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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

As ameaças da governança global - Revista Oeste

Ubiratan Jorge Iorio

Uma sociedade de indivíduos livres e virtuosos deve sustentar-se em princípios que lhe garantam sua própria essência e que estimulem a prática das virtudes e dos méritos individuais 

Foto: Marko Aliaksandr/Shutterstock

Foto: Marko Aliaksandr/Shutterstock 
 
Em encontro recente com Biden, o atual presidente do Brasil sugeriu que os dois governos avancem na agenda em direção a uma governança global. Para surpresa de ninguém, haja vista que até as girafas e os tigres da Amazôniamesmo sem existirem sabem que a sua chapa nas eleições de 2022 teve forte apoio das duas grandes tribos globalistas, a dos bilionários pretensiosos de Davos, que desejam entabocar a “nova ordem mundial” em 8 bilhões de pessoas, e a dos camaradas do Partido Comunista Chinês, todos com o único fito de

Sim, esse é o objetivo, tanto dos gênios do mal do Fórum Econômico Mundial, que perceberam há algum tempo que o seu ideal totalitário pode ser atingido pela força do dinheiro e da tecnologia, quanto dos comunistas, que sempre tiveram aspirações internacionais. Esses dois grupos, malgrado suas heterogeneidades, conseguiram identificar e aglutinar interesses comuns de diversos segmentos, formando batalhões de idiotas úteis e militantes azucrinantes.

Formam uma fauna bastante variada e extremamente articulada: plutocráticos das big techs, fanáticos do clima, sorumbáticos do protocolo ESG, dogmáticos de Marx, burocráticos da ONU, numismáticos dos mercados financeiros, idiossincráticos das etnias, policromáticos da identidade de gênero, midiáticos da diversidade cultural, selváticos protetores de “povos originários” e vários outros lunáticos, todos manipulados com facilidade, seja a peso de ouro, comprando ou anulando quem possa representar algum obstáculo, seja inflando ideologia por meio da guerra cultural, em que exercem um domínio praticamente monopolista dos meios de comunicação.

A rigor, a ideia de um governo mundial não é nova, se considerarmos que no mundo antigo os impérios — então construídos pelos exércitos — tinham em mente, no limite, dominar o mundo, assim como, no século passado, não era outro o objetivo dos nazistas, bem como o dos comunistas. O que mudou não foram os fins, mas os meios. E é preciso frisar que esses fins sempre foram e continuam sendo incompatíveis com a própria natureza humana, não passam de uma utopia totalitária, inaceitável em todo e qualquer sentido. Há poucos dias, talvez para a surpresa dos pretensos sábios de Davos, Elon Musk chegou a afirmar com razão que a implantação de um governo mundial aniquilaria a civilização. É lamentável que o novo governo do Brasil compactue com esse projeto, que, a pretexto de salvar a humanidade, vai destroçá-la.

Os candidatos a donos do mundo são inteligentes e sabem muito bem que cada ser humano é diferente de todos os demais, por mais características, gostos e necessidades comuns que possam existir. Mas há quem se deixe seduzir por sua conversa fiada, e para essa gente é preciso explicar pacientemente que os problemas de um morador da Mooca não são os mesmos de um morador de outro bairro paulistano distante, que os de uma senhora que vive no Rio de Janeiro ou de outra que mora em Maceió.

É um enorme erro supor que alguém tenha a capacidade de delinear os valores que as preferências de cada indivíduo determinam para cada coisa e é um equívoco ainda maior imaginar que preferências assim identificadas podem ser estendidas a todos os indivíduos. Cada cabeça é uma sentença e, mesmo assim, sempre sujeita a revisão. Só há uma explicação para a insistência nesse projeto nefando: a busca pelo poder a qualquer preço.

Mas os proponentes da governança mundial estão plenamente convictos de que as suas agendas são como uma lista de tarefas e obrigações que pode ser imposta a todos os indivíduos do planeta, como estabelece, por exemplo, a agenda 2030 da ONU, que é na verdade uma declaração — arrogante e discricionária — das preferências dos bilionários que a escreveram, empenhando-se para que sejam aceitas pacificamente pelos “restantes” 8 bilhões de seres humanos.

Quem lhes deu a aparente certeza de que as coisas não são como são, mas como eles acham que deveriam ser? 
Quem lhes assegurou que nos podem fazer plenamente felizes, desde que vivamos de acordo com o seu conceito peculiar de felicidade? 
Por outro lado, quem em sã consciência ficará feliz se for privado de uma dieta de carne e obrigado a encarar sopas de grilos e suflês de besouros, uma vez que “o planeta” estaria morrendo? 
Quem concordará em voltar a viver como Fred Flintstone, para “preservar o meio ambiente e salvar o clima”?  
Que maiorias se sentirão representadas politicamente sendo tratadas com menor relevância do que as minorias?

Há outros aspectos que nos levam a repudiar as intenções desses totalitários e que precisam ser ressaltados. Uma sociedade de indivíduos livres e virtuosos deve sustentar-se em princípios, valores e instituições que lhe garantam sua própria essência — a liberdade corresponsável — e que estimulem a prática das virtudes e dos méritos individuais, como as de trabalhar e poupar, com os consequentes subprodutos de progresso, respeito aos direitos individuais, cooperação e respeito à dignidade da pessoa humana. Como definir uma ordem social livre e ao mesmo tempo virtuosa no contexto dos três grandes subsistemas que compõem as sociedades, a saber, o econômico, o político e o cultural-ético-moral?

A maior das preocupações de um liberal é com a concentração de poder, seja em mãos do Estado, seja em de particulares, pelos males que acarreta

São quatro os princípios que devem reger uma sociedade livre e virtuosa, a saber: o respeito à dignidade da pessoa humana, o bem comum, a solidariedade e a subsidiariedade, todos eles basilares e de caráter geral, uma vez que se referem à realidade social no seu conjunto: das relações entre os indivíduos àquelas que se desenvolvem na ação política, econômica e jurídica, bem como às que dizem respeito aos intercâmbios entre os diferentes povos e nações. 
Esses princípios são imutáveis no tempo e possuem um significado universal, o que os qualifica como parâmetros ideais de referência para a análise e a interpretação dos fenômenos sociais, assim como para a orientação da ação humana no campo social, dentro de uma perspectiva ampla, a da ação humana integral.

Ora, claramente, um governo mundial não atende a nenhum desses quatro princípios, assim como aos três valores (verdade, liberdade e justiça) e às também três instituições básicas de uma sociedade livre e virtuosa (o Estado de Direito, a economia de mercado e a democracia representativa). Há inúmeros argumentos que podem ser utilizados para sustentar essa afirmativa, mas neste artigo vou apenas enfatizar um deles, o de que a ideia de uma governança global para todos os habitantes da terra, ao agredir o princípio da subsidiariedade, é uma fonte inesgotável de ineficiência.

(...)


Brasil distopia
Livro 1984, de George Orwell,
 com os dizeres “Big Brother is watching you”
 (O Grande Irmão está te observando, em tradução livre) | 
Foto: Reprodução


Por isso é que Madre Teresa de Calcutá dizia que solidariedade significa que “o rico salve o pobre e o pobre salve o rico”, uma vez que ambos tendem a ganhar com sua interação. A erradicação da miséria e o alívio da pobreza, em sua forma correta, não são unidirecionais, porque levam ambos — o que doa e o que recebe — a serem abençoados. Tais reflexões parecem-nos particularmente importantes, especialmente em países em que prevalece o hábito — secular e cultural — de cultivar a centralização política, econômica e administrativa.

A governança global, para beneficiar um pequeno e sofisticado grupo, prejudicará todos os países e habitantes da Terra, inclusive aqueles que hoje, tolamente, invadem museus para danificar pinturas ou protestam contra quem produz. E o Brasil, seguramente, será um dos mais prejudicados, porque a menina dos olhos dos globalistas, por razões que nada têm a ver com o clima e todos sabem quais são —, é a Amazônia. Em suma, é “uma furada”.

Ancião Binan Tukum caçando na floresta tropical Atalaia do Norte, 
Amazônia, Brasil | Foto: Laszlo Mates/Shutterstock

Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor.
Instagram: @ubiratanjorgeiorio
Twitter: @biraiorio

Leia também “Um misto de populismo político e ignorância econômica”

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Torta na cara Respeitável público, o Xou do Xenado orgulhosamente apresenta…

"Circo" virou xingamento. O que é uma injustiça. Comparada a um circo, até a CPI da Covid-19 fica menos abjeta.

