Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador profeta. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador profeta. Mostrar todas as postagens

sábado, 4 de novembro de 2023

Assassinos - Valdemar Munaro

       Os tristes episódios perpetrados em Israel por terroristas do Hamas podem já ser inferidos e contemplados na fundação histórica do Islã. Conforme biografia sobre Maomé, escrita por Barnarby Rogerson, a Arábia no nascente Islamismo do século VII d. C., era habitada também por muitos judeus. Centenas deles que resistiram à nova fé, foram mortos e degolados na presença do próprio Profeta e com sua aprovação.

A terra sagrada de Meca e Medina guarda, portanto, de modo silencioso e sôfrego, o sangue judaico de decapitados. Judeus e muçulmanos, sabemos, são descendentes e herdeiros do mesmo cavaleiro da fé (expressão de Kierkegaard), Abraão, e se tornaram irmãos pela benevolência e graça de Deus, mas, ao longo do tempo, vergaram-se à desgraça de uma fraternidade assassina que rasga os mantos da comunhão enchendo de dor e medo os amantes da paz e da concórdia.

O terrorismo fere o Islã tanto quanto fere qualquer outra expressão religiosa. A vida do Profeta, por sua vez, honestamente falando, não foi cem por cento limpa, nem pura. Ao se casar pela quinta vez, em 626, com Zaynad, sua linda nora, Maomé rompeu com o mandamento que ele mesmo tinha estabelecido para todos os muçulmanos: ter no máximo quatro esposas. Mas Ele resolveu o dilema com uma revelação que veio em benefício de si mesmo: a sura 33 lhe concedeu carta branca para se casar uma quinta vez: "Ó Profeta", diz o versículo 50, "tornamos legais para ti as tuas esposas (...) e qualquer outra mulher crente que se oferecer ao Profeta e que ele quiser desposar: privilégio teu, com exclusão dos demais crentes (...)".
 
O poeta, Ka'b ibn al-Ashraf, descendente de uma tribo judaica em Medina, ironizou um casamento anterior que Maomé tinha contraído com uma outra mulher, Hafsah, viúva de um homem que pereceu numa batalha muçulmana. O poeta comparou o comportamento de Maomé com aquele de Davi que enviou o general e amigo Jônatas à morte, pondo-o à frente de um conflito, para poder ficar depois com Betsabé, sua esposa. 
Ka'b foi oportunamente esfaqueado e morto por ofender e difamar o Profeta. 
Mas se o Alcorão do Profeta e o Profeta do Alcorão chancelam a eliminação de infiéis, o que se pode esperar de seus discípulos radicais?!

O século VII, nas regiões da Arábia, registrava a presença de muitos judeus, muito embora não existisse, naquele então, o estado de Israel. Na ocasião em que o exército muçulmano se aproximou de Medina para conquistá-la um dos seus guerreiros bradou: "Nós enfrentamos duas coisas: ou Deus garantirá a superioridade sobre eles, ou Deus nos destinará o martírio. Eu não me importo sobre qual seja o destino - pois existe o bem em ambos".

Em outras palavras, é este o leitmotiv da cruzada terrorista: no seu reino deve haver uma só cor, uma só cultura, uma só crença, um só livro, um só povo, um só modo de ser e de pensar. Nos seus ideais não deve haver lugar para meios-termos, meias-luas, pardos, mestiços e miscigenados. Deve ser o tudo ou o nada, a raça pura ou a impura, o fiel ou o infiel. "Os revolucionários", diz o historiador polonês Leszek Kolakowski, "não creem no purgatório; creem na via sacra, no inferno e no paraíso, no reino da libertação total e no reino do mal total".

Pode ser paradoxal, mas foi exatamente esse fundamentalismo extremista religioso que se acrescentou à atividade revolucionária marxista, ateia e materialista, temperando com tentações purificadoras as ações radicais que praticam, desdenhando excrescências maniqueístas de limpeza étnica e cultural. Assassinos, terroristas e revolucionários se assemelham em tudo com seus métodos e objetivos: estrangular violentamente as diferenças, abater sem piedade os desconfortos plurais, instalar pela força as hegemonias ideológicas culturais, políticas ou religiosas.

LER NA ÍNTEGRA,AQUI

*       Em Santa Maria, 03/11/2023

**     O autor é professor de Filosofia

 

domingo, 15 de janeiro de 2023

Dino sobre acusações de que poderia ter impedido atos: 'Não sou profeta'

Nas redes sociais, Flávio Dino argumentou que não cabe o Ministério da Justiça o comando do policiamento ostensivo nem a segurança institucional da Esplanada

[estamos diante da primeira baixa entre os 37 ?]

O ministro da Justiça, Flávio Dino, se defendeu novamente das acusações de que poderia ter feito algo para evitar os atos terroristas do último domingo (8/1). A declaração foi publicada nas redes sociais do ministro, na manhã deste sábado (14/1), logo após a repercussão do depoimento do governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB), na tarde desta sexta-feira (13/1).

Pelas redes sociais, Flávio Dino argumentou que não cabe o Ministério da Justiça o comando do policiamento ostensivo nem a segurança institucional da Esplanada e que seria chamado de ditador caso tivesse proposto uma intervenção federal antes dos atos antidemocráticos. “A direita golpista insiste no desvario que eu poderia ter evitado os eventos do dia 8. Esclareço, mais uma vez, que o Ministério da Justiça não comanda policiamento ostensivo nem segurança institucional. A não ser em caso de intervenção federal, que ocorreu na tarde do dia 8”, disse Dino.

O ministro destacou ainda um trecho da Constituição Federal que reforça que as atribuições sobre a segurança pública dos três prédios cabem à Polícia Militar. “Fico pensando se eu tivesse proposto intervenção federal antes dos eventos do dia 8. O que diriam: “ditadura bolivariana, Coreia do Norte, Cuba, etc etc”. Propus intervenção federal com base real, não com base em presunções. Não sou profeta. Tampouco “engenheiro de obra pronta”, pontuou Flávio Dino.

Ontem, em depoimento espontâneo à Polícia Federal (PF), Ibaneis afirmou que manteve o ministro Flávio Dino informado dos protestos. A defesa do governador apresentou um documento assinado pelo próprio Flávio Dino para refutar as declarações dadas pelo ministro ao longo da semana de que o GDF não montou um plano operacional robusto de segurança para conter os protestos que vinham sendo propagandeados nas redes sociais. 

No documento, o ministro apontava que uma investigação da Polícia Federal havia informado sobre a possibilidade de os prédios dos Três Poderes seriam alvos de ações violentas. No entanto, o ofício enviado pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP) solicitava apenas o bloqueio da circulação de ônibus de turismo na Esplanada dos Ministérios, mas não pedia para proibir a circulação de pessoas entre a Torre TV e a Esplanada. [CLIQUE AQUI, para saber mais.]

Política - Correio Braziliense - SAIBA MAIS


quarta-feira, 2 de junho de 2021

O COMUNISMO, O INTELECTUAL E O PROFETA - Percival Puggina

Em seu livro “Post-Capitalist Society”, Peter Drucker sustenta a ideia de que a derrubada do credo marxista significou “o final da fé na salvação pela sociedade”. Justificadamente convergem a esse autor o reconhecimento mundial como perito em Administração e como analista de seu tempo. Na nota introdutória da referida obra, Drucker afirma:

O comunismo faliu como sistema econômico. Em lugar de criar riqueza, criou pobreza; em lugar de criar igualdade econômica, criou uma nomenclatura de funcionários que gozavam de privilégios sem precedentes. Mas foi como credo que faliu porque não criou o homem novo; em seu lugar fez aparecer e reforçou tudo que havia de pior no velho Adão: corrupção, cobiça, ânsia de poder, inveja e desconfiança mútua, mesquinha tirania e “secretismo”; a mentira, o roubo, a denúncia, e, acima de tudo, o cinismo. O comunismo, o sistema, teve seus  heróis, mas o marxismo, o credo, não teve um único santo.

Essa exata descrição da realidade foi escrita três anos após os fatos de 1989, quando a abertura do Muro de Berlim suscitou o vendaval que pôs por terra todo o castelo de cartas a que estava reduzido o imperialismo soviético após quatro décadas de muita propaganda e ainda maiores e mais numerosas frustrações.

O que me chama atenção como leitor de Drucker é a semelhança existente entre essas considerações de seu livro e o que, cem anos antes, escrevera Leão XIII, em 1891, na Encíclica Rerum Novarum. Naquele pequeno documento, destinado à reflexão dos povos e dos governos da Terra, o admirável pontífice profetizara sobre o que aconteceria onde o comunismo viesse a ser implantado. Note-se que esse regime só teria testes de campo a partir de 1917, ou seja, um quarto de século após a publicação da encíclica. Vicenzo Gioachino Pecci, esse era o nome de batismo do sábio profeta, não pode ver em vida a perfeição de suas previsões, pois faleceu em 1903. É impossível lê-lo, porém, sem ser impactado pela lucidez com que abriu o véu do futuro e anteviu, no emaranhado de ciências sociais envolvidas, o desastroso produto final daquele regime. Eis suas palavras sobre o comunismo, escritas, repito, em 1889:

Mais além da injustiça de seu sistema, veem-se bem todas as suas funestas consequências, a perturbação de todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias; o talento e a habilidade privados de seus estímulos, e, como consequência necessária, as riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar da igualdade tão sonhada, a igualdade na nudez, na indigência e na miséria.

Cem anos inteiros separaram o consagrado analista Peter Drucker do profético Vicenzo Gioacchino Pecci (Leão XIII). Deste último, ninguém sabe o nome e poucos, muito poucos, têm notícia da admirável previsão disponibilizada por ele à humanidade que muito, dela, se poderia ter beneficiado.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

segunda-feira, 8 de junho de 2020

A INVEJA MATA - Percival Puggina

Na encíclica Rerum Novarum, publicada em 1891, época em que o comunismo era apenas uma tese ainda distante um quarto de século de sua primeira experiência, o papa Leão XIII, referindo-se a esse modelo, escreveu: “Além da injustiça do seu sistema, vêem-se bem todas as suas funestas conseqüências, a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias; 
o talento e a habilidade privados dos seus estímulos, e, como conseqüência necessária, as riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar dessa igualdade tão sonhada, a igualdade na nudez, na indigência e na miséria”. Foi profeta. A história veio lhe dar inteira razão.

 No entanto, se as previsões do sábio pontífice foram confirmadas e pouca gente esclarecida rejeita suas afirmações sobre a ineficácia do sistema comunista, tem passado meio despercebida a relação entre comunismo e inveja (e poderíamos acrescentar “entre os totalitarismos e a inveja”) cuja existência ele tão fortemente sublinhou. A inveja nasce da comparação e se afirma como um duplo sentimento negativo: a alegria pelo mal alheio e a tristeza pelo bem alheio. Os moralistas (estudiosos das questões relativas à moral) afirmam que o invejoso é a principal vítima desse sentimento. De fato, a inveja mata. Ela é um canhão que dispara para frente e para trás. Quando força motriz de um modelo político, ela se torna genocida e pode se voltar para a extinção de uma raça, de uma classe social ou da própria nação em nome de quem se expressa. Ao longo da história, centenas de milhões de seres humanos morreram em guerras e campos de concentração por conta do 5º pecado capital.

Foi esse pecado que deu causa ao holocausto. 
Foi ele que explodiu as Torres Gêmeas. 
É ele que hoje sai às ruas quebrando vitrinas. 
É ele que não consegue esconder o gozo perante tais fatos. 
É ele que nutre em tantos o ódio mortal aos Estados Unidos. 
Não podem os invejosos conviver com tamanha evidência dos equívocos em que se afundaram. O ódio que têm a Trump não guarda relação com humanismo e anseios de paz. Estiveram calados durante a Primavera de Praga, durante a invasão comunista do Tibet, assistiram desolados à queda do Muro de Berlim e só têm louvores aos regimes cubano, venezuelano e outros que tais. [esses baderneiros, marginais - alguns de torcidas organizadas que são em português claro gangues,  e em um mais rebuscado falanges - são movidos pela inveja.
Antes eram remunerados com sanduíche de mortadela e suco; agora nem isto recebem; assumem o papel de bucha de canhão em troca de um pão dormido com margarina,  um suco de saquinho e onze reais para a passagem.
Grande parte deles idiotizados, incutem neles ideias de defender supostos casos de racismo e uma democracia que sequer sabem o que significa. Aliás, acham que esquerda reúne os canhotos.
São agora inocentes úteis mas são considerados por seus manipuladores idiotas e babacas inúteis.] 

Há cerca de 15 anos, uma emissora de TV exibiu reportagem feita com jovens da periferia de Paris protagonistas de arruaças que, de lá para cá, foram mudando a face da capital francesa. Aquela matéria me explicou muita coisa. Inclusive sobre certo jornalismo militante que já ganhara força entre nós. Um dos jovens entrevistados levou a repórter para ver onde vivia. Era um edifício popular, muito melhor do que as moradias de qualquer favela brasileira. Sem muito que dizer, e percebendo a inconsistência das imagens para os fins a que se destinavam, a moça disparou: “Já se nota o contraste entre isto aqui e os palácios de Paris”. Acho que ela queria levar a rapaziada para morar em Versailles. Enquanto isso, seu revolucionário guia apontava as más condições do prédio: paredes tomadas por pixações, a sinalizarem o caráter pouco civilizado dos moradores, e um balde, no meio da sala, marcando a existência de uma goteira, como se fosse dever do morador do Palais de l’Élysée subir no telhado para reparar tão complexo problema. No fundo, é tudo inveja.
Explorando esses vícios da alma, alguns governos se instalam. Também assim se corrompem, conduzidos pelos mesmos sentimentos maléficos. É assim que não se conformam com a perda do poder.

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Economia ensina que esperança não é estratégia - Elio Gaspari

Guedes deve ter seus motivos para estar tranquilo, mesmo que seja um dos poucos com essa serenidade

Esperança não é estratégia -  A serenidade de Guedes inquieta




A Bolsa de Nova York teve a maior queda desde a crise de 2008, a de São Paulo suspendeu o pregão, fechou com um tombo de 12%, e o dólar  bateu em R$ 4,73. Diante desse quadro, o doutor Paulo Guedes disse que “estamos absolutamente tranquilos”, pois sua equipe “é serena, experiente”. Nada contra, salvo os precedentes.

Em 2008 Lula disse que a Grande Recessão americana chegaria ao Brasil como uma “marola”. Deu no que deu. Em 1979 e 1980, diante de uma alta de petróleo e dos juros americanos, o governo brasileiro (e o FMI) garantiam que a dívida externa seria administrável. O país quebrou,  entrando na sua Década Perdida. Em 1973, quando o mundo sofreu o primeiro choque do petróleo, o Brasil era apresentado com uma “ilha de tranquilidade”.

Paulo Guedes deve ter seus motivos para estar tranquilo, mesmo que seja um dos poucos ministros da Economia com essa serenidade. Seus antecessores acreditaram que crises podiam ser mitigadas com otimismo. Como ensinou Tim Geithner, o ex-diretor do Federal Reserve Bank de Nova York e ex-secretário do Tesouro americano, que toureou a crise de 2008, “esperança não é estratégia”.

Ninguém explicou a origem do pânico financeiro das últimas semanas. Atribuí-lo ao coronavírus é pouco. Se for só isso, a economia mundial tomará um tombo em 2020. Em 1973, quando os países exportadores de petróleo começaram a aumentar o preço do barril, poucos se deram conta do tamanho da encrenca. Seis anos depois, quando o aiatolá Khomeini derrubou o xá do Irã, e provocou a segunda alta do petróleo, muita gente achava que ele era um velhinho bondoso de barbas brancas.

Em 2008, quando o economista Nouriel Roubini previa a crise bancária, chamavam-no de “Doutor Fim do Mundo”. Ele virou profeta e, na segunda-feira, diante da queda do preço do petróleo somada ao coronavírus, tuitou: “recessão e crise à vista”. A serenidade de Guedes inquieta quando ele diz que “a democracia brasileira vai reagir, transformando essa crise em avanço das reformas”. Uma coisa tem muito pouco a ver com a outra. Viu-se isso com o pibinho  que se seguiu à reforma da Previdência. Essa e todas as propostas de Guedes podem melhorar a situação da economia, mas são mudanças de médio prazo. Democracia não reage, apenas existe ou deixa de existir. Misturando-se banana com laranja consegue-se apenas travestir um mau cenário econômico, fantasiando-o como questão política.

A crise de 2008 deveu muito a um clima de festa da banca, mas quando um sujeito é responsável pela administração de uma economia deve conhecer seus limites. Em março daquele ano, quando a banca não falava em crise, o presidente George Bush submeteu ao seu secretário do Tesouro, Henry Paulson, um discurso onde diria que o governo não salvaria empresas. Paulson surpreendeu-o pedindo-lhe que cortasse a afirmação. Em setembro o mundo caiu. Ele conhecia o mercado e evitou que o presidente dissesse algo que poderia obrigá-lo a desmentir-se.
O Fed de Nova York tem hoje uma caçadora de encrencas potenciais no comportamento e nas certezas dos banqueiros. Ela se chama Margaret McConnell e ensina: “Nós gastamos tempo procurando pelo risco sistêmico, mas é ele quem tende a nos achar.”


Folha de S.Paulo - O Globo - Elio Gaspari, jornalista


domingo, 29 de setembro de 2019

Um banho de decência - Gaudêncio Torquato

Blog do Noblat

Choque de gestão 



O brasileiro está insatisfeito com os serviços públicos. Segurança? Um desastre – tanta morte por bala perdida, como no Rio. Educação? Piada. Weintraub, aliás, gosta de chiste. Mobilidade urbana? Um atraso – as massas se comprimem nos transportes públicos. Saúde? Um caos nos corredores de hospitais superlotados.

 Esplanada dos Ministérios, em Brasília (Governo do Brasil/Divulgação)

Difícil apontar algo de boa qualidade. O país precisa de um gigantesco choque de gestão. Governadores, prefeitos, a hora é essa: ponham sua administração na UTI. 
 [o governador do DF tentou inovar e se deu mal;
quando assumiu julgava que a culpa do mau atendimento hospitalar era da direção dos hospitais e unidades de saúde e assim, a cada denúncia da imprensa de uma morte na porta dos hospitais, ele demitir o diretor da unidade de saúde onde ocorreu o óbito.

Só no Hospital de Ceilândia, ele efetuou demissão de vários diretores. Resultado: ficou sem ter quem quisesse assumir o cargo.
Só assim, ele descobriu - em uma crise de excesso de inteligência para entender o óbvio - que o mau atendimento nem sempre é culpa da direção ou mesmo dos funcionários e sim da falta de medicamentos, de funcionários, de médicos, enfermeiros e técnicos, da falta de estrutura.

Só que o atendimento de SAÚDE PÚBLICA no DF continua um CAOS CAÓTICO.

E o governador tenta mascarar, enquanto nos jornais locais das emissoras de TV do DF são mostrados casos de mau atendimento nos hospitais públicos, nos intervalos dos noticiários são apresentadas peças publicitárias elogiando o 'excelente' atendimento prestado pela SAÚDE PÚBLICA do DF.

Usa nosso dinheiro mau, inclusive desperdiçando o que poderia ser usado para melhorar a saúde, na divulgação de mentiras.] 
Convoquem secretários, cobrem mudanças, deem carta branca para novos métodos, exijam resultados. O eleitor está de olho: ou reelege ou bota para fora. 

Sigam o exemplo de Zaratustra, o protagonista que Nietzsche criou para dar unidade moral ao cosmo. O profeta vivia angustiado à procura de novos caminhos e recitava em seus solilóquios: “Não quer mais, o meu espírito, caminhar com solas gastas.” Decifrador de enigmas, arrumou a receita para as grandes aflições“Juntar e compor em uni­dade o que é fragmento, redimir os passados e transformar o que foi naquilo que poderá vir a ser”.

A imagem do filósofo alemão, na fábula em que apresenta o conceito do eterno retorno, cai bem na atual administração pública.  A orquestra institucional pede novos arranjos para preparar o amanhã, resgatar a esperança perdida. É a bandeira a ser desfraldada, pois a sociedade recusa a velha política. A tarefa requer arrojo para enfrentar dissabores e pressões políticas. Muitos não queimam gorduras, preferem remendar cacos de vaso quebrado. O velho Brasil não consegue enxergar novos horizontes.

O que pode mudar, ser desobstruído ou melhorado? Se Vossas Excelências fecharem os olhos, a descrença só aumentará.
O fato é que os Poderes da República têm um apreciável PIB de compadrio político sob o cobertor público e resvalando no Custo-Brasil. As políticas, inclusive as sa­lariais, são disformes e ineficientes.  

A gestão de resultados é um resquício quase imperceptível nas plani­lhas de um Estado caro e paquidérmico. Junte-se à pasmaceira o colchão social do distributivismo para se flagrar a cara de um País atrasado. A administração pública parece uma árvore sem frutos.  A sociedade exige uma virada de mesa. O cardápio está pronto: viagens de servidores, participação de empresas estatais em eventos, gastos publicitários, cartões corporativos, nepotismo. Todo centavo gasto em grandes avenidas e pequenas veredas merece uma varre­dura.

A palavra de ordem do momento: transparência total.
Parafraseando Luiz Inácio, “nunca antes na história desse País” se percebeu tanta irritação com políticos e governantes. Se é falácia dizer que a Amazônia é o pulmão do mundo, como denunciou Jair Bolsonaro na ONU, é também falácia dizer que as instituições estão sólidas. Ora, as tensões entre os Poderes subiram ao pico da montanha.

Senhores governantes, tenham coragem para ousar. Cirurgia profun­da na gestão pública. Sob pena de a esfera privada (oikos, em grego) continuar a invadir a esfera pública (koinon). Não permitam que a fome particular conti­nue a devorar o cardápio do povo.

Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político. 

Blog do Noblat - VEJA










sábado, 14 de novembro de 2015

Estado Islâmico assume autoria dos ataques terroristas na capital francesa que deixaram mais de 120 mortos e chocaram o mundo.

Terror em Paris

Hollande diz que massacre em Paris é ‘ato de guerra’ e terá resposta implacável

[a resposta francesa contra o Estado Islâmico é necessária - tanto como retaliação exemplar quanto para destruir a organização terrorista;  mas, não pode ser dirigida em ataques aéreos sobre regiões controladas pelo EI - a região está dominada pelos extremistas mas tem milhares de pessoas que estão presas na região e serão vítimas inocentes da vingança francesa.
E a morte de inocentes apenas maximizará o impacto da ação terrorista - exatamente o que os jihadistas desejam.]

Estado Islâmico assume autoria dos ataques terroristas na capital francesa que deixaram mais de 120 mortos e chocaram o mundo. Outras 250 pessoas ficaram feridas, 80 em estado grave. Vídeo publicado pelo grupo terrorista ameaça França: ‘Não viverão em paz’  

Um dia depois dos atentados em Paris que deixaram ao menos 127 mortos e 300 feridos, o presidente da França, François Hollande, classificou neste sábado os ataques como um “ato de guerra” cometido pelo Estado Islâmico e decretou três dias de luto nacional. Logo em seguida, os jihadistas reivindicaram a responsabilidade pelo massacre em um comunicado no qual afirmam que seus combatentes munidos de explosivos e metralhadoras espalharam o terror em vários locais na capital francesa que foram cuidadosamente estudados. Segundo os extremistas, os atos terroristas foram em resposta a insultos ao profeta Maomé e aos bombardeios franceses contra alvos do grupo. Tendo ousado insultar nosso Profeta, se gabado de lutar contra o Islã na França e atacando muçulmanos no Califado com seus aviões que não os ajudaram de forma alguma nas ruas mal cheirosas de Paris diz o comunicado.
Polícia investiga local dos atentados em Paris um dia depois dos atentados que deixaram mais de 120 mortos - PASCAL ROSSIGNOL / REUTERS
 
 De acordo com o jornal “Libération”, um cidadão francês já conhecido pelas autoridades foi confirmado como um dos terroristas, identificado pelas impressões digitais. Além disso, a policia encontrou um documento sírio e outro egípcio foram encontrados pertos de corpos dos homem-bomba perto do Stade de France. Oito agressores morreram nos ataques, sete deles ao detonarem explosivos e outro foi abatido pelas forças de segurança. Os corpos de todos eles estão sendo estudados e o DNA coletados.

Os ataques coordenados em estádio, sala de concertos e cafés e restaurantes no Norte e Leste Paris foram o tema de uma reunião entre Hollande com um conselho de Defesa, da qual participaram os principais ministros do governo, enquanto o país segue em estado de emergência com as fronteiras fechadas. Depois do encontro, o presidente pediu união nacional e declarou que todas as medidas necessárias serão tomadas para combater as ameaças terroristas. — O que ocorreu ontem foi um ato de guerra cometido pelo Daesh (acrônimo árabe do EI), organizado a partir do exterior e com ajuda interna — declarou Hollande. — Mesmo ferida, a França vai se reerguer.

O presidente francês também discutiu os atentados com líderes europeus como a chanceler alemã, Angela Merkel, o premier italiano, Matteo Renzi, e o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, segundo fontes do Palácio de Eliseu.  Mais cedo, pelo Twitter, o EI divulgou um vídeo ameaçando atacar a França se o país continuar com os bombardeios contra alvos extremistas. No entanto, não ficou claro quando o filme foi gravado. — Enquanto vocês continuarem bombardeando, não viverão em paz — diz o vídeo.

Menos de um ano depois dos atentados contra a revista satírica Charlie Hebdo, Paris se viu diante de um intenso ataque terrorista na sexta-feira, deixando 127 mortos, além de cerca de 250 feridos, 80 em estado grave. Mais de 70 reféns foram mortos durante um show de rock no teatro Bataclan. Cerca de 40 pessoas morreram vítimas de homens armados que abriram fogo em outros cinco pontos da capital francesa. Os testemunhos de sobreviventes apontam que os atiradores gritaram “Alá Akbar“ (Deus é grande) e citaram a intervenção francesa na Síria para justificar as ações.

Ocorreram também três explosões do lado de fora do Stade de France, onde a seleção de futebol do país jogava um amistoso contra a Alemanha, com o presidente na plateia. Cinco pessoas morreram no entorno do estádio, disse a polícia. Dois brasileiros ficaram feridos nos ataques, informou a Embaixada.  Segundo informações da cônsul-geral do Brasil em Paris, Maria Edileuza Fontenele Reis, um casal de brasileiros ficou ferido enquanto jantava em um restaurante. O homem estava em estado grave e foi submetido a uma cirurgia. Segundo a cônsul, ele perdeu muito sangue e teve de fazer uma transfusão. A mulher sofreu ferimentos leves. Perto de um deles, a polícia encontrou um passaporte sírio.


