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segunda-feira, 16 de março de 2020

Retrato da crise: juros negativos nos EUA e apelos para conter consumo - Míriam Leitão

O Globo

O presidente Donald Trump sempre quis que os juros fossem derrubados. Pediu várias vezes. Conseguiu isso em pleno domingo. Mas como é no meio da crise do coronavirus, Trump teve que fazer apelos para conter o consumo. Os juros ficaram em zero ou 0,25%, taxas reais negativas. Isso normalmente é feito para estimular consumo. A ironia é que neste mesmo domingo Trump entrou em contato com vários presidentes de grandes companhias de varejo e todos eles disseram que o consumidor está em pânico comprando demais. E Trump teve que pedir que o consumidor compre menos e garantiu que o país está abastecido.

O movimento do FED ajuda a estimular um clima mais positivo no mercado financeiro antes de a semana começar. Isso teoricamente. Os futuros estão indicando que as bolsas americanas abrirão a segunda em queda em torno de 1,5%. A semana passada foi a pior dos últimos anos. Foi extremamente volátil e terminou fortemente negativa. O Fed fez o que outros bancos centrais já fizeram nos últimos dias, como o BCE e o Banco da Inglaterra. Os juros são praticamente inexistentes. O banco central americano está também ampliando a oferta de liquidez e aumento da assistência aos bancos. Há muitas instituições que podem entrar em crise como reflexo da crise de seus devedores, empresas médias e pequenas abatidas pela crise. Um setor em que isso está acontecendo é o de shale oil. Mas não só. As empresas aéreas também estão com dificuldades.

No Brasil o governo está preparando medidas para socorrer alguns setores e promete anunciá-las neste começo da semana. Até agora, as medidas foram muito tímidas e na direção certa, como a antecipação da primeira parcela do 13º. O que o Ministério da Economia ainda não entendeu é que ele tem também que atuar na explicação de qual é o comportamento econômico mais racional para as famílias. Falta uma palavra do governo para tentar conter a histeria de consumo que está levando ao desabastecimento. Já há uma crise na falta absoluta de álcool gel e máscaras nas farmácias. Remédios que têm insumos vindos da China começam a faltar. Outros produtos podem faltar nos supermercados se o ritmo das compras das famílias continuar como a dos últimos dias. Mas a equipe econômica vive em sua bolha achando que tudo vai ser resolvido se o Congresso aprovar as reformas, o mesmo Congresso que foi hostilizado hoje nas ruas com a participação do presidente da República.

Míriam Leitão, colunista - O Globo