O governo quer votar o arcabouço fiscal essa semana, porque o presidente vai fazer mais uma longa viagem – já foi à China, a Londres, Madri, Lisboa, agora vai ao Japão, é o presidente que mais viaja [e o que menos governa] – e quer deixar esse assunto já amarrado. Não sei por que chamam de “arcabouço”; foi uma invenção para fazer propaganda.
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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terça-feira, 16 de maio de 2023
Ações sobre internet no STF são prato cheio para juiz que se acha legislador - Alexandre Garcia
VOZES - Gazeta do Povo
Nesta terça temos julgamentos importantes no Supremo.
São quatro ações, com quatro relatores diferentes, e tudo dizendo
respeito ao novo mundo digital.
A nova ágora, a nova praça pública
universal, em que todos nos unimos, todos podemos conversar com todos,
todos podemos opinar, falar, expressar nossas opiniões e nossos
pensamentos.
E há uma tentativa de, vamos chamar de “regulamentar”, mas
na verdade é censurar, porque a rede social deu voz a cada um de nós.
Não tínhamos voz; só que quem tinha voz era a televisão, quem estava no
rádio, mas agora todo mundo tem voz. Eu tenho o prazer de falar aqui e
receber retorno das pessoas, porque elas têm voz.
As ações são ligadas, principalmente, às plataformas Google e Telegram. Uma delas vai decidir se o artigo 19 do Marco Civil da Internet
é constitucional ou não. Depois, vão julgar recursos do Google, que
está reclamando que não é censor, que não tem ninguém que seja um
superjuiz para decidir, como Deus, o que é mentira ou verdade, mas
querem que a plataforma faça isso.
Ainda temos o Telegram, em outro caso
em que muitas pessoas também foram suspensas, bloqueadas.
Por fim, a
discussão sobre se a plataforma tem obrigação de quebrar o sigilo das
pessoas – sigilo que é garantido pela Constituição – se o juiz pedir
dados, e como isso seria feito.
Agora está cheio de
gente, inclusive no governo, querendo que o Supremo regulamente, já que
está difícil de passar aquele projeto de censura
das redes sociais.
Não pode: eu olhei o artigo 102 da Constituição, que
diz quais são as atribuições do Supremo, e só está escrito julgar isso,
julgar aquilo, julgar, julgar e julgar. Não tem nada sobre fazer leis,
fazer regulamentos. Supremo julga: julga o que é constitucional e o que
não é, interpretando a Constituição. Mas ele não faz leis, não faz
regras, porque não tem voto para isso, não tem poderes recebidos do
poder original, conferidos pelo voto, para fazer isso.
Quem pode fazer
leis são os nossos deputados e senadores, representantes de seus
eleitores e de seus estados.
É assim que funciona.
Do contrário, está
fora da Constituição, e um país que não obedece a Constituição está
perdido.
Veja Também:
O governo quer votar o arcabouço fiscal essa semana, porque o presidente vai fazer mais uma longa viagem – já foi à China, a Londres, Madri, Lisboa, agora vai ao Japão, é o presidente que mais viaja [e o que menos governa] – e quer deixar esse assunto já amarrado. Não sei por que chamam de “arcabouço”; foi uma invenção para fazer propaganda.
Na verdade, é um projeto para derrogar a lei de limite de gastos, para o governo poder gastar mais do que está estabelecido na lei; basicamente, o aumento de gastos está ligado à inflação e não é algo que possa disparar.
Em
consequência, o governo vai cobrar de nós, consumidores, mais uns R$
300 bilhões em impostos, incluindo aí renúncias fiscais para estimular
certas atividades e que vão ser canceladas. Então, nós é que vamos pagar
mais impostos,
não é a empresa; imposto é custo da empresa, que o inclui no preço
final, não tem como ser diferente. Está havendo uma briga enorme no
Congresso sobre o que pode acontecer com esse arcabouço, que significa
liberar geral os gastos e cobrar mais impostos. É bom que saibamos
disso, porque nós é que sustentamos o governo, nós escolhemos o governo,
nós nomeamos o governo pelo nosso voto. Agora, se não mandarmos nada,
somos cidadãos passivos, que só comparecemos na hora da urna e nunca
mais. Fica muito estranho isso, isso não é democracia, e muito menos
cidadania.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
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quarta-feira, 5 de maio de 2021
Isabel Díaz Ayuso: a nova cara, bem provocadora, da direita na Espanha - Blog Mundialista
Vilma Gryzinski
Boa de briga, a política é reeleita governadora de Madri e cria problemas tanto para adversários esquerdistas quanto aliados direitistas
“Não saio pela vida buscando confrontações”, diz Isabel Díaz Ayuso, que se tornou um fenômeno político por fazer exatamente isso. A ex-jornalista espanhola ganhou de lavada a eleição para o governo de Madri. Na Espanha, seu cargo se chama presidente da Comunidade de Madri, a área da capital e mais cidades dos arredores, como se fosse um estado.
Espertamente, ela convocou eleições quando achou que seria derrubada por seus parceiros de governo, do Cidadãos, o partido centrista que está eleitoralmente quase extinto. Valeu a aposta. Por causa de seu comportamento durante a pandemia, tirando leite de pedra para dar cobertura aos doentes e, ao mesmo tempo, defendendo a reabertura o mais precoce possível dos bares e restaurantes que fazem Madri ser Madri, ela virou um fenômeno. “Somos todos Ayuso”, foi o adesivo que se espalhou pelos estabelecimentos profundamente gratos à governadora.
Ela virou nome de cerveja – tem um rótulo com seu retrato e a frase “La caña de España” – e nome de pratos. Um deles é o calamares à Ayuso, que “vem com dois ovos”. Os madrilenhos são tradicionalmente desbocados e o estilo de Ayuso pegou bem com uma ampla fatia do eleitorado. Na faixa que vai da centro-esquerda à esquerda pura e dura, ela evidentemente provoca ojeriza. “Quando começam a te chamar de fascista, você sabe que está fazendo alguma coisa certa”, já provocou ela.
“Ayuso está propondo seu próprio modelo de conservadorismo – mais para a direita, até trumpista na forma como faz declarações bombásticas que desviam a atenção da política”, suspirou para o Financial Times a cientista social Máriam Martínez Bascuñán. “A eleição de Madri vai determinar o futuro da direita na Espanha”.
E, de alguma forma, da esquerda também. Pablo Iglesias, do Podemos, mais o menos equivalente ao PSOL, deixou o posto de vice-primeiro-ministro no governo de coalizão de Pedro Sánchez, crente que sua figura também carismática seria um sucesso. Elegeu dez deputados, três a menos do que o ultradireitista Vox, que vai integrar a coalizão com a governadora. Ao todo, os três partidos de esquerda elegeram 58 deputados. O PP, sozinho, fez 65. “A Espanha me deve uma”, ironizou Ayuso quando Iglesias saiu do governo para disputar a eleição. E tuitou: “Comunismo ou liberdade”, que depois virou o lema de sua campanha.
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domingo, 14 de março de 2021
Sobrevivente do atentado contra Marielle desabafa: 'Sinto como se estivessem me apagando da história' - O Globo
Três anos após assassinato da vereadora, jornalista que estava na hora da emboscada vive escondida
Em 16 de março de 2018, a jornalista Fernanda Chaves, de 46 anos, deixou o Rio de vez. Com cerca de 1,65m de altura, precisou se encolher no vão do banco traseiro de um carro blindado, escoltada por dois veículos da Polícia Civil, rumo ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador. Por ser verão, vestia jeans e uma blusa de malha fina. Nos pés, uma sandália de plástico. Usava boné e óculos escuros. Saiu às pressas para uma viagem não planejada e, sequer, desejada. Destino: Madri, onde o inverno ainda castigava. Única sobrevivente do atentado contra a vereadora Marielle Franco (PSOL), no qual a parlamentar e o motorista Anderson Gomes foram executados, Fernanda teve que deixar tudo, sem olhar para trás, dois dias após o crime.
[Senhora, com todo o respeito: de qual história lhe interessa participar?
Se cada pessoa que presenciasse, ou apenas estivesse presente (parece ser o seu caso) em cada assassinato ocorrido no Brasil, nos últimos três anos, passasse para a história, seria necessário para seu registro algumas dezenas de pen drive - que raramente seriam acessados, por falta de interesse histórico.
Do dia em que a vereadora e seu motorista foram assassinados, morreram em torno de 200.000 pessoas - assassinadas, por óbvio, não inclui as mortes atribuídas à covid - 19.]
Não há um dia sequer que ela não se lembre do “14 M”, referência à data dos assassinatos de Marielle e Anderson: 14 de março. Há três anos, Fernanda foi aconselhada por amigos especialistas na área de segurança, inclusive da Anistia Internacional, a deixar o Brasil, logo após o crime. Depois de quase quatro meses no exterior, e o restante do período vivendo às escondidas, ela sonha, um dia, retomar a vida que tinha no Rio. Para isso, tem que se livrar de algo que ainda a assombra: saber de quem ela precisa se proteger. Mais do que ninguém, a jornalista quer descobrir quem mandou matar Marielle.
Estou segurando a onda. Não pude fazer minha mudança. Fui obrigada a sair do país onde nasci por não ser seguro. Não posso morar no Rio só pelo fato de ter sobrevivido a um crime bárbaro, a um atentado à democracia. Eu me sinto aniquilada, como tivessem me apagado da história, da minha história de vida — conta a jornalista. Ao relembrar como foram os três anos após os homicídios de Marielle e Anderson, Fernanda fecha os olhos por alguns instantes e gesticula muito. Embora faça terapia e tente manter o foco no futuro da filha Rosa, de 10 anos, recordações do ataque ainda lhe causam agitação. Ela se ressente de não ter se despedido de Marielle, amiga e comadre (a jornalista coordenava o mandato da parlamentar, que era madrinha de batismo de Rosa).
Eu me senti impotente logo após o “14 M”. Não pude cumprir o rito da despedida. Não fui ao velório dela, nem ao enterro. Assisti a tudo pela TV. Não estive ao lado da Luyara (Santos, filha da vereadora). Foi tudo muito rápido — conta. — Eu estava no carro com ela vindo da Casa das Pretas, ouvi a rajada e pensei que estava passando no meio de um tiroteio. Mantive a lucidez, para puxar o freio de mão do carro até parar e sair agachada, por imaginar que ainda havia tiros.
RessentimentoUm dos piores momentos, segundo Fernanda, foi ouvir, no local do crime, um policial militar descrevendo a cena pelo viva voz do celular para um superior. Falando no jargão da polícia, ele anunciou: “duas pessoas vieram a óbito e uma única sobrevivente” (sic). Ela descobriu, assim, de forma abrupta, que a comadre e o motoristas estavam mortos:— Eu era a sobrevivente e, ao mesmo tempo, uma testemunha. Na verdade, não vi nada, mas estava no carro, vivenciando o terror. [senhora: fica a impressão de que está havendo uma maximização excessiva da sua condição de testemunha - sua versão, acima destacada, deixa claro que a senhora não testemunhou nada. Seu receio de voltar ao Brasil é infundado - tempo não faltou para sua oitiva em Madri, caso não tenha sido ouvida é exatamente por não ter elementos a oferecer ao deslinde do caso.]
Confira: O caso Marielle Franco em imagens
O ressentimento com o Estado é grande. Começando pelos PMs que sequer lhe dirigiam a palavra ao chegarem à cena do crime. Outra agonia é quando lembra que os policiais ordenaram a saída de “todos” do local, o que representou também a perda de possíveis testemunhas. O giroscópio da viatura policial, em meio à escuridão, aumentava a sensação de medo, na esquina das ruas João Paulo I e Rua Joaquim Palhares, no Estácio, onde aconteceu a emboscada.
Sem punição: STJ absolve de calúnia desembargadora que publicou falsas acusações a Marielle Franco
— Depois de passar por uma situação daquelas, não me senti confortável nem de aceitar a água que os policiais depois me ofereceram. Não confiava em ninguém. Estava numa tremedeira louca. Meu marido (Marcelo Salles) chegou em seguida e me levou para casa, onde tomei um banho, e fui para delegacia depor. Repeti o depoimento cinco vezes para diferentes policiais. Fiquei esgotada. Só queria sair dali. Foi quando um amigo me disse: “você tem que sair do país” — relembra.
Em casa, acabou dormindo cerca de uma hora, até o interfone tocar. Era o motorista da van para levar a filha dela, então com 7 anos, para o colégio.— Caiu a ficha de que teria que deixar tudo — diz.
Visita de DilmaNo dia seguinte ao atentado, numa quinta-feira, ela recebeu as visitas de representantes da Anistia Internacional, do Conselho Nacional de Direitos Humanos e do gabinete do então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), com quem trabalhou antes de assessorar Marielle. Todos foram unânimes em orientá-la a sair do Brasil. O primeiro destino era Suíça, mas ela não tinha dinheiro para bancar a viagem. Lá, só teria um local para ficar. A melhor opção foi oferecida pela Anistia, que tem um programa de acolhimento de pessoas em situação de violência, com o apoio de voluntários. A ajuda tinha prazo para durar: três meses.
Foi quando, na sexta-feira, recebeu uma visita que, segundo a jornalista, lhe colocou no prumo. Segundo ela, a ex-presidente Dilma Rousseff foi à sua casa e fez uma “leitura rápida” da situação: — Ela disse que se tratava de um atentado político com uma dimensão tão grande quanto o que ocorreu com o líder seringueiro Chico Mendes (ambientalista e ativista político) executado em 1988, em Xapuri, no Acre.Fernanda passou quase quatro meses fora, em Madri e Roma, antes de voltar para o Brasil, sempre adotando os protocolos de segurança: — Nada de redes sociais, de celulares. Imagina isso para um jornalista?
Atualmente, Fernanda trabalha como assessora de imprensa parlamentar, remotamente, algo que a pandemia acabou lhe favorecendo.[assessora de imprensa parlamentar! remotamente? em nossa opinião o remotamente exclui assessorar um parlamentar espanhol; resta ser assessora da vereadora psolista, Rio, Mônica Benício. Será? o que torna necessário que uma vereadora da cidade do Rio de Janeiro, tenha como sua assessora de imprensa uma cidadã que reside na Europa? que certamente é paga com o dinheiro do contribuinte. Contribuinte brasileiro, que aceita tudo.] Na opinião de Fernanda, o Estado não a protegeu. Fala com mágoa que a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio, não a chamaram para acompanhar a investigação.
A promotora Simone Sibílio, coordenadora da Força-Tarefa que investiga o caso, explicou que tem reuniões periódicas com os familiares da vereadora e de Anderson. Já Fernanda, por ter ficado fora do país e, atualmente, se encontrar em local desconhecido, o contato foi evitado por segurança.
Rastros deixados na internet levaram aos suspeitos da execuçãoOs três anos de investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, completados nesta segunda-feira, foram marcados por uma reviravolta no caso e episódios de obstrução de Justiça. Antes de chegarem a Ronnie Lessa, sargento reformado da Polícia Militar, e ao ex-PM Élcio de Queiroz, como executores, os investigadores seguiram, por sete meses, uma equivocada linha de investigação que tumultuou o caso. [os suspeitos da execução ao que sabemos estão presos, preventivamente, por envolvimento em outros crimes; estranho é que não foram levados ainda a julgamento pela acusação de assassinato da vereadora - faltam provas que possam sustentar uma condenação? a busca do mandante, não impede que os suspeitos da execução sejam submetidos à julgamento.]
Depois de erros no início da apuração do crime, diante das dificuldades de elucidar a trama pelos métodos tradicionais, os investigadores passaram a adotar medidas mais ousadas para chegar aos autores. Como a quebra de sigilo telefônico não se mostrava suficiente, houve a necessidade de se buscar os dados telemáticos dos celulares e de computadores dos suspeitos, prática até então inédita na resolução de crimes. Foi assim que a polícia e o Ministério Público do Rio, recorrendo a medidas judiciais para obter informações do Google e do Facebook, conseguiram ter acesso às pesquisas feitas na internet pelos suspeitos. Foi descoberto, por exemplo, que Lessa levantou um endereço, no Rio Comprido, onde Marielle esteve na véspera da morte.
No entanto, a fase atual em que se tenta chegar aos mandantes do assassinato da vereadora se arrasta há dois anos. E algumas peças do quebra-cabeças ainda são fundamentais. Na última sexta-feira, por exemplo, o MP do Rio fez acordo judicial com o Facebook para acessar dados das redes sociais de Lessa e Élcio, que possam ajudar a identificar os mandantes. O 4º Tribunal do Júri, onde tramita o processo, havia determinado que o Facebook fornecesse os dados, sob pena de pagar uma multa de R$ 5 milhões. Daí, surgiu o acordo. — A relação com o Facebook é boa. Os representantes da empresa pretendem nos atender rapidamente. Queremos os dados dos alvos, de janeiro a março de 2018 (data de preparação e execução do crime) — diz Simone Sibílio, coordenadora da Força-Tarefa encarregada das investigações.
Opinião - O Globo
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domingo, 15 de dezembro de 2019
‘Fóssil colossal’ - Eliane Cantanhêde
O Estado de S.Paulo
De líder na proteção do meio ambiente, o Brasil virou alvo de chacota mundial
Definitivamente, não se pode dizer que 2019, primeiro ano do governo
Jair Bolsonaro, tenha sido positivo para a imagem do Brasil no exterior.
O presidente atribui o mau momento à mídia, às esquerdas, a uma espécie
de propaganda negativa sistemática. Mas será que é isso mesmo? Na sexta-feira, em Madri, a Conferência do Clima da ONU (COP) conferiu
ao Brasil o prêmio “Fóssil Colossal”, que, como o próprio nome diz, é
uma ironia com os piores desempenhos na proteção do meio ambiente. É
dramático, porque o Brasil despencou de um extremo a outro: de líder
mundial de proteção para alvo de chacota. [Conferência que o Brasil declinou de sediar - atenção!!! não dispensou o encargo de sediar a COP 25 no governo Bolsonaro e sim no governo Temer.
A tal conferência é tão importante que até agora não conseguiu decidir o que comunicar que decidiu.
Conservar e respeitar o meio ambiente é importante - no mínimo, por ser nele que nossos descendentes irão viver.
Só que sob a liderança atual, que nada lidera, é difícil de chegar a algum caminho útil.
Conservar o meio ambiente não consiste apenas em receber títulos que nada valem e/ou ser incluído por revistas entre os cientistas.
Isso é mera perfumaria.]
No mesmo dia, a prestigiada revista Nature incluiu o professor Ricardo
Galvão entre os cientistas do ano. E quem vem a ser? O presidente do
Inpe que foi demitido e humilhado publicamente depois de Bolsonaro
achincalhar os dados do instituto sobre desmatamento. E, veja bem, os
novos dados coletados pelo próprio governo confirmaram depois o quanto o
Inpe estava certo. Em meio a essa sucessão de vexames, o presidente bateu boca num dia com a
ativista adolescente Greta Thunberg – a quem chamou de “pirralha” – e
no dia seguinte ela surgiu, toda poderosa, como personagem do ano e da
capa da revista Time. O presidente bem poderia ter passado sem mais
essa.
Apesar de tudo, os dados que estão para ser consolidados vão confirmar
que, em 2019, o Brasil manteve o desempenho nas importações e só perdeu
um pouco nas exportações. E por questões pontuais: a má performance da
Argentina, um dos maiores parceiros, e a epidemia do rebanho suíno da
China, que reduziu muito a necessidade de soja para alimentar os porcos.
Descontados esses infortúnios, o desempenho é considerado bom, estável,
e pronto a crescer.
E, afinal, o que é melhor para o Brasil? Os Estados Unidos e a China –
as duas maiores potências – manterem o clima de beligerância e os
ataques mútuos, ou efetivarem o acordo de paz? Há controvérsias, mas parece prevalecer a avaliação de que é muito
melhor para todo o mundo, literalmente, e para o Brasil,
particularmente, que os dois gigantes se entendam, porque isso garante
equilíbrio mundial, estabilidade, segurança e estanca a previsão de
queda do crescimento global.
Quanto mais economia, desenvolvimento, comércio, melhor, muito melhor do
que vantagens eventuais que a agricultura brasileira possa ter com a
guerra. Ok. Se a China deixa de comprar produtos agrícolas
norte-americanos, a tendência é de que desvie o foco para os
brasileiros. Mas isso é pontual, residual, restrito a um único setor. Ainda no cenário internacional, o Brasil perdeu e os EUA ganharam com o
excesso de reverência de Bolsonaro a Donald Trump. E, no regional, o
pedido de refúgio do ex-presidente boliviano Evo Morales vai
consolidando a Argentina como o novo polo da esquerda sul-americana,
depois que a Venezuela virou pó. A Argentina polo da esquerda e o Brasil
da direita não é um cenário tranquilizador. [O Brasil segue a tendência mundial da esquerda desaparecer; implodir;
lamentamos pelos 'hermanos', já conseguem se ferrar sozinhos, imagine agora que pretendem se destacar como polo da esquerda = o destino que os aguarda, lamentavelmente, é o da Venezuela piorado.]
Apesar disso, Bolsonaro e Fernández têm trocado recados apaziguadores e
promessas de pragmatismo nas relações comerciais e diplomáticas em
termos mais abrangentes. Espera-se que sim, mas lembrando que Bolsonaro é
Bolsonaro e que o kirchnerismo é o kirchnerismo.
Por fim, 2019 registrou ataques de Bolsonaro a Macron, sua mulher,
Fernández, Bachelet, Greta, Leonardo Di Caprio, ONGs e aos povos do
Chile e do Paraguai (ao enaltecer Pinochet e Stroessner), além de ter
gerado temores, no mundo desenvolvido e nos nossos parceiros
tradicionais, sobre as políticas indigenista, ambiental, cultural,
educacional e de direitos humanos. Aos olhos do mundo, o Brasil anda
para trás.
Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo
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sábado, 14 de dezembro de 2019
Os dólares e a imagem do agro – Editorial - O Estado de S. Paulo
A grande barreira do Brasil contra choques externos tem sido e continua
sendo o agronegócio, principal fonte de receita e garantia do superávit
comercial. A principal ameaça ao agronegócio brasileiro, depois dos
desastres naturais, tem sido o governo federal, principal fornecedor de
argumentos ao protecionismo europeu. Nos 12 meses até novembro, o setor
exportou produtos no valor de US$ 97,7 bilhões e acumulou um saldo
positivo de US$ 84 bilhões nas trocas internacionais. Graças a isso o
Brasil conseguiu nesse período um excedente de US$ 47,5 bilhões na
balança de mercadorias, condição essencial para manter as contas
externas em condição satisfatória. O excedente garantido pela
agropecuária tem compensado o saldo negativo de outros setores e deixado
uma sobra considerável.
Qualquer obstáculo a essas exportações é um risco para a solidez cambial do Brasil. Quem desconhece os efeitos desastrosos de uma crise cambial pode aprender algo dando uma olhada na crise argentina. A ameaça de taxação de produtos de países poluidores reapareceu em Madri, nos últimos dias, na conferência sobre o clima promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU). O assunto foi mencionado por dirigentes da Comissão Europeia, em comentários sobre a proposta de um “Green New Deal Europeu”. Mesmo sem decisão oficial, a mera referência ao assunto é inquietante. A questão ambiental tem reforçado o velho discurso protecionista europeu, apoiado pelo setor agrícola, já fartamente subsidiado, e por movimentos sociais.
Ao entrar num embate com a ativista sueca Greta Thunberg, a propósito de índios assassinados, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez se expôs como adversário do ambientalismo, ajudando, por tabela, quem acusa de devastação o agronegócio brasileiro. O verdadeiro agronegócio, eficiente e competitivo, opera de maneira responsável e, além disso, há décadas tem ampliado a produção muito mais do que a área ocupada. Mas nem todos sabem disso e muitos preferem, com certeza, deixar esses fatos na obscuridade.
Não adianta condenar o protecionismo e ao mesmo tempo reforçar o discurso de quem lucra com a deturpação da imagem do Brasil. Perder mercados é geralmente uma tolice – e tolice maior é pôr em risco o acesso a um mercado como o europeu. É esta a questão. A União Europeia é o segundo destino mais importante das exportações do agronegócio brasileiro. O maior é a China. Mas o bloco europeu, classificado logo em seguida, absorveu neste ano, até novembro, produtos brasileiros no valor de US$ 15,5 bilhões, ou 17,4% do total exportado pelo agronegócio. Foi a mesma participação registrada um ano antes, embora o valor tenha diminuído 3,8%. A parcela chegou a 17,6% nos 12 meses até novembro, com transações no valor de US$ 17,2 bilhões.
No mês de novembro, embora a participação asiática tenha atingido o recorde de 52,6%, por causa das exportações de carnes para a China, a fatia da União Europeia ainda ficou em 15,7%, ou US$ 1,3 bilhão. As vendas de carnes para o mercado asiático, de US$ 4,3 bilhões, foram 22,1% maiores que as de igual mês do ano passado.As vendas externas do agronegócio representaram em novembro 46,6% do valor total das exportações brasileiras. A participação se manteve em 43,4% no ano e em 12 meses. Em todos os períodos considerados a fatia da União Europeia nos negócios do agronegócio brasileiro ficou quase estável, com pequena variação em novembro. Menosprezar esse mercado, pondo em risco a imagem dos produtores brasileiros, seria um erro terrivelmente custoso para o País.
Erros graves foram cometidos há meses, quando tropeços diplomáticos puseram em risco os negócios com países muçulmanos e com a China, maior parceira comercial do País. Essas imprudências foram corrigidas, em grande parte pelo esforço da ministra da Agricultura. O presidente da República participou, afinal, do conserto. Mas, seguido pelos ministros do Exterior e do Meio Ambiente, ainda age como se pouco ou nada houvesse aprendido com as falhas. Será necessário um desastre irreparável?
Editorial - O Estado de S. Paulo
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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
Greta, a “pirralha” - Nas entrelinhas
“Bolsonaro não é o primeiro chefe de Estado a se sentir incomodado com a jovem, que desagrada muita gente com seu discurso apocalíptico e já foi até chamada de “histérica” pelo presidente Donald Trump”
[essa Greta é um chuvisco de verão, sua fama, seu ativismo logo será esquecido pela imprensa - ou já esqueceram que as manchas de óleo nas costas brasileiras foram convenientemente esquecidas.
Perceberam que não conseguiriam derrubar o presidente Bolsonaro, então esqueceram.
Igual aos 'diálogos do interpePTação - agora estão restritos a Polícia - apropriadamente, já que furto, invasão, etc é caso de POLÍCIA. ]
O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar de “pirralha” a ativista sueca Greta Thunberg, ao receber homenagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, tentando ridicularizar a adolescente de 16 anos. Segundo ele, a jovem deu um “showzinho” na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP25), realizada em Madri. No mesmo dia, porém, Greta foi eleita a personalidade do ano pela revista Time, por inspirar movimentos estudantis de todo o Ocidente na luta contra o aquecimento global e em defesa da natureza. Ela é a mais jovem contemplada com o título.
“Tem até uma pirralha que tudo o que ela fala a nossa imprensa, oh,
nossa imprensa, pelo amor de Deus, dá um destaque enorme. Ela está agora
fazendo seu showzinho lá na COP25”, disse Bolsonaro. Em Madri, pouco
antes, Greta havia acusado líderes políticos e empresariais de
preferirem cuidar de suas próprias imagens a tomar medidas agressivas na
luta contra as mudanças climáticas. Disse também que as ambiciosas
metas de redução de emissões são uma “enganação” e que “nada está sendo
feito” para evitar uma catástrofe climática.
Greta Thunberg, nascida em 3 de janeiro de 2003, é um ponto fora da curva. Filha e neta de artistas, sua mãe é a cantora de ópera Malena Ernman, que representou a Suécia no Festival Eurovisão da Canção de 2009. Seu pai é o ator Svante Thunberg, filho do ator e diretor Olof Thunberg e da atriz Mona Andersson. A jovem tem síndrome de Asperger, TDAH, transtorno obsessivo-compulsivo e mutismo seletivo. Greta, porém, conseguiu ultrapassar esse problema, partindo do princípio de que “ser diferente é um superpoder”, dependendo das circunstâncias.
Greta era mesmo uma “pirralha” quando percebeu, com 8 anos de idade, que as mudanças climáticas existiam e ficou imaginando o motivo de isso não ser manchete em todos os canais, como acontece com as guerras. Em agosto de 2018, Greta Thunberg resolveu abandonar as aulas para protestar, próxima ao parlamento sueco, exigindo mais ações para mitigar as mudanças climáticas por parte dos políticos de seu país. Estudantes de outras comunidades se organizaram para protestos semelhantes.
Mais tarde, numa conferência em Londres, disse que não foi à escola para se tornar uma cientista do clima, como alguns sugeriram, porque a ciência chegou aos seus objetivos e somente restaram a negação, a ignorância e a inatividade. Terraplanistas e autoridades que negam o aquecimento global, como o presidente Donald Trump, parecem dar razão à menina, que ganhou notoriedade por uma abordagem igualmente radical na narrativa em defesa do meio ambiente.
Craque do marketing
Seu protesto solitário defronte ao parlamento da Suécia deu origem a um movimento global intitulado Fridays for Future (Sextas pelo Futuro), que culminou em uma greve escolar global no dia 15 de março, com protestos em mais de 100 países. “Vocês roubaram os meus sonhos e infância. Estamos no início de uma extinção em massa, e a única coisa que vocês falam é sobre dinheiro e o conto de fadas de crescimento econômico eterno. Como se atrevem?”, disse, em memorável discurso na ONU, em setembro passado.
Bolsonaro não é o primeiro chefe de Estado a se sentir incomodado com a jovem, que desagrada muita gente com seu discurso meio exagerado e apocalíptico. Foi até chamada de “histérica” pelo presidente Donald Trump. Em termos de marketing político, porém, é uma tremenda roubada brigar com Greta. Ela é craque em chamar a atenção da mídia, sobretudo porque transformou seu principal hobby numa arma política: navegar de barco à vela.
Greta Thunberg cruzou o Atlântico num veleiro para comparecer à ONU, em Nova York. Foram duas semanas de travessia marítima, partindo do emblemático Porto de Plymouth, no Reino Unido. A jovem se recusa a viajar de avião por causa das emissões de carbono geradas pela queima de combustível. Veleja num barco “sustentável”, com painéis solares e turbinas que produzem eletricidade, cedidos por ninguém menos do que Pierre Casiraghi, filho da princesa Caroline de Mônaco.
Sua chegada a Nova York é um “case” de comunicação nas redes sociais e na mídia tradicional. Tão logo pôde, disparou no Twitter: “Nós atracamos na costa de Coney Island — passando pela alfândega e imigração”. Horas depois, publicou uma foto já no rio Hudson, com Manhattan no horizonte. Mais cartão-postal, impossível. Por essas e outras, é uma fria polemizar com Greta Thunberg. É uma briga na qual já se entra derrotado na opinião pública internacional.
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense
Greta Thunberg, nascida em 3 de janeiro de 2003, é um ponto fora da curva. Filha e neta de artistas, sua mãe é a cantora de ópera Malena Ernman, que representou a Suécia no Festival Eurovisão da Canção de 2009. Seu pai é o ator Svante Thunberg, filho do ator e diretor Olof Thunberg e da atriz Mona Andersson. A jovem tem síndrome de Asperger, TDAH, transtorno obsessivo-compulsivo e mutismo seletivo. Greta, porém, conseguiu ultrapassar esse problema, partindo do princípio de que “ser diferente é um superpoder”, dependendo das circunstâncias.
Greta era mesmo uma “pirralha” quando percebeu, com 8 anos de idade, que as mudanças climáticas existiam e ficou imaginando o motivo de isso não ser manchete em todos os canais, como acontece com as guerras. Em agosto de 2018, Greta Thunberg resolveu abandonar as aulas para protestar, próxima ao parlamento sueco, exigindo mais ações para mitigar as mudanças climáticas por parte dos políticos de seu país. Estudantes de outras comunidades se organizaram para protestos semelhantes.
Mais tarde, numa conferência em Londres, disse que não foi à escola para se tornar uma cientista do clima, como alguns sugeriram, porque a ciência chegou aos seus objetivos e somente restaram a negação, a ignorância e a inatividade. Terraplanistas e autoridades que negam o aquecimento global, como o presidente Donald Trump, parecem dar razão à menina, que ganhou notoriedade por uma abordagem igualmente radical na narrativa em defesa do meio ambiente.
Craque do marketing
Seu protesto solitário defronte ao parlamento da Suécia deu origem a um movimento global intitulado Fridays for Future (Sextas pelo Futuro), que culminou em uma greve escolar global no dia 15 de março, com protestos em mais de 100 países. “Vocês roubaram os meus sonhos e infância. Estamos no início de uma extinção em massa, e a única coisa que vocês falam é sobre dinheiro e o conto de fadas de crescimento econômico eterno. Como se atrevem?”, disse, em memorável discurso na ONU, em setembro passado.
Bolsonaro não é o primeiro chefe de Estado a se sentir incomodado com a jovem, que desagrada muita gente com seu discurso meio exagerado e apocalíptico. Foi até chamada de “histérica” pelo presidente Donald Trump. Em termos de marketing político, porém, é uma tremenda roubada brigar com Greta. Ela é craque em chamar a atenção da mídia, sobretudo porque transformou seu principal hobby numa arma política: navegar de barco à vela.
Greta Thunberg cruzou o Atlântico num veleiro para comparecer à ONU, em Nova York. Foram duas semanas de travessia marítima, partindo do emblemático Porto de Plymouth, no Reino Unido. A jovem se recusa a viajar de avião por causa das emissões de carbono geradas pela queima de combustível. Veleja num barco “sustentável”, com painéis solares e turbinas que produzem eletricidade, cedidos por ninguém menos do que Pierre Casiraghi, filho da princesa Caroline de Mônaco.
Sua chegada a Nova York é um “case” de comunicação nas redes sociais e na mídia tradicional. Tão logo pôde, disparou no Twitter: “Nós atracamos na costa de Coney Island — passando pela alfândega e imigração”. Horas depois, publicou uma foto já no rio Hudson, com Manhattan no horizonte. Mais cartão-postal, impossível. Por essas e outras, é uma fria polemizar com Greta Thunberg. É uma briga na qual já se entra derrotado na opinião pública internacional.
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense
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quinta-feira, 15 de novembro de 2018
Brasileiro é condenado a prisão perpétua [3, três penas de prisão perpetua] na Espanha por matar parentes
[Justiça da Espanha = um exemplo a ser seguido no Brasil; fosse seguido vermes como o casal Nardoni, Suzane von Richthofen, irmãos Cravinho e outros assassinos do mesmo tipo, não estariam usufruindo de saidões e mesmo prisão em regime semiaberto.
Presidente Bolsonaro, aproveite a força que o senhor tem de quase 60.000.000 de votos e na primeira semana de janeiro 2019 apresente projeto de lei aumentando as penas que forem possíveis de majoração - a um exame açodado, me parece que a denominação 'prisão permanente revisável' permite superar o obstáculo criado existente na 'constituição cidadã' que, em substituição a expressão 'pena de prisão perpétua', se valeu do subterfúgio de usar 'penas de caráter perpétuo'.]
A Justiça da Espanha condenou nesta quinta-feira, 15, o brasileiro Patrick Nogueira a prisão permanente revisável, pena máxima prevista no Código Penal espanhol que se assemelha à perpétua, porém, pode ser revista depois do cumprimento de 25 anos de cadeia. Nogueira assassinou seus tios e dois primos em uma casa na cidade de Pioz, em agosto de 2016. O jovem, de 22 anos, confessou os crimes durante o julgamento que ocorreu em um tribunal em Guadalajara, a aproximadamente 60 km da capital Madri. [as penas exatas foram três de prisão perpétua:
- uma pelo assassinato de duas crianças (um primo e uma prima), outra pelo assassinato do tio e a terceira por ter cometido múltiplos assassinatos;
- foi também condenado a 25 anos de prisão pelo assassinato da tia.
pela legislação espanhola as três penas de prisão perpétua podem ser revistas - uma, duas ou mesmo as três - após o cumprimento da pena de 25 anos (sendo este o motivo da pena perpétua ser chamada de prisão permanente revisável.]
O tribunal seguiu a sentença solicitada pela acusação e até levou em consideração à tese da Defesa, dizendo que Patrick Nogueira sofre de uma "anormalidade cerebral". No entanto, no momento do fato, a juíza sentenciou que isso não limitou seja a capacidade de conhecer e entender o que estava fazendo. Trazendo o caso para o contexto jurídico brasileiro, não há equivalência a nenhum processo penal e nem semelhança com a prisão permanente revisável, que já é comum na Espanha.
Enquanto cometia os crimes, ele trocava mensagens por Whatsapp com um amigo brasileiro, Marvin Henriques, investigado por suposta cumplicidade. Finalmente, ele esperou a chegada do tio, que foi surpreso com 14 golpes de faca no pescoço. Ele chegou a esquartejar os corpos e colocar em um saco de lixo, mas o caso foi descoberto um mês depois por causa do cheiro que emanava da casa.
AFP
Presidente Bolsonaro, aproveite a força que o senhor tem de quase 60.000.000 de votos e na primeira semana de janeiro 2019 apresente projeto de lei aumentando as penas que forem possíveis de majoração - a um exame açodado, me parece que a denominação 'prisão permanente revisável' permite superar o obstáculo criado existente na 'constituição cidadã' que, em substituição a expressão 'pena de prisão perpétua', se valeu do subterfúgio de usar 'penas de caráter perpétuo'.]
A Justiça da Espanha condenou nesta quinta-feira, 15, o brasileiro Patrick Nogueira a prisão permanente revisável, pena máxima prevista no Código Penal espanhol que se assemelha à perpétua, porém, pode ser revista depois do cumprimento de 25 anos de cadeia. Nogueira assassinou seus tios e dois primos em uma casa na cidade de Pioz, em agosto de 2016. O jovem, de 22 anos, confessou os crimes durante o julgamento que ocorreu em um tribunal em Guadalajara, a aproximadamente 60 km da capital Madri. [as penas exatas foram três de prisão perpétua:
- uma pelo assassinato de duas crianças (um primo e uma prima), outra pelo assassinato do tio e a terceira por ter cometido múltiplos assassinatos;
- foi também condenado a 25 anos de prisão pelo assassinato da tia.
pela legislação espanhola as três penas de prisão perpétua podem ser revistas - uma, duas ou mesmo as três - após o cumprimento da pena de 25 anos (sendo este o motivo da pena perpétua ser chamada de prisão permanente revisável.]
O tribunal seguiu a sentença solicitada pela acusação e até levou em consideração à tese da Defesa, dizendo que Patrick Nogueira sofre de uma "anormalidade cerebral". No entanto, no momento do fato, a juíza sentenciou que isso não limitou seja a capacidade de conhecer e entender o que estava fazendo. Trazendo o caso para o contexto jurídico brasileiro, não há equivalência a nenhum processo penal e nem semelhança com a prisão permanente revisável, que já é comum na Espanha.
François Patrick Nogueira sentou no banco dos réus no dia 24 de outubro, na Espanha (Crédito: Reprodução/TV Cabo Branco)
O crime
Patrick Nogueira
chegou à casa onde seus tios viviam em Pioz, cidade perto de
Guadalajara, em 17 de Agosto de 2016, com pizzas e uma mochila, na qual
continha um facão, luvas, sacos de lixo e fita lacre. Ele comeu acompanhado de sua tia Janaína e, quando ela estava na
cozinha lavando a louça, matou-a dando-lhe dois cortes no pescoço com o
facão. Ele fez isso na presença dos primos, María Carolina, de 3 anos e
10 meses, e Davi, de um ano e meio, que também foram mortos com facadas
no pescoço. Enquanto cometia os crimes, ele trocava mensagens por Whatsapp com um amigo brasileiro, Marvin Henriques, investigado por suposta cumplicidade. Finalmente, ele esperou a chegada do tio, que foi surpreso com 14 golpes de faca no pescoço. Ele chegou a esquartejar os corpos e colocar em um saco de lixo, mas o caso foi descoberto um mês depois por causa do cheiro que emanava da casa.
AFP
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quarta-feira, 20 de setembro de 2017
S. Excia, a grana
Michel Temer, Eduardo Cunha e Henrique Alves foram identificados como beneficiários de propinas de US$ 8,2 milhões (R$ 26,2 milhões) pagas pela Odebrecht fora do Brasil
Sua
Excelência, o fato: o presidente da República, Michel Temer, e os
ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves foram
identificados como beneficiários de pagamentos de US$ 8,2 milhões (ou R$
26,2 milhões) realizados pelo grupo Odebrecht fora do Brasil. Os
ex-deputados Cunha e Alves estão presos.
O dinheiro para os “pagamentos a Eduardo Cunha, Michel Temer e Henrique Eduardo Alves”, como definem o Ministério Público e a Polícia Federal, saiu das contas (nº 244006, 244001, 244035, 244003) no Meinl Bank Antigua, no Caribe, mantidas pelas empresas Klienfeld, Trident, Innovation e Magna.
Esse quarteto empresarial foi criado pela empreiteira no Panamá. O Meinl Bank Antigua era administrado pelos executivos do departamento de propinas da Odebrecht. Eles compraram o controle em 2010 por US$ 3,9 milhões (R$ 12,4 milhões). Estima-se que nesse banco a empreiteira tenha movimentado US$ 1,6 bilhão (R$ 5,1 bilhões) até 2015, quando foi preso o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht.
Cópias de alguns dos extratos bancários estão anexados na denúncia contra o “PMDB da Câmara”, por associação criminosa, apresentada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal na semana passada. Foram obtidos a partir de informações disponíveis no sistema eletrônico usado pela Odebrecht no controle de propinas. Extraíram-se um milhão de arquivos de computadores em Estocolmo, na Suécia — comprovantes, planilhas e e-mails, entre outros registros.
O pagamento de US$ 8,2 milhões a Temer, Cunha e Alves foi realizado no período de 1º de junho a 25 de novembro de 2011. Do Meinl Bank, o dinheiro seguiu em nove remessas para contas bancárias da GVTEL Corp., no número 22 da Rua Río Umia, na espanhola Pontevedra. Zona portuária no sul da Galícia, Pontevedra foi onde Cristóvão Colombo contratou a nau capitânia Santa Maria, a “Galega”, que o trouxe à América num outubro de 525 anos atrás (a embarcação naufragou no Haiti).
A GVTEL possuía uma subsidiária, Vivosant, no outro lado da cidade, no prédio 15 da Rua Manuel Quiroga. Nos arquivos de Pontevedra, a matriz prestava serviços de telecomunicações e a controlada atuava no tratamento de lixo. Na vida real, eram empresas de papel. O pagamento a Temer, Cunha e Alves foi transferido para a conta de uma outra empresa laranja da Odebrecht, a Grand Flourish, mantida no banco Pictet & Cie, em Cingapura, no Oceano Índico, a sete mil quilômetros de distância da costa galega.
O Supremo foi informado de que o volume de propinas é bem maior: a Odebrecht pagou pelo menos US$ 20,8 milhões (R$ 66,5 milhões) a políticos do “PMDB da Câmara dos Deputados”, no período de 2010 a 2012, pelas mesmas empresas-laranjas do Panamá que usou “para pagamentos a Eduardo Cunha, Michel Temer e Henrique Eduardo Alves”.
A lavagem incluiu a GVTEL e a Grand Flourish, em transações por Antígua, Cidade do Panamá, Nova York, Madri, Berna e Cingapura. Começou com 18 etapas — quatro remessas para a Grand Flourish e 14 para a GVTEL.
Houve um tempo em que na política brasileira predominava Sua Excelência, o fato. Na denúncia ao Supremo, os fatos sugerem que o PMDB de Temer, Cunha e Alves concedeu primazia a Sua Excelência, a grana.
Fonte: José Casado - O Globo
O dinheiro para os “pagamentos a Eduardo Cunha, Michel Temer e Henrique Eduardo Alves”, como definem o Ministério Público e a Polícia Federal, saiu das contas (nº 244006, 244001, 244035, 244003) no Meinl Bank Antigua, no Caribe, mantidas pelas empresas Klienfeld, Trident, Innovation e Magna.
Esse quarteto empresarial foi criado pela empreiteira no Panamá. O Meinl Bank Antigua era administrado pelos executivos do departamento de propinas da Odebrecht. Eles compraram o controle em 2010 por US$ 3,9 milhões (R$ 12,4 milhões). Estima-se que nesse banco a empreiteira tenha movimentado US$ 1,6 bilhão (R$ 5,1 bilhões) até 2015, quando foi preso o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht.
Cópias de alguns dos extratos bancários estão anexados na denúncia contra o “PMDB da Câmara”, por associação criminosa, apresentada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal na semana passada. Foram obtidos a partir de informações disponíveis no sistema eletrônico usado pela Odebrecht no controle de propinas. Extraíram-se um milhão de arquivos de computadores em Estocolmo, na Suécia — comprovantes, planilhas e e-mails, entre outros registros.
O pagamento de US$ 8,2 milhões a Temer, Cunha e Alves foi realizado no período de 1º de junho a 25 de novembro de 2011. Do Meinl Bank, o dinheiro seguiu em nove remessas para contas bancárias da GVTEL Corp., no número 22 da Rua Río Umia, na espanhola Pontevedra. Zona portuária no sul da Galícia, Pontevedra foi onde Cristóvão Colombo contratou a nau capitânia Santa Maria, a “Galega”, que o trouxe à América num outubro de 525 anos atrás (a embarcação naufragou no Haiti).
A GVTEL possuía uma subsidiária, Vivosant, no outro lado da cidade, no prédio 15 da Rua Manuel Quiroga. Nos arquivos de Pontevedra, a matriz prestava serviços de telecomunicações e a controlada atuava no tratamento de lixo. Na vida real, eram empresas de papel. O pagamento a Temer, Cunha e Alves foi transferido para a conta de uma outra empresa laranja da Odebrecht, a Grand Flourish, mantida no banco Pictet & Cie, em Cingapura, no Oceano Índico, a sete mil quilômetros de distância da costa galega.
O Supremo foi informado de que o volume de propinas é bem maior: a Odebrecht pagou pelo menos US$ 20,8 milhões (R$ 66,5 milhões) a políticos do “PMDB da Câmara dos Deputados”, no período de 2010 a 2012, pelas mesmas empresas-laranjas do Panamá que usou “para pagamentos a Eduardo Cunha, Michel Temer e Henrique Eduardo Alves”.
A lavagem incluiu a GVTEL e a Grand Flourish, em transações por Antígua, Cidade do Panamá, Nova York, Madri, Berna e Cingapura. Começou com 18 etapas — quatro remessas para a Grand Flourish e 14 para a GVTEL.
Houve um tempo em que na política brasileira predominava Sua Excelência, o fato. Na denúncia ao Supremo, os fatos sugerem que o PMDB de Temer, Cunha e Alves concedeu primazia a Sua Excelência, a grana.
Fonte: José Casado - O Globo
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quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Promotores espanhóis pedem prisão de Neymar por fraude
Promotoria pede prisão de Neymar por fraude em transferência para o Barcelona
[mera questão de tempo Neymar ser encarcerado e mostrar seus talentos futebolísticos nas tradicionais peladas que ocorrem nas penitenciárias durante o banho de sol.]
A promotoria espanhola pediu nesta quarta-feira dois anos de prisão de Neymar e cinco anos para o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell por crimes de corrupção e fraude na contratação do atacante junto ao Santos, em 2013. Além disso, a promotoria também pede que o craque pague uma multa de € 10 milhões (quase R$ 36 milhões).A justiça espanhola tinha arquivado o processo em julho desse ano, mas a promotoria recorreu e reabriu o caso em setembro. No início de novembro, pouco mais de um mês depois, o juiz José de la Mata aceitou denúncia contra Neymar e seu pai por fraudes fiscais na transferência do jogador. O atual presidente do clube catalão Josep Maria Bartomeu e seu antecessor, Sandro Rosell, também estavam sendo investigados.
Ao contrário do que aconteceu na primeira vez em que o processo foi
aberto, o Barcelona não foi denunciado. Em maio o clube já havia se
declarado culpado por evasão de divisas e pagou multa de até 6 milhões
de euros.
RELEMBRE O CASO
A causa contra Neymar foi iniciada a partir de denúncia do grupo de investimento DIS, que detinha direitos econômicos sobre Neymar na época do Santos, em junho de 2015. O grupo tinha direito a 40% do valor da transação feita entre Santos, o pai de Neymar e o Barcelona. Mas diz ter sofrido prejuízo porque o negócio teria sido fechado por quantias maiores do que o oficialmente informado.
Segundo a Promotoria, o Barcelona simulou contratos para pagar um valor menor ao DIS e, por isso, o grupo deve ser indenizado em cerca de 3,3 milhões de euros. O Barcelona pagou ao DIS 40% de 17,1 milhões de euros, quando deveria ter pago ao grupo 40% de 25,1 milhões de euros.
RELEMBRE O CASO
A causa contra Neymar foi iniciada a partir de denúncia do grupo de investimento DIS, que detinha direitos econômicos sobre Neymar na época do Santos, em junho de 2015. O grupo tinha direito a 40% do valor da transação feita entre Santos, o pai de Neymar e o Barcelona. Mas diz ter sofrido prejuízo porque o negócio teria sido fechado por quantias maiores do que o oficialmente informado.
Segundo a Promotoria, o Barcelona simulou contratos para pagar um valor menor ao DIS e, por isso, o grupo deve ser indenizado em cerca de 3,3 milhões de euros. O Barcelona pagou ao DIS 40% de 17,1 milhões de euros, quando deveria ter pago ao grupo 40% de 25,1 milhões de euros.
Por fim, a Promotoria Espanhola diz que a transação para contratar
Neymar custou aos cofres do clube 83,3 milhões de euros, e não 57,1
milhões de euros, como sempre alegou o Barça.
CRAQUE ESTÁ TRANQUILO
A NN consultoria, empresa do pai de Neymar, afirmou que o craque estava tranquilo e divulgou uma nota: “Reiteramos que se trata do mesmo processo reaberto em setembro de 2016, que havia sido arquivado pelo juiz José de la Mata. (...) Continuamos tranquilos, porque todos os contratos foram firmados com respeito aos preceitos legais, éticos e morais e com a ciência do Santos Futebol Clube e FC Barcelona”. [alguém tem que explicar para o pai do acusado que processo reaberto costuma ser mais complicado para o réu, haja vista que a decisão de reabertura sempre é adotada após uma análise mais cuidadosa das provas. Já arquivamentos costumam ocorrem em decisões tomadas de forma açodada.]
PROCESSO TAMBÉM NO BRASIL
A investigação sobre Neymar na Espanha é diferente, embora tenha relação, do cerco imposto pela Receita Federal do Rio de Janeiro ao atacante do Barcelona. No Brasil, Neymar é investigado por supostamente fazer uso de empresas e de contratos de imagem para mascarar ganhos como pessoa física, de forma a reduzir o percentual de impostos recolhidos.
Em fevereiro deste ano, o atacante e seu pai tiveram que prestar depoimento, na condição de investigados, em tribunal em Madri, a capital da Espanha. Ambos foram chamados para esclarecer à Justiça espanhola se houve tentativa de ocultar os valores da negociação que o tirou do Santos e o colocou no Barcelona. Caso reaberto e que agora teve, por intermédio da promotoria espanhola, o pedido de prisão de Neymar.
Fonte: O Globo
CRAQUE ESTÁ TRANQUILO
A NN consultoria, empresa do pai de Neymar, afirmou que o craque estava tranquilo e divulgou uma nota: “Reiteramos que se trata do mesmo processo reaberto em setembro de 2016, que havia sido arquivado pelo juiz José de la Mata. (...) Continuamos tranquilos, porque todos os contratos foram firmados com respeito aos preceitos legais, éticos e morais e com a ciência do Santos Futebol Clube e FC Barcelona”. [alguém tem que explicar para o pai do acusado que processo reaberto costuma ser mais complicado para o réu, haja vista que a decisão de reabertura sempre é adotada após uma análise mais cuidadosa das provas. Já arquivamentos costumam ocorrem em decisões tomadas de forma açodada.]
PROCESSO TAMBÉM NO BRASIL
A investigação sobre Neymar na Espanha é diferente, embora tenha relação, do cerco imposto pela Receita Federal do Rio de Janeiro ao atacante do Barcelona. No Brasil, Neymar é investigado por supostamente fazer uso de empresas e de contratos de imagem para mascarar ganhos como pessoa física, de forma a reduzir o percentual de impostos recolhidos.
Em fevereiro deste ano, o atacante e seu pai tiveram que prestar depoimento, na condição de investigados, em tribunal em Madri, a capital da Espanha. Ambos foram chamados para esclarecer à Justiça espanhola se houve tentativa de ocultar os valores da negociação que o tirou do Santos e o colocou no Barcelona. Caso reaberto e que agora teve, por intermédio da promotoria espanhola, o pedido de prisão de Neymar.
Fonte: O Globo
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terça-feira, 23 de agosto de 2016
O rival de Paes
Na cidade remodelada, com saúde, transporte e habitação insuficientes, emergiu uma nova liderança. O problema do prefeito é a paixão pela própria imagem no espelho
Aconteceu na
primavera de oito anos atrás. O Rio acabara de passar à fase final da
disputa para sediar a Olimpíada de 2016 com Chicago (EUA), Tóquio
(Japão) e Madri (Espanha). A delegação do Brasil foi comemorar
num restaurante aos pés da Acrópole de Atenas — obra simbólica da
modernidade da Grécia do século V, antes de Cristo, erguida por
Péricles, um democrata reformador, sob influência da mulher Aspásia de
Mileto, e com ajuda do escultor Fídias, cuja empreitada foi marcada por
acusações de desvio de verbas.
À mesa sentaram-se burocratas olímpicos, ministros do governo Lula, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Cesar Maia, ladeado pelo então secretário estadual de Esportes Eduardo Paes. “Era um fim de tarde maravilhoso”, recorda uma testemunha. A vitória do Rio na seleção para a final cicatrizava feridas políticas. Maia e Paes, por exemplo, degustavam cervejas gregas como se não houvesse um passivo sobre a mesa: num flerte com a soberba, o prefeito vitorioso em três eleições vetara o secretário de Esportes na disputa sucessória.
Maia liderava o DEM e costurara um acordo com o PMDB excluindo Paes. O prefeito, à época com 63 anos, apostava na eleição de quatro meses à frente como trampolim para a disputa presidencial dois anos depois. Esse acordo durou até às vésperas da viagem a Atenas. Foi quando o PMDB de Cabral trocou o DEM de Maia pela aliança com o PT de Lula. O candidato passou a ser Alessandro Molon (hoje na Rede).
Cervejas gregas não são boas, concordaram Maia e Paes, que logo passaram ao inevitável — mágoas e eleições. Maia falou sobre lealdades na política. Mencionou a “entrega” da cabeça de Paes pelo PMDB. Ele conteve uma reação da mulher, Cristine, e lembrou a Maia que podia esperar, tinha apenas 39 anos. De madrugada, no hotel em Atenas, Maia foi surpreendido por notícias sobre o rompimento do acordo PMDB-PT, seguido pelo anúncio da candidatura de Paes. Lula avalizava, optando por rifar “esse Molon” — como habitualmente se referia ao seu candidato no Rio.
Oito anos depois, Maia é vereador e Paes é prefeito, em segundo mandato, de uma cidade olímpica orgulhosa por ter limpado a poeira do cartão-postal. Por trás do legado, visível numa metrópole esteticamente remodelada para os Jogos, mas ainda deficiente em transportes, saúde e habitação, consolidou-se no Estado do Rio uma nova liderança política.
Paes deverá ser o mais influente eleitor no embate municipal, em outubro, a bordo de duas candidaturas — a do PMDB é mais visível—, e de uma virtual aliança com o PSDB, na qual se ajeita o DEM, com tempo de propaganda superior à soma dos adversários. O prefeito anuncia que planeja disputar o governo estadual em 2018. É, hoje, o pré-candidato com maior viabilidade. E é, também, o mais volátil. Frequentemente se deixa atropelar pela presunção e intolerância à crítica. Num exemplo recentemente, sugeriu a moradores/eleitores insatisfeitos que se mudassem do Rio e definiu a cidade vizinha de Maricá como “uma merda de lugar”.
Do antecessor Maia, herdou a paixão pela própria imagem no espelho. Por isso, o maior rival político de Paes continua sendo ele mesmo.
À mesa sentaram-se burocratas olímpicos, ministros do governo Lula, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Cesar Maia, ladeado pelo então secretário estadual de Esportes Eduardo Paes. “Era um fim de tarde maravilhoso”, recorda uma testemunha. A vitória do Rio na seleção para a final cicatrizava feridas políticas. Maia e Paes, por exemplo, degustavam cervejas gregas como se não houvesse um passivo sobre a mesa: num flerte com a soberba, o prefeito vitorioso em três eleições vetara o secretário de Esportes na disputa sucessória.
Maia liderava o DEM e costurara um acordo com o PMDB excluindo Paes. O prefeito, à época com 63 anos, apostava na eleição de quatro meses à frente como trampolim para a disputa presidencial dois anos depois. Esse acordo durou até às vésperas da viagem a Atenas. Foi quando o PMDB de Cabral trocou o DEM de Maia pela aliança com o PT de Lula. O candidato passou a ser Alessandro Molon (hoje na Rede).
Cervejas gregas não são boas, concordaram Maia e Paes, que logo passaram ao inevitável — mágoas e eleições. Maia falou sobre lealdades na política. Mencionou a “entrega” da cabeça de Paes pelo PMDB. Ele conteve uma reação da mulher, Cristine, e lembrou a Maia que podia esperar, tinha apenas 39 anos. De madrugada, no hotel em Atenas, Maia foi surpreendido por notícias sobre o rompimento do acordo PMDB-PT, seguido pelo anúncio da candidatura de Paes. Lula avalizava, optando por rifar “esse Molon” — como habitualmente se referia ao seu candidato no Rio.
Oito anos depois, Maia é vereador e Paes é prefeito, em segundo mandato, de uma cidade olímpica orgulhosa por ter limpado a poeira do cartão-postal. Por trás do legado, visível numa metrópole esteticamente remodelada para os Jogos, mas ainda deficiente em transportes, saúde e habitação, consolidou-se no Estado do Rio uma nova liderança política.
Paes deverá ser o mais influente eleitor no embate municipal, em outubro, a bordo de duas candidaturas — a do PMDB é mais visível—, e de uma virtual aliança com o PSDB, na qual se ajeita o DEM, com tempo de propaganda superior à soma dos adversários. O prefeito anuncia que planeja disputar o governo estadual em 2018. É, hoje, o pré-candidato com maior viabilidade. E é, também, o mais volátil. Frequentemente se deixa atropelar pela presunção e intolerância à crítica. Num exemplo recentemente, sugeriu a moradores/eleitores insatisfeitos que se mudassem do Rio e definiu a cidade vizinha de Maricá como “uma merda de lugar”.
Do antecessor Maia, herdou a paixão pela própria imagem no espelho. Por isso, o maior rival político de Paes continua sendo ele mesmo.
Fonte: José Casado, jornalista - O Globo
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Tóquio
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Parolagens olímpicas
De que servirão instalações e legado olímpicos para os pobrezinhos da Cidade de Deus?
Publicado
no Blog do Nêumanne
No último fim de semana, em entrevista à GloboNews, emissora oficial do evento, com 16 canais de transmissão, o presidente do COB e do Comitê Organizador da Rio 2016, Carlos Artur Nuzman, qualificou como “positivo” o balanço da primeira semana do evento. Na certa, ele não considerou as perspectivas de desempenho atlético, longe de assegurar o acesso do País ao Primeiro Mundo dos campeões olímpicos, mas o mantém no vexaminoso lugar de sempre, com poucos acessos ao pódio, se comparados com inscrições de atletas em disputas. Ainda assim, o ufanismo irrealista do atleta que virou cartola não produziu a primeira parolagem pública a virar notícia na primeira semana dos torneios.
Antes do festejado espetáculo de abertura, que encantou jornalistas estrangeiros, prontos para dar notícias sobre vítimas da zika e da chikungunya e velejadores contaminados pelas fezes boiando na deslumbrante Baía da Guanabara, que inspirou o compositor Cole Porter, começaram a pipocar no noticiário os senões e, depois deles, a enxurrada de declarações desastrosas, que ascendeu ao pináculo do poder político.
Uma bala perdida estilhaçou o retrovisor de uma viatura da Guarda Nacional, convocada a participar da segurança da capital olímpica mundial, mas logo fomos tranquilizados: aquele “incidente” nada teve que ver com os Jogos Olímpicos. Que, no fim das contas, nem tinham sido inaugurados.
Primeiros a ocupar a bela Vila Olímpica inacabada, os atletas australianos nem entraram em seus alojamentos, de vez que não dispunham de condições adequadas. Diante das notícias, o prefeito parlapatão da antiga Cidade Maravilhosa brincou com a hipótese de providenciar cangurus para divertirem os incômodos hóspedes incomodados. A piada infame não foi levada em conta e Eduardo Paes terminou ganhando um canguruzinho de pelúcia.
Antes dos australianos, os homens da Guarda Nacional não encontraram chuveiros nem camas adequadas nas casas que lhes foram reservadas e também foram vitimados pela incúria dos gestores.
O deslumbramento dos espectadores com o espetáculo de abertura não impediu os desastres da infraestrutura. Plateias das arenas não viram os jogos porque as filas impediram. O público que compareceu à estreia do torneio de futebol feminino perdeu parte do jogo porque alguém escondeu o cadeado que abriria um portão da Arena Nilton Santos, craque que não merecia homenagem desse jaez. No primeiro dia, faltou comida nos equipamentos esportivos, pois não havia quem a fornecesse na quantidade necessária. Foram convocados concessionários de quiosques, mas as refeições não atenderam à procura por falta de quem as servisse. Garçons foram contratados, mas aí faltou a matéria-prima demandada.
Até o décimo dia depois da abertura, não se registrou nenhum dos temidos ataques terroristas. Isso, contudo, não impediu que houvesse uma baixa: o PM Hélio Vieira Andrade, de Roraima, foi morto com um tiro na cabeça, dirigindo uma viatura ocupada por outros dois militares de fora do Rio: um capitão do Acre e um praça do Piauí. Não foi um “acidente”, como definiu o presidente em exercício, Michel Temer, de forma pra lá de desastrosa. E, de fato, o assassinato não “deslustrou” a Olimpíada. Serviu, sim, foi para exibir a sesquipedal desumanidade insensível dos poderosos chefões de nossa República.
Ocupada em se livrar do impeachment inevitável, a presidente afastada, Dilma Rousseff, não se dignou sequer a lamentar a morte do agente a serviço da lei. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou que a Guarda Nacional errou, por ter entrado em local ocupado por traficantes de drogas. Nada disse de novo: todos sabem que tais traficantes invadiram partes do território brasileiro como se comandassem facções do Estado Islâmico em terreno hostil. O tido como inviolável esquema de segurança não havia contado com esse fato notório para qualquer brasileiro de posse de suas faculdades mentais.
Aliás, Alexandre de Moraes preferiu disputar uma modalidade na qual o Brasil é imbatível: brigar com um colega do governo por um lugar no pódio dos noticiários. Às vésperas da Olimpíada, com a Amazônia e a capital do Rio Grande do Norte ardendo, ele instalou seu QG no Rio para se mostrar ao mundo como comandante do aparato federal de segurança da Olimpíada, competindo com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen. Menos exibicionista do que o civil, o militar optou por desaparecer.
Ao inventar o balanço “positivo” da Rio 2016, seu encarregado em chefe, Nuzman, perdeu uma excelente ocasião para mostrar que a incompetência dele e de sua equipe produziu pelo menos uma revolução nos hábitos e costumes nacionais. Logo no começo da Olimpíada, um ônibus da organização com jornalistas patrícios e estrangeiros foi acertado por um “objeto contundente” desconhecido. Antes que a polícia fluminense o identificasse, outro similar foi atirado contra outro ônibus no mesmo local. A diferença entre os dois incidentes (ou melhor, “acidentes”, como prefere o presidente) é que o segundo, ao contrário do primeiro, não feriu ninguém. Ambos são adicionados aos crimes sem autoria conhecida na cidade. Só que desta vez ninguém pôs tranca na porta arrombada.
Nenhum desses casos produziu feridos, graças a Deus. Da mesma forma que o assalto à mão armada a atletas americanos saindo de uma festa na Hípica. Ao contrário de seus colegas, Ryan Lochte, nadador que conquistou medalha de ouro num revezamento, não se deitou no asfalto, como exigiam seus assaltantes. Nem por isso o grupo foi executado friamente, como sempre o fazem os bandidos. E assim estes não prejudicaram a imagem do Rio e do Brasil no exterior seria se tivessem assassinado (por “acidente”?) um ianque com uma medalha dourada no peito, mantido intacto, em prova inconsciente de respeito hospitaleiro ao insigne visitante.
Idêntica cortesia foi negada ao atleta pelo ministro dos Esportes de Banânia. Do alto de seu espírito hospitaleiro de carioca da gema, Leonardo Picciani, o garoto cujas bochechas denotam uma vida sedentária, sem pretensões esportivas, criticou o visitante porque este não estaria em hora nem em lugar apropriados. Segundo a autoridade, cujo topete é digno dos “embalos de sábado à noite” nos anos 1970, a segurança da Olimpíada no Rio de Janeiro é “absolutamente eficiente” nas competições e nos treinos em Deodoro, no Engenho de Dentro e nas arenas. Sua constatação é desmentida pelas falhas na revista pessoal e de bolsas de pessoas com ingresso e pelos flagrantes postados pela delegação chinesa de pessoas se escondendo de um tiroteio. Não foi só para contrariá-lo que, nesta segunda-feira, 15, rompeu-se um cabo de aço que sustentava uma câmara de TV, que desabou, atingindo sete pessoas, quatro delas levadas ao hospital.
No instante em que Picciani perpetrava aquela idiotice, o sociólogo britânico David Goldblatt, especialista em Jogos Olímpicos, dava entrevista a Silo Bocanera, da GloboNews, desmentindo a bazófia de que Olimpíadas deixam legados de interesse social, como garantiram Lula, Sérgio Cabral e Eduardo Paes em Genebra, em 2009, após o anúncio da vitória do Rio sobre Tóquio, Madri e Chicago. O scholar disse ainda que todo o lucro de tais eventos vai para o COI, o maior culpado pela crônica do desastre anunciado em nossos gaiatos trópicos à beira-mar.
E reduziu a pó a teoria de Paes de que a iniciativa privada assumiu a maior parte das despesas na primeira Olimpíada na América do Sul. Para Goldblatt, esta só serve para enriquecer corruptos, pois se gasta mesmo é em obras públicas, que invariavelmente viram elefantes brancos, sem serventia para nada. Até agora não apareceu ninguém para informar de que servirão o Parque Olímpico de Deodoro e o Bulevar do Porto para os pobrezinhos da Cidade de Deus, onde nasceu e foi criada a judoca de ouro Rafaela Silva.
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