INVESTIGAÇÃO
A Justiça francesa abriu uma investigação sobre ataques, os mais mortíferos na Europa desde os atentados islâmicos em Madri, em março de 2004. A prioridade da equipe é identificar os corpos, incluindo os dos terroristas, que em sua maioria foram pulverizados quando explodiram a si mesmos. Uma vez identificados os terroristas, será determinado se eles tiveram a ajuda de cúmplices.

Nenhuma prisão foi realizada e os investigadores sugeriram que não estavam procurando qualquer pessoa nesta fase. No entanto, autoridades acreditam que há uma ligação entre um homem detido na Alemanha na semana passada com armas automáticas e explosivos e os ataques.  Em estado de emergência, o Eliseu anunciou a mobilização de 1.500 militares adicionais e o reforço dos controles nas fronteiras.

Fonte: O Globo

 

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Quatro perguntas para... Maha Abdelaziz, professora do Centro Islâmico de Brasília



Como a comunidade muçulmana avalia os ataques radicais, como o ocorrido na França?
Claro que eu não sou favorável ao terrorismo, à matança, ao derramamento de sangue, mas morrem nove pessoas e o mundo vira de ponta a cabeça. Morreu um milhão de pessoas no Egito, na Síria, na Palestina, em Borno (Nigéria), mas ninguém fala nada. Um dia antes do acontecimento na França, morreram milhares de muçulmanos em Borno. Os muçulmanos estão sendo perseguidos.

Qual a orientação a respeito das críticas feitas à religião?
Não pode haver agressão, não aceitamos que se agrida moralmente ninguém. Isso é uma agressão. Eles (jornalistas do Charlie Hebdo) tiveram um ato violento moralmente. Foi uma crítica moral ao nosso profeta.

Ataques radicais não comprometem a credibilidade muçulmana?
Claro. A religião muçulmana é uma religião da paz. Quando respondi a primeira pergunta, demonstrei indignação com a opinião do mundo. Quando morre meia dúzia de não muçulmanos, o mundo vira de ponta a cabeça, sendo que estão morrendo milhares de muçulmanos e o mundo fica olhando de camarote.

Como separar os muçulmanos fieis, aqueles pacíficos, dos radicais?
Tais termos são plantados para denegrir a imagem dos muçulmanos. Não existe terrorista, radical. Todo mundo tem o sangue quente. Como massacram os muçulmanos no mundo inteiro e não querem uma reação? Cada ação tem uma ação do mesmo tamanho e no sentido contrário. Seria tolo e idiota tanta violência, tanto massacre e ficarmos olhando. Esses ataques que vocês chamam de terrorista é uma resposta a tanta barbaridade que acontece contra os muçulmanos. Nossa religião não incentiva violência, jamais incentiva derramamento de sangue, só que infelizmente essa é a resposta à crueldade. Vocês podem esperar coisa pior.

Fonte: Blog do Noblat

domingo, 11 de janeiro de 2015

O que motiva qualquer órgão da imprensa a debochar das religiões? dos símbolos religiosos?

Por que o Ocidente ainda tem de pedir desculpas ao Islã? Ou: Vagabundos morais flertam com o terror. Ou ainda: “Islamofobia” uma ova!

Volto ao trabalho na segunda, mas antecipo um texto que, dado o que leio por aí, me parece necessário. O terrorismo islâmico sequestrou boa parcela da consciência do Ocidente. Antes que se impusesse por intermédio da brutalidade e da barbárie, seus agentes voluntários e involuntários fizeram com que duvidássemos dos nossos próprios valores. Antes que matassem nossas crianças, nossos soldados, nossos jornalistas, nossos chargistas, nossos humoristas, atacaram, com a colaboração dos pusilânimes do lado de cá, os nossos valores. “Nossos, de quem, cara-pálida?”, perguntará um dos cretinos relativistas do Complexo Pucusp. Os do Ocidente cristão e democrático.

Mesmo gozando de merecidas férias, comprometido principalmente com o nascer e o pôr do sol, acompanhei o que se noticiou no Brasil e no mundo sobre o ataque covarde ao jornal francês “Charlie Hebdo”, que deixou 12 mortos na França. Na nossa imprensa e em toda parte, com raras exceções, a primeira preocupação, ora vejam!!!, era não estimular a “islamofobia”, uma mentira inventada pela máquina de propaganda dos centros culturais de difusão do Islã no Ocidente. Nota à margem: a “fobia” (se querem dar esse nome) religiosa que mais mata hoje é a “cristofobia”. Todo ano, mais ou menos 100 mil cristãos são assassinados mundo afora por causa de sua religião. E não se ouve a respeito um pio a Orientes e Ocidentes.

Uma curiosidade intelectual me persegue há tempos: por que cabe ao Ocidente cristão combater a suposta “islamofobia”? Por que as próprias entidades islâmicas também não se encarregam no assunto? Sim, muitas lideranças mundo afora repudiaram o ataque ao jornal francês, mas sugerindo, com raras exceções, nas entrelinhas, que se tratava de uma resposta injusta e desproporcional a uma ofensa que de fato teria sido desferida contra o Islã e o Profeta. E então chegamos ao cerne na questão.