Todo esse papo de que a CPI da Covid-19 é um circo me fez pensar nas muitas lonas coloridas que já frequentei na vida. Desde o grandioso Circo Orlando Orfei, com suas águas dançantes, até uns cirquinhos vagabundos que instalavam suas tendas cheias de furo em qualquer terreninho baldio do Bairro Alto.

Nutro, pois, uma relação de amor e ódio com o circo. Amor quando me lembro de algumas experiências magníficas que tive nos circos de antigamente, aqueles com leões, tigres, elefantes, belas trapezistas em trajes sumários e mágicos que realmente nos deixavam boquiabertos com seus truques. E ódio (arroubo retórico aqui; não passa de um incomodozinho) quando me lembro da última vez que estive num desses espetáculos.

Não vou me lembrar do nome do circo.
Mas lembro que ele estava armado ali em frente ao estádio Pinheirão. Fazia frio, muito frio. E eu, pai responsável que sou, fui apresentar a meu filho aquele que já foi um dia  “o maior espetáculo da Terra”. Apesar de o circo estar bem vazio, paguei caro por lugares privilegiados, bem perto do picadeiro.  E lá estávamos eu e meu filho aplaudindo por obrigação quando surgiram no picadeiro os senadores, com seus narizes vermelhos, cabelos coloridos de YouTuber, roupas extravagantes de influencer de moda - e sapatões. Eu mantinha um constante semissoriso constrangido quando um dos senadores chamou meu filho para o picadeiro. Aí a coisa ficou "séria".

Digo, aí eu ri de verdade, porque não existe coisa mais gostosa do que saber que uma criança está vivendo uma experiência que se tornará memória. É, sou dos que ficam pensando essas coisas num circo. Mas então, para a surpresa de ninguém, vi um senador se aproximar e me chamar para o picadeiro. Fiz que não, mas as outras duas ou três famílias que lotavam as arquibancadas insistiram e lá fui eu passar vergonha. O que, aliás, adoro.

O problema (e daí vem o desconforto que nutro pelo circo contemporâneo) foi o que o senador me disse na saída do picadeiro. Despindo-se da fantasia e com um forte sotaque de hermano, ele teve a ousadia de reclamar do meu desempenho. “Se não quer participar, não venha ao circo”, disse, grosseiro, quase azizninamente ameaçador. Fiquei chateado por não ter à mão uma torta para jogar na cara dele.

Clássico do cancioneiro popular
Para as gerações mais novas, essas que usam gírias que já não compreendo, o circo é cringe. Assim como é cringe o tiozão aqui se perguntando se está usando “cringe” corretamente. Nem sempre foi assim. Há não muito tempo, o circo era um evento familiar digno de roupa de domingo. Quem nunca adorou a estranha sensação de ficar momentaneamente surdo depois do Globo da Morte não sabe o que perdeu.

Mais do que um espetáculo hoje tedioso para crianças que não veem valor algum nas piruetas dos trapezistas, “circo” virou xingamento, sinônimo de uma balbúrdia desorganizada, cafona, ruidosa e sem graça. Uma injustiça. A verdade é que tudo fica melhor e ganha cores quando associado ao circo. Até a CPI da Covid.

Para provar meu ponto, criei uma versão para um clássico do cancioneiro popular infantil imortalizado na voz de Maria da Graça Xuxa Meneghel e intitulado “O Circo”, incluído no igualmente icônico álbum Xegundo Xou da Xuxa. Basta ouvir os acordes iniciais para, de repente, aquela chacota parlamentar se tornar um pouco menos abjeta.

E, se você não gostar, bom, sempre resta o recurso tradicional da torta na cara do cronista. Estamos aí para isso mesmo.

A gente gosta de brincar de circo
Ouvir picareta, humilhar testemunha
A gente adora derrubar o mito
Como é bom brincar

A gente comete abuso de autoridade
Manda prender por crime inexistente
A gente canta, dança, bate palma
Pro relator doido falar

Vem o Aziz com a bola no nariz
O Randolfe bancando o juiz

Vem a tropa do G7 toda de uma vez
Mente, desmente, a gente pede bis!

O Calheiros me deixa tão infeliz
Quando assisto à CPI quase soco a televisão...

Respeitável público, sua majestade, o cidadãozinho
O Xou do Xenado orgulhosamente apresenta...

 Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES