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sábado, 14 de janeiro de 2023

O ataque da esquerda à Câmara em 2006, por Aldo Rebelo - Revista Oeste

Joice Maffezzolli

Ex-deputado e ex-ministro relembra invasão da esquerda à Câmara em 2006

Em 2006, um grupo invadiu a Câmara dos Deputados, em Brasília, e deixou rastro de destruição e vandalismo | Foto: Reprodução

Em 2006, um grupo invadiu a Câmara dos Deputados, em Brasília, e deixou rastro de destruição e vandalismo -  Foto: Reprodução

Era 6 de junho de 2006. Um grupo de sem-terra, liderado por Bruno Maranhão, um dos fundadores do PT e amigo de Luiz Inácio Lula da Silva, invadiu a Câmara dos Deputados, em Brasília, e deixou um rastro de destruição
Portões de vidros foram quebrados, terminais de autoatendimento danificados, computadores e câmeras de vídeo do circuito interno deteriorados. 
Numa cena que chocou o país, um carro, que seria sorteado pela Associação dos Funcionários da Câmara entre servidores, foi arruinado — um prejuízo de R$ 150 mil.  
Pelo menos 35 pessoas ficaram feridas, a maioria delas servidores públicos. 
O deputado Aldo Rebelo era o presidente da Casa e, naquele dia, estava numa agenda com o presidente da Câmara do Paraguai, para tratar das relações bilaterais entre os países. Foi quando recebeu um telefonema do deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) avisando que algo muito grave ocorria na Câmara.
 
Quase 17 anos depois, diante do vandalismo ocorrido nos prédios públicos no domingo, 8, em Brasília, o presidente Lula disse que a esquerda nunca praticou esse tipo de baderna
Chamou, inclusive, com a ajuda da velha imprensa, os atos de violência de terrorismo. Mas a História narra que não é bem assim. Aldo Rebelo conversou com a reportagem de Oeste nesta semana para relembrar o dia em que a esquerda atacou a democracia.“Pedi para o segurança providenciar o carro para o meu deslocamento, e ele disse que a decisão deles era que eu não podia ir para a Câmara, porque não havia segurança. A situação estava muito difícil, porque a Câmara tinha sido invadida por um grupo de militantes sem-terra”, diz Aldo Rebelo. “Um segurança já estava ferido gravemente, atingido por um paralelepípedo na cabeça, já havia muita depredação, e não era seguro eu me deslocar. Eu disse: ‘Não, eu vou, e vou agora’”.

No caminho, o segurança sugeriu que Rebelo entrasse por uma via alternativa, para evitar a entrada tradicional, que estava ocupada pelos baderneiros. O grupo de Bruno Maranhão — morto em 2014 — fazia reivindicações sobre a reforma agrária.

Invasão do MST na Câmara dos Deputados: cenas de destruição - 
 Foto: Reprodução

“Eu disse: ‘Não, vamos entrar por onde entramos, e cheguei’. Os ocupantes estavam todos no Salão Verde. Passei por eles, fui até a sala da presidência, chegaram lá vários deputados: um grupo mais conservador querendo que eu convocasse o Exército e a polícia para tirar os manifestantes, eu descartei a hipótese; e os grupos de esquerda querendo que eu formasse uma mesa para discutir as reivindicações dos invasores”

Prisão
O líder dos vândalos, Bruno Maranhão, foi levado até Aldo Rebelo, que lhe deu voz de prisão. “Eu disse: ‘Você teve toda a chance de discutir isso quando quisesse, porque a Câmara é aberta, você me conhece. Você queria fazer aqui um ato de desmoralização da Câmara, de promoção do seu movimento, não vai ter mesa. Você está preso’.”

Maranhão ficou detido numa sala, sob custódia de Rebelo, até a chegada da polícia. “Claro que eu não podia chamar nem a polícia, nem o Exército para dentro da Câmara, mas também não podia fazer mesa de negociação com essas pessoas, quando tinha servidor em estado grave na UTI e todo patrimônio depredado”, explica.

Em seguida, Aldo foi ao plenário, fez um relato do que estava acontecendo e deu voz de prisão aos cerca de 600 manifestantes. “Pedi que os presos, sob minha custódia, fossem recolhidos pela Secretaria de Segurança do Distrito Federal. O secretário disse que não tinha condições de efetuar as prisões, porque para cada preso tinha de ter, pelo menos, três soldados, e ele não tinha como mobilizar esse efetivo.”

Aldo retrucou, dizendo que o local era responsabilidade da Secretaria, e que ele ajudaria com o atendimento médico e a alimentação. Por fim, os militantes foram levados para o Ginásio de Esporte Nilson Nelson — idosos e mães com filhos foram todos liberados, e os demais foram autuados. Depois, pediu que o Ministério Público entrasse com ação de indenização da Câmara.

“Eles quebraram tudo o que tinha lá, uma estátua do busto do Mário Covas, eles quebraram a marretadas. O busto foi para um lado, e a cabeça para o outro.”

Manifestações de 2013
O ano de 2013 foi marcado por inúmeras mobilizações em todo o país. Milhares de pessoas foram às ruas, com diversas bandeiras. Desde críticas, o aumento das tarifas do transporte público, a falta de investimentos em serviços públicos, até posições contrárias aos gastos com megaeventos esportivos. Naquele ano, ocorria a Copa das Confederações, uma preparação para a Copa do Mundo, que seria realizada no país em 2014. O grito “Não vai ter Copa” rodou o mundo.

Uma série de manifestações nas seis cidades-sede da Copa (das Confederações) reuniu 900 mil pessoas, de acordo com balanço da Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos. Aldo Rebelo era o então ministro do Esporte do governo de Dilma Rousseff. Ele conta que os movimentos eram híbridos.

“Tinham os chamados manifestantes da oposição ao governo, mas também tinham os manifestantes organizados pelo PT. Houve queima de pneus, geralmente, em manifestação se usam pneus velhos, mas eles compraram novos, e foi muito fácil de localizar os compradores. A polícia descobriu que eram funcionários do Palácio do Planalto e que tinham ajudado a organizar essas manifestações, conhecidos de gente do primeiro escalão do governo, do PT”, declara Aldo

Rebelo afirma que havia um grupo de esquerda, liderado pelo Psol, disputando o espaço que era ocupado pelo PT. “Se o PT fracassasse, a direita ganhava o lugar do PT no governo, e o Psol ganhava o lugar do PT no que seria a oposição. E, como eu conhecia esse povo, sabia que eles tinham nascido no começo do governo Lula para fazer posição, para substituir.”

Num dos jogos em Belo Horizonte, 60 mil pessoas protestaram pelas principais ruas e seguiram em direção ao estádio do Mineirão. Naquele dia, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, acompanhava a partida. Ainda que a polícia tenha contido os manifestantes, Blatter ficou preocupado com a segurança no país e mandou cancelar da Copa das Confederações, recolher as delegações e deixar o Brasil.

Depredação na Câmara dos Deputados, em 2006 | Foto: Reprodução

“Se ele cancelasse a Copa das Confederações, que é um evento-teste, em que você prepara a área de segurança, mobilidade, aeroportos, hotelaria para o evento no ano seguinte, que é a Copa, e já havia rumores de que os Estados Unidos estavam interessados em acolher a Copa, caso ela fosse cancelada no Brasil, nessa mesma noite eu liguei para a presidente Dilma e falei: ‘Nossa Copa subiu no telhado’.”

No dia seguinte, Dilma fez um pronunciamento, dando garantias de segurança para a realização da Copa, e Blatter desistiu da ideia de suspender o evento. Apesar da derrota do Brasil, de 7 a 1, para a Alemanha, a organização da Copa foi elogiada, inclusive pela Fifa.

Aldo teve um papel importante para a concretização da Copa do Mundo de 2014. “O meu esforço era de garantir a segurança; imagina você receber Angela Merkel, a primeira-ministra da Alemanha. O Putin (Vladimir Putin), o presidente russo, veio ao Brasil; o príncipe Harry, representando a Família Real, ficou aqui o tempo todo, enquanto a Inglaterra permaneceu.”

Ele cita a visita de Joe Biden, à época vice-presidente dos Estados Unidos, para assistir a um jogo da seleção norte-americana. “Reservaram um restaurante à beira-mar para 200 pessoas, para todos os jogadores com seus familiares, com o vice-presidente e jornalistas. Você imagina a exposição ao risco, à noite, no Rio Grande do Norte. Tivemos de providenciar com a Marinha, para bloquear a área perto do restaurante, para evitar qualquer tipo de risco.”

O ex-ministro relembra que, nos protestos de 2013, houve episódios violência e depredação.

“Esse movimento chegou a matar um cinegrafista no Rio de Janeiro. Eu vi outra imagem no Rio, também, um PM ardendo em chamas, jogaram um rojão, você via o escudo e a figura do policial militar. A invasão do Itamaraty, em Brasília, a invasão da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com a danificação de obras de arte, de quadros, relíquias da arte brasileira, tentativa de invasão aqui da Prefeitura de São Paulo”

Aldo perguntou a Antonio Anastasia, então governador de Minas Gerais, no dia da tentativa de invasão ao estádio, quem estava coordenando os atos.Quem organizou esse povo, como que chegaram aqui? Ele disse: ‘A CUT’. Eu digo: ‘Mas o movimento da Copa é do PT’. Ele rebateu: ‘Eu sei… (risos)’.” 

Tratamento da mídia
O tratamento dado pela mídia tradicional foi diferente nas manifestações de 2013 e em 2023. Há dez anos, as manifestações receberam, abertamente, apoio da imprensa. “A Globo interrompia, inclusive, as novelas para transmitir diretamente aquelas manifestações, como se fosse uma coisa aceitável, legítima, e era o tratamento também dado internacionalmente.”

Agora é o contrário, a maioria dos jornalistas da imprensa tradicional repudia os atos. “Agora eu acho que a mídia, tanto a nacional quanto internacional, tem outro interesse. Está muito mais próxima do atual governo. Eu acho que é por essa razão que esses manifestantes de Brasília ofereceram pretexto muito conveniente para essa narrativa”, Aldo se refere, sobretudo, ao uso de palavras como terrorismo, golpismo e extremismo.

Manchete do jornal Folha de S.Paulo (7/6/2006) | Foto: Reprodução
Jornal Folha S.Paulo (7/6/2006) | Foto: Reprodução
Jornal Folha S.Paulo (7/6/2006) | Foto: Reprodução
Ex-comunista
Aldo Rebelo é um nacionalista assumido, defensor de um dos maiores patrimônios do Brasil, a Amazônia. Depois de 40 anos, deixou o PCdoB, por discordar de novos rumos que o partido estava tomando em relação a comportamentos e costumes. “Resolvi me afastar, sem brigas, sem confusão, buscar outro caminho e permanecer com as minhas opiniões. Sempre defendi a democracia e os interesses dos mais pobres.”

A união é a saída para a soberania do país. E, no momento, o Brasil está numa encruzilhada. “Olha, nós estamos aí vendo esses acontecimentos lamentáveis. Claro, você pode pensar em quem promoveu esses acontecimentos, você pode pensar no atual governo e você pode pensar em tudo isso, mas vamos pensar um momento no Brasil.”

“Nessa encruzilhada, você tem um caminho que é esse de domingo, do confronto, do enfrentamento, da violência. Esse é fácil, não precisa de muito trabalho para seguir. O outro caminho é mais difícil, é o caminho de unir e pacificar o país”, conclui.

Leia também “O triunfo da mentira”

 Joice Maffezzolli, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Três comandantes das PMs ignoram reunião com Moraes

Nesta quarta-feira, 23, o presidente do TSE agendou um encontro com agentes das Polícias Militares do Brasil

Três comandantes das Polícias Militares não compareceram à reunião programada nesta quarta-feira, 23, pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São eles: coronel Hudson Leôncio Teixeira, do Paraná; coronel Alarico José Pessoa Azevedo Júnior, do Rio Grande do Norte; e coronel Marcelo Pontes, de Santa Catarina. [em nossa singela opinião, é notório que o ministro Moraes ainda tem muito poder - ainda pode prender pessoas do povo, pessoas simples, mandar a policia invadir residências, mas é FATO que o poder dele está diminuindo - antes crescia igual fogo ladeira acima, agora só desce, só diminui, igual água morro abaixo. 
Nada, absolutamente nada, vai acontecer com os comandantes da PM que não atenderam, à convocação - da mesma forma que nada aconteceu com os que ignoraram convocação anterior, para antes das eleições. Motivo de nada acontecer: o ministro não tem autoridade para realizar tal convocação.]

O encontro, que contou com a participação de 24 comandantes-militares, ocorreu na sede do TSE, em Brasília. O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Benedito Gonçalves, também esteve presente.

A reunião teve como objetivo fazer um “balanço” das operações de segurança pública durante as eleições. Moraes e os policiais também debateram os bloqueios que paralisaram rodovias pelo país, em protesto contra a falta de isonomia no processo eleitoral.

Em 1º de novembro, Moraes autorizou as PMs a desobstruir as rodovias, inclusive as federais. Até então, o trabalho estava sendo realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Na reunião desta quarta-feira, o TSE informou que deverá ser criado um grupo de trabalho para desenvolver as propostas discutidas pelos ministros e pelos comandantes-militares. As seguintes sugestões foram debatidas:

1) a previsão orçamentária para auxílio às policiais militares durante atuação nas eleições; [lembrete: as eleições mais próximas estão previstas para o final de 2024 e já estão discutindo gastos - item 1. Pode até ocorrer eleições por agora, mas depende do resultado de questionamentos que apresentados pelos candidatos Bolsonaro e Braga Netto (para evitar que nos acusem de disseminação de fake  news - detestamos mentiras e desprezamos os mentirosos, o que explica nosso desprezo pelo eleitodestacamos que pensamos que PODE, não estamos dizendo que ocorrerão eleições por agora.)

Analisando o restante da pauta, foi totalmente inútil tal reunião.],

2) a fiscalização da não utilização de celulares na cabine eleitoral por detector de metal;

3) o auxílio das Guardas Municipais Metropolitanas, dos Corpos de Bombeiros e das Polícias Civis;

4) a elaboração de um manual de procedimento operacional geral para os períodos eleitorais;

5) a verificação de possível alteração de locais de votação que estejam, hoje, em locais críticos;

6) o aprimoramento de reuniões preparatórias aos pleitos eleitorais para a melhor atuação integrada; e

7) a presença de um coronel da PM, da ativa ou da reserva, junto aos núcleos de inteligência dos TRES.

Redação - Revista Oeste 

 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

O SENADO E AS FICHAS SOBRE A MESA - Percival Puggina

O presidente cumpriu o que dissera: não atende mais determinações do ministro Alexandre de Moraes. Ao considerar extemporâneo o pedido da AGU para que o presidente, em vez de comparecer à delegacia como estabelecera o ministro, se manifestasse por escrito, Alexandre dobrou a aposta. Bolsonaro, por sua vez, dobrou também, silenciando. 

Que outras fichas tem o ministro para pôr sobre a mesa? Os colegas do Pleno. 
Irão cobrir a aposta dele e ordenar o comparecimento do presidente a uma delegacia? 
Há alguns meses, isso não surpreenderia. Hoje, não sei não. Esse é um jogo que roda sob os olhos da sociedade e esta já percebeu o empenho com que o ministro e a maior parte de seus colegas dão curso à tarefa de destruir a harmonia entre os poderes e desestabilizar o governo. 
 
“Tanto vai o cântaro à fonte que um dia lá se quebra”, diz um bem aplicável provérbio. A fúria persecutória contra o presidente da República e seus apoiadores se tornou tão evidente que ele, tudo indica, resolveu dar um basta. 
De fato, quando se pensa em todas as violações do sistema acusatório que vigem em inquéritos abertos dentro do STF e se percebe o quanto esses inquéritos são pernetas, puxando sempre para o mesmo lado, não há como a sociedade não se escandalizar.  

Enquanto os dias passam, olho para o Senado e percebo que o Senado não olha para mim. Nem para você, leitor. O Senado olha para os senadores e estes só atentam para si mesmos. Com a mais generosa boa vontade, as exceções a esse quadro egocêntrico não chegam a vinte.

Eis uma das grandes missões da ação política em favor do Brasil ao longo deste ano eleitoral. 
Vinte e sete senadores serão escolhidos pelos eleitores no primeiro domingo de outubro. 
Cada estado deve passar um pente fino na atuação dos que se apresentarem buscando renovar os mandatos. 
É preciso conhecer e tornar conhecidas, entre outras, as respectivas posições em relação à CPI da Lava Toga, à CPI da Covid, à prisão após condenação em segunda instância, à governabilidade do país, ao pacote anticrime.

A rigor, toda a insegurança jurídica causada por excessos monocráticos e colegiados do STF, apontados por Marco Aurélio Mello quando ministro, podem ser atribuídos ao desequilíbrio causado pelas décadas em que coube à esquerda política (mais precisamente a José Dirceu) apontar ao Senado os ocupantes dessas cadeiras. Agora, é o que temos, um poder de estado fazendo política sem voto.

Deveria ser tarefa de gincana encontrar um esquerdista, investido de autoridade, que se mantenha dentro de seu quadrado.

Para o Senado, diferentemente do Supremo, a vida segue outro curso. Nossa Câmara Alta é um poder cujos membros se submetem à manifestação periódica de seus eleitores
Então, em outubro, sela-se o destino de 27 senadores. 
Salvem-se os raros bons e renovação já! 
Os restantes 54 entram na contagem regressiva para 2026.  
Também a estes deve ir o recado dos cidadãos de seus Estados. 
É a hora da cobrança, da revisão de vida, do respeito ao eleitor, da transparência das condutas. 
Hora de compreender que dirigir é servir.     

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

PODER E AUTORIDADE, SEGUNDO JESUS CRISTO - Percival Puggina

Quem for eleito presidente da República indicará em 2023 dois novos ministros ao STF em substituição a Ricardo Lewandowski e a Rosa Weber.  
Não quero nem pensar no que faria Lula se a caneta das indicações lhe retornasse às mãos
O Supremo que emergiu da década petista é esse de que padecemos. Em 2018, o candidato da maioria de seus membros perdeu as eleições. Inconformado, tornou-se, o STF, um dos muitos centros de poder nacional cujos membros combatem ferozmente os objetos de seus próprios preconceitos e malquerenças.
 
Podemos divergir sobre o quanto isso afetou a vida institucional do país. Mas é inegável que o Supremo atraiu muito desagrado ao destruir a Lava Jato e, com ela, as esperanças de um Brasil passado a limpo
A contribuição do STF ao combate à criminalidade e à impunidade corresponde a algum algarismo bem menor do que zero, no que empata com o Congresso Nacional.

Parece oportuníssimo reproduzir aqui palavras de Jesus Cristo em Mateus 20:25-28. Não o faço por ser católico, mas por quanto há de sabedoria nestas poucas e raras palavras de Jesus objetivamente “políticas”.

"Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir."

O princípio aqui enunciado proporciona a quem esteja investido de poder muito daquilo que os romanos chamavam “Auctoritas” e descrevia aquela ascendência inerente a certos indivíduos como efeito natural do bom exemplo, da sabedoria, da experiência e das virtudes.

De nada vale os senhores ministros reclamarem para si, em decorrência do poder a eles atribuído, o reconhecimento e a consideração que, na vida real, advêm da Auctoritas. Esta, por muitas razões, é mercadoria em falta, um passo fora dos salões onde, por dever de ofício, entram os rapapés e as cortesanias de praxe. Quanto tais louvações realmente valem daquilo que pesam nas falas à Corte?

Em excelente artigo de 2010, o padre e mestre português Dr. Anselmo Borges inflama-se ao referir aqueles que, no exercício de seu poder institucional, não cuidam de preservar a auctoritas
Fala sobre os maus pais e pergunta: o que acontece quando lhes faltam as condições morais necessárias para exercer e fazer crescer a dignidade dos filhos? 
Fala sobre os maus professores, observando que “quando os estudantes descobrem que um professor é incompetente, é melhor pôr-se a salvo”. 
Por fim, menciona aquelas personagens do mundo político a quem, por falta de qualificação intelectual, técnica ou moral, “à função de deputados ou ministros só resta o nome”.

  1. https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/anselmo-borges/potestas-e-auctoritas--1476678.html

A perda de referências dá causa a um desastre social no Brasil. Só não vê quem disso se beneficia.

 

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Ecos do AI-5 - O fantasma

Gazeta do Povo

Quando faltava um mês para o aniversário do execrável AI-5, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes proibiu um deputado, Daniel Silveira, de dar entrevistas. O ministro já havia proibido o deputado de frequentar as redes sociais e de fazer contato com “outros investigados”. No último dia 13, fez 53 anos que, por causa de um deputado, Márcio Moreira Alves, que, na tribuna, recomendou às mocinhas que não dançassem com cadetes, o general Costa e Silva assinou o AI-5, que cassava o mandato do parlamentar e de muitos outros, fechava o Congresso, cancelava o habeas corpus e censurava. 
Motivo imediato: o ministro da Guerra, Lyra Tavares, queria processar o deputado, mas a Câmara não deixou, com base no art. 32 da Constituição de 1967: “Os deputados e senadores são invioláveis, no exercício do mandato, por suas opiniões, palavras e votos, salvo nos casos de injúria, difamação e calúnia, ou nos previstos na Lei de Segurança Nacional”.


Ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão do deputado Daniel Silveira por declarações nas redes sociais. -  Foto: Nelson Jr./STF

Os constituintes de 1988 aperfeiçoaram o artigo, que se tornou inflexivelmente garantidor do mandato, e virou 53: “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. Esse quaisquer não deixa espaço para condicionantes. Só que não. Como constituintes não-eleitos, no Supremo passaram por cima disso. O ministro Moraes mandou prender o deputado que - ironia! - disse ter saudades do AI-5.  
Em 2021 imperou um AI-5 de facto, com a anuência da Câmara dos Deputados, menos defensora de suas prerrogativas que aquela de 1968. No dia seguinte ao 13 de dezembro de 1968, Juscelino fora preso preventivamente, para não incomodar, tal como Zé Trovão agora está preso assim como o presidente do PTB, Roberto Jefferson.  
Muito semelhante com aqueles anos de chumbo - agora com um AI-5 fantasma.
 
Em 1968 como hoje, pessoas eram presas sem condenação, por crime de opinião. Hoje com uma diferença para pior: naquele tempo havia, embora espúrias, regras escritas. 
Hoje a regra é o que brota de um reescrevedor da Constituição, reeditando versões ad hoc até mesmo do pétreo artigo quinto.  
 
A moda se espalha para a Justiça Eleitoral.  
A resolução com regras para a eleição do ano que vem mais parece um código penal que revoga a liberdade de expressão que os constituintes consagraram no artigo 220. 
As bocas e cérebros brasileiros ficaram sob tutores que definem a verdade e a mentira, estabelecendo a versão oficial.
Numa democracia é normal que haja interpretações diferentes de liberdade, autoridade, verdade. Faz parte dos entrechoques ideológicos e doutrinários. 
O que não é normal é que haja silêncio em relação a agressões sofridas pela lei das leis. Quem cala, consente. O AI-5 de 1968 perdurou até 1979. Os que hoje calam e consentem já pensaram o quanto estão sendo cúmplices na supressão da dissonante mas criativa voz da democracia?

