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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Um trunfo a ser jogado na mesa - VEJA - Blog do Noblat


Por Ricardo Noblat

Marcelo Bretas, um juiz “terrivelmente” próximo de Bolsonaro


A um juiz não é proibido manter relações cordiais com qualquer pessoa. Mas pela função que exerce, por ser obrigado a interpretar a lei de forma imparcial e fazer justiça, espera-se que se comporte com a máxima discrição possível, principalmente em relação a quem possa vir a ser atingido direta ou indiretamente por suas decisões.

Assim se comportou Sérgio Moro até renunciar à toga e aderir ao candidato que mais se beneficiou de suas sentenças quando disputou a presidência da República em 2018. Um ano antes, o próprio Bolsonaro provara na pele o distanciamento prudente que Moro matinha dos políticos. Tentou cumprimentá-lo no aeroporto de Brasília. Foi ignorado.  Depois de Moro, nenhum outro juiz identificou-se tanto com a Operação Lava Jato como Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Com uma diferença: ele não fez e não faz a mínima questão de mostrar-se distante de políticos, sobretudo do presidente Jair Bolsonaro. Pelo contrário: faz questão de se identificar publicamente com ele. [ocorrendo o que pode ser considerado aproximação excessiva,não está caracterizado nenhum delito ou conduta inidônea por parte do juiz - desde que, se chamado a atuar em qualquer processo que envolva o 'amigo', deve, de pronto, se declarar impedido.]

Mais de uma vez nas redes sociais revelou que o admira e apoia. Certa vez viajou a Brasília para uma reunião de fim de semana com ele que não fez parte da agenda oficial do presidente. Recebeu seu filho Flávio para uma longa conversa a sós. E, no último sábado, recepcionou Bolsonaro na Base Aérea do Galeão e com ele embarcou no carro presidencial. Participou ao lado de Bolsonaro da inauguração da alça de ligação da Ponte Rio-Niterói com a Linha Vermelha. Foi visto com Bolsonaro no show evangélico promovido pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Enquanto Bolsonaro e Crivela entoavam hinos religiosos e, a certa altura, dançavam, Bretas manteve-se sentado. Apenas observou.

Bolsonaro tem no juiz não apenas uma pessoa confiável, capaz de aconselhá-lo nas horas incertas, mas também um trunfo que poderá jogar na mesa se precisar substituir Moro no Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Ou se quiser de fato preencher a próxima vaga a ser aberta no Supremo Tribunal Federal com um ministro terrivelmente evangélico. Bretas se quiser, sempre poderá dizer que o bom ou o mau exemplo vem de cima.  
Quantas vezes ministros do Supremo foram vistos entrando e saindo de reuniões sigilosas com presidentes e vices? 
O presidente do tribunal, Dias Toffoli, não se vangloria de ter abortado um golpe que poderia ter derrubado Bolsonaro? 
Um golpe que só ele detectou?
[um registro: Bretas parece confiável. Tem condições de integrar a equipe do presidente Bolsonaro, desde que não seja para tornar o ministro Moro dispensável - o juiz da 7ª Vara Federal do Rio,  não tem cacife popular para tanto - ou substituir militares, visto que em certas situações a lealdade da caserna é mais sólida e de mais valia.]
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Ministros do Supremo também já foram grampeados durante conversas impróprias com políticos de diversos partidos. Não é de estranhar, pois, que a confiança na Justiça seja tão pouca por estas bandas.

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA