Terror em Paris
Hollande diz que massacre em Paris é ‘ato de guerra’ e terá resposta implacável
[a resposta francesa contra o Estado Islâmico é necessária - tanto como retaliação exemplar quanto para destruir a organização terrorista; mas, não pode ser dirigida em ataques aéreos sobre regiões controladas pelo EI - a região está dominada pelos extremistas mas tem milhares de pessoas que estão presas na região e serão vítimas inocentes da vingança francesa.
E a morte de inocentes apenas maximizará o impacto da ação terrorista - exatamente o que os jihadistas desejam.]
Estado Islâmico assume autoria dos ataques terroristas na capital
francesa que deixaram mais de 120 mortos e chocaram o mundo. Outras 250
pessoas ficaram feridas, 80 em estado grave. Vídeo publicado pelo grupo
terrorista ameaça França: ‘Não viverão em paz’
Um dia depois dos atentados em Paris que deixaram ao menos 127 mortos e
300 feridos, o presidente da França, François Hollande, classificou
neste sábado os ataques como um “ato de guerra” cometido pelo Estado
Islâmico e decretou três dias de luto nacional. Logo em seguida, os
jihadistas reivindicaram a responsabilidade pelo massacre em um
comunicado no qual afirmam que seus combatentes munidos de explosivos e
metralhadoras espalharam o terror em vários locais na capital francesa
que foram cuidadosamente estudados. Segundo os extremistas, os atos
terroristas foram em resposta a insultos ao profeta Maomé e aos
bombardeios franceses contra alvos do grupo. — Tendo ousado insultar nosso Profeta, se gabado de lutar contra o
Islã na França e atacando muçulmanos no Califado com seus aviões que não
os ajudaram de forma alguma nas ruas mal cheirosas de Paris — diz o
comunicado.
Polícia investiga local dos atentados em Paris um dia depois dos atentados que deixaram mais de 120 mortos
- PASCAL ROSSIGNOL / REUTERS
De acordo com o jornal “Libération”, um cidadão francês já conhecido
pelas autoridades foi confirmado como um dos terroristas, identificado
pelas impressões digitais. Além disso, a policia encontrou um documento
sírio e outro egípcio foram encontrados pertos de corpos dos homem-bomba
perto do Stade de France. Oito agressores morreram nos ataques, sete
deles ao detonarem explosivos e outro foi abatido pelas forças de
segurança. Os corpos de todos eles estão sendo estudados e o DNA
coletados.
Os ataques coordenados em estádio, sala de concertos e cafés e
restaurantes no Norte e Leste Paris foram o tema de uma reunião entre
Hollande com um conselho de Defesa, da qual participaram os principais
ministros do governo, enquanto o país segue em estado de emergência com
as fronteiras fechadas. Depois do encontro, o presidente pediu união
nacional e declarou que todas as medidas necessárias serão tomadas para
combater as ameaças terroristas. — O que ocorreu ontem foi um ato de guerra cometido pelo Daesh
(acrônimo árabe do EI), organizado a partir do exterior e com ajuda
interna — declarou Hollande. — Mesmo ferida, a França vai se reerguer.
O presidente francês também discutiu os atentados com líderes
europeus como a chanceler alemã, Angela Merkel, o premier italiano,
Matteo Renzi, e o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, segundo
fontes do Palácio de Eliseu. Mais cedo, pelo Twitter, o EI divulgou um vídeo ameaçando atacar a
França se o país continuar com os bombardeios contra alvos extremistas.
No entanto, não ficou claro quando o filme foi gravado. — Enquanto vocês continuarem bombardeando, não viverão em paz — diz o vídeo.
Menos de um ano depois dos atentados contra a revista satírica
Charlie Hebdo, Paris se viu diante de um intenso ataque terrorista na
sexta-feira, deixando 127 mortos, além de cerca de 250 feridos, 80 em
estado grave. Mais de 70 reféns foram mortos durante um show de rock no
teatro Bataclan. Cerca de 40 pessoas morreram vítimas de homens armados
que abriram fogo em outros cinco pontos da capital francesa. Os
testemunhos de sobreviventes apontam que os atiradores gritaram “Alá
Akbar“ (Deus é grande) e citaram a intervenção francesa na Síria para
justificar as ações.
Ocorreram também três explosões do lado de fora do Stade de France,
onde a seleção de futebol do país jogava um amistoso contra a Alemanha,
com o presidente na plateia. Cinco pessoas morreram no entorno do
estádio, disse a polícia. Dois brasileiros ficaram feridos nos ataques, informou a Embaixada. Segundo
informações da cônsul-geral do Brasil em Paris, Maria Edileuza
Fontenele Reis, um casal de brasileiros ficou ferido enquanto jantava em
um restaurante. O homem estava em estado grave e foi submetido a uma
cirurgia. Segundo a cônsul, ele perdeu muito sangue e teve de fazer uma
transfusão. A mulher sofreu ferimentos leves. Perto de um deles, a polícia encontrou um passaporte sírio.
INVESTIGAÇÃO
A Justiça francesa abriu uma
investigação sobre ataques, os mais mortíferos na Europa desde os
atentados islâmicos em Madri, em março de 2004. A prioridade da equipe é
identificar os corpos, incluindo os dos terroristas, que em sua maioria
foram pulverizados quando explodiram a si mesmos. Uma vez identificados
os terroristas, será determinado se eles tiveram a ajuda de cúmplices.
Nenhuma prisão foi realizada e os investigadores sugeriram que não
estavam procurando qualquer pessoa nesta fase. No entanto, autoridades
acreditam que há uma ligação entre um homem detido na Alemanha na semana
passada com armas automáticas e explosivos e os ataques. Em estado de emergência, o Eliseu anunciou a mobilização de 1.500 militares adicionais e o reforço dos controles nas fronteiras.
Fonte: O Globo