Jogar a Igreja Católica no balaio de adversários não é prudente nem bom negócio
Razões para animosidade até há, mas alguém pode explicar por que, raios,
o governo Bolsonaro precisava abrir mais um flanco e mirar na secular e
poderosa Igreja Católica? Logo quando precisa concentrar energias e
ampliar o leque de aliados para aprovar a reforma da Previdência e o
pacote anticorrupção? É verdade que o “clero progressista” – as Comunidades Eclesiais de Base,
o Cimi e as comissões pastorais (Carcerária, da Terra, da Criança...) –
manteve relações conflituosas com os militares e próximas com as
esquerdas.
[O Clero tem que ser CONSERVADOR, os valores cristãos são eternos e infensos às mudanças, - a propósito, conhecido jornalista já escrever que o inferno continua sendo aquecido a enxofre - e essas pastorais, especialmente as que defendem bandidos, precisam ser neutralizadas ou, no mínimo, deixadas em terceiro plano.
O crescimento da maldita esquerda e do pt - perda total, foi em parte alimentado por setores da Igreja Católica, inclusive uns ex-frades que insistem em ser chamados de 'frei'.] O PT, aliás, foi criado em 1980 com base em sindicatos,
universidades e setores da Igreja.
Daí o governo abrir uma guerra com bispos e padres não é prudente, nem
um bom negócio. A Igreja Católica pode não estar no seu melhor momento,
com suspeitas, denúncias e perda de fiéis para as denominações
evangélicas, mas ainda é... a Igreja Católica. ["as portas do inferno não prevalecerão contra ela" ; Evangelho São Mateus, 16: 18,19: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.19Eu
te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos
céus"] Está em toda parte, tem
ramificação, tem eco, tem contato direto com as populações mais
distantes e mais desamparadas pelo Estado. E canais no exterior.
A investida do Planalto contra a CNBB fica pior ainda porque Bolsonaro
se rebatizou, foi eleito com apoio maciço dos evangélicos e até nomeou a
pastora Damares Alves para um ministério fortemente social. A sensação é
de que, além de optar por uma religião, em detrimento da outra, há uma
tentativa de jogar católicos e evangélicos uns contra os outros. [A CNBB não representa, nem pretende representar os evangélicos e Bolsonaro errou gravemente - estamos falando do homem Bolsonaro, que se diz católico e ao mesmo tempo é batizado no Rio Jordão por um pastor evangélico e todos sabem que 'não se pode servir a dois senhores'.
No aspecto político sem envolver fatores religiosos a convivência pacífica entre católicos e evangélicos é necessária, visto que os inimigos do Cristianismo, do Brasil, e a maldita esquerda e os ateus precisam, ser contidos e para isso vale fechar os olhos aos pontos divergentes.
Cristianismo abrange CATÓLICOS e EVANGÉLICOS, apesar de Mateus, 16: 18, 19, Cristo ao se dirigir a São Pedro, Primeiro Papa, deixou claro com quem está à verdade.
Cristo avalizou São Pedro, não avalizou Lutero e seguidores.
Mas, também deixou claro que 'a César o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus', conforme Evangelho São Marcos, 12: 13 a 17 - "13Enviaram-lhe alguns fariseus e herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.14Aproximaram-se
dele e disseram-lhe: Mestre, sabemos que és sincero e que não
lisonjeias a ninguém; porque não olhas para as aparências dos homens,
mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. É permitido que se
pague o imposto a César ou não? Devemos ou não pagá-lo?15Conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu-lhes Jesus: Por que me quereis armar um laço? Mostrai-me um denário.16Apresentaram-lho. E ele perguntou-lhes: De quem é esta imagem e a inscrição? De César, responderam-lhe.17Jesus então lhes replicou.
Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
E admiravam-se dele."
Clareza meridiana que a Igreja Católica Apostólica Romana não deve se envolver em assuntos de governo - especialmente, nos tempos atuais em que o inimigo dos valores cristãos atua com força total, tentando consolidar a prática do aborto, do homossexualismo e de tudo o mais que representa pregação do demônio;
realizar um Sínodo no Vaticano para discutir assuntos que dizem respeito à SOBERANIA do Brasil não é um boa ideia.]
Para piorar, setores de inteligência do governo parecem confundir e
embolar bispos progressistas e padres que atuam na ponta com
ambientalistas e indigenistas num mesmo saco de esquerda e de oposição. Pela excelente manchete de Tânia Monteiro, no Estado, o que acendeu a
luz amarela do Planalto foram relatórios da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) alertando para a possibilidade de os inimigos do
governo aproveitarem o Sínodo da Amazônia, no Vaticano, em outubro, como
plataforma para criticar o governo Bolsonaro e ganhar espaço na mídia
internacional – que, vale lembrar, tem sido muito refratária a Bolsonaro
desde a campanha.
[sábias palavras as da colunista, as quais acrescentamos o lembrete de que os inimigos do Governo Bolsonaro, que são além de ateus, adeptos do 'quanto pior, melhor' precisam desesperadamente, aparecer.]
Em nota, o GSI, ao qual a Abin é vinculada, diz que alguns temas do
Sínodo “tratam de aspectos que afetam, de certa forma, a soberania
nacional” e encerra avisando: “cabe ao Brasil cuidar da Amazônia
brasileira”. Todo cuidado é pouco, porém, para não multiplicar os fantasmas. O
governo já trata o Itamaraty, a mídia, o Coaf, as ONGs, as universidades
e as escolas, além dos ambientalistas e indigenistas... como inimigos.
Aliás, como esquerdistas ávidos para destruir os valores cristãos do
Ocidente e, junto com eles, o próprio governo brasileiro.
É assim, criando fantasmas e inimigos comuns, que o bolsonarismo vai
alimentando seu “braço armado” na internet, que atira para todo lado,
indiscriminadamente. Não viu, não ouviu, não leu ou não entendeu nada,
mas já não gostou. Incluir a Igreja Católica nesse balaio para quê?
Papel de pão. Ricardo Boechat viveu a mil por hora até o fim.
Trabalhava muito, apurava notícia o tempo todo, curtia a vida ao máximo,
teve seis filhos. Ácido nas críticas aos poderosos, tinha um humor
especial. Até contra ele próprio.
Eu era colunista do Estado em Brasília, ele era diretor da Sucursal do
jornal no Rio. Fui fazer uma entrevista, passei na redação e achei os
colegas com uma cara meio esquisita. É que ele tinha passado a noite na
farra e levado uma bronca em casa, estava na maior ressaca e ia chegar
um pouco atrasado, de cara inchada.
De repente, abre-se a porta e eis que entra o Boechat. Como? Morrendo de
vergonha, encolhido, com um saco de pão metido na cabeça, desses de
papel, só com dois furos na área dos olhos. “Vão desculpando aí...” Quem
não desculparia?
Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo