo que não
há governo que resista quando a economia vai mal. Junte-se a isso a
inconformidade popular que não aceita pagar pela incompetência governamental e
temos o resultado da última pesquisa Datafolha, na qual Rousseff aparece como a
pior presidente que o Brasil já teve, com 71% de reprovação e só 8% de
aprovação.
É dito, falseando a questão, que um impeachment da inoperante
presidente levaria ao caos institucional. Quando Collor, com grande
participação do PT, sofreu o impeachment por muito menos do que hoje ocorre, as
instituições ficaram intactas. Falso também a presidente dizer-se intocável porque
foi eleita pelo voto. Uma coisa é autoridade legal, outra é autoridade
legítima. No momento ela não é mais legitimada pela população e o que se chama de
crise política pode ser traduzida por crise de representatividade. Ela não
representa mais o povo cansado de seu estelionato eleitoral e de sua
incompetência.
O PT legou ao Brasil uma crise política de
representatividade, uma crise econômica e uma crise de valores. A saída de
Rousseff da presidência, dentro dos trâmites legais não é golpe. Golpe é sua
permanência. Afinal, a emblemática segunda prisão de Jose Dirceu demonstrou que
o PT nunca agiu em nome da causa, mas em causa própria. Não dá para suportar mais
um governo assim. A causa caiu.
Por: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
www.maluvibar.blogspot.com.br