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domingo, 5 de dezembro de 2021

O candidato - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

Ok. Tudo bem. Que bom que o sr. não está à venda. É um ótimo começo. Parabéns”

— Bom dia, sr. candidato.

— Bom dia.

— Sr. candidato, qual é o principal ponto do seu programa de governo?

— Prezado, não estou à venda.

— Hein?!

— Isso mesmo que você ouviu. E não adianta insistir.

— Mas eu não insinuei nada. Perguntei sobre programa de governo.

— Você pergunta o que você quiser. E eu respondo o que eu quiser.

— Ok. Bom saber que posso perguntar sobre qualquer assunto.

— Fique à vontade.

— Obrigado. Continuando, então: qual será a sua estratégia para combater a corrupção?

— Prezado, não estou à venda.

— Espera aí, sr. candidato. Estou perguntando sobre combate à corrupção. Não sobre participar de corrupção.

— Eu ouvi muito bem a sua pergunta.

— Então não estou entendendo.

— Nem eu. Tudo aqui é um pouco complicado para mim.

— Como assim?

— Está vendo como é complicado? Você também não entende.

— É… Bem, continuando a entrevista: quem será o seu ministro da Economia?

— Prezado, não estou à venda.

— Olha, assim o sr. já está me ofendendo. Eu não o acusei de nada. Eu não perguntei para qual ladrão o sr. vai entregar o dinheiro do contribuinte. Só quis saber o nome de um ministro do seu governo, se é que o sr. já tem esse nome.

— Pois é. Não estou à venda.

— Ok. Tudo bem. Que bom que o sr. não está à venda. É um ótimo começo. Parabéns.

— Obrigado.

“— Acho que o sr. está confundindo Ômicron com o Macron”

— Vamos passar então para perguntas mais gerais. Depois se quiser o sr. fala do seu plano de governo.

— Ok.

O sr. teme Ômicron?

De jeito nenhum. Acho um ótimo presidente.

— Hein?

Sim, tem feito uma boa gestão na França. Inclusive é contra o desmatamento na Amazônia, o que aliás eu também sou. Me identifico com ele. Nós somos também contra o preconceito e contra a infelicidade geral.

— Acho que o sr. está confundindo Ômicron com o Macron.

— Prezado, não estou à venda.

— Eu já entendi essa parte. É que a minha pergunta foi sobre a nova variante.

— Não sei o que vocês têm contra a variante. Pra mim é tudo igual: variante, chevette, fusca, brasília. Se bem que atualmente estou preferindo brasília.

— Entendi. Cada um com as suas preferências, né?

— Claro! Eu defendo a liberdade de expressão.

— E a Lava Jato?

— Fundamental. Carro tem que estar sempre limpo.

— Que carro?

— Você é confuso, hein? Não estamos falando sobre carros? Então estou dizendo que pra mim tanto faz a marca, desde que o carro esteja limpo.

— Certo. Faz sentido. Posso fazer uma última pergunta?

— Lógico. Já falei que você é livre para perguntar quanto quiser.

— Obrigado. A pergunta é a seguinte: se te prometessem poder, meios, facilidades, bajulação da imprensa, enfim, uma vida mais doce, você toparia esquecer quem você era?

— Prezado, isso é muito relativo.

Leia também “Manual do Linchador Moderno” 

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste

 

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