Sexismo virou critério para a estética publicitária
[antigo ditado: quando o cara faz, pratica, muito sexo, ele pouco fala sobre o assunto;
quando não pratica, não faz, só pensa, recorda e imagina, vive falando sobre.
Será isso que está tornando o sexo tão importante na imprensa brasileira?
Qualquer coisa que envolva bicha, trans. sapatão e outras aberrações do tipo, vira notícia, manchete, tese de doutorado, etc.]
O presidente da República já deu mostras enfáticas, reiteradas e
indisfarçáveis de que não hesita em atear fogo no interesse público para
promover suas predileções moralistas, antiquadas e fascistizantes. [ presidente Jair Bolsonaro, procura sempre cumprir suas promessas de campanha e parte delas envolve fazer com que predileções moralistas passem a ser assunto atual.
Já passa da hora de parar de valorizar o bizarro, o anormal.
Chega de dar valor ao maldito politicamente correto, à maldita esquerda e excrescências do tipo.]
Foi assim quando, para bajular o governo de extrema-direita de Israel,
criou uma enorme confusão nas relações comerciais do Brasil com os
países árabes. Foi assim quando abriu mão do princípio da reciprocidade
e, unilateralmente, dispensou os americanos de terem visto para entrar
no Brasil (embora os brasileiros sigam obrigados a trilhar as catacumbas
da burocracia para ter um carimbo no passaporte que lhes permita pisar
em solo estadunidense [Bolsonaro pisou feio na questão da reciprocidade, mas, não pode ser olvidado que nenhum cidadão brasileiro é obrigado a visitar os Estados Unidos da América -
quem vai a um determinado país por gostar, por prazer, tem que estar disposto a enfrentar dificuldades, até humilhações.
Conheço alguns países, poucos, entre eles não se inclui, nem pretendo incluir, os EUA.]) --tudo para prestar vassalagem ao seu ídolo
Donald Trump, eleito pelas falanges bolsonáricas como o farol do
conservadorismo mundial. Foi assim, de novo, quando interveio
atabalhoadamente numa decisão interna da Petrobras e travou o reajuste
do preço do diesel e derrubou o valor da companhia em dezenas de bilhões
de reais.
A mesma coisa aconteceu na semana passada, quando Bolsonaro ordenou que o
Banco do Brasil tirasse do ar um anúncio de TV dirigido ao público
jovem, cujos hábitos são menos caretas do que preconiza o discurso hoje
em voga no Planalto.[a publicidade tem que ser dirigida a um público alvo que dê retorno e para isso é preciso um público numeroso e com algum poder aquisitivo.
A publicidade retirada estava mais preocupada com a pregação da tal 'diversidade' do que em dar lucro ao anunciante;
o Banco do Brasil, não é uma CEF - cem por cento propriedade do governo - mas é uma 'sociedade de economia mista', sendo a União o acionista majoritário, assim, qualquer mau uso dos seus recursos é desperdício de dinheiro público, do nosso dinheiro, tem que ser coibido e punido.]
De uma tacada, o presidente desrespeitou a Petrobras, enxovalhou (de
novo) suas vãs promessas liberais, humilhou gays, trans, bissexuais e
jovens em geral, feriu a dignidade de todos e todas que não cultivam
intolerância sexual de nenhuma espécie e decretou a expulsão simbólica
do Banco do Brasil de todos os homens que não se definam por usar
apartamentos funcionais para "comer gente" e de todas as mulheres que
não achem que as meninas devam se vestir de rosa e os meninos de azul. [com certeza essas pessoas de dignidade tão sensível, tão ferida e os que se sentirem expulsos do Banco do Brasil, não farão falta e os eleitores do nosso presidente Bolsonaro se sentirão mais orgulhosos do Brasil.]
Para o presidente, qualquer pessoa que não partilhe de sua doutrina de
gênero é "persona non grata" no Banco do Brasil. Com ele, o sexismo se
tornou critério ordenador da estética publicitária e filtro de seleção
de correntistas de uma casa bancária que se definia como pública. Ele
quer um Banco do Brasil em que somente os heterossexuais possam abrir
conta, e se isso implicar perda de clientes, de valor, de capital, não
importa. Para ele, o patrimônio do povo brasileiro está hierarquicamente
subordinado à moral sexual que ele professa (ou acha que professa). [o ele, destacado, substitui o POVO BRASILEIRO.]
(...)
Já tivemos por aqui presidentes que vendiam estatais para pagar salários
correntes e outros assaltavam o erário para comprar gravata de butique e
financiar divertimentos de pouco decoro. Mais raros são os que põem
fogo na coisa pública. O imperador romano Nero fez isso em Roma, já
sabemos, mas ele pelo menos achava bonito ver a cidade em chamas. O caso
presente está mais para a feiura do que para a beleza. O presidente não
se deleita ao ver as cifras em combustão, apenas acha feia, repulsiva, a
imagem de quem não é como ele acha que é, acha feio o marcador sexual
que não é igual ao que ele julga ser o seu.
O chefe de governo age como se precisasse, doentiamente, extirpar de seu
horizonte visual qualquer signo de sexualidades não
convencionalíssimas. Contemplá-las, para ele, parece ser insuportável.
Freud certamente não o classificaria como um "artista" doido. Talvez
tivesse outra pista para interpretar tamanha obsessão, mas isso não é da
nossa conta. Voltando então ao estrito interesse público, é o caso de alertar: se
deixarmos --e até aqui estamos "médio" deixando--, esse governante vai
seguir usando o Estado como combustível de suas fogueiras
inquisitoriais. Primeiro, vai lançar suas labaredas obscurantistas (que
as há) para expulsar a homoafetividade do Banco do Brasil. Depois, vai
passar aos expurgos mais definitivos. [o verbo deixar, usado neste parágrafo, deixa um certo sentido de ameaça?
apenas lembramos a sempre atual frase do grande Zagallo: 'Vocês
vão ter que me engolir'; que tem tudo para se tornar um ótimo bordão para o presidente Bolsonaro.
Em tempo: não existe terceiro turno no Brasil.]
'Vocês vão ter que me
engolir'... - Veja mais em
https://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2017/06/29/voces-vao-ter-que-me-engolir-os-bastidores-da-polemica-frase-de-zagallo.htm?cmpid=copiaecola
'Vocês vão ter que me
engolir'... - Veja mais em
https://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2017/06/29/voces-vao-ter-que-me-engolir-os-bastidores-da-polemica-frase-de-zagallo.htm?cmpid=copiaecola