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quarta-feira, 4 de março de 2020

‘Pibinho’ de 1,1% em 2019 teve destaques positivos - Míriam Leitão

De novo, um ‘pibinho’, mas 2019 teve alguns destaques positivos

O resultado do PIB de 2019 traz dados de uma conjuntura que já mudou, porque o coronavírus alterou toda a dinâmica em torno da economia. A alta de 1,1% no ano era amplamente esperada, mas houve alguns bons desempenhos setoriais.  O crescimento do quarto trimestre foi de 1,7% na comparação com um ano antes, ritmo mais forte que nos períodos anteriores.  

O consumo das famílias foi um dos destaques de 2019, com alta de 1,8%. Houve um impulso com a liberação do FGTS nos últimos meses do ano. Mas esse mecanismo se esgotou. As pessoas concentraram o consumo no quarto trimestre e é esperada uma espécie de ressaca no consumo no início de 2020. No resto deste ano, é possível que a demanda dos consumidores cresça pela melhora do mercado de trabalho e pela queda dos juros. Mas o desemprego ainda é elevado e as incertezas aumentaram, com os impactos do coronavírus mundo afora.

Outro ponto positivo na demanda foi a alta dos investimentos, de 2,2%. Essa variável depende muito da confiança na economia, que no segundo semestre de 2019 havia melhorado. A construção cresceu 1,6%, após cinco anos de quedas. É um setor importante, que emprega muita gente e onde a expectativa ainda é positiva. As obras avançam com financiamento, e a taxa de juros nunca esteve tão baixa no Brasil. Após perder quase 30% na crise, o PIB da construção pode crescer algo como 3% em 2020, mesmo com a piora recente no cenário.    
No lado da oferta, os serviços avançaram 1,3%, pouco acima da média. O setor representa dois terços da economia e foi também influenciado pelo apetite maior das famílias, após a liberação do FGTS. Normalmente, os serviços costumam reagir à situação do mercado de trabalho. O desemprego baixo puxa o setor. O problema é que a taxa ainda está na casa dos 11%. O próprio governo prevê que o desemprego só cairá para um dígito em 2022.

No cálculo do PIB, as exportações caíram 2,5% no ano passado. Crises na Argentina, Chile e outros países da América Latina influenciaram o resultado. A guerra comercial entre EUA e China também pesou. Era esperada uma recuperação para este ano, mas é pouco provável que aconteça. O impacto do surto do Covid19 no comércio internacional já é sentido em setores importantes para o Brasil, como mineração e petróleo.

Nesta altura do ano, o que se sabe é que 2020 será diferente do que se previa ao fim do ano passado, que já está distante. O cenário mudou bastante e continuará mudando. Boa parte dos especialistas prepara revisões para baixo nas projeções para este ano. Na semana que vem o próprio governo deve divulgar um corte na sua estimativa atual, de 2,4%. É difícil tirar tendências para 2020 dos números que o IBGE divulgou hoje.

Míriam Leitão, jornalista - O Globo