O tucano virou mico nas prévias do PSDB. O partido prometeu um exemplo de democracia interna, mas deu vexame e não conseguiu escolher seu candidato a presidente em 2022. A sigla gastou R$ 2 milhões, bancados pelos cofres públicos, para contratar um aplicativo de votação. No dia decisivo, o programa apresentou uma pane e melou a conclusão do processo.
Os problemas do PSDB começaram muito antes da falha técnica, que impediu o voto de 92% dos inscritos. As prévias expuseram as entranhas de um partido que encolheu e perdeu relevância na política nacional. Sem decolar nas pesquisas, os governadores João Doria e Eduardo Leite passaram a campanha trocando farpas e insinuações. Enquanto eles duelavam, o ex-juiz Sergio Moro avançou sobre o espaço vago na centro-direita.
Coube ao azarão das prévias, Arthur Virgílio, botar o dedo na ferida. Sem chance de ser escolhido, o ex-senador escancarou no domingo a crise existencial do PSDB. "Nós temos uma bancada que tem se comportado como bolsonarista ao longo das votações mais relevantes", disse.
Representante dos "cabeças brancas" que integraram o governo Fernando Henrique Cardoso, Virgílio comparou o partido a um caminhão carregado de "maçãs boas". "Mas tem uma que está estragando bastante as outras. Dou nome e sobrenome: Aécio Neves", criticou.
O domingo dos tucanos prometia festa, mas terminou em clima de constrangimento. Nas prévias do PSDB, o grande derrotado foi o PSDB.
Leia também: PSDB escolhe nas prévias quem deve perder eleição em 2022
AMOSTRAS: "... O PSDB escolhe no domingo o seu candidato à Presidência. Pelo que sugerem as pesquisas, o vencedor deve conquistar o direito de perder a eleição de 2022. ..." ... " O declínio do PSDB se agravou com a ascensão de Jair Bolsonaro. O capitão roubou a bandeira do antipetismo e a preferência da elite econômica. Traído pelo próprio partido, Geraldo Alckmin recebeu míseros 4% dos votos em 2018. Ao fim da campanha, precisou pedir emprego no programa do Ronnie Von.Massacrado nas urnas, o PSDB perdeu o rumo e a identidade. Sua
bancada federal virou um apêndice do Centrão. Vota com o governo em
troca de cargos e emendas. Doria e Leite, que surfaram a onda
bolsonarista, agora dizem fazer oposição. Mas não conseguem explicar por
que demoraram tanto a notar os defeitos do presidente. ..."
Bernardo M. Franco, colunista - O Globo
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