De novo, um ‘pibinho’, mas 2019 teve alguns destaques positivos
O resultado do PIB de 2019 traz dados de uma conjuntura que já mudou,
porque o coronavírus alterou toda a dinâmica em torno da economia. A
alta de 1,1% no ano era amplamente esperada, mas houve alguns bons
desempenhos setoriais. O crescimento do quarto trimestre foi de 1,7% na
comparação com um ano antes, ritmo mais forte que nos períodos
anteriores.
Outro ponto positivo na demanda foi a alta dos investimentos, de 2,2%. Essa variável depende muito da confiança na economia, que no segundo semestre de 2019 havia melhorado. A construção cresceu 1,6%, após cinco anos de quedas. É um setor importante, que emprega muita gente e onde a expectativa ainda é positiva. As obras avançam com financiamento, e a taxa de juros nunca esteve tão baixa no Brasil. Após perder quase 30% na crise, o PIB da construção pode crescer algo como 3% em 2020, mesmo com a piora recente no cenário.
No lado da oferta, os serviços avançaram 1,3%, pouco acima da média. O
setor representa dois terços da economia e foi também influenciado pelo
apetite maior das famílias, após a liberação do FGTS. Normalmente, os
serviços costumam reagir à situação do mercado de trabalho. O desemprego
baixo puxa o setor. O problema é que a taxa ainda está na casa dos 11%.
O próprio governo prevê que o desemprego só cairá para um dígito em
2022.
Nesta altura do ano, o que se sabe é que 2020 será diferente do que se previa ao fim do ano passado, que já está distante. O cenário mudou bastante e continuará mudando. Boa parte dos especialistas prepara revisões para baixo nas projeções para este ano. Na semana que vem o próprio governo deve divulgar um corte na sua estimativa atual, de 2,4%. É difícil tirar tendências para 2020 dos números que o IBGE divulgou hoje.
Míriam Leitão, jornalista - O Globo
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