Por
ser o símbolo da megalomania de Lula, vale reconstituir a trajetória do empreendimento
que enriqueceu um punhado de espertos, em detrimento
dos contribuintes
As “campeãs nacionais” foram empresas escolhidas durante o governo de Luiz Inácio Lula da
Silva para disputar o mercado mundial com as
gigantes estrangeiras contando com vasto financiamento e participação estatal.
Pretendia-se gerar conglomerados que fossem ao
mesmo tempo competitivos e ajudassem a acelerar o desenvolvimento nacional. O retumbante fracasso de tal
iniciativa pode ser medido pelo esfarelamento da Oi, a empresa criada para ser
a “supertele nacional” e que acaba de
pedir recuperação judicial – a maior da história brasileira, com uma dívida total de R$
65,4 bilhões. Por ser o símbolo da megalomania de Lula, vale
reconstituir a trajetória desse empreendimento que tanto embalou os sonhos de
grandeza da tigrada e enriqueceu um punhado de espertos, em detrimento dos
contribuintes.
O caso da Oi é marcado por intrigas e negócios
suspeitos mesmo antes da existência formal dessa empresa. Tudo começou em 1998, quando a Telemar arrematou a Tele Norte-Leste no leilão de
concessão do sistema Telebrás. O consórcio,
formado a toque de caixa, era liderado por uma construtora, companhias de
seguro e uma empresa da área comercial. [sempre
lembrando que tudo começou com o ‘investimento’ a fundo perdido pela antiga
Telemar, atual OI, na GAMECORPS, empresa de fundo de quintal do Lulinha, filho
de Lula, e que se dedicava a fabricar joguinhos eletrônicos. O valor do
investimento US$ 5.000.000 foi o suficiente para Lula assinar um decreto
permitindo que a Telemar, atual OI, se associasse a Brasil Telecom com liberdade
de atuar em todo o território nacional.
O investimento na GAMECORPS ocupa
lugar de honra na galeria de corrupção montada pela petralhada: foi o primeiro
suborno de um membro da ‘famiglia’ da Silva.] Sem dinheiro para
honrar o compromisso, o grupo apelou para os cofres públicos,
associando-se aos fundos de pensão de estatais Previ, Petros e Funcef e ao
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em uma
conversa gravada ilegalmente, o então ministro das
Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, qualificou a Telemar de “telegangue” e de “rataiada”, o que dá uma ideia da natureza do jogo que
estava sendo jogado.
Dez anos mais tarde, em 2008, a Telemar já havia
trocado de nome –
passara a se chamar Oi, numa tentativa de dinamizar a marca, já com vista à expansão que teria generoso apoio do governo
Lula. O governo petista esperava transformar a empresa na “supertele verde e amarela” com a compra
da Brasil Telecom, o que de fato ocorreu.
No
entanto, para que a compra fosse concretizada,
foi necessário que Lula alterasse o Plano Geral de Outorgas, eliminando a regra que restringia a atuação da operadora
somente em uma das quatro regiões em que o País foi dividido. Foi assim,
com uma canetada, que a Oi se tornou a primeira tele de alcance nacional.
Para que a reconstituição dessa trajetória não
fique incompleta, não se pode esquecer que um dos sócios da Oi, a Andrade Gutierrez, havia sido o principal doador da campanha
de Lula à reeleição em 2006. E também não se pode
ignorar que, em 2005, a antiga Telemar
investiu R$ 5 milhões na compra de 30% da Gamecorp, empresa de Fábio Luís Lula da Silva, o
Lulinha, especializada em programas de TV e em
jogos para celular, que fechou aquele ano com prejuízo superior a R$ 3 milhões.
No ano seguinte, a Telemar/Oi investiu
mais R$ 5 milhões na empresa, sem que isso fosse
capaz de reverter as perdas da empresa de Lulinha.
Graças a
esse modo de fazer negócios – eivado de interesses que nada têm a ver com a boa
administração – a Oi jamais
chegou a ser a “supertele” que Lula queria. Ao contrário, a empresa afundou em dívidas, obrigando o
governo a intervir para salvá-la. A solução, mais uma vez envolta em situações mal
explicadas, foi a fusão da Oi com a Portugal Telecom, em 2010. A
transação entrou nos radares da Lava Jato e das autoridades portuguesas, pois surgiram suspeitas, ainda sob
investigação, de que houve pagamento de propina a
integrantes do PT – José Dirceu entre eles.
A fusão da Oi com a Portugal Telecom fracassou, e a
dívida tornou-se impagável. A companhia jamais cumpriu
a função alardeada por Lula – na lista das maiores empresas do mundo
feita pela revista Forbes, a Oi amarga o
1.464.º lugar. Entre as 19 empresas brasileiras
que aparecem no ranking, ela perde para 17. É evidente, portanto, que a experiência das “campeãs nacionais” não deu certo, pela
simples razão de que esse grau de intervenção do Estado causa profundos
desequilíbrios, gerando escassos ganhos para o desenvolvimento do País. E o resultado menos visível dessa
estratégia é a corrupção, cuja extensão ainda se desconhece.
Por: Augusto Nunes – Coluna do Augusto Nunes