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

PIOR DO QUE A CENSURA É A AUTOCENSURA- Gilberto Simões Pires

CRIME HEDIONDO
Está mais que escancarado e provado que muitos daqueles que ousam MANIFESTAR OPINIÃO contrária a qualquer decisão e/ou postura assumida por integrantes do STF estão sendo perseguidos, censurados e até presos. Isto significa que no nosso empobrecido Brasil o DIREITO - FUNDAMENTAL- DE PODER MANIFESTAR OPINIÃO simplesmente foi cassado e/ou transformado em CRIME HEDIONDO do tipo SUMÁRIO- INAFIANÇÁVEL.

TEMEROSOS

Como o SENADO, a única - autoridade- que a nossa Constituição considera como capaz e efetiva para dar um basta nesta absurda aberração dá demonstrações de que está plenamente satisfeita com este incrível - estado de coisas-, aqueles que manifestam qualquer descontentamento quanto às decisões nada democráticas tomadas pelo STF, notadamente pelo superministro Alexandre de Moraes, estão se mostrando cada dia mais preocupados e/ou temerosos com a nítida perda da LIBERDADE PARA OPINAR.

AUTOCENSURA

Ora, quanto mais a CENSURA vai se tornando corriqueira, e suas consequências vão se mostrando cada vez mais complicadas para quem emite OPINIÃO que desagrade os - deuses do Olimpo-, aí acontece algo ainda pior: a - AUTOCENSURA-, ou o ato de CENSURAR o próprio discurso. Isto significa que o crítico, quanto mais temeroso, passa a questionar e controlar aquilo que gostaria de manifestar.

FREQUÊNCIA
Este receio de que pode ser CENSURADO faz com que muitos críticos passem a praticar da AUTOCENSURA. Este tipo de atitude, aliás, é visto com boa frequência em várias atividades praticadas por produtores de filmes, cineastas, editores, âncoras, jornalistas, músicos e outros tipos de autores, incluindo indivíduos que usam as redes sociais.

GUSTAVO GAYER RESOLVEU SE CALAR
A propósito, o youtuber goiano, Gustavo Gayer, para não ser vítima da AUTOCENSURA divulgou um vídeo nesta semana dando conta de que preferiu DESISTIR. Na sua exposição, Gayer diz que - "Depois de ver jornalistas sendo presos, deputado sendo preso, pessoas inocentes sendo presas pelo crime de opinião eu tomei uma decisão: - VOU ME CALAR! - Não vou mais opinar ou criticar os donos da verdade". Eis aí o vídeo, na integra:  
STF faz mais um PATRIOTA desistir! Gustavo Gayer
 
Ponto Crítico - Gilberto Simões Pires
 

Braga Netto dá resposta à altura a deputado psolista Glauber Braga

O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, rebateu um deputado psolista e declarou que não existe insubordinação nas Forças Armadas. Em audiência na Câmara, o general subiu o tom, ao responder a uma pergunta de Glauber Braga. O programa #OsPingosNosIs comentou.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Bolsonaro ameaça STF: ‘temos que acabar com as prisões políticas’ - Quem são os católicos ultraconservadores que vão às ruas por Bolsonaro

Veja - Política

Sem citar nomes, presidente pede que Luiz Fux 'enquadre' ministro Alexandre de Moraes

O presidente Jair Bolsonaro subiu muitos decibéis no discurso político neste feriado de Sete de Setembro e a milhares de apoiadores na Esplanada dos Ministérios ameaçou o Supremo Tribunal Federal (STF) e exigiu que o presidente da Corte, Luiz Fux, “enquadre” o ministro Alexandre de Moraes, relator de barulhentos inquéritos que atingem a base bolsonarista, investigada pelo suposto financiamento de atos antidemocráticos e por divulgação massiva de fake news. A manifestantes que ocupam desde cedo a região em frente ao Congresso Nacional, Bolsonaro atacou o que chamou deprisões políticasdeterminadas pelo Poder Judiciário e disse que, se Moraes não for contido, a Suprema Corte “pode sofrer aquilo que nós não queremos” – sem explicar exatamente o que seria o que “nós não queremos”.

“Nós não mais aceitaremos que qualquer autoridade, usando a força do poder, passe por cima da nossa Constituição. 

Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer certeza que venha de fora das quatro linhas da Constituição. 

Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população”, discursou ele, sem mencionar nominalmente nem Fux nem Moraes. Além de conduzir investigações que assombram o governo, Alexandre de Moraes também foi o responsável por decretar a prisão de aliados bolsonaristas como o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e o ex-deputado e mensaleiro Roberto Jefferson (PTB-RJ), ambos por ataques e ameaças à integridade física de juízes do Supremo. 

Jair Bolsonaro voltou a falar em ‘ultimato” e disse que “não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque risco à nossa liberdade”.

“Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada poder da República. Nós todos na Praça dos Três poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair”, completou o presidente de cima de um caminhão de som.

Enquanto proferia seus ataques, o ex-capitão recebia da plateia gritos de ‘fora Alexandre’, ‘fora STF’ e ‘eu autorizo’, uma interpretação enviesada do artigo 142, da Constituição. Este artigo, interpretado erroneamente por apoiadores do presidente como um aval para que as Forças Armadas intervenham em outros poderes, afirma que “as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

“Temos em nossa bandeira escrito ordem e progresso. Não queremos ruptura, não queremos brigar com poder nenhum. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”, continuou. Aos seus apoiadores, o presidente disse, sem citar nome, que um ministro “perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal” e anunciou que nesta quarta-feira pretende se reunir com o Conselho da República, colegiado responsável por pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio e “questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas”. “Amanhã [quarta] estarei no Conselho da República, juntamente com ministros, juntamente com o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, com essa fotografia de vocês para mostrar para onde nós todos devemos ir”, afirmou.

Durante o rápido trajeto entre o Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, e a Esplanada dos Ministérios, local das manifestações, Bolsonaro fez uma transmissão em suas redes sociais e disse que o povo precisaria lutar para que o futuro político brasileiro não se iguale a ditaduras da América Latina. “Tenho certeza que cada um de vocês tudo fará para que sua liberdade seja garantida. Exemplo nós temos aqui na América Latina, onde relaxaram nesse quesito, achando que a sanha ditatorial daqueles que ocupavam o poder naquele momento nunca iam chegar até vocês. Chegou lá. Não vai chegar aqui. Bora, p…”, afirmou de cima da carroceria de uma caminhonete.


 

Bolsonaro chegou aos atos de Sete de Setembro depois de ter sobrevoado o local das manifestações de Sete de Setembro em um helicóptero. No momento do sobrevoo, houve gritos de apoio ao presidente e um buzinaço de caminhoneiros, que tiveram autorização para estacionar os veículos ao longo de uma via próxima. Milhares de manifestantes em favor do presidente estão concentrados na região, mas o local mais disputado é o último alambrado que impede a passagem dos manifestantes para o Supremo Tribunal Federal.

Quem são os católicos ultraconservadores que vão às ruas por Bolsonaro

Monarquistas, anti comunistas e radicais, eles são pouco numerosos, mas mobilizam um eleitorado fiel ao presidente da República 

O radicalismo religioso segue como uma anomalia que resiste aos ventos modernizantes do século XXI, freando as liberdades individuais onde germina e revelando seu lado mais sombrio quando desemboca na política. Ele se pronuncia em diversos pontos do globo com as nuances de cada cenário. No Brasil, grupos radicais de variadas vertentes religiosas, que andavam num segundo plano desde os anos de 1980, pós-ditadura militar, despertaram com renovada capacidade de articulação quando o então candidato à presidência Jair Bolsonaro surgiu no cenário, abraçando a pauta conservadora posta à mesa por essas lideranças. Aglutinadas dentro e fora da igreja neste caso, em torno de organizações e institutos -, elas são adversárias da agenda progressista, rechaçando educação sexual nas escolas e direito ao aborto, entre outros tópicos.

Bolsonaro elegeu-se impulsionado por esta mescla de política e religião, tendo aí os evangélicos proeminência incomparável e ascendente. Mas outra força menos vistosa vem avançando a passos largos, ganhando ousadia e é essencial para embalar Bolsonaro nas eleições de 2022: são os chamados católicos fundamentalistas (terminologia adotada na academia). “Esse estrato do catolicismo tem enorme capacidade para orientar e fidelizar o voto, e o presidente o quer por perto”, avalia o especialista Victor Gama, da PUC-MG. Neste sete de setembro, eles estão nas ruas organizando atos públicos, como rezas, e gritando palavras de ordem contra o progressismo que consideram “marxismo cultural”.

VEJA identificou 43 desses grupos, alguns constituídos antes, outros bem recentemente, durante a era Bolsonaro – todos fora das igrejas, embora com laços umbilicais com elas e contando com a crescente inclusão de quadros religiosos que recrutam nos seminários. No passado nem tão distante assim, funcionava cada um por si, mas agora formam uma rede que extrapola até as fronteiras nacionais, dão cursos aos montes e tem canais no YouTube com milhões de seguidores e visualizações, onde disparam com verve raivosa sua visão ultra conservadora e francamente bolsonarista, com direito a pitadas de fake news.

Os vídeos, de linguagem didática, se manifestam a favor do voto impresso e disseminam a inaceitável balela antivacina, engrossando as milícias digitais do bolsonarismo, com as quais mantêm proximidade. Um dos porta-vozes desta corrente que exerce maior magnetismo é o padre Paulo Ricardo, da paróquia Cristo Rei, no Mato Grosso: ele é a favor de armar a população e já posou empunhando um fuzil ao lado de Olavo de Carvalho (astrólogo e guru do bolsonarismo a quem outros da turma são chegados). Eles começaram a aparecer na internet depois dos protestos de 2013, mas foi no atual governo que ganharam envergadura”, diz o historiador Rodrigo Coppe.

O alvo dos ataques são sempre figuras avessas ao seu ideário, parte delas egressa de hostes mais progressistas da própria igreja católica. Após recomendar a seus fieis o livro Teologia e os LGBT+, do jesuíta Luís Oliveira Lima, o padre Júlio Lancelotti conheceu a fúria fundamentalista em uma enxurrada de mensagens que o classificavam de comunista, herege e clamavam por sua expulsão da igreja. [Respeitosamente, recomendamos ao padre Julio Lancelotti a leitura da Carta de São Paulo aos Romanos, (cf. 1, 24-32), (cf. 1, 26-28), 1Cor 5, 11.13),  (1Cor 6, 9-10),  e de   (Mt 5, 28) (Mt 25, 11-13;25, 27-29;  25, 41-46) ( Mt 15, 19-20 Mc 17, 21-22;), (Lc 18, 11), e fechando com CHAVE DE OURO esta Catequese, por favor leiam: Estes seis pecados ficaram “fora de moda”...]

Há pouco mais de um mês, representantes desses grupos escalaram um novo e perigoso degrau, fora das redes. Descontentes com a pregação de um padre de Fortaleza, Lino Allegri, que durante a missa cutucou a gestão bolsonarista da pandemia, decidiram comparecer à paróquia de camiseta da Seleção Brasileira, interrompendo a homília aos gritos de “comunista!”. “Eles são incapazes de conviver com a diversidade de pensamento”, lamenta o padre Lino. em seguida, policiais militares foram convocados para garantir a segurança na porta da igreja.

Faróis do conservadorismo católico, o Centro Dom Bosco (CDB), baseado no Rio de Janeiro, e o Instituto Plinio Correia de Oliveira, a antiga TFP, em São Paulo, formam gente e lançam livros para divulgar seu pensamento país afora. No Dia da Consciência Negra, o Dom Bosco mobilizou sua tropa para encerrar uma missa de tradições africanas em uma paróquia do Rio. “Por definição, não existe catolicismo moderno ou progressista, ele é sempre conservador. Essas vertentes atuais não passam de falsificações”, desfia sua filosofia o presidente do CDB, Pedro Affonseca.

Monarquistas, os católicos radicais vêm se enfronhando nos gabinetes. Apoiaram com sucesso a eleição de dois deputados do PSL fluminense (Márcio Gualberto, estadual, e Chris Tonietto, federal) e se fazem ouvir por meio da Frente Parlamentar Católica Apostólica Romana, que costuma conduzir padres ao Planalto para benzer o presidente da República. A maioria se opõe ao Concílio Vaticano II, instituído na década de 60 com o objetivo de atualizar e aproximar a Igreja Católica de um mundo em transformação. Para os radicais, a cátedra de Pedro está vazia desde Pio XII, o último dos papas antes do Concílio, e não é bem representada por Francisco.

O recrutamento de novos adeptos tem se profissionalizado nos últimos tempos, com alto poder de atração sobretudo entre jovens seminaristas. “Eles atuam como uma espécie de escola subterrânea”, define Dom Joaquim Mol, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. “Os seminaristas se submetem ao processo formativo normal, enquanto deixam-se moldar por esse pessoal para, depois de ordenados, aplicarem o tradicionalismo e o fundamentalismo”. Esses grupos em geral orbitam em torno de uma mesma organização conservadora internacional, a Leadership Internacional, nos Estados Unidos, e têm laços com Steve Bannon, o enrolado ex-estrategista chefe da Casa Branca de Donald Trump que transformou um mosteiro fincado em uma gigantesca propriedade em Trisulti, perto de Roma, em quartel-general e escola de formação da extrema direita católica.

Acolhe ali ordens conservadoras como a de Malta e a do Santo Sepulcro. Dia desses, Bannon, que apelidou o presidente brasileiro de “Trump dos trópicos”, encontrou, em uma conferência conservadora no Texas, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), seu fã de carteirinha, aproveitando a oportunidade para desancar as urnas eletrônicas. No pleito perdido por Trump, aliás, católicos integrantes do grupo católico se plantaram em frente à embaixada americana em Brasília para rezar por sua reeleição, que não vingou. Religião e política, tudo junto e perigosamente misturado.

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