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terça-feira, 2 de agosto de 2022

Milho, na mesa e no tanque de combustível - Revista Oeste

Evaristo de Miranda

O versátil cereal mais plantado do planeta é um caso de sucesso no agronegócio nacional

O milho, o cereal mais plantado no planeta, dá o que falar, aqui e no mundo. Sua cotação na Bolsa de Chicago segue com sucessivas altas, junto com a valorização do trigo, da soja e até do petróleo. 
Com diversos usos, o milho é matéria-prima da alimentação animal à indústria de alta tecnologia. 
Mais de 70% dos grãos são destinados a rações para suínos, aves, gado leiteiro e até à piscicultura. 
E é também matéria-prima para biocombustíveis. 
O milho serve para abastecer os automóveis, graças à produção de etanol combustível. 
Essa novidade do carro movido a milho cresce no Brasil e também ajuda a aumentar a produção de carne, a diversificar a agropecuária e a ampliar o desenvolvimento regional!
Despejando grãos de milho no reboque do trator após a colheita | Foto: Shutterstock

Apenas 5% do milho produzido se destina ao consumo humano direto, sob a forma de farinhas, fubás, angu, mingaus, pamonha, canjica, cuscuz, polenta, cremes, bolos, pipoca ou simplesmente milho cozido e assado. 
Na indústria agroalimentar, ele entra na composição de biscoitos, pães, chocolates, doces, geleias, sorvetes, maioneses, uísques e cervejas. A cerveja brasileira contém 45% de milho, em vez de cevada. 
E o milho não é transformado em álcool apenas na cerveja.
 
 O aumento mundial e generalizado dos preços dos combustíveis suscitou um interesse renovado pela alternativa dos biocombustíveis. Países como Índia, China, Indonésia, França e EUA ampliam o uso do etanol e do biodiesel. 
E desenham novos programas nacionais de produção e utilização dos biocombustíveis. 
No Brasil, o etanol e o biodiesel já são programas consolidados e de sucesso. 
O biodiesel é produzido essencialmente com óleo de soja e sebo de boi. E o etanol, a partir da cana-de-açúcar.

Desde da década de 1920, o álcool já era testado como combustível automobilístico. O grande salto ocorreu na década de 1970, quando havia também uma crise internacional de petróleo. O Brasil criou o Programa Nacional do Álcool, ou Proálcool, em 14 de novembro de 1975, pelo Decreto n° 76.593, com o objetivo de estimular a produção do álcool, atender às necessidades do mercado interno e externo e a política de combustíveis automotivos. O Proálcool abrangeu a produção agrícola, as destilarias, os motores, a frota automobilística, as refinarias e a distribuição.

De 1975 a 2000, foram produzidos cerca de 5,6 milhões de veículos a álcool hidratado. O programa também introduziu uma fração de álcool anidro (entre 1,1% a 25%) na gasolina pura consumida por mais de 10 milhões de veículos. Nesse período, reduziu as emissões de gás carbônico por combustíveis fósseis na ordem de 110 milhões de toneladas de carbono e a importação de aproximadamente 550 milhões de barris de petróleo, e proporcionou uma economia de divisas da ordem de US$ 11,5 bilhões. Por ser menos poluente, a qualidade do ar de grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, melhorou muito graças ao uso do etanol nos veículos ou incorporado na gasolina. Agora, um novo desenvolvimento ocorre nos biocombustíveis brasileiros: a produção de etanol a partir do milho.

A produção de etanol a partir do milho traz diversas vantagens. Com 1 tonelada de milho é possível produzir mais de 400 litros de etanol. Na cana-de-açúcar, são cerca de 85 litros por tonelada.

Há muito tempo, os EUA produzem etanol de milho, em grandes quantidades. Mais da metade do etanol do mundo (55%) é produzida nos EUA. Eles exportam cerca de 5 bilhões de litros anualmente, inclusive para o Brasil, tradicional produtor de etanol a partir de cana-de-açúcar
Aqui, a produção de etanol de milho é recente.
 

A primeira usina para produzir etanol a partir de milho foi instalada em Mato Grosso em 2012. Dez anos depois, 17 usinas de etanol de milho estão em operação: dez em Mato Grosso, cinco em Goiás, uma no Paraná e outra em São Paulo. Desse total de unidades em operação, dez são flex (tanto processam cana-de-açúcar como milho para produzir etanol) e sete são full (processam apenas milho).