Sou católico. As bobagens e ignorâncias que se dizem contra a minha religião e já faz tempo que o ateísmo deixou de ser um ninho de sábios —, com alguma frequência, me ofendem. E daí? Há muito tempo, de reforma em reforma, o catolicismo entendeu que não é nem pode ser estado. A religião que nasceu do Amor e que evoluiu, sim, para uma organização de caráter paramilitar, voltou ao seu leito, certamente não tão pura e tão leve como nos primeiros tempos, maculada por virtudes e vícios demasiadamente humanos, mas comprometida com a tolerância, com a caridade, com a pluralidade, buscando a conversão pela fé.

Não é assim porque eu quero, mas porque é: o islamismo nasce para a guerra. Surge e se impõe como organização militar. Faz, em certa medida, trajetória contrária à do catolicismo ao se encontrar, por um tempo ao menos, com a ciência, mas retornando, pela vontade de seus líderes, ao leito original. Sim, de fato, ao pé da letra, há palavras de paz e de guerra, de amor e de ódio, de perdão e de vingança tanto no Islã como na Bíblia. De fato, também no cristianismo, há celerados que fazem uma leitura literalista dos textos sagrados. E daí? Isso só nos afasta da questão central.

Em que país do mundo o cristianismo, ainda que por intermédio de seitas, se impõe pela violência e pelo terror? Em que parte da terra a Bíblia é usada como pretexto para matar, para massacrar, para… governar? É curioso que diante de atos bárbaros como o que se viu na França, a primeira inclinação da imprensa ocidental também seja demonstrar que o Islã é pacífico. Desculpem-me a pergunta feita assim, a seco: ele é “pacífico” onde exatamente?

Em que país islâmico, árabe ou não, os adeptos dessa fé entendem que os assuntos de Alá não devem se misturar com os negócios de estado? À minha moda, sou também um fundamentalista: um fundamentalista da democracia. Por essa razão, sempre que me exibem a Turquia como exemplo de um país majoritariamente islâmico e democrático, dou de ombros: não pode ser democrático um regime em que a imprensa sofre perseguição de caráter religioso — ainda que venha disfarçada de motivação política, não menos odiosa, é claro!

Cabe às autoridades islâmicas, das mais variadas correntes, fazer um trabalho de combate à “islamofobia”. E a fobia será tanto menor quanto menos o mundo for aterrorizado por fanáticos. Ora, não é segredo para ninguém que o extremismo islâmico chegou ao Ocidente por intermédio de “escolas” e “centros de estudo” que fazem um eficiente trabalho de doutrinação, que hoje já não se restringe a filhos de imigrantes. A pregação se mistura à delinquência juvenil, atraída — o que é uma piada macabra — pela “pureza” de uma doutrina que não admite dúvidas, ambiguidades e incertezas.

Ainda voltarei, é evidente, muitas vezes a esse assunto, mas as imposturas vão se acumulando. Há, sim, indignação com o ocorrido, mas não deixa de ser curioso que a imprensa ocidental tenha convocado os chargistas a uma espécie de reação. Sim, é muito justo que estes se sintam especialmente tocados, mas vamos com calma! O que se viu no “Charlie Hebdo” não foi um ataque ao direito de fazer desenhos, mas ao direito de ter uma opinião distinta de um primado religioso que, atenção!, une todas as correntes do Islã.

É claro que um crente dessa religião tem todo o direito de se ofender quando alguém desenha a imagem do “Profeta” assim como me ofendo quando alguém sugere que Maria não passava de uma vadia, que inventou a história de um anjo para disfarçar uma corneada no marido. Ocorre que eu não mato ninguém por isso! Ocorre que não existem líderes da minha religião que excitam o ódio por isso. Se um delinquente islâmico queima uma Bíblia, ninguém explode uma bomba numa estação de trem.
 
E vimos, sim, a reação dos chargistas, mas, como todos percebemos, quase ninguém se atreveu a desenhar a imagem do “Profeta” — afinal de contas, como sabemos, isso é proibido, não é? Que o seja em terras islâmicas, isso é lá problema deles, mas por que há de ser também naquelas que não foram dominadas pelos exércitos de Maomé ou de onde eles foram expulsos?

Tony Barber, editor para a Europa do “Financial Times”, preferiu, acreditem, atacar o jornal francês. Escreveu horas depois do atentado: “Isso [a crítica] não é para desculpar os assassinos, que têm de ser pegos e punidos, ou para sugerir que a liberdade de expressão não deva se estender à sátira religiosa. Trata-se apenas de constatar que algum bom senso seria útil a publicações como ‘Charlie Hebdo’ ou ‘Jyllands-Posten’ da Dinamarca, que se propõem a ser um instrumento da liberdade quando provocam os muçulmanos, mas que estão, na verdade, sendo apenas estúpidos”.

Barber é um vagabundo moral, um delinquente, e essa delinquência se estende, lamento, ao comando do “Financial Times”, que permitiu que tal barbaridade fosse publicada. Alguém poderia perguntar neste ponto: “Mas onde fica, Reinaldo, o seu compromisso com a liberdade de expressão se acha que o texto de Barber deveria ser banido do FT?”. Respondo: a nossa tradição, que fez o melhor do que somos, não culpa as vítimas, meus caros. Barber usa a liberdade de expressão para atacar os fundamentos da… liberdade de expressão. Todas as religiões podem ser praticadas livremente nas democracias ocidentais porque todas podem ser igualmente criticadas, inclusive pelos estúpidos. Mas como explicar isso a um estúpido como Barber, um terrorista que já está entre nós? [cabe um reparo ao magnífico texto do excelente Reinaldo: o que autoriza qualquer jornal, de qualquer país, tamanho, idioma ou o que for, a debochar da religião dos outros?
como chamar de "liberdade de expressão' se valer da imprensa - qualquer tipo de mídia - para debochar de uma crença religiosa? de um símbolo religioso?
o que o mundo, o que a tão decantada 'liberdade de expressão' ganha quando alguém debocha, vilipendia um símbolo de uma determinada religião?]

Fonte: Reinaldo Azevedo - Blog na VEJA OnLine

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

França mobiliza mais de 3 mil homens para encontrar terroristas que atacaram revista – Alvos terroristas



Ao menos 12 pessoas morreram em atentado contra publicação parisiense nesta quarta-feira
A polícia de Paris mobilizou mais de 3 mil homens para tentar localizar os três homens que invadiram a sede do semanário Charlie Hebdo, no centro da capital francesa, e abriram fogo. Ao menos 12 pessoas morreram, entre elas o diretor da publicação  e três outros cartunistas. Ao menos dois policiais também morreram.

VEJA VÍDEO: ATAQUE TERRORISTA À REVISTA FRANCESA

O Exército francês anunciou que fornecerá duas unidades de 100 homens para reforçar o plano Vigipirate - força de resposta antiterrorista - em Paris, o que levará o efetivo de 450 para 650 homens. "Tudo foi organizado para neutralizar o mais rápido possível os três criminosos que estão na origem deste ato bárbaro", afirmou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, sem especificar o papel desempenhado pelas pessoas envolvidas.  Segundo testemunhas, os homens armados atiravam aos gritos de "Alá é grande" e "vamos vingar o profeta".

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, fez uma visita ao Ministério do Interior para se reunir com os funcionários do Serviço de Proteção das Altas Personalidades (SPHP, na sigla em francês). Um dos policiais mortos no atentado vinha desta corporação. O semanário Charlie Hebdo publicou, em 2006, charges satíricas do profeta Maomé. Até o momento, nenhuma organização assumiu a autoria do atentado, que já é apontado por alguns veículos de imprensa franceses como um dos mais graves de toda a história do país.

A redação da revista satírica, publicada semanalmente, já tinha sido atacada em novembro de 2011, quando um incêndio de origem criminosa destruiu as suas instalações. Esse incidente ocorreu depois de a revista publicar um número especial sobre as primeiras eleições na Tunísia após a destituição do presidente Zine el Abidine Ben Ali, vencidas pelo partido islâmico Ennahda, no qual o profeta Maomé era o “redator principal”.


Terroristas teriam pedido identificação das vítimas antes de atirar
Segundo testemunhas, eles ainda gritaram "Alá é grande" e "vingamos o profeta Maomé" durante a fuga
Richard Malka, advogado da publicação francesa Charlie Hebdo, alvo de um ataque terrorista na manhã desta quarta-feira (07), contou que os homens encapuzados e armados com fuzis que invadiram a sede da revista pediram para as pessoas se identificarem e, só então, começaram a atirar, indicando que os alvos já estavam previamente escolhidos.

Durante a fuga, eles teriam gritado "Alá é grande e “Vingamos o profeta Maomé”, disse o procurador da República, François Molins, durante coletiva de imprensa. Molins também confirmou que o atentado deixou 12 mortos, entre eles oito jornalistas, e 11 feridos, sendo que quatro em estado grave.
O ataque ao semanário é um sinal de que os islamitas radicais não esqueceram da irreverente revista que publicou em 2006 as caricaturas de Maomé. Há quase nove anos a revista sofre ameaças de radicais islâmicos. Sua redação foi incendiada em 2011, seu diretor sofreu ameaças de decapitação e há meses os jihadistas pedem voluntários para ataques contra a França.

Vaticano: ataque terrorista é "dupla violência"
O Vaticano condenou o ataque terrorista à sede do jornal francês Charlie Hebdo, em Paris, e o classificou de “dupla violência”, praticada contra pessoas e contra a liberdade de imprensa. O padre Ciro Benedettini, vice-diretor do gabinete de imprensa do Vaticano, disse a jornalistas que a liberdade de imprensa é tão importante quanto a liberdade religiosa.

A Conferência Episcopal da França também condenou o ataque, considerando-o “injustificável” e ressaltando o “horror” causado. Outras representações religiosas, como a Liga Árabe e a Universidade de Al Azhar, a segunda mais antiga do mundo e principal autoridade do Islã sunita, também condenaram o atentado terrorista.


Liga árabe: "condenamos energeticamente"
A Liga Árabe e a Universidade de Al Azhar, a segunda mais antiga do mundo e principal autoridade do Islã sunita, condenaram o atentado. Em comunicado, o chefe da Liga Árabe, Nabil Al Arabi, informou que “condena energicamente o ataque”.

A universidade também condenou o que chamou de “ataque criminoso”. Afirmou que “o Islã denuncia qualquer violência” e que a instituição “não aprova o uso da violência, mesmo em resposta a qualquer ofensa cometida contra os sentimentos sagrados dos muçulmanos”.

Mais cedo, o Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), instância representativa dos muçulmanos da França, qualificou de “ato bárbaro” o atentado ao jornal Charlie Hebdo. “Este ato bárbaro de extrema gravidade é também um ataque contra a democracia e à liberdade de imprensa”, acrescentou o órgão.

O CFCM é a primeira comunidade muçulmana da Europa, com mais de três milhões de membros. Apesar da repercussão, a polícia ainda não encontrou os responsáveis pelo ataque.  Até o momento, nenhum grupo assumiu a autoria do atentado.


Fonte: AFP