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domingo, 14 de março de 2021

Política nos quartéis - Merval Pereira

O Globo

Bolsonaro e os militares

Caminhamos para uma disputa eleitoral em 2022 com as Forças Armadas sendo utilizadas pelo presidente Bolsonaro como instrumento político, o que não dá certo em lugar nenhum do mundo democrático. O presidente mistura a incitação de seus militantes contra governadores e o Supremo Tribunal Federal com uma suposta defesa dos militares.  “Vou ficar sozinho nessa briga? O meu exército, que tenho falado o tempo todo, é o povo. Sempre digo que devo lealdade absoluta ao povo brasileiro”, inclusive ao Exército, salientou. “Eu faço o que vocês quiserem. Essa é a minha missão de chefe de Estado”. 

[dizer que o Brasil é um  país 'sui generis' é pouco;  optamos por reforçar citando   Tom Jobim "O Brasil não é para principiantes";   outros já destacam que o "Brasil não é para amadores".
Alguns exemplos:
- nosso Brasil atravessa um pandemia,  e um dos principais entraves ao combate a peste é a não existência, ainda, de vacinas em número suficiente para atender todas as necessidades mundiais: o nosso Brasil é o único país do mundo em que atribuem responsabilidade pela falta de imunizantes ao presidente da República - esquecem que o Reino Unido,  - com população em torno de 1/3 da brasileira, iniciou a vacina em dezembro 2020, e ainda não vacinou nem 40% dos seus cidadãos;
- o Brasil conseguiu a proeza de apesar do Supremo Tribunal Federal ter decidido que na implantação/modificação de medidas de distanciamento, isolamento e outras do tipo  para o combate à covid-19, o ente federativo menor prevalece sobre o maior = municípios podem mudar decisões dos estados e da União e os Estados prevalecem sobre o Poder Executivo Federal.
Os estados e municípios meteram os pés pelas mãos, emitiram medidas contraditórias, se perderam e agora acusam - tentam =  é o tipo de acusação que não se sustenta - atribuir ao Poder Executivo Federal a responsabilidade pelo aumento de casos de covid-19; [oportuno lembrar que vários países implantaram lockdown severos e o êxito não tem correspondido.
- o presidente da República em uma tarde de feriado, circulando por  Brasilia, no Setor Militar Urbano - SMU -  proximidades do Quartel-general do Exército Brasileiro, Forte Apache, parou para cumprimentar apoiadores em uma manifestação com faixas com diversos dizeres (tal tipo de mídia costuma estar presente em manifestações populares) e logo acusam o Chefe da Nação de apoiar atos antidemocráticos; encerramos com mais uma, 
- o general Villas Bôas, então comandante do Exército Brasileiro, após conversar com os membros do Alto Comando do Exército Brasileiro, emite tuítes com sentido de 'alertas', sobre posição do Brasil e do seu Exército em julgamento a ser realizado no Supremo.
O ato  do então comandante do EB, é recebido no STF com silêncio. Apenas um ministro se manifesta, ao final de uma sessão, contra os tuítes. Agora, aquela manifestação passou a ser classificada como 'discurso histórico'. 
Em fevereiro passado, quase 30 meses após os tuítes, o ministro Edson Fachin - que naquela  ocasião já era ministro da Suprema Corte e se alinhou ao silêncio dos seus pares - decidiu criticar àquele 'alerta'. Razões para romper o silêncio? só ele, e DEUS sabem. Nós, ousamos apenas supor.] 

Numa irresponsável atitude política, ele tem lançado ao ar em suas lives ameaças e advertências: “Até quando nossa economia vai resistir? Que, se colapsar, vai ser uma desgraça. O que poderemos ter brevemente? Invasão aos supermercados, fogo em ônibus. Greve, piquetes, paralisações. Aonde vamos chegar?", perguntou recentemente. Qualquer outro poderia ser acusado de estar encorajando populares a atitudes radicais, especialmente um presidente da República, cuja missão é liderar a sociedade diante de uma catástrofe como a pandemia de COVID-19.

Para complicar, Bolsonaro colocou em pauta o Estado de Sítio, medida drástica diante de um perigo iminente de declaração de guerra ou convulsão social. Justamente o que pode acontecer se o presidente da República continuar a incitar a população a não respeitar os atos dos governadores. Toque de recolher, que alguns Estados como São Paulo estão adotando, e também o Distrito Federal, nada tem a ver com Estado de Sítio, e ele sabe disso, está apenas  criando um clima de instabilidade no país, com objetivos evidentes.


A anulação da condenação do ex-presidente Lula por decisão monocrática do ministro Edson Fachin, tornando-o novamente elegível e, em consequência, forte candidato à sucessão presidencial, trouxe de volta os ataques ao Supremo Tribunal Federal nas redes sociais, e a inquietação nos meios militares com a possibilidade de sua eleição.
Nas Forças Armadas e no Exército em particular -, há muita rejeição a Lula e ao PT, e agora que os processos do ex-presidente voltaram atrás, vai ficar difícil se essa rejeição passar a ser uma arma da retórica de Bolsonaro sobre o Exército.

O presidente já esboçou uma “defesa” do General Villas Boas, muito criticado por ter admitido que o tuíte que soltou na véspera da sessão do Supremo que analisaria um habeas corpus a favor de Lula foi um aviso [alerta] dos militares, cujos comandantes teriam sido consultados, para que não soltassem Lula.  

Não creio que a maioria que votou a favor da manutenção da prisão do ex-presidente o tenha feito com receio de uma reação dos militares, cuja intervenção na decisão da Corte foi rejeitada, naquela ocasião, pelo decano do Supremo, ministro Celso de Melo, num discurso histórico. Agora, com a decisão de enviar todos os processos de Lula para a Justiça do Distrito Federal, anulando as condenações sem anular as investigações e as provas, voltou o fantasma de Lula a atormentar os militares.

Bolsonaro aproveitou-se disso para sair em defesa do General Villas Boas, como se as críticas fossem uma ofensa pessoal, e não a manifestação democrática de repúdio a uma intervenção indevida. Além das mentiras, o mais grave das declarações de Bolsonaro é ele se referir ao “meu Exército”, um hábito que não é coibido. [qualquer brasileiro, patriota, pode se referir ao Brasil = MEU BRASIL; o Exército Brasileiro é o EXÉRCITO DO BRASIL - vale o mesmo entendimento para a MARINHA DO BRASIL e a FAB - FORÇA AÉREA BRASILEIRA - que pertencem  ao Brasil e se o Brasil é MEU, é NOSSO, não pode ser do Presidente da República???]

Volta e meia Bolsonaro relembra ser o comandante em chefe das Forças Armadas – e realmente é -, como se o status concedido pela Constituição ao presidente da República lhe permitisse usá-las como instrumento político. Infelizmente, os militares não reagem a esse abuso, nem mesmo quando fez comícios em frente ao quartel general do Exército em Brasília, ou quando incentiva ataques ao Congresso e ao STF.  Por reação, imagino que militares de alta patente pudessem sair do ministério, para deixar claro que este não é um governo dos militares.

Essa utilização política das Forças Armadas nada tem a ver com a democracia. Os militares não podem se transformar em uma espada de Dâmocles sobre a política brasileira, escolhendo quem pode ou não pode concorrer à presidência da República. O comandante do Exército, General Pujol, tem razão quando diz que a política não deve entrar nos quartéis. Bolsonaro faz ouvidos moucos. [o presidente da República tem o direito de expressar sua opinião, mesmo sabendo que na interpretação do que diz, haverá sempre a rejeição dos insatisfeitos de sempre = arautos do pessimismo, inimigos do Brasil, inimigos do presidente Bolsonaro, adeptos do 'quanto pior, melhor' = à vontade dos quase 60.000.000 de brasileiros que elegeram o deputado JAIR MESSIAS BOLSONARO, presidente da República Federativa do Brasil, e que com as bênçãos de DEUS repetirão o feito.]

Merval Pereira, jornalista - O Globo