A produção de etanol a partir do milho traz diversas vantagens. Com 1 tonelada de milho é possível produzir mais de 400 litros de etanol. 
Na cana-de-açúcar, são cerca de 85 litros por tonelada. 
As usinas de cana-de-açúcar só operam em parte do ano, a maioria entre maio e setembro. 
Quando a colheita da cana-de-açúcar acontece, a matéria-prima precisa ser logo transportada e processada na usina. 
Não há hipótese de armazenar cana-de-açúcar. Isso não ocorre com o milho.
 
O grão pode ser armazenado por longos períodos. Seu processamento fracionado ocorre ao longo do ano, com utilização plena dos equipamentos industriais. Em termos comparativos, uma usina de etanol de milho bem menor em capacidade de processamento produzirá tanto quanto uma maior de cana-de-açúcar por operar o ano todo
E as novas usinas flex, capazes de produzir etanol de milho e de cana-de-açúcar, trarão novas e grandes oportunidades, desenvolvimento e transformações regionais.

Com a cana, a usina tradicional produz ou etanol ou açúcar. Cerca de 140 quilos de açúcar ou 85 litros de etanol por tonelada de cana. Em geral, com exceção das destilarias, as usinas destinam aproximadamente metade de sua produção ao etanol e a outra ao açúcar, com variações em função de preços e mercados.

O processamento do milho para a geração de biocombustível não elimina a produção de coprodutos de interesse alimentar.  
As usinas de etanol de milho também produzem bioeletricidade, óleo de milho e, sobretudo, o DDG (Dried Distillers Grains), composto proteico de grande interesse comercial para uso industrial em rações animais. Esse coproduto é altamente digestível e palatável nas rações animais, e ideal para uso em confinamentos.

Com o expressivo aumento na disponibilidade desse insumo, a tendência é de queda no preço, como aconteceu nos Estados Unidos. O DDG estará cada vez mais presente nos cochos dos animais, como fonte proteica e energética em rações e concentrados.

Por ser a produção do DDG tão relevante, em diversas regiões tradicionais de produção de grãos em Mato Grosso, a implantação dessas usinas de etanol atrai a atividade pecuária, principalmente em confinamentos. 
Eles se beneficiam da proximidade com as unidades processadoras de grãos e algodão. 
Valorizam os resíduos da produção vegetal e da limpeza dos grãos e fibras (restos de vagens, folhas, capulhos de algodão, etc.) e, sobretudo, esse coproduto excepcional da produção de etanol de milho pelas usinas, o DDG. Além de poderem adquirir em excelentes condições o próprio milho e a soja para compor a alimentação do gado.

Segundo estimativas da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a produção de etanol de milho deverá superar 4 bilhões de litros nesta safra. Nos próximos dez anos, o país deverá ter mais nove unidades flex e 24 full. Com os projetos de construção de novas usinas de etanol é possível atingir 10 bilhões de litros por safra em 2030, um processamento da ordem de 22 milhões de toneladas de milho.

Para os agricultores localizados em regiões onde se instalaram as usinas de etanol de milho, estas são mais uma alternativa interessante de mercado. O milho, até então disputado internamente pelas indústrias agroalimentares, de ração animal e pelas traders, a fim de destiná-lo à exportação, passa agora a ser também procurado pelos produtores de etanol. O segmento do etanol de milho é muito organizado. E ampliou sua capacidade de armazenagem para garantir a continuidade na produção de etanol. Muitas usinas já compraram dos produtores a safra de milho ainda a ser plantada em 2023, para garantir a produção de etanol e de seus coprodutos.

Outro fator favorável à sustentabilidade do etanol de milho é sua incorporação ao Programa RenovaBio. Ele busca expandir a produção de biocombustíveis, fundamentada na previsibilidade e na sustentabilidade ambiental, econômica e social. É mais um incentivo à descarbonização da economia por meio do uso de biocombustíveis. O milho colabora na redução das emissões de gases de efeito estufa e o de segunda safra, dita safrinha, ainda ajuda a acumular carbono nos solos e a limitar a degradação das terras com sua cobertura vegetal no outono e no inverno.

               Milho pronto para a colheita | Foto: Shutterstock

O crescimento da produção do etanol de milho e dos coprodutos derivados é mais um caso de sucesso no agronegócio nacional. Isso produz novas oportunidades na economia, na geração e no crescimento da renda no campo e no crescimento mais sustentável em várias regiões do Brasil. Haverá cada vez mais etanol de milho no mercado. Seu carro será movido, também, por etanol de milho, além do da cana-de-açúcar. O milho, além de nos alimentar, agora nos move e dá o que falar.

[Tenham presente que se o descondenado fosse eleito uma das suas primeiras metas seria acabar com o agro negócio =  transformar o Brasil em uma Cuba, com uma passagem pela Venezuela - o péssimo e que seria uma parada de adaptação para Cuba = o horror.]

Leia também “O mundo tem fome e o Brasil, alimentos”

Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste 

 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Um trunfo a ser jogado na mesa - VEJA - Blog do Noblat


Por Ricardo Noblat

Marcelo Bretas, um juiz “terrivelmente” próximo de Bolsonaro


A um juiz não é proibido manter relações cordiais com qualquer pessoa. Mas pela função que exerce, por ser obrigado a interpretar a lei de forma imparcial e fazer justiça, espera-se que se comporte com a máxima discrição possível, principalmente em relação a quem possa vir a ser atingido direta ou indiretamente por suas decisões.

Assim se comportou Sérgio Moro até renunciar à toga e aderir ao candidato que mais se beneficiou de suas sentenças quando disputou a presidência da República em 2018. Um ano antes, o próprio Bolsonaro provara na pele o distanciamento prudente que Moro matinha dos políticos. Tentou cumprimentá-lo no aeroporto de Brasília. Foi ignorado.  Depois de Moro, nenhum outro juiz identificou-se tanto com a Operação Lava Jato como Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Com uma diferença: ele não fez e não faz a mínima questão de mostrar-se distante de políticos, sobretudo do presidente Jair Bolsonaro. Pelo contrário: faz questão de se identificar publicamente com ele. [ocorrendo o que pode ser considerado aproximação excessiva,não está caracterizado nenhum delito ou conduta inidônea por parte do juiz - desde que, se chamado a atuar em qualquer processo que envolva o 'amigo', deve, de pronto, se declarar impedido.]

Mais de uma vez nas redes sociais revelou que o admira e apoia. Certa vez viajou a Brasília para uma reunião de fim de semana com ele que não fez parte da agenda oficial do presidente. Recebeu seu filho Flávio para uma longa conversa a sós. E, no último sábado, recepcionou Bolsonaro na Base Aérea do Galeão e com ele embarcou no carro presidencial. Participou ao lado de Bolsonaro da inauguração da alça de ligação da Ponte Rio-Niterói com a Linha Vermelha. Foi visto com Bolsonaro no show evangélico promovido pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Enquanto Bolsonaro e Crivela entoavam hinos religiosos e, a certa altura, dançavam, Bretas manteve-se sentado. Apenas observou.

Bolsonaro tem no juiz não apenas uma pessoa confiável, capaz de aconselhá-lo nas horas incertas, mas também um trunfo que poderá jogar na mesa se precisar substituir Moro no Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Ou se quiser de fato preencher a próxima vaga a ser aberta no Supremo Tribunal Federal com um ministro terrivelmente evangélico. Bretas se quiser, sempre poderá dizer que o bom ou o mau exemplo vem de cima.  
Quantas vezes ministros do Supremo foram vistos entrando e saindo de reuniões sigilosas com presidentes e vices? 
O presidente do tribunal, Dias Toffoli, não se vangloria de ter abortado um golpe que poderia ter derrubado Bolsonaro? 
Um golpe que só ele detectou?
[um registro: Bretas parece confiável. Tem condições de integrar a equipe do presidente Bolsonaro, desde que não seja para tornar o ministro Moro dispensável - o juiz da 7ª Vara Federal do Rio,  não tem cacife popular para tanto - ou substituir militares, visto que em certas situações a lealdade da caserna é mais sólida e de mais valia.]
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Ministros do Supremo também já foram grampeados durante conversas impróprias com políticos de diversos partidos. Não é de estranhar, pois, que a confiança na Justiça seja tão pouca por estas bandas.

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA